Capitulo cinquenta e cinco
Quatro
Eu já estava indo me deitar no quarto que Zoe arrumou para mim no Departamento quando Christina entrou no meu quarto gritando e sem bater-o que me irritou bastante- me mandando segui-la sem me dar informações a mais.
Eu estava cansado e tive outro dia horrível em que minha mãe veio até aqui e me deu outro de seus discursos sobre como eu estou perdendo meu tempo em continuar aqui.
Mas eu não vou sair. Não sem ela.
Christina nem me deu tempo de falar, já foi logo me puxando, mas não a deixei tentar muito mais enquanto não me falasse o que estava acontecendo. E, quando ela falou de Tris, eu já pensei no pior, mas quando ela falou aquelas duas palavras que eu esperava nunca ouvir, quem saiu correndo fui eu.
E eu estava tão feliz agora. Só não queria sair lá fora a essa hora da noite. Nunca gostei do inverno, da neve muito menos, mas se Tris quer ir, eu não me importo. Depois de tudo que aconteceu, eu faço tudo por ela. O que aliás, me lembra que ainda precisamos conversar sobre aquela noite, mas agora não. Ainda não é o momento para isso.
Tris reclamou, xingou e se irritou, mas no final o médico finalmente conseguiu examina-la. Apesar de todo esse tempo em coma, ela estava bem. E melhor ainda, não teria nenhum tipo de sequelas graves.
O médico a liberou para sair apenas se prometesse voltar logo, já que ela precisava de repouso absoluto. Ela tentou se opor, mas a calei com um olhar e prometi ao doutor que iria me certificar que ela fizesse exatamente o que ele mandou, o que a irritou. Sempre teimosa.
Agora estamos a caminho do jardim, nossas mãos juntas,embora cobertas por luvas quentes, lado a lado apenas sentindo a presença um do outro e tentando não fazer barulho por estar muito tarde. Até agora não sei porque não esperar até amanhã, eu odeio a neve, mas ela insistiu. Não pude recusar ao vê-la tão feliz. Depois de todos esses dias em que ela estava em coma, estar com ela agora é como um milagre.
Ao passarmos pelas portas que mantêm esse lugar quente, acabo estremecendo pelo frio e Tris dá risada disso.
–O que é engraçado?-digo fingindo, ou nem tanto, mau-humor.-A temperatura está negativa.
–Eu sei.-diz sorrindo.-Por isso quis vir. É mais bonito com o frio.
–Não sei em que planeta você vive, Tris, para gostar tanto de congelar.-reclamo e recebo um abraço em resposta.
–Não precisava vir se não queria.-responde com a voz abafada pelo tecido do meu casaco.-Eu podia vir sozinha.
–Não, você não podia.-digo a apertando contra mim, impedindo-a de se afastar. A sensação do seu abraço é quante e confortante, principalmente agora.-Eu não vou deixar você sair de perto de mim tão cedo. Farei você enjoar de mim.
–Isso é bom. E impossível.-fala levantando a cabeça para me olhar. Os olhos brilhando, as bochechas coradas pelo frio.-Nunca vou me cansar de você.
E me beija. A sensação é como se não nos beijássemos há anos e estivéssemos matando a saudade do tempo, quente e intenso. No inicio era delicado, mas agora se tornou mais forte, mais selagem. Ela me empurra com suas mãos ao redor do meu pescoço enquanto aprofundamos o beijo. Não sei onde ela quer chegar, estou ocupado demais para tentar prestar atenção em outra coisa se não sua boca contra a minha. Não percebo o banco atrás de mim até cair sobre ele, com Tris no meu colo. Solto um grunhido pela surpresa e a frieza do banco, mas logo esqueço quando Tris apoia todo peso do seu corpo sobre mim e segura me rosto com suas mãos, tudo isso sem para de me beijar um segundo sequer.
Não sei quanto tempo ficamos ali, nos beijando no jardim, com a neve caindo sobre nossas cabeças, mas só paramos depois de ficarmos sem ar para respirar e entramos de volta no Departamento logo em seguida, porque voltamos a notar o frio congelante daquela noite segundos após nos separarmos. Frio que nunca esteve tão insuportável.
Voltamos para dentro abraçados, sem nunca nos soltarmos, e nos dirigimos até o corredor principal. Já deve passar da meia-noite, mas não estou com sono e pelo visto ela também.
–Onde quer ir agora, senhorita maluca?-pergunto a ela enquanto caminhamos.
–Não sou maluca...-responde e rio.-E estou com fome. Quero comer um hambúrguer, o que acha?
–Essa hora da noite?-ela assente.-Tudo bem, mas só se comermos bolo depois.
–De chocolate?-assinto também.-É por isso que eu te amo.
–Eu sei. -respondo a olhando.-Também te amo.
–Mas onde vai achar comida a essa hora?-me pergunta. Apenas faço meu sorriso misterioso.-Vai me contar ou não?
–Digamos que tenho meus contatos.
–Certo.-ela me responde soltando uma risada.

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