Capítulo 5 - final

- Olá!

Sakura aproveitou o fato de o chinês estar de costas para anunciar sua chegada. Deliciou-se quando ele a olhou de alto a baixo. Vestia que era justo até a cintura e ficava mais solto da cintura para baixo, um pouco curto, batendo na metade das coxas, uma sandália de salto e uma maquiagem leve. Syaoran ficara embasbacado para a felicidade dela.

- O-oi. – gaguejou o homem.

- Vai se trocar Sakura. – disse Touya.

Esse estava mais do que feliz depois de ver a irmã vestida daquela forma e ficou mais ainda depois de ver a cara do seu “futuro cunhado”. Sem querer o chinês incentivara Sakura a deixar de lado o sonho tão esquecido da mãe.

- E aí, gostou da mudança?

- Aposto como está feliz com isso. – comentou o diretor, não muito animado. – Creio que não vai mais precisar de mim.

- Realmente. Eu não. No entanto – apontou o camarim com a cabeça – ela vai.

- Esquece Touya.

- Doushite? – Syaoran suspirou.

- Falando de homem para homem e deixando um pouco de lado o fato de ela ser tua irmã. Tenho medo de perder a cabeça perto dela. Sinto atração por ela, entendeu? E por mais que eu tente controlar, vem crescendo a cada dia. Sei que não deveria sentir isso por ela e nem contar a você, mas isso me sufocando.

Touya engoliu em seco a vontade de socar o infeliz, mas percebeu que ele só queria desabafar e que estava arrependido e abatido. Se quisesse mesmo ver a irmã feliz teria que controlar o ciúme.

- Fala como se tivesse culpa sendo que ta na cara que não tem.

- Para ser sincero eu já nem sei mais o que fazer. – passou as mãos pelos cabelos deixando evidente o sentido de suas palavras.

- Deixa rolar.

- Nani??

- Deixa rolar! – repetiu mais devagar.

- Sinto ter interromper, mas você ainda tem que ir se trocar. – disse a menina, assunto da conversa.

Os dois ficaram de queixo caído com a roupa e a maquiagem: uma saia curta de prega cheia de correntes, meia arrastão e uma blusinha curta decotada, a maquiagem pesada com um batom vermelho chamativo.

- Por kami! – exclamou Touya.

- Não fui eu que escolhi a roupa, muito menos fiz a maquiagem.

- Bem, eu vou indo. – mal terminara de falar e o diretor saiu quase correndo até o camarim.

- Que ótimo! Agora ele vai fugir ainda mais de mim.

- Calma Sakura, uma hora ele se rende.

Depois de uns dez minutos de espera ele finalmente apareceu vestindo uma camisa aberta, uma calça pouca coisa mais larga que estava usando deixando à mostra a cueca boxer dele, calçava um sapato social. Os cabelos estavam mais desalinhados e no rosto dava-se para notar que fora aplicado algum tipo de maquiagem. O queixo de Sakura quase foi ao chão. O homem já era lindo antes, agora então! Os tons da roupa dos dois eram o vermelho, vinho e consequentemente o preto, realçando a luxúria. Para falar a verdade, realçando muito bem já que os dois não pararam de se olhar. Touya disfarçou o riso com uma tossidela fazendo com que os dois acordassem e fossem para o cenário, pois tinha muita coisa a ser feita.

- Tomara que tudo dê certo dessa vez. – desejou Touya em voz baixa.

...

- Corta!

Já era a quinta vez em menos de quinze minutos que Syaoran pedia para parar. Sabia que o problema era com ele, afinal Sakura seguia o roteiro a risca enquanto ele fica levando as coisas para um outro lado. Passou as mãos nos cabelos desesperado. Sem contar que o cenário parecia mais um quarto de motel, com uma cama forrada de lençóis de seda num tom vermelho, tornando tudo ainda mais luxurioso.

- Tá tudo bem? – indagou a menina tocando-o no ombro.

Antes não tivesse feito isso. Sentiu um arrepio e os pêlos se arrepiarem.

- Hai. Tá tudo bem. - mal consegui disfarçar a rouquidão na voz.

Tentaram mais vezes e para variar Syaoran não conseguia se concentrar e aquela meia arrastão e saltos igualmente pretos, faziam a compostura dele desaparecer aos poucos.

- CORTA!

- Syaoran?

- Hai?

- Relaxa.

Sakura chegou mais perto e começou a massageá-lo nos ombros.

- Que tal fazermos o seguinte – sussurrava bem perto do ouvido dele, ambos de frente um pro outro. – finja que só tem nós dois aqui, esta bem?

- Não posso – sussurrou de volta, rouco.

- Porque não?

- Eu... Vou perder o controle... Não posso.

Sem parar de massageá-lo, passou a língua no lóbulo da orelha dele para depois mordiscar, deixando-o quase sem saída.

- Sakura...

- Recomece a gravação e esqueça tudo menos de mim.

- Nunca seria capaz de te esquecer.

Ela sorriu e ele recomeçou a gravação. Quando ninguém menos esperava, Syaoran se colocou atrás dela e começou a beijá-la no pescoço. Sakura gemeu baixinho e enterrou uma das mãos no cabelo dele, ao mesmo tempo em que era rodeada pela cintura por um dos braços do homem.

Touya se roia de ciúmes! Só que todo mundo percebeu que o diretor estava fora de si. O irmão da garota fechou os punhos com força quando a viu empurrando o chinês na cama e deitar-se sobre ele; beijaram-se como se o mundo fosse acabar naquele instante. Todo o estúdio parou. Sakura apoiou-se pelos cotovelos e sorriu.

- Ô VOCÊS DOIS!

Syaoran deu um pulo com o berro de Touya. O casal levantou voando da cama e encontrou todos boquiabertos e alguns estavam até rindo enquanto Touya fingia estar alegre quando seu corpo estava tenso e o olhar fulminante.

- Caramba! Tô chamando vocês há um tempão! A gravação parou depois de uns cinco minutos de beijo, então se quiserem fazer mais alguma coisa...

- Touya!! - gritou ela.

Os dois estavam vermelhos feito tomate. Syaoran passava as mãos pelos cabelos, estava arfante, declarou intervalo e foi beber uma água convidando Sakura a fazer o mesmo na qual aceitou sem hesitar.

- Eu... – começou ele.

- Shii... – pousou o indicador nos lábios dele. – Se você se desculpar pelo o que aconteceu, juro que nunca mais olho na sua cara!

Ele sorriu constrangido.

- Na verdade era quase isso... Arrependo-me de ter perdido o bom senso, mas me arrependo do que fiz.

- O que quer dizer com isso? – ele chegou mais perto e tomou uma mexa de cabelo dela entre os dedos.

- Quero dizer que gostei de te beijar, que você me atrai e que se pudesse te beijaria de novo. Só não quero perder a compostura, pois quando isso acontece não consigo aproveitar o momento.

- E... Você quer aproveitar o momento? – foi se aproximando dele.

- Quero... – murmurou, fitando os lábios dela.

Aproximaram-se mais devagar, deleitando-se com cada instante. Seus lábios já estavam se roçando...

- Não acham melhor gravar mais alguns takes?

Os dois se separam bruscamente assim que ouviram a voz de Touya, que estava escorado numa parede de braços cruzados.

...

- Graças a Deus que esse comercial acabou rápido!

Depois que Syaoran deu uma olhada nas fitas, depois de mais algumas gravações, ele, Sakura e Touya foram ao lugar onde, na maioria das vezes, comem as refeições de cada dia: a casa dos Kinomoto. Assim que entrara em casa Touya desabafou seu ciúme verbalmente enquanto erguia as mãos indo desabar no sofá vendo sua irmã entrar abraçada com o chinês.

- Quem vê pensa que ele não estava torcendo para que aquilo tenha acontecido na gravação... – comentou Sakura e completou: - E o que aconteceu antes também.

Touya engasgou.

- Eu? Torcendo? Nunca fui a favor.

- Mas também nunca foi contra. – completou Syaoran.

- Não sei onde vocês tiraram isso.

- Ah, agora vai negar maninho? Acha que acreditei que você resolveu ser mais civilizado até mesmo dentro de casa, controlando esse teu ciúme? E acredita mesmo que eu caí nessa história de “quero alimentar melhor o meu amigo”? Sem contar que você vivia alfinetando, tirando uma com a nossa cara. Vai me dizer agora que era só diversão?

Os dois homens surpreenderam-se. Ela sabia de tudo e não falou nada? Nem reclamou?

- Isso quer dizer...?

- Que eu concordei com o meu maninho, filador de bóia.

- Filador de quê?

- Não me olha com essa cara não e... Pera aí! Você também concordou com o plano do Touya?

- Não concordei.

- Mas também não negou. – completou Touya dessa vez, rindo.

O casal nada disse. Sakura abraçou Syaoran com força, que retribuiu e, já que a menina adora surpreender, deu um selinho dele e sorriu, sem seguida correu para o quarto.

- E quem diria, não é que você conseguiu fazer o que te pedi.

- Para falar a verdade, não fiz absolutamente nada. Quem fez foi sua irmã.

- O Touya! Vê se arranja uma namorada e me erra!

...

Bem, como eu, a humilde narradora, posso terminar essa história? Não posso dizer que eles viveram felizes para sempre porque isso é difícil. Syaoran assumiu seu relacionamento com a jovem Sakura que, por sua vez, não se importou nem um pouco com os comentários maldosos. Trabalho? Isso é o que não faltou, já que os três acabaram ficando de certa forma famosos. Claro que o costumeiro ciúme de irmão rola solto na relação do chinês com a japonesa, mas... Quem se importa? No final todo mundo se diverte mesmo! É, minhas queridas e queridos (caso tenha) leitoras e leitores, termino aqui uma história incomum que pode acontecer um dia quem sabe...?