Coração De Mãe

Capítulo 5 - Exemplo


Capítulo 5

Exemplo

Uma parte fundamental da maternidade é que toda mãe é um exemplo para sua filha. Haku sabia disso e tentava fazer o seu melhor para ser uma mãe modelo. Porém aquilo não era muito fácil quando você tinha um problema com álcool.

Haku fizera seu melhor para parar de beber e até conseguira pelos meses que se seguiram depois de ter encontrado Miku, mas depois que a menininha tinha se adaptado, Haku experimentara novamente o álcool e passara a beber uma lata a cada dois dias, porém sempre se banhava depois para que o cheiro não ficasse nela e incomodasse Miku.

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Gakupo não aprovava aquilo, dizendo que Haku precisava parar para que, no futuro, Miku não viesse a descobrir e acabasse experimentando também. O aviso funcionara... por uma semana. Após isso, Lily mandara Gakupo “se meter com seus próprios negócios” e colocou uma garrafa na boca de Haku sem nem ao menos ligar para os protestos da mulher de cabelos prateados (apesar destes não terem sido muitos).

A mãe adotiva de Miku conseguia ficar sem beber por algum tempo, porém a tentação de voltar era sempre forte, o que a fazia se sentir inquieta e nervosa. Ela sabia que deveria parar de vez, mas não era fácil.

– Mamãe... – uma Miku de quatro anos puxou a manga de sua mãe quando viu que esta não acordava.

Haku havia saído para encontrar seus amigos durante o happy hour do dia anterior e acabara “exagerando um pouquinho”. Felizmente, SeeU estivera tomando conta de Miku e a coreana não se importava em dormir na sala, se aconchegando no sofa como se fosse um gato de verdade.

– Mamãeee. – Miku chamou de novo, empurrando sua mãe de leve. Haku murmurou em seu sono. - Acorda!

Haku então começou a se mexer em seus cobertores. Ela se apoiou em seus braços e esfregou os olhos, tentando espantar o sono. Haku olhou para sua filha e imediatamente levou a mão a cabeça, sentindo uma bruta enxaqueca.

– Alguém pode desligar a luz? – Haku murmurou enquanto se sentava.

Miku pareceu confusa, olhando de sua mãe para os raios de sol que entravam pela janela. A garotinha de cabelos azulados olhou de volta para Haku e disse:

– Eu queria, mas o sol tá longe.

Haku então percebeu que estava de volta em seu quarto e se lembrou que ela havia chegado em casa, encontra Miku na sua cama como sempre e deitado ao seu lado. Felizmente, ela retirara maior parte da roupa no caminho do quarto para que o cheiro de álcool não acordasse Miku ficando só com a sua camisa e roupa de baixo.

Sorte que Miku possui um sono pesado, do contrario o cheiro poderia ter acordado ela. Haku pensou. Foi então que ela notou que Miku estava com uma garrafa na mão, a garrafa com a qual ela havia voltado para casa depois que Lily e Meiko haviam decidido “tornar a noite mais animada”. Eu devia ter me livrado disso no caminho pra casa! Haku pensou, em pânico.

Miku notou que sua mãe estava olhando para a garrafa que ela estava segurando e, pensando que sua mãe a queria de volta, ela a colocou na cama:

– Aqui sua garrafa, mamãe. – ela disse com o tom de filhos que tentavam ajudar seus pais. – Ela tava com um cheiro esquisito, daí eu passei uma água nela.

Obviamente, Miku não fazia idéia que o “cheiro esquisito” era do conteúdo da própria garrafa. Haku pode apenas lentamente alcançar esta e agarrá-la. Ela então murmurou um fraco “obrigado” para a garotinha e esta sorriu para sua mãe, indo até o guarda roupa para se trocar.

Haku suspirou em alívio. Ainda bem que aquela garrafa estava vazia. Se Miku tivesse bebido, Haku jamais se perdoaria. Ela então se levantar para se arrumar e ir ao trabalho.

Quando ela saiu do quarto, Haku foi até a cozinha para preparar alguns sanduíches. SeeU já estava se espreguiçando (como um gato) no sofá e deu um “Bom dia, nya!” para Haku. Miku logo chegou e observou sua mãe preparando a comida.

Desde que aprendera a falar e a manusear objetos, Miku ficava observando como Haku limpava e preparava as coisas. Quando a mulher de olhos vermelhos perguntara, sua filha dissera que ela queria ajudar Haku. Sorrindo, a mulher de olhos vermelhos disse que Miku por enquanto deveria se concentrar em apenas aproveitar sua infância e brincar com seus amigos.

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Miku era uma garotinha inteligente para sua idade, a ponto de que ela sabia que sua mãe precisava de ajuda em algumas tarefas domésticas, como cozinhar.

Se bem que talvez seja por causa daquele incidente da semana passada... Haku pensou.

– Flashback –

Haku olhou para as carnes que tentara cozinhar; todas pretas como carvão. Pelo menos o arroz ela conseguira ferver e temperar sem queimar. Decidindo não mostrar á sua filha de apenas três anos como ela era patética na cozinha, Haku pegou a panela de arroz e serviu um pouco em cada prato.

Kaito tinha a noite de folga e decidira cuidar de Miku, trazendo consigo um pouco do sorvete sabor Negi da sorveteria em que trabalhava. De acordo com o homem, ninguém notaria, já que as vendas daquele tipo de sabor eram péssimas e seu próprio chefe não sabia porque não cancelava o pedido. Miku, claro, ficara encantada e agradecera “Kaito-nii-san” pela gentileza.

Com isso, Kaito se juntara á elas para o jantar. Porém, quando ele sentiu o cheiro do arroz, seu rosto se contorceu em uma expressão de confusão. Ele se virou para Haku, que acabara de servir seu prato e o de Miku, e perguntou:

– Haku, você por um acaso colocou tempero no arroz?

– Ah? Oh, sim. Pra dar um gosto. – No caso de eu queimar a carne. Haku acrescentou mentalmente.

– Uh-hu... e se importa de eu perguntar quanto tempero você colocou?

Haku então começou a ficar preocupada. Verdade, a embalagem do tempero era para arroz vendido em saquinhos, dando assim as instruções considerando estas medidas. Como Haku comprará sacos normais de 1kg de arroz, ela decidira colocar dois cubos de tempero, tentando-se valer de sua habilidade matemática.

No entanto, Haku logo se lembrou que quando o assunto era comida, todas as suas habilidades eram negadas por completo. Ela chegara uma vez a suspeitar que tudo que se relacionava ao preparo de comida a odiava.

–Não pode estar tão ruim assim. – Haku falou, dando uma pausa antes de acrescentar, em um tom de dúvida. – Não?

Como se para responder sua questão, Miku provara uma colherada e pareceu ficar paralisada, sua boca encolhida sobre si, as marias-chiquinhas nas quais arrumara seu cabelo ficaram em pé e espetadas, como se ela tivesse levado um choque elétrico, e seu rosto contorcido. Ela então desabou dura no chão.

Haku se apressou para ajudá-la enquanto que Kaito discretamente andou até a lixeira da cozinha e esvaziou os dois pratos, decidindo que a partir de agora ele traria comida sempre que fosse cuidar de Miku a noite.

– Fim do Flashback –

Após dar comida para as duas garotas, Haku dispensou SeeU. Tendo o resto do dia livre, ela perguntou o que Miku gostaria de fazer. A garotinha respondeu que o que quer que sua mãe decidisse estava bom para ela. Antes que Haku pudesse sugerir um passeio ao redor da vizinhança para aproveitarem o sol, Lily invadiu (literalmente) a casa de Haku, parecendo desesperada.

Ela avistou Haku, que se encolheu um pouco pela repentina intrusão, e foi até a mulher de cabelos prateados, agarrando-a pelos ombros com uma expressão de puro desespero no rosto. Lily então desatou a falar:

– Preciso de ajuda! – ela começou a sacudir Haku.

– O-o-o q-que-e? – Haku perguntou enquanto era sacudida.

– Os gêmeos! Acordei essa manhã e não encontrei eles!

– Oi, Lily-nee-san. – Miku disse com um sorriso.

– Ah. Oi Miku. – Lily cumprimentou com um breve sorriso antes de se voltar para Haku novamente, resumindo sua expressão de desespero. – Você tem de me ajudar! Os pais deles vêm hoje a noite e se descobrirem que eu perdi eles, minha fonte de renda vai por água abaixo!

Claro, primeiro vinha o dinheiro, depois a segurança de dois bebês loiros perdidos em um complexo de apartamentos. Haku conseguiu acalmar Lily por tempo o suficiente para dizer que a ajudaria a encontrar os dois. Lily suspirou de alívio e abraçou a mulher de olhos vermelhos.

– Obrigada! Obrigada! Já te disse o quanto te amo?

Sim e também o que gostaria de fazer comigo... Haku pensou. Ela então perguntou onde Lily havia deixado os gêmeos da última vez que os vira.

– No sofá na sala.

– Você deixou dois bebês de dois anos de idade dormindo na sua sala de estar?

– Era isso ou na minha cama. Mas quem sabe o que aconteceria se eu deixasse.

Haku deu um risinho nervoso ao se lembrar dos hábitos noturnos de Miku, que persistiam apesar de sua idade. Miku então levantou sua mão, como se estivesse em uma sala de aula, e disse:

– Posso ajudar?

– Está bem, mas você vem comigo. – Haku disse a sua filha.

– Beleza. Eu olho nos andares de cima, e vocês olham na recepção e os andares de baixo. – Lily disse.

Com isso as três começaram a revirar os apartamentos em busca dos gêmeos. Enquanto Haku e Miku procuravam no apartamento de Lily, a garota de cabelos azuis chamava pelos dois em um tom animado, como se estivesse atiçando-os em jogo de pique-esconde. Haku pensou que talvez devesse parecer isso para os gêmeos.

Após olharem por boa parte do quarto de Lily, as duas foram até a recepção. Lá encontraram Meiko, que parecia irritada enquanto entrava no prédio com duas crianças loiras familiares no colo. Haku suspirou de alívio ao ver os gêmeos bem e saudáveis. Porém a cara que Meiko estava fazendo lhe preocupava.

Quando a mulher de cabelos prateados se aproximou da dona do complexo de apartamentos, Meiko olhou para ela e perguntou:

– Eles são seus? – ela se referiu aos gêmeos.

– Não exatamente. Lily está tomando conta deles, por que? – Haku perguntou.

– Esses... esses... – Meiko parou, pensando em qual era o melhor termo para expressar o que sentia na presença de Miku. Sem encontrar o que dizer, ela então resumiu. – Eles entraram no meu carro e fizeram ligação direta.

– Hein? – Haku perguntou.

– Acho que foi essa aqui. – ela fez menção com o braço que carregava Rin. – Vi ela levantando a cabeça pela janela e ainda me deu um aceno!

Haku achava aquilo difícil de acreditar, mas então notou água caindo lá fora e pessoas se reunindo em torno do que parecia ser um hidrante que fora arrancado do local. O carro de Meiko estava bem em cima deste.

– Mamãe, posso dirigir também? – Miku perguntou em um tom inocente, achando aquilo divertido.

– Só quando você for mais velha. – Haku disse. – Crianças pequenas não tem permissão pra dirigir.

– E por uma boa razão. – Meiko comentou em um tom amargo, olhando para trás, para seu pobre carro.

Haku olhou para Rin, que parecia estar colocando em prática a carinha mais inocente que conseguia e Len parecia um tanto quanto encabulado pelo tom vermelho em seu rosto, como se soubesse que tinham feito algo errado.

Ela então imaginou como era possível os dois terem descido as escadas e efetivamente roubado o carro de Meiko. Haku podia apenas imaginar o que aconteceria no futuro...


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– Flashforward -

Um Len Kagamine de 13 anos de idade olhava à sua frente, estupefato com o que via.

– E então? – sua irmã perguntou com um sorriso de orelha a orelha enquanto passava um braço em volta dele. – Não é uma beleza? – o sorriso dela era um de orgulho.

– Bem... tenho de admitir... – Len respondeu, passando a mão atrás de sua cabeça, parecendo um pouco incerto. – Pra um rolo compressor.

O equipamento de construção em questão estava estacionado no jardim da casa onde os dois moravam com a sua prima Lily. Ela havia saído naquela tarde, do contrário, teria imaginado o que o grande veículo amarelo fazia no seu jardim.

– Rin... onde você arranjou isso? – Len perguntou, não estando muito certo se ele queria mesmo saber. Sua irmã tinha o hábito desagradável de surpreendê-lo com coisas como aquela.

– Sabe a rua de baixo que estão duplicando? – ela disse, confirmando os temores de Len.

– Rin, você roubou ele?!

– Claro que não, isso seria um crime! – ela disse, adicionando logo em seguida. – Só peguei emprestado quando ninguém tava olhando.

– DÁ NA MESMA!!! Temos de devolvê-lo.

– Meu bebê?! Nem pensar!

Len suspirou profundamente. Porque a vida dele tinha de ser tão complicada? Sua irmã subiu até o assento do motorista e se preparou para ligar o veículo.

– Rin, você por um acaso tem licença pra dirigir isso? – Len perguntou, indo atrás dela, apesar de já saber que a resposta seria algo...

– Que se dane a licença! Sou loira, sei cantar e tenho um irmão gêmeo shota!

Algo como aquilo... espera.

– Pela milionésima vez... – Len disse, seus dentes serrados. Sua expressão então se tornou uma de pura fúria. – EU NÃO SOU SHOTA!!!

Rin, como sempre, o ignorou por completo e deu partida no rolo compressor, agarrando a direção com um sorriso quase que maníaco no rosto. Len rezava pra que isso não acabasse em desastre como das últimas oito vezes que sua irmã teve uma de suas “idéias brilhantes”.


Lily chegou em casa ao final da tarde com algumas sacolas de compras. Normalmente, ela não ia ao mercado, deixando esta tarefa para Len ou até mesmo Haku, porém a falta de comida logo se tornara inaceitável, juntamente com as reclamações dos gêmeos de que suas comidas favoritas não estavam mais nas dispensas.

– Rin! Len! Cheguei! – Lily chamou, porém não houve resposta.

Lily deu de ombros e foi até a cozinha deixar as compras na mesa e foi então que o telefone tocou. A loira foi até este e atendeu com um “olá?”. Do outro lado da linha veio a voz de um Len com os nervos a flor da pele:

– Um... Lily-nee?

– Len? Onde vocês estão?

– Bem... hum... sabe aquela delegacia perto da estação de ônibus?

Lily tirou o fone da orelha e olhou para este, como se suspeitasse que o aparelho estivesse lhe pregando uma peça. Ouvindo a voz fraca e assustada de Len, Lily sabia que não, aquilo não era uma pegadinha. Aquele tom de gato assustado era muito parecido com o de Len quando ele estava nervoso.

– Como isso aconteceu? – Lily perguntou.

– Bem... – Len, no telefone da delegacia, olhou para a sela onde sua irmã estava disputando (e ganhando) queda de braço com os outros delinquentes juvenis. – Digamos que Rin achou um rolo compressor e resolveu fazer um test drive pela cidade. Conseguimos fazer ele parar depois de amassar dois carros, cinco caixas de correio, um hidrante e a cerca da vizinha da rua de baixo.

– Sério?

Quem conhecesse Lily sabia que seu tom não era de indignação. Ao contrário. Ela adoraria ser um passarinho nesta hora para voar e ver a cara da vizinha arrogante que vivia tagarelando sobre como seu marido arrumara o quintal com suas próprias mãos, dando uma indireta a todas as solteiras da vizinhança.

A vida é boa. Lily pensou com um sorriso no rosto.

– Lily-nee? – Len a chamou, sua voz parecendo mais assustada.

Foi então que ele ouviu o som de um braço batendo contra madeira. Se virando ele viu que Rin havia vencido aquilo que devia ser seu quinto adversário consecutivo.

– HAH! Que tal essa?! Pode pagar. – ela disse com um sorriso no rosto.

O jovem murmurou algo enquanto que entregava a jaqueta de couro que estivera vestindo e que Rin esteve de olho desde que ela e seu gêmeo foram empurrados para dentro daquela cela. Os outros a parabenizaram pela vitória até que seu próximo adversário veio. Este era definitivamente velho demais para ser considerado jovem e mal-encarado demais para estar ali por simples delinquência ou vandalismo.

– Gosto da sua corrente. – Rin disse com um sorriso que poderia ser considerado atraente não fosse pelo brilho ganancioso em seus olhos quando viu a corrente de prata com um dragão pendurado no pescoço do homem. Era assim que as recompensas daquele jogo eram escolhidas.

O homem olhou para fora da cela, para onde Len estava, fazendo o garoto loiro engolir em seco. O gêmeo tentou convencer a si mesmo de que o homem não estava olhando diretamente para ele. O criminoso então olhou para Rin e disse:

– Seu irmão parece interessante.

Foi então que Len decidiu mandar toda calma pro brejo e berrou no telefone:

– LILY-NEE ME TIRE DAQUI, PELO AMOR DE DEUS!!!

– Fim do Flashforward –

Lily apareceu acima da escada e viu os gêmeos nos braços de Meiko. A loira suspirou de alívio e se aproximou do grupo:

– Ah, você achou eles, Meiko. Valeu...

Ela alcançou seus braços para pegar os gêmeos, mas Meiko empurrou os dois nos braços de Haku enquanto olhava para Lily com um olhar zangado o suficiente para fazer a maioria dos homens se encolherem de medo.

– Você me deve um carro novo. – ela disse em um tom que prometia uma punição severa caso Lily a negasse.

A loira engoliu em seco perante a figura de Meiko e se limitou a concordar com a cabeça. Meiko sabia ser intimidadora quando queria.


Após uma breve conversa com Meiko (que consistiu na morena ralhando com Lily e esta se limitando a sacudir a cabeça), Haku, Lily e os bebês voltaram ao apartamento da mulher de cabelos prateados. Lily se deitou no sofá, suspirando:

– Cuidar de crianças é difícil demais... Tou achando que meus tios fizeram isso pra me punir mesmo.

– Talvez se você se dedicasse um pouco mais, Lily-chan. – Haku sugeriu.

– Uhu? E por um acaso eu tenho pinta de mãe?

A resposta mais óbvia para aquela pergunta era um grande “não”. Porém Haku, sendo uma pessoa sensível aos sentimentos dos outros, respondera:

– Se você tentasse tenho certeza que poderia se tornar uma boa mãe.

Silêncio seguiu o comentário de Haku.

Lily desatou a rir e após algum tempo, conseguira encontrar fôlego o suficiente para falar:

– Tá certo. E eu vou sair por aí cantando algo fofinho com um chapéu de gato na minha cabeça. Hahaha!

Haku suspirou e olhou para Miku brincando com Rin enquanto Len caminhava até elas. Haku viu ele parando e segurando a barra de suas calças e abrir sua boca e fechar, como se estivesse tentando falar. Foi então que algumas silabas começaram a escapar de seus lábios até formar a palavra:

– Mama.

Os olhos vermelhos de Haku se arregalaram enquanto que Lily olhava para o gêmeo menino com curiosidade.

– Lily, você ouviu isso?! - Haku exclamou.

– É. Provavelmente ele tava ouvindo a gente falar e decidiu tentar imitar.

Enquanto Haku pegava Len em seus braços e fazia carinhos, elogiando o garoto, que desatou a sorrir. Rin olhou para eles e, vendo seu irmão falando, fez bico e se levantou, se aproximando de Haku e tentando falar. A mulher de cabelos prateados viu aquilo e chamou a atenção de Lily, que olhou enquanto Rin tentava articular alguma coisa. As duas aguardaram com antecipação enquanto que Miku se aproximava, curiosa para ver o que estava havendo.

Foi então que Rin falou apontando para Haku:

– Peitos.

Silêncio.

Os olhos de Haku se tornaram diminutos enquanto que ela só podia olhar para Rin. Lily coçou atrás da cabeça, parecendo um tanto nervosa. Haku por um momento, pensou que talvez tivesse ouvido errado. Quando Rin falou de novo, ela teve certeza de que não estava com problemas de audição:

– Sexy.

– Lily... - Haku começou, seu rosto tomando uma coloração rubra. - Onde foi que ela aprendeu essas palavras?

– Uhhh... - Lily murmurou, começando a se lembrar...


– Flashback -

Lily estava deitada no sofá de seu apartamento, lendo uma revista de moda que comprara na banca perto do bar onde ela e seus amigos se encontravam. Porém, sua atenção não estava focada em roupas e acessórios, mas em quem os estava modelando.

– Pft, por favor. Eu sou dez vezes mais sexy do que qualquer uma dessas anoréxicas. - ela disse em tom de chacota. - Como é que esses estilistas conseguem vender algo com essas modelos?

Lily então olhou para baixo e viu Rin olhando com curiosidade para a revista, Len estava no quarto brincando com alguns brinquedos que os pais dos gêmeos emprestaram para manter os dois bebês ocupados.

– O que é? - Lily perguntou.

A menininha loira apontou para a revista. Lily olhou para a capa e então de novo para sua prima mais jovem.

– É. A modelo na capa tem peitos grandes, mas e daí? Os da Haku são maiores. - ela disse com um sorriso pervertido, voltando a sua leitura, nem ao menos notando que o que Rin queria era ver a revista e não pedir a opinião da loira sobre a aparência das modelos.

– Fim do Flashback –

– Não faço idéia. - Lily disse, dando de ombros. - Provavelmente viu na TV. Cê sabe como esses desenhos de hoje em dia são.

Haku então olhou para Rin novamente, que agora apontava, falando "grande". Miku, que se aproximou ao ouvir Rin falar suas palavras anteriores, sorriu, dizendo:

– É, os da mamãe são grandes, não é? Que nem os da tia Meiko.

Rin olhou para Miku com curiosidade, enquanto que o rosto de Haku inventava um novo tom de rubro. Lily teria rido daquilo não fosse pelo fato de que fora ela quem ensinara a Rin aquelas palavras sem nem perceber.

Eu definitivamente sou um péssimo exemplo. Lily pensou. Mais uma prova de que ela nunca deveria ter filhos...

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