Convivência Por Contrato

Capítulo 7 - Dia Quatro: 19/05


Repentinamente Sakura abriu os olhos. Ela sentiu como se o ar estivesse sendo roubado de seus pulmões e seu corpo sendo esmagado por uma pedra.

Foi então que ela percebeu: Sasuke estava deitado em um ângulo não muito convencional, com um braço sobre seu peito e uma perna sobre sua barriga.

Ele, basicamente, a estava abraçando enquanto sorria e murmurava qualquer coisa.

–S-Sasuke-kun... - A rosada ofegou - Você... Você está me... Ei, me solte! - Ela tentou se levantar.

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–Hum... - Ele gemeu e a apertou mais - Mas... Você sabe que eu... Eu te amo...

–O-O quê? - Sakura parou de se debater e ficou ligeiramente corada - Você... Me ama? - Ela até esquecera a raiva da noite passada.

Ele não a respondeu. Simplesmente murmurou algo ininteligível. Sakura então teve certeza de que ele estava sonhando.

–Hum... - Sasuke resmungou após algum tempo - Claro que eu... - Ele se aproximou e a apertou mais - Mas é claro que eu amo...

"Será que ele está sonhando comigo? Ah!!!" – A rosada pensou com um sorriso apaixonado.

–... Karin.

As sobrancelhas da Haruno começaram a tremer e seus olhos adquiriram um brilho assassino, mal acreditando no que acabara de ouvir.

–O QUÊ!? - Ela rugiu e o empurrou com violência derrubando-o no chão - Se você ama tanto assim aquela garota, por que está aqui me abraçando, seu descarado?

–Ahn...? - Sasuke perguntou confuso - Por que está gritando Sakura? Tsc! - Ele subiu na cama novamente - Logo hoje que eu poderia dormir até mais tarde você começa a fazer escândalo...

–Você estava aqui sussurrando no meu ouvido o quanto é perdida e loucamente apaixonado pela Karin. O que esperava que eu fizesse?

–Hunf! Não sei se você percebeu, mas eu estava dormindo, então consequentemente também estava sonhando - Ele disse como se fosse óbvio e exibiu seu sorriso irônico.

–Sonhos são lembranças guardadas no nosso inconsciente, e se você sonha com a Karin, é porque deve amá-la de verdade. - Sakura disse em um tom amargo e levantou-se da cama - Agora, por favor, saia daqui. Vou tomar banho - Ela evitava encará-lo.

Quando virou-se para ir ao banheiro, Sasuke segurou seu pulso e a puxou de volta. A rosada caiu assustada na cama.

O moreno então rolou pra cima dela enquanto exibia seu sorriso arrogante.

–S-Sasuke-kun, o-o que você está f-fazendo? - Os olhos da Haruno estavam esbugalhados e seu coração quase saltando do peito. Apesar de o Uchiha magoá-la constantemente, no fim ela sempre acabava se rendendo ao "charme" dele.

–Já que estou acordado, que tal começarmos de novo? - Ele ergueu uma sobrancelha - Vamos lá: Ohayo, Sakura. Você dormiu bem?

Ela ficou em silêncio, não conseguindo pensar claramente.

"Sakura, sua idiota! Por que sempre que o Sasuke-kun te prensa contra esse corpo maravilhoso, você perde a capacidade de discernir as coisas e se esquece de como ele é sacana? Ele não gosta de você, então claro que isso é apenas um joguinho! Interrompa já esse assédio! O quê?! Você acha que ele vai te beijar? Ah, que bonitinho, mas isso NÃO vai acontecer! Levante daí! AGORA!".

–G-Gomen, Sasuke-kun. Eu... Eu... Por favor, saia de cima de mim - Ela o empurrou e levantou-se.

–Mas, Sakura, o dia está lindo! - Ele estava com seu sorriso irônico - Só de saber que eu não tenho que trabalhar hoje já o deixa perfeito. Não estrague minha felicidade!

–É exatamente essa sua "felicidade" que me dá medo - A voz da rosada falhou.

–Quanto egoísmo. - O moreno fingiu-se abatido, mas o sorriso descarado não lhe saía da cara - Só por que seu dia não sai bem, você tem que estragar o dos outros?

Sakura apertou os olhos, tentando impedir que as lágrimas rolassem.

–Eu... Eu... - Ela correu e se trancou no banheiro. Jogou-se no chão e começou a chorar.

Já Sasuke, do outro lado da porta, ficou rindo, como se aquilo o divertisse.

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Depois que as aulas terminaram, a maioria das crianças foram embora, ficando apenas aquelas cujo responsável iria buscar. Entre essas crianças estavam Yamanaka Ino, Uchiha Sasuke e Haruno Sakura.

Ino e alguns garotos brincavam de pega-pega, Sakura ficara sentada encolhida em um banco, e Sasuke se sentara no galho de uma árvore.

–Sakura! Vem brincar com a gente! - A loira chamou a amiga.

–Eu... Eu não... - Ela respondeu com a voz chorosa.

Ino interrompeu a brincadeira e foi até ela.

–Por quê? A sua okasan vai demorar um pouco pra chegar não vai? Então não tem problema. Vem, você não precisa ser o pegador.

–Eu não quero, Ino-chan.

–Mas por que não?

A rosada se encolheu ainda mais.

–Eles... Eles vão rir de mim... E da minha... Testa enorme... Até já me deram o apelido de Testuda. - Ela começou a chorar - Eu sou muito desajeitada...

–O quê?! Sakura, deixa de bobeira! Você é mesmo desastrada e desajeitada, mas que problema tem isso? Você precisa ser mais confiante! - A Yamanaka sorriu encorajadoramente.

–Ino-chan, por que você é minha amiga? Todas as crianças riem de mim, mas você é a única que conversa comigo... Por quê?

–Tsc! - A loira suspirou com impaciência e assentou ao lado dela - Tem que haver motivo para ser amigo de alguém? Quando as pessoas se dão bem e têm gostos e assuntos parecidos, elas inevitavelmente acabam criando laços. Dependendo das pessoas, esses laços se tornam mais fortes com o passar dos anos, mas também podem se enfraquecer até não existirem mais.

–Por que você está me dizendo isso?

–Por que... Bem, por que apesar da sua testa grande e do seu jeito desastrado eu gosto de você. Eu não me importo com isso, e isso não me impede de ser sua amiga. Você não deveria se preocupar com coisas bobas, Sakura. - Ino riu - Você tem uma testa grande e não tem como fugir disso, então o único jeito é aceitar. Por isso eu te dei essa fita. - Ela pôs a mão no laço vermelho acima da cabeça da rosada - Se você fica escondendo a testa com a franja, só mostra às pessoas que isso te incomoda, então é lógico que elas vão te cutucar onde mais dói. Mas se você aceita e lida com o problema, as coisas ficam mais fáceis.

Os olhos de Sakura se iluminaram e uma expressão alegre tomou conta de seu rosto.

"Ino... Sempre tão legal e tão confiante... E ela é tão linda... Eu queria ser como ela" – A rosada pensou com uma pontada de inveja e de admiração.

–Escuta, não deixe as pessoas te colocarem pra baixo. Mostre que você é independente e que não se importa com críticas negativas. - A Yamanaka exibiu outro sorriso e levantou-se - Agora vem. Vamos brincar e mostrar que esse problema - ela deu um peteleco na testa de Sakura - não te incomoda.

–Arigato, Ino-chan, mas eu não vou.

–Sakura! O que eu acabei de dizer?

–Não, não é por causa disso... Não vou deixar que as pessoas me humilhem mais. Eu apenas não quero brincar.

–Tem certeza? - A loira cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha desconfiadamente.

–Hai!

Ino assentiu e voltou a brincar com os demais garotos.



–Sakura! - Sasuke a gritou do outro lado e bateu na porta - Caso tenha se esquecido, eu também preciso usar o banheiro!

A rosada assustou-se e secou as lágrimas.

–Tem outro banheiro nesta casa!

–O outro está sujo! Sakura, eu estou apertado! Você já está aí há mais de uma hora e meia! Sakura! - Ele continuou a bater na porta.

"Há mais de uma hora e meia?!" – Sinto muito, Sasuke-kun, mas eu não vou sair!

–O quê?! Por que não?

–Se eu continuar aqui vou ficar protegida contra suas maldades. Você mesmo disse que a partir de hoje vai infernizar minha vida.

–Mas uma hora você vai ter que sair! Sakura, deixa de palhaçada e saia daí! AGORA! - O moreno esmurrou a porta com violência.

–EU JÁ DISSE QUE NÃO! Eu não confio mais em você! Eu... Eu já estou cansada de ser humilhada!

Ele praguejou tudo de ruim contra a rosada. Depois suspirou pesadamente, como se estivesse rogando paciência e falou:

–Tudo bem, mas depois não diga que eu não avisei!

Ele saiu do quarto e bateu a porta com força.

Sakura ficou receosa de sair do banheiro e ele ainda estar ali, apenas fazendo uma pegadinha. Ela decidiu continuar lá dentro.

Foi então que ouviu um barulho vindo do primeiro andar.

"Bem, isso quer dizer que o Sasuke-kun não está aqui, mas eu é que não vou sair pra ver o que ele está fazendo" – A Haruno pensou e encostou a cabeça na parede, voltando à suas lembranças.



Depois do que Ino lhe falara, Sakura ficara mais confiante. Ela não estava mais com cara de choro e nem encolhida no banco.

Ela assistia às outras crianças, e estava quase desistindo de ficar sentadinha e ir brincar também, mas as palavras de Haruno Kin lhe voltaram à memória:

"Sakura-chan, depois da escola nós vamos sair, então nada de se sujar, ok? Se você chegar aqui em casa toda mulambenta nós duas vamos nos entender!".

Ela estava quase se rendendo à tentação, com a desculpa de que tomaria cuidado, quando ouviu um barulho vindo por trás.

Sakura virou-se assustada e viu os galhos da árvore acima de onde estava sentada balançando-se e Uchiha Sasuke agachado no chão.

–Yo, Sakura - Ele cumprimentou e pulou por cima do banco, sentando-se do lado dela.

–S-Sasuke-kun...? De onde você... Você estava me espiando?! Só esperando a Ino-chan ir embora? - Ela perguntou ligeiramente chocada e aborrecida.

–Hum... Mais ou menos. Eu fiquei o tempo todo sentado nessa árvore, então quando vocês começaram a conversar, logicamente, eu ouvi.

A rosada bufou e cruzou os braços irritada por ter sua privacidade invadida. Ele apenas ergueu uma sobrancelha.

–Você disse que todas as crianças riem e não conversam com você. Mas isso não é verdade. Eu falei com você hoje mais cedo e não ri do seu "problema". Vê? Eu também não estou rindo agora.

–Acontece que você só falou comigo porque me derrubou no chão. Caso contrário seria como todas as outras crianças.

–Hum... Talvez seja verdade...

Ao ouvir isso, Sakura desviou o olhar. Seus lábios tremeram e as lágrimas começaram a brotar.

–Talvez seja verdade que eu nunca falaria com você. - Sasuke continuou - Não por causa da sua testa, mas porque eu não... Eu não costumo fazer muitos amigos. As pessoas me tratam diferente. Elas dizem que só por que eu sou um Uchiha, sou arrogante, presunçoso e me acho melhor que todo mundo. Se quer saber, eu não faço a mínima ideia do que isso significa, mas acho que não é algo muito bom... - Ele suspirou.

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–Hum? Você...

–De qualquer forma, acho que já me acostumei com isso. Mas quanto ao resto... Bem, aquela sua amiga tem razão. Isso não quer dizer nada, então você não deve deixar as pessoas te humilharem. Se elas querem criticar alguma coisa, critiquem suas ações e suas palavras, e não algo que você não pode mudar.

Repentinamente a rosada ergueu os olhos, fitando-o com certo fascínio.

–Eu não posso mudar o fato de ser um Uchiha e você não pode diminuir o tamanho da sua testa. - Ele a olhou e riu - Então não tem outro jeito. Só nos resta aceitar.

"Sasuke-kun... Hoje foi a primeira vez que nos vimos e você já me trata tão bem... Você é tão legal e tão fofo!" – A Haruno pensou com os olhos brilhando - "Já decidi! Vou me casar com você!".

–Ahn... E sabe? Eu te acho... Bem bonitinha - Ele sorriu timidamente.

Sakura arregalou os olhos, perguntando-se se ouvira direito. Quase que imediatamente ela corou.

–Sasuke! Ei, Sasuke! - Alguém gritou antes que eles falassem mais alguma coisa.

O moreno, reconhecendo a voz, virou-se e abriu um enorme sorriso.

–Nii-san! Você veio! Você veio me buscar! - Sasuke correu até seu irmão e pulou no colo dele, abraçando-o - Nii-san!

–Oi, oi! Acalme-se, Sasuke! - Itachi riu - Como foi seu primeiro dia? Você se divertiu?

–Foi muito legal, nii-san! - O pequeno Uchiha o soltou e o puxou pela mão - Vem cá. Quero que você conheça uma pessoa.

Itachi sorriu e se deixou ser guiado por ele.

Sasuke o levou até o banco em que estava sentado. Quando os viu, Sakura ficou com vergonha e se encolheu.

–Quem é essa garotinha linda? - Itachi perguntou sorrindo descontraidamente.

–É a minha nova amiga. Ela se chama Sakura. - Ele então se virou para a rosada - Sakura, esse é meu nii-san. Pode pegar na mão dele. Ele não morde.

–Yo, nii-san do Sasuke-kun - Ela sorriu timidamente.

–Yo, Sakura! Meu nome é Itachi.

–Muito prazer em conhecer você Itachi-san!

–Acredite em mim, Sakura, meu nii-san é a pessoa mais legal que existe no mundo todo! Depois de mim é claro - Sasuke sorriu confiante.

Os outros dois riram.

–Bem, é hora de ir, Sasuke. Despeça-se da sua amiga.

–Ah... Tudo bem. - Ele suspirou frustrado - Até amanhã, Sakura.

–Até amanhã, Sasuke-kun - Ela sorriu.

–Nii-san, você pode me carregar?

–Isso tudo é preguiça de andar até em casa? - Itachi ergueu uma sobrancelha - Hum... Tudo bem.

Sasuke riu e imediatamente pulou nas costas de seu irmão. Sakura sorriu e acenou enquanto os via se afastar.



–Escuta, Sakura. - Sasuke bateu novamente na porta, tirando-a de seus pensamentos - Eu...

–Até agora com isso? Eu já disse que não vou sair daqui, Sasuke-kun!

–E nem precisa. Não quero mais usar o banheiro.

–Então o que você quer?

–Hum... Bem, eu queria te avisar que já são 12:25h. Você até que está aguentando bastante. - Ele riu debochadamente - O que você está fazendo para passar o tempo?

Sakura ficou em silêncio.

–Enfim - ele continuou -, ficar aí o dia todo está fora de cogitação, porque você é humana e tem necessidades. Então, caso te interesse saber, a comida que eu comprei ontem sobrou. E eu... Eu fiz... Bem, de um modo bem distorcido eu estou te chamando para almoçar.

–O-O quê? Depois de ontem você ainda tem essa coragem? Sasuke-kun, eu te aplaudo de pé! Você realmente consegue ser mais cara de pau que o próprio Naruto.

–Hunf! Eu estou apenas tentando ser legal.

–Como eu já disse, não confio mais em você. Ontem você estava sendo legal, legal até de mais, atencioso e educado. Mas pra quê? Apenas para me apunhalar pelas costas. Eu já aprendi... Aprendi a desconfiar da sua "bondade". Então não, obrigada! Não vou mais ser a bobinha Haruno Sakura! - A voz dela estava trêmula e novamente as lágrimas rolaram.

–Por que você está chorando? Sou eu quem deveria chorar! - O Uchiha perguntou com dureza na voz - Você chora por qualquer coisa, Sakura! Sempre que eu te vejo, você está com o rosto inchado e os olhos vermelhos.

–Eu choro porque você só me magoa! Sempre pisa no meu coração e nas minhas esperanças! Você pouco se importa sobre como eu me sinto! Sinto muito se depois que o seu clã morreu você perdeu sua sensibilidade e virou coração de pedra, mas eu não consigo ser assim!

–Não. Fale. Do. Meu. Clã! - Ele disse entredentes - Seus pais não estão mortos, então você não sabe como é a dor de perder as pessoas que você mais ama!

De um lado Sakura ficou em silêncio e do outro Sasuke apertou os punhos enquanto encarava o chão.

Ele então saiu e bateu a porta do quarto. A rosada continuou chorando.

"Eu sei sim, Sasuke-kun... A cada vez que nós brigamos eu sinto que estou te perdendo mais e mais... Em algum momento nosso laço vai deixar de existir".

***


"Que droga! Garota, pare de chorar! O Sasuke-kun tem razão! Você só chora! Pare de ficar se lamentando e comece a fazer alguma coisa! Você não está se esforçando como disse que faria! Deixe de ser fraca, Sakura!" – Ela começou a se motivar, até que decidiu parar com a infantilidade.

A rosada levantou-se do chão e fez sua higiene pessoal, algo que já deveria ter feito há muito tempo, arrumou-se e desceu.

Sasuke estava deitado no sofá, sem camisa, com uma garrafa de sakê em uma mão e quicando distraidamente uma bolinha contra a parede com a outra.

Sakura parou na porta da sala e ficou o observando. Ele, ao vê-la, exibiu seu sorriso irônico.

–Ora, ora! Finalmente abandonou sua "torre de vigia"?

–Decidi parar de chorar e fazer alguma coisa - Ela respondeu determinada.

Ele assentiu e levou a garrafa até os lábios.

"Ai... Ele fica tão sexy quando bebe! E esse tórax maravilhoso a mostra, meu Kami? Eu quero e preciso passar a mão! Não! Foco Sakura! Não tenha esses pensamentos pervertidos quando ele é o inimigo! Mas ele é tão lindo e..." – AH!!! - A rosada gritou desorientada.

–O que foi isso agora? - O Uchiha estreitou os olhos e perguntou entredentes.

–N-Nada. Eu apenas... Hehehe. Apenas... Enfim, o que você está fazendo aqui, Sasuke-kun? Quero dizer, por que você está aí todo relaxado?

–O que mais você queria que eu fizesse, Sakura?

–Ora, eu não sei. Você tentando ser legal, me chamando pra almoçar, ficando quietinho aí... Isso tudo é muito suspeito! Você mesmo disse que a partir de hoje ia me infernizar... O que você está aprontando, Sasuke-kun? De novo!

–Hum... Bem... Isso é por que, ontem, depois que você correu pro quarto, eu... Eu me senti podre... - Ele virou o resto da garrafa - Apesar de você me irritar, eu achei que fui muito maldoso, então decidi... Me redimir e propor uma trégua. Por hoje.

A Haruno revirou os olhos e riu debochadamente, tipo "Não acredito que estou ouvindo tamanha bobagem!".

–Como prova disso - ele continuou -, eu vou te contar a verdade. A verdade, Sakura, é que eu estava fazendo puro drama e terrorismo com você. Meu afastamento só vai durar três dias, e como hoje estou propondo uma trégua, só terei dois dias para te atazanar.

"O-O quê?! Será que isso é verdade? O que você está tramando, Sasuke-kun...?" – Ah claro! E a Tsunade-sama finalmente deu bola para o Jiraiya-sama.

O moreno revirou os olhos e voltou a quicar sua bolinha contra a parede.

–Bem, como diz o meu nii-san, as pessoas sempre fazem suposições erradas e vivem baseadas em suas próprias crenças. Você decide se acredita ou não em mim.

–Como eu já disse antes, eu não acredito e nem confio mais em você.

–Escuta, Sakura... - Ele suspirou - Eu propus uma pequena trégua, te contei a verdade, e agora, para fazermos as pazes, estou te convidando para jantar fora esta noite. O que você acha?

"Sim! Um jantar romântico! Diga sim, Sakura! Diga sim!" – Mas é claro que não! No mínimo você está tentando me atrair para alguma maracutaia. Depois de ontem, eu desconfio de tudo.

–Sakura, qual é! Eu já fiz as reservas...

–Isso é problema seu. Como você pode combinar uma coisa sem o meu consentimento e ainda esperar que, depois de tudo o que você fez, eu aceite numa boa? "Pulso firme, Sakura! Mantenha o pulso firme!" Por que você não convida a Karin? Eu sei que ela vai adorar! E já que eu não vou estar lá, aproveitem e se beijem bastante! Não é disso que você gosta?

Sasuke bufou e fechou a cara.

–Ahá! Eis outro motivo pelo qual eu devo desconfiar! Se você está insistindo tanto, é porque algo maligno me aguarda. E como eu não posso estragar seus planos, você tenta me "amaciar". Mas para sua infelicidade, isso não funciona comigo! Não mais.

Ele continuou quicando sua bolinha em silêncio.

–Agora, sobre outro assunto... O que você fez com a comida? Você pôs veneno? Algum tipo de droga? O que foi?

–Eu já disse que não faço esse tipo de coisa. Por que você está me irritando com isso de novo?

–Hunf! Então por que motivo você decidiu ser gentil e me chamar para almoçar?

–Para você ver que eu estou falando sério sobre a nossa trégua - Ele disse como se fosse óbvio.

–Ah... Bem, eu... - A barriga dela roncou - Então...

Sakura foi até a cozinha, se serviu e voltou para a sala.

–Hum... Eu... Eu posso ficar aqui? Com você?...

Ele apenas deu de ombros e pegou outra garrafa de sakê. Ela assentou ao seu lado e ficou comendo em silêncio.

–Ei! - Ela reclamou quando, de repente, ele pôs os pés em seu colo - Eu estou comendo! Tire isso daqui! É anti-higiênico!

–Não é não. - Ele riu e ergueu uma sobrancelha - Eu pus os pés nas suas pernas, e não na sua comida. Quanta frescura, Sakura!

–Mas... Argh! Que nojo! Até perdi a vontade de comer.

A rosada se levantou praguejando e voltou à cozinha.

–AHHHH!!! - De repente ela soltou um berro desesperado - Eu. Não. Creio! UCHIHA SASUKE!!!

O moreno foi até lá com um sorriso descarado na cara e a garrafa em mãos. Completamente relaxado, como se já soubesse o que o esperava.

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–Você... Você fez xixi na pia?! - Sakura estava se descabelando - Isso não tem cabimento!

–É... Pois é. E a única culpada é você... - Ele sorriu com deboche e bebeu mais do seu sakê - Mas você só notou isso agora?

Ela apertou os punhos e contou até dez, se controlando para não enforcá-lo.

–Você se recusa a me ajudar a limpar essa casa e ainda atrapalha?!

O Uchiha exibiu seu sorriso irônico, e antes que falasse ou fizesse mais alguma coisa, teve que correr dali, pois a Haruno jogara em sua direção a primeira coisa que vira pela frente.


***


De algum jeito milagroso, Sakura conseguiu obrigar Sasuke a limpar o que ele fizera na pia. Ela afirmara veementemente que poderia se submetida a qualquer coisa, mas nunca, jamais, limparia aquilo, principalmente quando ele fizera de propósito, apenas para irritá-la.

Depois disso, eles passaram a tarde na sala conversando, rindo e brincando. Sasuke cumprira a promessa da trégua, então eles agiram como seres civilizados, e não como animais.

Já era noite, por voltas das 18:00h, e eles estavam jogando shogi.

Sasuke estava compenetrado, jogando com afinco. Já Sakura estava aérea. Jogando apenas por jogar.

–Ao menos jogando contra você, eu tenho chance de vencer e até posso contar vantagem, porque contra o Shikamaru... É impossível! Ei! Não acredito que você vai usar o rei numa jogada tão ridícula como essa. Para isso existem as peças de sacrifício, Sakura. - Ele revirou os olhos - Dá pra você jogar direito?

–Escuta, Sasuke-kun... - Ela tirou as mãos das peças e abraçou os próprios joelhos - Você não deveria estar se arrumando?

–Para quê?

–Pra sair, ora. A maioria dos restaurantes já começou a se abrir... E as suas reservas?...

–Eu não vou mais. Você não quer ir comigo, então... E não, Sakura, eu não vou convidar a Karin!

–Sabe... Eu estou me sentindo mal por isso... Hoje você se comportou direitinho e cumpriu sua promessa de não aprontar... Foi um dia agradável, então eu fiquei pensando... Se você ainda quiser, e se a proposta continuar de pé... Eu... Eu aceito ir com você. "Por que eu acho que vou acabar me arrependendo disso?" Não que eu esteja desesperada. Não, claro que não, mas é porque estou me sentindo culpada, sei lá.

Ele ergueu uma sobrancelha e exibiu um sorriso irônico e vitorioso.

"Há! Eu sabia! Meu dia e meu tempo não foram gastos à toa! É tão fácil te dobrar, Sakura..." – Bem, se você quiser, nós podemos ir. O "Dia Da Trégua" termina á meia noite, você sabe, então aproveite enquanto há tempo.

–Se eu decidir ir... Você vai esperar eu me arrumar? Ou sei lá... Vai pôr em prática algum tipo de plano do mal? - A rosada ergueu uma sobrancelha.

–Não se preocupe com isso, Sakura. Vou ficar bem quietinho aqui. Melhor! Vou pegar minhas coisas, me arrumar lá na casa principal e volto depois. Tudo bem ou você está com medo de ficar aqui sozinha?

–Hunf! Tudo bem, acho. "Tenho a leve impressão de que isso não vai prestar...”

Do jeito que ficou decidido, assim foi feito. Sasuke pegou suas coisas e foi se arrumar na casa principal. Ele vestira jeans normal, tênis e uma camisa preta com um pequeno símbolo de seu clã na parte superior das costas.

Quando terminou, voltou e ficou sentado na sala esperando a rosada.

Ao ouvi-la descendo as escadas, foi ao seu encontro. Bem estilo de filme romântico.

Ela tinha as bochechas coradas e um sorriso tímido. E ele, encostado no corrimão a observando, tinha seu sorriso irônico e arrogante.

Sakura havia vestido um kimono verde, da mesma cor de seus olhos, com um grande laço lilás na cintura. Prendera o cabelo num coque alto, deixando apenas a franja solta, e colocara pequenos brincos de ônix. Ao ver Sasuke com sua roupa casual, sentiu-se envergonhada.

–Ah!... Eu não sabia qual era a ocasião... Pensei que seria algo formal. Estou me sentindo uma idiota vestindo isso. - Ela apontou pra própria roupa - Me deixe troc...

–Você está muito bonita, Sra. Uchiha - Ele a interrompeu sorrindo e ergueu uma sobrancelha.

–Hunf! - Ela revirou os olhos - Se você aprontar... Já sabe, né!?

Ele apenas lhe estendeu a mão e a ajudou a descer os últimos degraus.

–Arigato, Sasuke-kun, pelo elogio - Sakura sorriu.

–Tudo bem. Agora vamos - Ele a soltou e foi na frente, abrindo a porta para que ela passasse.

Eles caminharam pelas ruas do bairro em silêncio. Quando saíram do Distrito Uchiha, Sakura foi a primeira a falar:

–Onde você está me levando, Sasuke-kun?

–Ah, eu não posso te contar. Será uma surpresa! Só vou dizer o nome. Chama-se CDH.

–CDH? Nunca ouvi falar - Ela disse desconfiada. "Calma, Sakura! Só porque você nunca ouviu falar do restaurante, não quer dizer que ele esteja aprontando! Relaxe e aproveite a noite. Sem neuras!"

–Isso é muito estranho. Ele é bem antigo aqui na vila... Ei, relaxe. Vai ser divertido! "Ao menos pra mim".

Eles então continuaram andando em silêncio, até que pararam numa área bastante movimentada e iluminada da aldeia.

–Escuta, Sakura, eu quero que seja uma surpresa, por isso - ele tirou algo do bolso da calça - você não pode ver. Toma, coloque isso.

–O quê?! Acha mesmo que eu vou deixar você vendar meus olhos? Esqueça, Sasuke-kun!

–Não estrague a noite com suas neuras! Eu já disse que é uma surpresa... Além do mais o que acha que eu faria? Que eu te largaria aqui e fugiria? Ou que eu te levaria pro meio do mato e a abandonaria lá? É bem tentador, mas não hoje. Se eu fizesse isso, meus esforços pra te levar pra jantar teriam sido em vão. Qual é, Sakura! Se você se comportar ganha um beijo.

–Haha! Muito engraçado! Não é engraçado? Veja como eu estou me acabando de rir.

Ele revirou os olhos e foi até ela, vendando-lhe. Logo em seguida a beijou na testa.

–S-Sasuke-kun... Você... Eu... Eu vou... - A rosada mal raciocinava - Desmaiar...

"Eu apenas a beijei na testa e ela já perdeu a linha do raciocínio. Imagina se eu fizesse outra coisa?" – Ei! Nada disso! - Ele a segurou antes que caísse - Recomponha-se! Agora vamos e não se preocupe. Eu vou guiá-la. Não vou fazer com que bata a cara na parede e nem caia num buraco.

Ela então começou a andar, mas pisou na barra do kimono e escorregou. Novamente ele a segurou.

–Tsc! Como dizia a Ino quando éramos crianças... Sakura, você é muito desastrada!

–SERÁ QUE NÃO PERCEBEU QUE EU ESTOU VENDADA!? - Ela rugiu.

–Calma, calma! Me dê sua mão. E nada de espiar!

Sasuke a pegou pela mão e se afastou dali. Na medida em que andavam, ele ia lhe falando onde ter cuidado ou quando desviar de alguma coisa. Ele a guiou direitinho, sem fazer nenhuma sacanagem.

"Ai... O Sasuke-kun está sendo tão legal e gentil. Será que toda minha suspeita e desconfiança foram em vão?" – Ela pensou quando pararam de andar.

–Chegamos à CDH. Espere! Não tire a venda ainda - Ele disse e apertou a campanhia, mas não soltou a mão dela.

"Que tipo de restaurante é esse que você tem que bater a campainha?! Será que é um restaurante afrodisíaco com comidas exóticas que estimulam o apetite sex...? Ah meu Kami! O que é isso que eu estou pensando?! Sakura, não seja uma pervertida!".

De repente ela ouviu o barulho de uma porta se abrindo.

–Sasuke-kun! Sakura-chan! Pensei que vocês não viriam mais! - A pessoa falou contente.

"Essa voz... Sasuke-kun, eu não acredito!"

–Realmente, quase que não vínhamos. Custei pra convencê-la... - No momento em que ele falou, puxou a venda dos olhos da rosada.

–O-Okasan?! - Sakura murmurou atordoada ao ver a mulher para à sua frente.

***


–Sakura, que modos mais feios! Cumprimente a sua okasan! - Sasuke a olhou e sorriu com ironia.

A rosada sentiu um bolo se formar em sua garganta e seus olhos lacrimejarem. Ela teve vontade de chorar e correr dali. Todas as suas suspeitas e desconfianças vieram à tona. Sasuke a havia enganado. De novo!

Apesar do intenso desejo de chorar até morrer, Sakura se segurou. Ao menos por enquanto. Se a situação piorasse, ela fugiria dali.

–Yo... Okasan... - Ela tentou impedir que a voz falhasse e as lágrimas rolassem.

–Você está tão linda, Sakura-chan... - Sua mãe sorriu e a abraçou - Agora venham. Vamos entrar! Já vou servir o jantar.

Kin saiu da frente, permitindo que eles passassem. Sasuke pediu licença e entrou. Sakura, lembrando que ainda estavam de mãos dadas, tentou soltá-lo, mas ele a segurou com mais força e a puxou.

–Já podem ir para a cozinha. - Haruno Kin disse ao fechar a porta - Souma está na sala, mas eu vou chamá-lo.

O Uchiha assentiu e levou sua companheira até o cômodo indicado.

A mesa de jantar já estava arrumada, com os pratos apenas esperando para serem ocupados pela comida.

Sasuke a soltou e tirou os sapatos, se ajoelhando em uma almofada logo em seguida. Sakura fez o mesmo e ajoelhou-se na almofada ao lado dele.

Ela ficara encarando o chão enquanto ele brincava distraidamente com os hashis.

–Eu sou muito idiota! - Ela disse de repente, sem encará-lo - CDH... Como não percebi? Casa Dos Haruno... Tão óbvio... Sou estúpida mesmo!

O Uchiha apenas riu, como se concordasse com ela.

–Sasuke-kun... Como meus pais sabiam que viríamos jantar aqui?

–É bem simples na verdade, Sakura. Eu os avisei.

–O-O quê?! - Ela ergueu os olhos repentinamente.

–Hoje mais cedo você estava com tanto medo de eu lhe sacanear, que não quis sair do banheiro. Mas você se esqueceu de me vigiar também. - Ele exibiu seu sorriso arrogante - Enquanto você estava com sua infantilidade, eu vim avisar seus pais de que viríamos jantar aqui essa noite, pois tínhamos algo muito importante para contar.

–Como?! Mas você...?! - A voz dela estava trêmula.

–Ah sim. Eu e sua okasan estamos muito curiosos para saber o que vocês têm a nos dizer. - Haruno Souma entrou na cozinha naquele momento, seguido pela esposa - Vamos nos falar enquanto jantamos, certo?

Sasuke balançou a cabeça concordando. Ele exibia um sorriso confiante e irônico. Já Sakura ficara em silêncio. Por não saber o que iria acontecer e como a noite iria se desenrolar, ela ficou receosa de dizer alguma coisa ou começar a chorar desenfreadamente.

Seu pai ajoelhou-se na almofada de frente para eles e cruzou os braços enquanto os analisava.

–Sakura-chan...

–Hai, otosan? - A rosada respondeu rapidamente.

–O que você tem? Está tão... Amuada. Parece que tem andado bastante chateada...

"O tempo todo. E o Sasuke-kun é o culpado. Eu sei. Sou uma doida por sofrer tanto por um garoto que pouco se importa comigo" – Estou bem. Só um pouco indisposta, na verdade. O dia hoje não está saindo muito como o planejado - Ela virou-se e lançou um olhar ao moreno, o qual apenas deu de ombros.

–Até a sua voz parece abatida... O que...

Antes que ele terminasse de falar, Kin colocou uma enorme panela no meio da mesa.

–O jantar é simples, mas foi feito com muito amor. - Ela sorriu pra filha - O cardápio é arroz, bacalhau e bolinhos de feijão. E pra depois, um chá de jasmim com biscoitos, mas se ainda continuarem com fome, eu...

–Kin... - O Sr. Haruno suspirou cansadamente.

–Okasan! - Sakura reclamou, mas sorriu logo em seguida. Ela já estava bastante acostumada à intensa preocupação de Haruno Kin com a saúde alimentar das pessoas.

–Ah! Gomenasai! - Ela pediu e voltou ao fogão, pegando outra panela.

–Kin-san - Sasuke começou, tentando usar um tom formal -, não precisava se preocupar em fazer tanta comida.

–Eu disse a mesma coisa - Souma suspirou e revirou os olhos.

–Ah, nunca se sabe! E se eu tivesse feito pouco e vocês quisessem repetir, mas por conta de não ter o suficiente, continuassem com fome? Aí o Souma teria que ir comprar mais alguma coisa, mas a essa hora da noite nenhum supermercado está aberto. As únicas comidas que ainda estariam à venda seriam aqueles lanches rápidos que você encontra em lojas de conveniências. Acontece que eles não são saudáveis, por isso eu não...

–Kin!

–Okasan!

–Ops! Eu fiz de novo?

Os três demais balançaram a cabeça afirmativamente.

–Bem, alguém tem que se preocupar com a alimentação, não é mesmo? - Kin sorriu e terminou de colocar tudo à mesa - Agora, vamos esquecer isso e comer, certo? Fiquem a vontade.

Assim que ela ajoelhou-se na almofada, começaram a se servir.

–Você quer que eu coloque pra você, Sakura? - Sasuke perguntou com um sorriso debochado e arrogante.

–Não!

–Eu não me importo, você sabe...

–Definitivamente eu não quero nada que venha de você, seu sacana! - Ela murmurou com a voz baixa e logo em seguida exibiu um sorriso falso, entrando no jogo dele - Não precisa se preocupar comigo.

–E então, Sasuke-kun - Souma começou -, o que vocês gostariam de nos contar? Pelo que vejo, deve ser uma ocasião bastante especial. A Sakura-chan se produziu apenas para um simples jantar em família...? Deve ser algo realmente... Importante.

"Isso, otosan, é porque até onde eu sabia, iria a um restaurante, e não aqui." – Sakura lançou um olhar mortal ao Uchiha. - "Aliás, eu definitivamente não deveria estar aqui! Por que minha intuição me diz que algo de ruim vai acontecer? Ah, claro! Meu adorável marido está envolvido, nessa história!".

Sasuke, que havia acabado de colocar um bolinho na boca, engoliu rapidamente e sorriu com ironia.

–Ah sim. Bem, eu não sei se a Sakura lhes contou, mas...

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–Sasuke-kun! - A rosada o interrompeu - Você não acha que seja melhor contar isso depois? Estamos jantando agora! Durante o chá você pode falar.

–Realmente. - Kin balançou a cabeça concordando - Esta é uma hora sagrada. Nada de conversa paralela à mesa!

Souma e Sasuke assentiram rapidamente ante o olhar feroz que as duas Haruno lhes lançavam.

Já que estavam proibidos de falar, o jeito seria comer rápida e silenciosamente. Sasuke porque queria falar, e Souma porque era um grande curioso.

–Acabei! - Os dois gritaram em uníssono após algum tempo, assustando as outras duas que comiam calmamente.

–Oi, oi! Por Kami! Quanto desespero! - Kin reclamou - Vocês podem ter acabado, mas estão proibidos de se retirarem! É falta de respeito levantar da mesa quando ainda há alguém comendo, portanto podem continuar quietinhos aí!

"Shanaroo! Isso aí okasan! Faça a justiça!" – Sakura pensou triunfante.

Os dois suspiraram, e ficaram assistindo as outras duas.

"O que será que o Sasuke-kun pretende? O que ele planejou pra essa noite? Com certeza não é algo bom, caso contrário ele teria cumprido a promessa de não aprontar hoje. Aliás, por que eu acreditei no que ele disse? Ele é um sacana da pior espécie! Por que não ouvi minha consciência?" – A rosada pensava enquanto mastigava lenta e vagarosamente -"Preciso prolongar esse jantar ao máximo. Quando formos para a sala de chá, eu sei que ele vai fazer alguma coisa. Isso, Sakura, é pra você aprender! Agora aguente as consequências! Baka!"

–Haruno Sakura! - Souma bravejou - Engula essa comida. Agora!

–O-O quê?! - Ela assustou-se, saindo de seus devaneios.

–Você está mastigando há quase seis minutos!

–Ahn? É que... Gomenasai... "Não posso enrolar muito mais que isso. Então tudo bem! Apenas termine seu jantar e mantenha a calma, Sakura! Até porque, você é uma enfermeira. Se algo acontecer, basta dopá-los que nem se lembraram de nada" – A rosada pensava enquanto comia distraidamente.

–Sakura-chan - Sua mãe a chamou.

–Hum? "Sério que isso se passou pela sua cabeça? Você se esqueceu do que aconteceu da última em que dopou alguém, Sakura?".

–Vou retirar o seu prato.

Kin levantou-se e imediatamente a ação se seguiu às palavras. Ela recolheu os pratos, todos já vazios, e os colocou na pia.

–Filha, tem certeza de que está tudo bem? - O Sr. Haruno perguntou com uma sobrancelha erguida - Você está muito aérea e distraída... Como se algo a incomodasse...

–Garanto que é apenas cansaço otosan. Por favor, não se preocupe com isso... "Cansaço, humilhação e muita decepção, mas com eu já disse, não precisa se preocupar. Eu consigo aguentar tudo sozinha".

–Souma, querido, leve o chá para a sala, por favor - Kin pediu enquanto lavava as vasilhas.

–Ah, claro. Sasuke-kun, enquanto esperamos, que tal uma partida de shogi? - O Sr. Haruno propôs enquanto pegava a bandeja com o chá e os biscoitos.

–Eu não poderia ter sugerido nada melhor, Souma-san - O Uchiha riu e o seguiu pra fora da cozinha.

Kin continuou lavando a louça e Sakura imersa em seus pensamentos. Quando a Sra. Haruno terminou seus afazeres, ambas seguiram em silêncio até a sala. Não que Kin não quisesse conversar, muito pelo contrário. Ela estava louca para saber das novidades, saber como sua filha estava se sentindo por ficar longe dela e de seu pai e o quão dura e exigente Tsunade estava sendo em seu treinamento, mas assim como seu marido, ela percebera que Sakura estava diferente, porém, ficar insistindo não adiantaria nada. A rosada negaria até a morte, então o jeito seria deixar rolar naturalmente.

–Oh! Você usou uma investida de prata! - Sasuke sorria debochadamente - Estou tremendo de medo!

–Hunf! - Souma tinha os braços cruzados enquanto encarava o tabuleiro - Depois terei uma conversa séria com aquele Nara Shikaku! Ele me disse que essa jogada sempre funciona e que eu teria quase 70% de chance de vencer.

–Acontece que o filho dele, o Shikamaru, era o meu "sensei", e ele me ensinou algumas técnicas também. - O Uchiha sorria confiante enquanto movia uma peça - Admita, Souma-san, que perdeu pra mim.

–Jamais! - Ele bateu a mão no tabuleiro, jogando-o longe e espalhando as peças pra todo lugar.

–Ei! - O moreno assustou-se.

–Mal perdedor... Tsc, tsc! - Kin, que estava parada à porta junto a filha, balançava a cabeça negativamente.

–Vencer o Sasuke-kun é meio difícil, não? Só mesmo o Shikamaru - Sakura disse sorrindo.

–Não quero falar sobre esse assunto! - Souma virou a cara.

–Own... Ficou chateadinho? - A Sra. Haruno ajoelhou ao lado dele e lhe deu um beijo na bochecha.

–Hunf!

–E você, Sakura, não vai se juntar a nós? - O Uchiha sorria ironicamente.

A rosada se sentia como um prisioneiro caminhando pelo corredor da morte.

–Ah... Claro... - Ela se ajoelhou ao lado dele.

Quase que imediatamente ele pegou a mão dela e entrelaçou na sua. Sakura tentou soltar-se, mas ele segurou com mais força, afagando-a logo em seguida e exibindo um sorriso falsamente encorajador.

Se houvesse um concurso de "A pessoa mais falsa, fingida, dissimulada e cínica de Konoha", o moreno ganharia o prêmio, com certeza.

De repente o silêncio se instaurou no local.

A rosada encarava o chão, se segurando para não chorar. Ser humilhada por Uchiha Sasuke já era horrível, e ser humilhada por Uchiha Sasuke em sua própria casa era pior ainda. Quanto a Sasuke, ele tinha seu sorriso confiante e arrogante na cara.

Kin então começou a servir o chá calma e distraidamente.

–A Sakura e eu... - O Uchiha começou - A gente se casou.

Souma arregalou os olhos e Kin derramou o chá.

–O-O quê?!

***


"Sasuke-kun... Não acredito nisso... Eu não vou te perdoar..." – Sakura abaixou a cabeça para que não vissem as lágrimas que queriam rolar.

–O quê? - Kin repetiu - A-Acho que não ouvi d...

–Cadê minha arma, Kin? Onde você a guardou? - Souma levantou-se num supetão, quase derrubando a mesa de chá.

"O casal Uchiha" o encarou com os olhos arregalados. Ou estavam assustados por ele, repentinamente, ter dado um pulo, ou estavam temerosos por ele sair atirando pra todo lado. Ou ambas as coisas.

–Vou ensinar esse moleque a não desonrar minha filha desse jeito! - O homem estava possesso - Acha que é simples assim? Deita-se com ela, a engravida e depois vem com essa cara lavada dizendo que se casaram?

–S-Souma-san, não sei do que você está falando! - Sasuke tentava acalmar a situação e preservar a própria vida.

–Otosan, não é isso que...

–E você, Haruno Sakura, se rendeu muito fácil para ir pra cama com ele! A lábia dele era muito boa ou você é quem estava desesperada?

–Otosan! - Sakura estava vermelha de vergonha.

–Acalme-se, querido! - A Sra. Haruno o puxava pela mão para que se assentasse novamente.

–Já estou sabendo de onde vem esse cansaço e essa indisposição. Agora está explicado esse seu comportamento estranho!

–Ahn? - A rosada ergueu uma sobrancelha - Otosan, você acha... Você acha que eu estou grávida?

–Ah, mas é óbvio! Ninguém se casa aos dezoito! Kin, onde está a minha arma?

–Souma-san, por favor, deixe-nos explicar. - O moreno pediu - Não é o que você está pensando.

–Claro. Depois que eu te matar você pode se explicar.

"Coitado do meu otosan... Ele começa a não falar coisas com sentindo quando está nervoso".

–Souma, pare com isso! Você não tem arma. Acalme-se e deixe-os explicar! Não foi pra isso que eles vieram? - Falou Kin séria e decididamente.

O Sr. Haruno suspirou pesadamente e assentiu de má vontade, ajoelhando-se novamente ao lado dela.

–Souma-san, não há porque se preocupar com a pureza da Sakura. Eu nunca a toquei. Não antes de nos casarmos pelo menos! "Não se esqueça de que você está fingindo, Sasuke". Mas não vamos falar sobre isso. As intimidades de um casal não são feitas para se espalhar ao vento.

É lógico que Sakura queria contestar e falar que aquilo era tudo mentira, mas ela entraria em contradição com as coisas que dissera anteriormente e no final acabaria chorando. Ela então ficou com a cabeça abaixada, apenas escutando e segurando as lágrimas. Era tudo o que podia fazer.

–Nós nos casamos por amor. - Ele olhou a rosada e sorriu - Eu sei que pode parecer estranho, sendo que toda a Vila da Folha sabe como eu a desprezava...

–Você tem razão. É muito estranho - Souma semicerrou os olhos perigosamente.

–Mas isso foi antes de eu perceber a mulher incrível que ela é. - Ele soltou uma risada forçada - Acreditem, pedi-la em casamento foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. E ela ter aceitado ser minha esposa, apesar do modo como a tratei no passado, me faz o homem mais feliz do mundo. Sakura - ele virou-se para ela -, eu acho que nunca disse isso, mas, obrigado por me aceitar e me aguentar. Apesar de todas as coisas, obrigado por nunca deixar de me amar.

"FALSO! Como você consegue ser assim tão cínico e dissimulado? Tudo bem! Vou entrar no jogo" – Não precisa se preocupar com isso, Sasuke-kun. Mesmo que eu quisesse, não conseguiria parar de te amar. Acho que, sofrer por amar você, é um castigo muito cruel, mas mesmo assim eu sou feliz! Obrigada por me aceitar como sua esposa, como Sra. Uchiha - Ela exibiu um sorriso falso e o beijou na bochecha.

–Ah... Claro... - Ele sorriu também.

"Ah, mas espere só, seu safado! Eu ainda vou lhe tirar esse sorriso falso da cara!" – Sakura apertou as mãos contra os joelhos.

Durante toda a narração, os olhos do Sr. Haruno passearam pelo casal à sua frente. Ora olhava para Sasuke, logo em seguida para a barriga da rosada e por último para a própria Sakura. Quando em Sasuke, ele tinha um olhar colérico e mortal, quando para a barriga da filha, um olhar de nojo e repugnação, e quando na rosada, um olhar de reprovação e desapontamento.

–Otosan, por favor, eu já disse que não estou grávida! - Sakura reclamou ao perceber os olhares que ele lhe lançava.

–Claro, claro. Só estou pensando...

–Muito bonito. - Kin falou séria e repentinamente - É tão bonito e perfeito que até parece ser mentira.

–O-O quê?! - Os "dois Uchiha" gaguejaram.

–Sasuke-kun, como você mesmo disse, isso é muito estranho, levando em consideração que você sempre desprezou a Sakura-chan, e, se eu não estou enganada, até semana passada isso ainda ocorria. Já perdi as contas de quantas vezes eu peguei a Sakura-chan chorando no quarto por causa de você.

–Okasan! Não era pra você ter contado isso pra ninguém!

A Sra. Haruno fez um gesto de desdém com a mão, ignorando a interrupção da filha.

–De qualquer forma, se até semana passada isso acontecia e hoje vocês se dizem casados, quer dizer que a "cerimônia" aconteceu essa semana. Quando foi? Por que não fui convidada?

"Droga! Eu tinha me esquecido da perspicácia de Haruno Kin" – Sasuke pensou com seus botões.

"Shanaroo! Agora explique-se, seu safado! Vamos ver o que você vai inventar agora" – Pensou Sakura.

–Ah, bem, realmente você tem razão, Kin-san. - O moreno exibiu um sorriso amarelo - Nós nos casamos há quatro dias.

–Quatro dias?!

–Hai.

–Quando? - Ela o olhou com desconfiança.

–Na noite do dia 15.

–O quê?! Mas esse foi o dia em que a Sakura-chan não voltou pra casa. - Kin virou-se para a filha - Você disse que tinha dormido na casa da Ino-chan, mas que antes esteve com a Tsunade-sama!

A rosada abaixou a cabeça e se encolheu, mordendo o lábio inferior para abafar um soluço.

–Mas a Sakura falou a verdade. Quero dizer, o fato de ter dormido na casa da Ino é mentira realmente, mas naquela noite estávamos mesmo com a Tsunade-sama. Eu percebi que não conseguia mais ficar sem Haruno Sakura, então a pedi em casamento e logo em seguida pedimos à Tsunade-sama que realizasse o acordo.

–Acordo?

–Acordo... Casamento quero dizer. Você sabe, quando duas pessoas aceitam conviver juntas - Ele corrigiu-se rapidamente.

A Sra. Haruno ergueu uma sobrancelha, mas assentiu. Logo em seguida dirigiu-se à filha:

–Você está grávida?!

–Como eu bem suspeitava - Souma cruzou os braços.

–O quê? Eu já disse que não! - A voz da rosada estava trêmula - Até você okasan? Por que não acreditam em mim?

–Então por que motivo você não me convidou para o seu casamento? Eu sou a sua okasan! Tsc! - Ela suspirou frustrada - Quem já sabe que vocês estão casados?

–Além da Tsunade-sama, tem o meu nii-san, a Shizune, a Ino e o Sai. É isso mesmo, não é Sakura?

A rosada apenas soluçou enquanto as lágrimas rolavam.

–O QUÊ!? Esse tanto de gente já está a par da sua vida e nós, os seus pais, só sabemos disso agora?

–Eu queria contar, Kin-san, mas a Sakura pediu que isso ficasse em segredo. Particularmente achei muito injusto da parte dela, afinal vocês deveriam ser os primeiros a saber. Mas você sabe como é quando um marido quer agradar sua esposa. Ele faz tudo por ela. - O Uchiha passou a mão ao redor da cintura de Sakura e a puxou para junto de si - Mas hoje decidi dar um basta nisso. Acabar com isso tudo e nos apresentar formalmente como Uchiha Sasuke e Uchiha Sakura.

–Sakura-chan - Souma a chamou -, por que você mentiu dizendo que ia passar o mês aprendendo com a Tsunade-sama, sendo que estava se casando com o Sasuke-kun? Além do mais, por que está chorando?

–É verdade! - Kin ralhou - Você se casou no dia 15, e no dia seguinte você veio aqui pedir perdão por não ter avisado que ficaria fora, mas você não nos contou sobre a sua "aventura" e sobre a sua nova vida conjugal! Acha justo fazer isso com seus pais? Tudo bem que não esteja grávida, acredito em você, mas é porque foi um tanto repentino e estamos em choque, só isso. Porém, você não acha que eu queria ter presenciado um momento tão especial na vida da minha filha?

–Apesar de estranho e repentino, foi a própria Tsunade-sama quem realizou a cerimônia, então não tem jeito. É oficial. - O Sr. Haruno continuou - Mas como sua okasan disse, nós deveríamos ter sido convidados. Cadê a consideração?

–Além do mais, você disse que ficaria fora um mês. E quando o tempo terminasse? O que você faria? Iria pedir divórcio ou ia finalmente nos contar?

–Eu... Eu... - Sakura levantou-se chorando - Gomen. Eu não consigo mais fazer isso. - E saiu correndo.

Eles ouviram a porta de entrada batendo e souberam que a rosada deixara a casa.

–Oh-ohh! - Sasuke tentava esconder o sorriso descarado - Por favor, Souma-san e Kin-san, perdoem a Sakura. Ela realmente está cansada e indisposta. Acho melhor levá-la pra casa agora. Continuaremos essa conversa outro dia, sim? O jantar estava maravilhoso. Arigato - Ele levantou-se e calçou os sapatos. Pegou os da rosada, despediu-se e saiu da casa.


***


Sakura estava chorando sentada na rua e encostada à parede de uma livraria.

–Sakura?! - Sasuke foi até ela. Se ela estivesse vendo, teria percebido o sorriso irônico e descarado que ele exibia - Você está bem?

Ela o ignorou e continuou chorando. O Uchiha suspirou e assentou ao lado dela.

–Aqui, seus sapatos. Você vai sujar e estragar seu kimono. Vamos, levante-se do chão!

–Não finja que se importa comigo! Meus pais não estão mais aqui pra ver sua falsidade. Se você dá algum valor à minha sanidade mental, pare de me usar como uma peça nesse seu jogo! Eu não aguento mais!

–Mas nós precisamos ir embora. O que quer que eu faça? O que as pessoas vão pensar se nos virem aqui?

"Que se dane o que vão pensar! Você já ferrou minha vida mesmo. Agora tanto faz para o resto!" – Pensou ela. Puxou suas sandálias das mãos dele e levantou-se repentinamente - Vá embora sozinho! Você conhece o caminho, não conhece? Me deixe em paz! - A rosada chorava e soluçava tanto, que era impossível manter a voz firme.

O Uchiha suspirou enquanto a via se afastar a passos lentos. Ele então se levantou também e a seguiu.

–Por que, Sasuke-kun... Por que fez isso?! - Ela parou de repente e virou-se para ele - Você envolveu a minha família! Eu pedi, implorei, pra você não contar para ninguém!... Você mentiu! Prometeu que não iria fazer nada! Prometeu que teríamos uma trégua!

–Não, Sakura, eu não menti. - Sasuke mostrou o relógio de pulso à ela - Eu prometi trégua até meia noite, e veja, no meu relógio já são mais de uma da manhã! - Ele exibiu um sorriso zombeteiro.

–Como, além de cínico, você pode ser tão mentiroso? Ainda não são nem 22:40h!

–Acho que estou me esquecendo, então, por favor, me lembre da parte em que você disse: "Tudo bem, Sasuke-kun. Eu aceito a sua trégua, mas nada de adiantar o seu relógio pra ter a oportunidade de me sacanear, ok?!". Sakura, sinto muito se você não está jogando pra ganhar, mas eu estou. Então vou fazer o que for preciso para te ter longe de mim - Ele sorriu com arrogância.

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–Você é mesmo um canalha! - Ela gritou e lhe deu um tapa na cara - Não precisa se preocupar mais! Você não me quer longe? Então vou facilitar tudo pra você. Eu desisto! Entendeu ou precisa que eu repita? Tudo bem. Eu, Haruno Sakura, desisto desse contrato idiota e dessa brincadeirinha de ser marido e esposa! Pronto! Você venceu! Está satisfeito?

–O quê?! - Ele nem disfarçava o sorriso - Oh, graças à Kami! Finalmente consegui! Meus esforços não foram à toa!

Enquanto ele festejava, Sakura chorava rios e rios.

–Ei, não chore! - Ele afagou a bochecha dela - Veja pelo lado bom. Agora que estamos livres, não temos que aturar um ao outro! Isso é não é ótimo?

–Não brinque comigo! - Ela se desvenciliou das mãos dele e o empurrou.

–Tudo bem, até porque não há motivos para adiarmos isso muito mais. Vamos contar à Tsunade-sama para que ela cancele o acordo.

Ele pegou na mão dela e a puxou. A Haruno estava tão abatida que nem resistiu. Ela simplesmente se deixou ser guiada por ele enquanto chorava.

***


Sakura havia parado de chorar, mas ela ainda soluçava e seus olhos e nariz estavam vermelhos. Ela assistia ao moreno quase derrubar a porta.

Sasuke estava prestes a chutá-la devido a impaciência, quando a dona da casa apareceu. Apesar da falta de equilíbrio e o forte odor de álcool, ela tinha um brilho assassino em seus olhos castanhos.

–Vocês de novo?! - Tsunade perguntou irritada - O que vocês querem?

–Tsunade-sama - Sasuke começou -, a Sakura...

–É sobre aquele acordo? Não! Eu não quero saber! Vão embora! Não quero me envolver nos seus problemas! Não hoje! FORA DAQUI OS DOIS! - Ela gritou.

–Ei, Tsunade-hime! Estão olhando suas cartas! - Um homem gritou de dentro da casa da loira.

–Tsunade-sama...!? - Sakura a olhou com a sobrancelha erguida - A senhora... A senhora está jogando? Mas a senhora nunca ganha. Desse jeito vai ficar pobre rapidinho...

–Calada, sua impertinente!

Sakura assustou-se ante a grosseria de sua mestra.

–Além de viciada em jogos de azar também está bêbada. - O Uchiha revirou os olhos - Tinha que ser a nossa prefeita...

–Escute aqui, Uchiha Sasuke, hoje eu não estou pra gracinhas, e nem vou ficar aturando sua falta de respeito!

–Tsunade! Não vamos te esperar mais! - Outro homem gritou - Caso tenha se esquecido, eu ainda tenho um encontro!

–O quê?! Essa voz... O Jiraiya-sama também está aí? - A rosada perguntou.

Tsunade assentiu e agarrou-se ao batente da porta antes que caísse.

–Acho que... Já mandei vocês irem embora...!

–Mas Tsunade-sama, a Sakura finalmente desistiu do...

Rápida e repentinamente a loira agarrou a gola da camisa dele.

–Eu já disse que não quero saber dos problemas de vocês! Não hoje! Hoje não sou médica, prefeita e nem testemunha das maluquices que vocês me arrumam! Essa noite sou apenas Senju Tsunade, uma habitante da Aldeia da Folha!

–Meu Kami! Tsunade-sama, quantas garrafas de sakê a senhora já bebeu? É sério, o odor do álcool está tão forte, que a senhora está fedendo mais que um cachaceiro de rua. E olhe que você é a nossa prefeita! Que exemplo é esse? - Sasuke tinha um sorriso debochado.

–O QUE VOCÊ DISSE!? ESCUTA AQUI, SEU ATREVIDO... - Ela gritou e o sacudiu, preparando o punho para lhe bater.

–Tsunade-hime, estão dizendo que se você não vier agora, assim que voltar vai ter que tirar a roupa!

–O QUÊ!? - Imediatamente a loira soltou o Uchiha e entrou como um furacão dentro de casa - COMO É QUE É ESSA HISTÓRIA, CAMBADA DE PERVERTIDOS!? - Bem, alguma coisa aconteceu lá dentro, pois gritos de agonia e o barulho de ossos sendo quebrados, moídos e estilhaçados foi ouvido.

Quando voltou, Tsunade estava bufando e tinha uma expressão feroz no rosto.

–Como eu dizia - ela até se esquecera de que ia bater no moreno -, não vou ouvir o que vocês têm a me dizer e também nem quero saber! Hoje sou apenas uma moradora de Konoha bebendo e jogando com alguns amigos.

–Não sei pra quê esse drama. A senhora sempre faz isso. Sendo uma simples habitante da vila ou a nossa prefeita, está sempre bebendo, jogando e perdendo, então p... - Sasuke não pôde terminar de falar, pois Tsunade lhe dera um chute no peito que o mandou do outro lado da rua.

–Sasuke-kun! - Sakura gritou e correu até ele.

–Eu te avisei, Sasuke! - A loira rosnou - Agora, se quiserem falar comigo, vão até a prefeitura amanhã! NÃO QUERO SABER DE NADA POR HOJE! Mas se começarem com a falta de respeito, a punição será muito, muito pior! Entendido? EU PERGUNTEI SE VOCÊS ENTENDERAM!

–H-Hai! - A rosada gaguejou.

–Ótimo! SE EU OS VIR POR AQUI DE NOVO ME AMOLANDO... - Tsunade não concluiu a ameaça. Apenas bateu a porta na cara deles com violência.

***


Sakura o ajudou a se levantar. Ela lhe deu suporte, segurando-o pela cintura e puxando-o lenta e cuidadosamente.

Sasuke arfava e gemia de dor. Provavelmente quebrara alguma costela ou no mínimo ganhara vários hematomas no peito. Levar um chute era doloroso, mas levar um chute de Tsunade, devido sua força incomum, além de violento era altamente perigoso, então já era de se esperar algo do gênero.

–Ai... - Ele gemia enquanto andava.

A distância da casa de Tsunade até o Distrito Uchiha não era relativamente grande, mas a cada passo que dava, o moreno arfava ou gemia, então Sakura teve que diminuir o passo e tomar um cuidado maior.

A vontade que tinha era de largá-lo no chão para que passasse a noite sofrendo no frio, mas apesar dos apesares, o amor que sentia por ele e seu espírito médico a impediam de fazê-lo. Eles então levaram quase uma hora, talvez mais talvez menos, para chegarem ao seu destino.

Assim que entraram em casa, Sakura acendeu a luz da sala e o soltou vagarosamente.

–Sakura...

–Por favor, Sasuke-kun - ela disse sem olhá-lo e com a voz chorosa -, não fale comigo.

Dizendo isso ela correu para o quarto. Sasuke ouviu o barulho da chave trancando a porta e soube que não teria qualquer chance, mesmo que quisesse, de entrar lá.

–... arigato - Ele murmurou e andou, vagarosamente, até a sala.

Calma e lentamente deitou-se no sofá e apagou.