Capitulo 16 – Aspen

A viagem foi bastante calma, Yura se comportou bem, apesar de parecer distante. Ao chegar no chalé, pude constatar o que Yura havia dito, o lugar era enorme, aliás aquilo nem pode ser chamado de chalé! Era grande demais pra isso!

- Vem comigo. – Yura disse me puxando.

Ele me guiou determinadamente através dos corredores, no andar de cima estava tudo desde de o banheiro até a cozinha, e no andar de baixo coisas como a jacuzi entre outros.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu e Yura ficaríamos no mesmo quarto, nada mais normal eu imagino. No quarto tinha uma lareira e uma cama de casal muito grande, tinha um closet espaçoso e simpático, e um carpete macio, resumindo era exatamente aquilo que você imagina de um quarto de castelo...

- Vá deixar suas roupas no closet. – Yura disse abrindo a mala e indo em direção as portas do closet.

- Certo... – eu disse ainda apreciando a visão do quarto.

Do lado de fora da janela nevava, o piloto tinha ido até uma cidade próxima reabastecer, depois de três semanas ele voltaria pra nos trazer de volta, até lá eu e Yura estaríamos sozinhos...

Estela tinha cuidado pessoalmente de cada detalhe da acomodação, desde a roupa de cama, até a organização da casa, tudo foi deixado em ordem para quando fossemos, inclusive um telefone de emergência, caso algo desse errado...

Quando terminei de colocar todas as minhas roupas no closet, voltei pro quarto, Yura tinha ascendido a lareira.

- Nossa, que eficiência...

- Eu realmente detesto frio. – ele disse sentado a janela.

- Você disse... Eu vou ver a casa e já volto.

- Só não se perca. – ele completou bocejando.

- Certo.

Yura parecia cansado, por isso deixei-o dormir, ele parecia precisar de descanso.

A casa era enorme, cheia de coisas, a jacuzi, a sauna, sala de TV, sem contar que era tudo interligado por telefones que faziam um circuito interno na casa...

Quando voltei pro quarto Yura já tinha tomado banho, se trocado, se deitado e dormido, coisa que ele ainda estava fazendo. A lareira tornava o quarto muito mais aconchegante que o resto da casa, apesar de a casa ter aquecimento.

Me sentei ao lado de Yura e observei-o dormir, em seguida tomei um banho, e me vesti no banheiro, quando sai Yura estava acordando...

- Está com fome? – perguntei secando o cabelo.

- Não. – ele disse espreguiçando.

Eu tinha a sensação de que alguma coisa ia acontecer, mas, Yura andava tão passional... O que poderia acontecer nesses termos...

- Tudo bem Yura?

- Não sei... Tenho frio...

- A lareira está acesa.

- Venha até aqui. – ele pediu estendendo os braços.

Eu caminhei até ele, seus olhos estavam turvos, e a lareira fazia um reflexo laranja neles. Assim que me sentei ele entrelaçou os braços ao redor da minha cintura, as mãos de Yura estavam tremulas e geladas.

- Você está gelado Yura.

- Então não me solte. – ele disse enterrando o rosto no meu pescoço.

A respiração de Yura estava trêmula, assim como o resto dele. Peguei uma das cobertas da cama e coloquei ao redor de Yura, que tinha trancado as mãos na minha blusa.

- Yura, claro que você está com frio, que roupas são essas?

Yura usava uma camisa sem botões aberta nas costas, presa por um barbante branco. É obvio que o ambiente interno do quarto permitia que ele usasse esse tipo de roupa, e ele, com o tempo, começou a relaxar os músculos travados e trêmulos...

- Melhor? – perguntei brincando com o cabelo fino de Yura.

- Bastante.

- Que bom. – disse sorrindo.

Yura deu um longo bocejo, ele parecia com sono, agora que não estava mais congelando. Ele estava muito carente e eu não estava gostando das minhas ideias, eu estava começando a me sentir a vilã da história.

Yura não disse nada, eu estava me odiando, mas, seria perfeitamente justo se eu fizesse qualquer coisa, ele não era santo, e merecia qualquer coisa que eu fizesse com ele... E agora? O que é que eu faço?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Ai...

- O que foi? – Yura perguntou.

- Nada, pensando?

- Sobre o que?

- Só decidindo umas coisas.

- Que coisas?

- Nada.

- Mentira.

- Eu sei.

A expressão de Yura não estava ajudando, era terrível pensar que eu iria “tirar proveito” da situação, talvez eu não devesse me sentir culpada, ele tinha feito coisa muito pior que isso! Me chantageado e me manipulado, ele merecia toda a tortura que eu fizesse com ele! Mesmo que eu soubesse que ele se vingaria depois...

Eu suspirei, os olhos de Yura se voltaram pra mim novamente, eu fiquei pensando o que eu faria? Ele não iria se opor, eu sei que não...

- O que você quer? – Yura declarou objetivo.

- A ultima coisa que eu quero, é o seu olhar de choque.

- A menos que você esteja pensando em como se livrar do meu corpo, depois de me matar, eu não me choco com nada.

- Não estou pensando nisso.

- Então nada me choca.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Eu não... – disse pensativa.

- Alice, estou começando a me preocupar. Você está grávida?

Eu engasguei com o ar, arregalei os olhos e berrei em altos brados.

- NÃO!

- Então o que é?!

Era a primeira vez que via Yura mudar o tom de voz durante uma conversa, o que me surpreendeu.

- Estou me sentindo culpada, tá?!

- Por quê? – a expressão de seus olhos mudou.

- Estou passando tempo demais com você, estou começando a adotar essa sua mente desvirtuada.

- Hum, comecei me interessar pelo assunto, continue.

A culpa começou a se dissipar, a observação me fez lembrar que era de Yura que estávamos falando, não de uma pessoa normal, com interesses normais...

- Esquece Yura, a culpa passou.

- Mas agora fiquei curioso. – Yura disse fazendo cara de criança contrariada.

- Que é isso Yura? Tá parecendo criança mimada.

- Eu fui uma criança mimada.

- Foi é?

- Uhum. Mas não tente mudar de assunto ainda quero saber do que se trata.

- Você vai saber muito em breve... – disse com um olhar maldoso.

Sai do quarto e fui até o corredor, a sensação de dizer isso era diferente do que eu imaginava, era estranho dizer isso pra alguém como Yura, mas conhecendo-o eu poderia dizer que ele iria entrar no jogo, o poder de adaptação dele era muito diferente do de uma pessoa normal, até por que ele adora esses joguinhos de gato e rato...

- Pode ser divertido.

Depois decidi que queria entrar em uma jacuzi, seria com certeza uma das poucas oportunidades que eu teria de fazê-lo, afinal, não é sempre que se vai pra Aspen.

O quarto da jacuzi era bastante agradável, não era frio, mas também não era abafado. Eu caminhei em direção a sala onde estavam as toalhas, um detalhes mais curiosos daquela sala, é que ela se situava numa imensa cúpula de vidro, e, pela temperatura interna da sala, derretia a neve que se acumulasse na redoma, com isso, era possível ver a paisagem externa, mas só por dentro, por fora o vidro era espelhado.

Eu descobri que jacuzis são coisas muito interessantes, o que me fez pensar sobre como aquela situação toda era muito estranha, e eu nem se quer estava incomodada, na verdade, eu estava me divertindo muito nos últimos meses.

- Alice. – Yura disse encostado no batente da porta.

- Oi Yura. – eu respondi debruçando na borda na jacuzi.

- Está se divertindo na jacuzi?

- Estou, nunca tinha entrado em uma.

- Hum.

Yura caminhou até perto da borda, se sentou, cruzou as pernas e ficou olhando pra cúpula. Eu, que estava na missão de atormentar Yura durante esse período que ficássemos em Aspen, sempre que possível, cheguei a conclusão de que queria fazer alguma coisa.

Com isso em mente eu decidi me esquecer da retaliação depois e me concentrar no momento. Puxei Yura pra dentro pelos pulsos, travei meus braços ao redor do pescoço dele, e o beijei.

Devo admitir a expressão de surpresa de Yura era bastante curiosa, porem logo após a surpresa, senti-o se desfazer nos meus braços, e abraçar as minhas atitudes.

- Hun... – Yura gemeu, e colocou os braços ao redor da minha cintura, subindo ao longo das minhas costas, e trancando seus dedos na borda da toalha que eu usava. – Alice eu... – ele se interrompeu pra prender a respiração.

A forma de se comportar de Yura acordava uma parte de mim que eu nunca mexia, o que era delicioso, e perigoso ao mesmo tempo.

Precisava soltá-lo antes de querer dar continuidade a isso.

Yura não disse uma vírgula, estava corado, e parecia chocado, a e expressão perdida era muito recompensadora.

- Pois bem. – sorrindo ao ver que ele queria que eu continuasse. – Vou lá na cozinha inventar alguma coisa.

Eu virei de costas, Yura me abraçou e entrelaçou os braços ao meu redor, sem dizer uma única palavra.

- O que foi? – eu disse irônica.

- Nada. Só quero ficar assim, só mais um minuto.

Isso me surpreendeu, demonstração de afeto não tinham a ver com Yura, mas ele continuava tão corado, a falta de articulação pra assuntos emocionais dele era tão aparente que não tinha como ele estar mentindo.

- Se você não agüenta o tranco eu não faço mais. – brinquei.

- Só por que eu não agüento o tranco você não precisa me poupar...

Era impressão minha, ou ele estava admitindo que não agüentava o tranco?

- Vá para o quarto Yura.

Depois disso deixei-o lá e fui me trocar.

A parte mais estranha disso tudo é que eu não me sentia mal com isso, na verdade, eu estava começando a me assustar por estar me divertindo com isso, mas sabe? Acho que vou continuar brincando de boneca com Yura...