Era noite quando a tempestade começou.

O vento gélido adentrou os cômodos, açoitando os corpos e fazendo as cortinas, dependendo da direção, esvoaçarem ou serem puxadas quarto afora.

Janelas foram fechadas, roupas recolhidas. Vez ou outra um relâmpago cortava o céu escuro, iluminando momentaneamente a noite.

O vento uivava, as janelas tremiam perigosamente. O som ensurdecedor dos trovões se misturavam com o soprar do vento.

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Não se podia ver as nuvens nitidamente, só reconhecer pela palidez atípica da noite. Mesmo assim, a chuva custava a desabar.

Longos e monótonos minutos se arrastaram. As folhas das árvores se curvavam perante os céus. As ondas do mar batiam nas pedras, revoltas.

As gotas chegaram aos poucos, escorrendo pelas paredes timidamente e se acumulando nas calçadas. Logo se intensificaram, chegando ao ponto de parecerem minúsculas pedras jogadas nas janelas.

As luzes dos postes e das casas piscavam, ameaçando serem mergulhadas na escuridão total. Crianças se afugentavam dos trovões que rugiam como monstros e relâmpagos que cegavam, indo para as camas dos pais ou fazendo uma fortaleza com as cobertas.

Adultos desligavam aparelhos elétricos e luzes e fechavam as cortinas nervosamente, procurando se distrair conversando.

Algum tempo depois só era possível dizer o que acontecera pelas copas de árvores e asfalto molhado que respingava ao cantar dos pneus. E a tempestade fora embora, carregada por um sopro do vento.