Cosplay gogo

Era apenas mais uma tarde de cosplay...


Era mais uma tarde de privacidade na casa de Haru, e ele estava sentado no sofá agarrado com a namorada, assistindo juntos a um filme de fantasia medieval... Eles estavam de mãos dadas, atentos ao filme, Haru com as pernas esticadas ate o meio da sala e Botan apenas de meias, com ambos os pés em cima do sofá. Após algumas horas, quando o filme terminou, Haru largou a mão de Botan para se espreguiçar com energia, erguendo os braços o mais alto que pode. Botan continuou na mesma posição encolhida com os pés no sofá, e olhava Haru com cara de quem estava se segurando para dizer algo.

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—Botan? –Chamou curioso assim que percebeu.

Depois de algum tempo a menina começou a falar:

—Haru... Seus pais vão chegar só à noite... E estamos sozinhos aqui na sua casa então...

Haru já sabia do que ela estava falando e conforme seu rosto ficava corado uma gota de sangue escorria de seu nariz, se sentindo excitado.

—Você quer dizer... –Ele falou cobrindo o nariz com as mãos. -Isso quer dizer que você quer fazer cosplay? –Falou empolgado.

—Sim! –Botan respondeu mais empolgada que ele.

Minutos depois Botan apareceu sem os seus óculos, vestida de vampira, deixando solto seus longos e anelados cabelos, enquanto que Haru apareceu com um vestido de princesa azul bebe e uma longa peruca ruiva. Eles pararam um de frente para o outro e trocaram olhares intensos.

—Então você e a princesa de alface do cabelo ruivo... –Botan falava fazendo gestos e poses extravagantes.

—O que você esta pensando, perversa vampira Botânica? Não venha querer trazer desordem ao reino atualmente tão pacifico que nem ao menos temos uma prisão.

—Eu estava aqui apenas atrás de um lanchinho, mas agora que descobri que é uma princesa vou ter que sequestra-la. –Botan colocou uma das mãos na testa e a outra estendeu fazendo pose de vilã.

—Oh não, mas que vilã mais clichê. –Haru respondeu. –E muito criativa, diga-se de passagem. –Falou este ultimo trecho de forma irônica e fora da personagem.

—Então... Vamos nessa!

Botan esticou sua capa abrindo os braços e deslizou-se na direção de Haru encenando um movimento de voo, e o agarrou pela cintura.

—Agora que tenho posse de você, irei me alimentar.

—Não, fique longe de mim.

Botan abriu bem a boca e mordeu intencionalmente o pescoço de Haru.

—Aiii! –Gemeu o rapaz. –Não precisava me morder de verdade! –Berrou irritado.

—Ah, eu incorporei um pouco demais o personagem... Desculpe.

Ela pedia desculpas, mas ainda parecia encenar, e em seus olhos não se enxergava nem um pingo de culpa.

—Você fez de proposito! –Acusou mais irritado que antes.

—Eu? Imagina... –Botan desviou o olhar para disfarçar um sorrisinho triunfante.

—Você queria marcar o meu pescoço! Isso foi truque sujo!

—Ei! –Respondeu brava. –Não tente difamar meu nome com essa fraude! –Ela ergueu os braços.

—Você está encenando ou não? –Haru ficou confuso.

Bruscamente a porta da frente se abriu causando um ruído que os afugentou. Haru movido por instinto escondeu-se atrás de Botan e manteve seu olhar fixo em quem invadia sua moradia.

—Haru!!

Gritou seu amigo Ken já entrando na casa. Ele olhou para frente e viu os dois vestidos de forma vergonhosa, o encarando de volta com espanto.

—Haru, você precisa aprender a trancar esta porta. –Botan cochichou para Haru bem atrás dela.

Nenhum deles fazia qualquer movimento e ficavam se encarando como se o tempo tivesse parado dentro da casa. Haru atrás de Botan olhava pálido para Ken, petrificado, incapaz de mover um musculo, já imaginando o desastre que seria Ken espalhando seu segredo por toda a escola. Ken continuou imóvel na entrada da casa e de lá mesmo ele falou:

—Botan...? Por que esta vestida assim?

—Ah... Bem... –Ela ergueu o olhar, pensativa, mas nenhuma boa explicação lhe vinha à mente.

—Você fica mais bonita sem os óculos. –Falou sem nenhuma malicia.

—Ah, obrigada... –Respondeu sem graça ao mesmo tempo nervosa. –Eu acho... Completou bem baixinho.

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—Mas acho que não devia dizer isso na ausência do Haru certo? Ele poderia ter alguma impressão errada sobre isso.

—Hã?

Agora Botan estava confusa. Poderia ele não ter reconhecido Haru? Será que ele se fantasia tão bem assim? Era o que passava em sua cabeça.

—Eu vim ate aqui para pedir um jogo emprestado para ele... Mas ele não está? –Falou olhando ao redor.

Pouco depois o olhar de Ken se focou em Haru atrás de botan, em seguida contornou o sofra entre eles e se aproximou.

—Quem e você? –Perguntou com o olhar reluzente.

Ken grudou seu rosto no de Haru fantasiado, que ate então não disse uma palavra, ainda paralisado com o choque.

—Você e tão linda... Poderia me dizer seu nome?

Haru serrou os dentes e saiu de trás da namorada, mas ainda permaneceu do seu lado. Seus olhos se viraram para Botan de um jeito que dizia “fale meu nome pra ele”, mas Botan não querendo se comprometer se fez de boba, desviando seu olhar, chegando ate assobiar. Haru se sentiu abandonado, mas não desistiria assim tão fácil. Sua mão deslizou para as costas de Botan sem que Ken e ate mesmo ela percebesse, e deu um bom beliscão em sua bunda.

—HARU! –Ela deixou escapar se assustando.

—Haru? –Perguntou torcendo o rosto, pensando que Botan gritou o respondendo.

—Haru... ne...te... –Completou. –Isso! Harunete.

Haru agora encarou Botan com um olhar de nojo que dizia “isso foi o melhor que pensou?”.

—Harunete que belo nome. –Ele abriu um largo sorriso. –Então, Harunete o que você é do Haru, para estar sozinha na casa dele com a Botan? –Ele falou espichando seu pescoço mais uma vez dando uma boa olhada em volta para garantir que Haru não estava presente.

—Eu? Eh... Eu sou a prima dele, hahaha! –Forçou uma risada enquanto suava nervoso.

—Aquele maldito! Nunca me disse que tinha uma prima tão linda assim, ele me paga! –resmungou.

Haru forçava a voz para falar fino como uma garota delicada, e é obvio que era um desastre total, mas Ken estava cego de amor e nem percebeu a farsa. Ele continuou com o interrogatório e Haru se revirava para responder de forma coerente, enquanto que Botan se segurava para não rir daquela situação.

—Então Harunete... -Ele deu um passo a diante e o agarrou pela cintura. –Eu não consigo mais me segurar, eu tenho que dizer isso, eu estou apaixonado por você.

Haru entrou em estado de choque e já nem conseguia mais pensar com sanidade.

—Esse cara e burro? –Ele pensou nos braços de Ken. –Eu não sei se é pior as coisas como estão ou como ficariam se ele tivesse me reconhecido logo de cara... Por que ele não pode simplesmente ir embora? –Haru começou a esquentar a cabeça.

Enquanto estavam agarrados, uma fantasia maliciosa brotou na mente de Botan, que ate então apenas ria da situação: Ela colocou as duas mãos nas bochechas coradas imaginando historias de amor entre os amigos.

—Se eu escrevesse uma fanfic com esse tema, aposto que faria sucesso na internet... –Ela pensava toda corada.

Haru começou a ficar irritado de verdade e parou de pensar nas consequências, já que Ken estava prestes a beija-lo a força. Haru deu uma joelhada bem entre as pernas de Ken, que se contorceu de dor se abaixando e gritando. No mesmo momento Botan sentiu que era finalmente hora de agir: Ela se aproximou por trás e lhe deu um chute carregado nas costas. Ken agora se contorceu inclinando-se para trás com as mãos nas costas, e agora sua barriga ficou exposta para que Haru lhe desse um soco bem no estomago. Ken se curvou novamente para frente quase vomitando de dor, foi então que Botan ainda atrás dele, fechou os punhos juntos e lhe deu um belo soco na nuca, o que o fez cair no chão inconsciente.

—Será que ele morreu? –Perguntou Botan sem demonstrar remorso.

—Tomara! –Respondeu Haru irritado.

—Nunca havia imaginado que algum dia teria que me preocupar com meu namorado sendo roubado por outro homem. –Ela falou em um tom agressivamente debochado.

—Calada! –Gritou isso para não gritar um palavrão.

—Então, o que faremos com o cadáver? –Ela colocou a mão na frente do rosto incorporando novamente o personagem.

—Como assim? Ele não esta morto de verdade, vou leva-lo de volta para casa.

Botan ficou triste, pois aquele era o fim da tarde de cosplay. Depois de se trocarem Haru colocou o amigo nas costas e o carregou ate sua casa. Andando três ou quatro quarteirões ate chegar a seu destino, Haru já estava se arrastando pelas ruas sem folego. Por ter todos os seus músculos atrofiados foi uma caminhada bem dura. Chegando à porta da casa, Ken já estava jogado no chão e Haru quase morto, deitado ao seu lado. A mãe de Ken viu Haru e o convidou para entrar na mesma hora.

Já do lado de dentro, Haru jogou Ken de qualquer forma em cima do sofá e desmoronou no chão mesmo, tão cansado que ate respirar era difícil.

—Não deite no chão. –Falou a mãe de Ken preocupada.

—Eu estou bem. –Respondeu exausto. –Eu só preciso de alguns segundos para respirar.

—O que aconteceu com Ken? –Ela perguntou olhando para o filho desacordado, esticado no sofá, mas que curiosamente estava sorrindo.

—Ah... Bem...

Haru se levantou do lado do sofá, e enquanto pensava em uma boa desculpa Ken se levantou violentamente saltando do sofá, agarrando Haru pela gola da camiseta.

—Haru! –Berrou. –Por que nunca havia dito que tem uma prima tão linda?

—Gah! Ele ainda esta nessa? –Pensou tentando se livrar.

—Eu preciso que você me apresente ela de forma mais elegante, e diga para ela meus pontos positivos... –Continuava a berrar agarrado na gola de Haru.

—Pontos positivos? Isso vai ser difícil.

—Não diga isso... Pensei que éramos amigos! Aquela garota tem muita força, e me chutou de um jeito que ate agora sinto dor. Mas foi ótimo! Quero ser chutado por ela novamente.

—Ei, me solta seu masoquista de merda. –Haru continuava lutando para se livrar do amigo.

—Vocês dois parecem bem animados agora... Não importa o que aconteceu antes, agora que estão todos bem vamos tomar café juntos.

A mãe de Ken simpaticamente preparou café e serviu para eles acompanhado de bolo. Os três comeram sossegados e o caso sobre tudo que ocorreu esta tarde na casa de Haru foi esquecido em um piscar de olhos.