Conspiração

Rejeição




Capítulo XXXI - Rejeição

Magnólia - 25 de abril de x792

Quando Mirajane disse que trabalharia para usar a popularidade da prisão de Lucy a favor deles, não estava, de forma alguma, brincando. E o “Casal NALU” - como vinham sendo chamados Natsu e Lucy, em todas as publicações que apreciam - descobriu isso da forma mais difícil.

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Não que eles tivessem insatisfeitos. Muito pelo contrário, estavam gratos por todo o esforço da albina e dos demais colegas de Guilda em ajudá-los naquele momento tão difícil, que ainda estavam descobrindo como enfrentar. Contudo, também estavam cansados, tinham que admitir. Afinal, após a revelação do plano da garçonete, passaram dias a fio apenas por conta de entrevistas e sessões de fotos.

O resultado, ainda era balanceado: Enquanto parte da população apoiava o casal com fervor, outra praticamente condenava a pobre loira, achando inaceitável a sua liberdade condicional, uma vez que o lugar de criminosos é na cadeia ou coisa pior.

Assim, da mesma forma que muitos iam de encontro aos dois magos quando eles andavam pelas ruas, outros atravessavam para o outro lado para não ter que caminhar próximo a eles.

Enquanto tentavam se adaptar a essa nova realidade, os dias foram passando, de forma impiedosa, trazendo à porta uma necessidade que os pais de primeira viagem negligenciaram o quanto puderam, mas já estava se tornando insustentável: trabalhar para suprir suas novas e antigas despesas.

Os motivos de Lucy eram óbvios para manter-se inativa: como condição de sua liberdade, não poderia usar magia - fato que suas ridículas pulseiras inibidoras não lhe deixavam esquecer - ou deixar a cidade de Magnólia. Natsu, por sua vez, adiou suas missões o quanto pôde, pois não queria deixar a parceira sozinha.

Infelizmente, viram o momento em que não poderiam mais protelar. Afinal, tinham um filho para criar.

Assim, o mago do fogo acertou com seu time a sua primeira missão desde que descobrira que seria pai. Uma não muito difícil ou longa, para que Lucy não ficasse tempo demasiado sozinha. A loira, por sua vez, faria missões pequenas, dentro da cidade, aquelas escanteadas pelos demais magos, que não demandavam o uso de magia mas, apenas, um membro de uma guilda conhecida.

Uma vez decidido seus próximos passos, os dois magos se prepararam, e encontraram com o restante do time na porta da guilda, onde aproveitaram para se despedir. Após arrancar uma longa lista de promessas da loira, dentre as quais incluía que não se esforçaria demais e o avisaria de imediato caso qualquer problema ocorresse, o jovem de cabelos róseos sentiu-se preparados para a breve separação.

— Eu volto ao fim do dia. - Gatantiu, um aviso tranquilizante, tanto para ele quanto para a sua parceira.

— Eu sei. - Afirmou Lucy, pressionando a mão dele, que ainda estava entrelaçada a sua.

Sem mais delongas ou gestos, o casal se despediu com um simples “até mais”, para a frustração dos poucos observadores que espreitavam. Aparentemente, ainda não estavam preparados para demonstrações de afeto abertas ao público.

Lucy fez questão de observar Natsu e seu time desaparecerem ao dobrarem a esquina, antes de finalmente virar-se para o lado oposto, causando alívio de Doranbolt, que estivera parado feito um poste ao seu lado, firme na função de vigiá-la.

— Agora sobramos só nós dois. - Gracejou a loira, encarando de esguelha o membro do Conselho.

— Está falando comigo ou com o bebê? - O moreno indagou, se aproximando.

— Com você. - Respondeu, fitando o anúncio do panfleto que segurava. - Mas sua pergunta me fez lembrar que somos três, na verdade. - Corrigiu, guardando o papel em sua bolsa transversal. Teria que se habituar ao fato que, nos próximos meses, jamais estaria sozinha, realmente. - Vamos? - Chamou.

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Não demorou muito e os dois magos estavam andando pelas ruas de pedra de Magnólia, margeando o rio até alcançarem uma simpática lanchonete, não muito distante da sede da Guilda. Por segurança, Lucy tornou a apanhar o panfleto, conferindo o nome e a localização no aviso, e manteve-o em suas mãos, caso precisasse tornar a conferir.

Foi apenas após inspirar longamente, que a loira entrou na construção, tanto rústica quanto acolhedora.

Ela bem tentou ignorar os olhares chocados que vinham em sua direção a cada passo que dava sobre o assoalho. Alguns clientes chegavam até mesmo a parar os talheres a caminho da boca, apenas para fitá-la, o que fez com que ela se questionasse se Doranbolt também estaria incomodado por receber aquele tipo de atenção.

— Você só precisa ignorar. - Disse a si mesma em pensamento, repetindo tal mantra até alcançar o caixa, ao fundo do estabelecimento, onde imaginava que estaria o dono do local.

Mas ela não pode ignorar, entretanto, o modo como os olhos do homem que estava parado atrás da bancada se arregalaram.

— Pois não? - Disse ele, tentando forçar um tom casual, apesar de tudo. Lucy não perdeu muito tempo observando a sua figura comum - peso acima da média, altura abaixo, cabelos e barbas ralas, manchados entre o castanho e o gris -, pois concentrou-se mais em sustentar o olhar dele da forma mais firme que podia.

— Eu gostaria de falar com o Sr. Rosenfeld, o proprietário do estabelecimento. - Pediu.

O homem, que tinha em mãos uma caneta, com a qual vinha preenchendo a caderneta de contas desgastada posta sobre o balcão, olhou para os lados, aflito, como se precisasse de socorro.

— Sou eu. - Gaguejando, declarou por fim, vendo que não poderia escapar do questionamento.

Heartfilia arqueou uma das sobrancelhas em estranhamento, ao passo que Doranbolt remexeu-se, desconfortável.

— Eu vim pelo trabalho. - Heartfilia avisou, sem rodeios, estendendo-lhe o panfleto.

O dono da lanchonete esticou o braço com tanto receio, que parecia estar prestes a pegar uma bomba, não uma folha de papel.

— Ah… - Murmurou ele, um tanto sem graça, apanhando panfleto e analisando. - Sobre isso, nós não temos mais vagas. - Alegou.

Lucy piscou, incrédula.

— Vocês contrataram outra maga? - Indagou, olhando ao redor, em busca de algum rosto conhecido. - Por que não avisaram a guilda? - Seguiu questionando, chateada por ter perdido seu tempo.

— Nós não contratamos, apenas… - Começou reticente - Não Precisamos mais do serviço. - Emendou.

A loira abaixou a cabeça, prevendo onde aquela conversa chegaria. Ela sabia que deveria sair logo dali, caso não quisesse afetar-se ainda mais, todavia sentia-se injustiçada, então achava que, ao menos, merecia que a pessoa à sua frente tivesse a coragem de dizer-lhe a verdade.

— Não precisam?! - Falou incrédula. - Vocês enviaram o pedido para a Fairy Tail ontem à tarde, solicitando uma maga como garçonete e, sem realizar nenhuma contratação, dizem simplesmente que não precisam mais do serviço? - Repetiu, indignada.

— Lucy… - Doranbolt, temendo que uma confusão se instalasse no local, achou melhor intervir. - Melhor irmos… - Opinou.

— Não. - Negou, concisa. - Eu quero que esse senhor diga exatamente o motivo dele ter desistido da contratação. - Insistiu. - Para que eu possa voltar com a informação correta para o meu mestre.

Tanto o membro do conselho quanto a maga estelar, notaram que o dono do estabelecimento engoliu em seco e começou a suar frio. Entretanto, seu desconforto não foi o bastante para impedir que ele proferisse a explicação solicitada.

— Eu sinto muito menina. - Lamentou. - Mas não podemos arriscar a contratação de uma criminosa. - Declarou, direto, assumindo uma postura rígida. - Você foi denunciada pelo Conselho Mágico como uma criminosa perigosa. Não posso comprometer a segurança da minha família e dos meus clientes com a sua presença aqui. - Concluiu.

Ela já sabia a resposta, claro. Mas nem por isso, foi menos doloroso ouvi-la.

Temendo chorar a qualquer momento e, recusando-se a prestar tal papel em frente ao contratante, a loira despediu-se de forma educada e saiu, de cabeça erguida, fingindo que lágrimas recém formadas não ardiam em seus olhos.

Mas ela não ia derramá-las. Ainda não.

— Eu só preciso tentar em outro lugar. - Disse, em voz alta, marchando determinada de volta à guilda em busca de outro pedido simples.

Doranbolt esperou que ela desse alguns passos, antes de acompanhá-la. Sabia que o misto de culpa e pena em seu olhar em nada ajudaria, e sentia que não teriam um dia fácil pela frente.

De fato não tiveram.

Durante todo o dia, Lucy tentou diversos serviços, mas o resultado era o mesmo onde quer que fosse: Não havia lugar para ela, já que as vagas eram sempre misteriosamente preenchidas pouco antes dela chegar. Alguns contratantes mais diretos, dispensavam-na antes que ela tivesse a oportunidade de dizer porque estava ali.

Ao entardecer, a maga estelar estava sentada sobre o meio fio, em frente à Guilda, sem coragem de adentrar a sede e encarar o olhar de pena de Kinana, que passara toda a tarde lhe passando novos pedidos, sem nada comentar. Em pé, ao seu lado, Doranbolt esforçava-se para se concentrar em coisas aleatórias que ocorriam ao seu redor, apenas para não lançar à maga o mesmo olhar penoso que ela queria evitar.

— Você pode tentar novamente amanhã. - O membro do Conselho Declarou em determinado momento, quando sentiu-se sufocado entre a dó de vê-la naquela situação e a vergonha de estar, involuntariamente, participando da farsa que eram suas acusações.

— É. - Respondeu ela, simplesmente, brincando com a barra de seu vestido azul.

Ela perdeu a conta de quantas vezes, nas últimas semanas, sentira-se tão miserável e incapaz. Questionava-se se, em algum momento, a situação retornaria ao seu controle, ou se apenas seguiria afundando. Estava tão mergulhada em sua sessão auto-depreciativa, que só percebeu que um grupo de magos se aproximava no momento em que não podia mais evitá-los.

— Yo, Lucy! - Natsu cumprimentou, animado, apressando o passo ao vê-la.

Apenas para estagnar ao vê-la tão abatida.

— O que aconteceu? - Perguntou, ajoelhando-se para encará-la nos olhos. - Esse idiota fez algo a você? - Questionou, referindo-se à Doranbolt.

Lucy respirou fundo e abriu um sorriso.

— Nada aconteceu! - Garantiu. - Estou apenas exausta. Acho que estou começando a entender como a gravidez e cansativa. - Declarou.

O mago do fogo estreitou os olhos, desconfiado, enquanto seus companheiros de time se aproximavam, curiosos.

— Tudo certo na missão, Lucy? - Erza perguntou, e a loira mentalmente a xingou por isso. Ela não queria falar sobre, mas também não queria mentir.

— Sim. Tudo cer... - Começou a dizer, apenas para ser interrompida.

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— Ela não trabalhou. - Doranbolt afirmou.

A maga estelar lançou um olhar mortal em direção ao membro do Conselho Mágico, que apenas a ignorou.

Percebendo que o dragon slayer ia questioná-lo, continuou:

— Converse com ela em casa, Natsu. - Sugeriu. - Lucy deve estar cansada, pois andou o dia todo.

Por mais que odiasse a presença do membro do Conselho da forma que lhes foi imposta, o mago de cabelos róseos decidiu não contestar e seguiu em silêncio com a parceira para casa.

Naquela noite, a loira decidiu que seria melhor contar a verdade ao companheiro, pois tinha certeza que ele saberia depois, provavelmente por Kinana. E foi com muito esforço que conseguiu segurá-lo em casa e impedir que ele voltasse em cada um dos estabelecimentos que a recusara, para socar a cara de seus respectivos donos.

No dia seguinte, viram-se novamente em frente à guilda, em uma situação parecida, contudo, um tanto mais tensa.

— Eu posso passar essa missão. Melhor ficar e te ajudar em trabalhos locais. - O dragon slayer sugeriu.

— Não, Natsu. - Lucy foi categórica. - Mesmo que consigamos alguma coisa, esses serviços não pagam tão bem quanto as missões externas. - Argumentou. - Nosso aluguel subiu, logo precisaremos de dinheiro. Eu sinto muito colocar essa responsabilidade em você, mas eu vou continuar procurando e ajudo assim que puder. - Garantiu, envergonhada.

— Lucy. - O mago do fogo começou, em tom repreensivo - Não precisa agir como se estivesse me devendo algo. O bebê é minha responsabilidade também. - Lembrou.

— Mas eu não sou sua responsabilidade. - Declarou ela. - É meu dever ajudar.

— Nós sempre nos ajudamos antes Lucy. - Rememorou. - Não precisa ser diferente por causa do bebê. Eu sei que você vai ajudar, assim que puder. - Afirmou, pressionado as mãos dela.

A maga estelar lhe lançou um sorriso triste.

Logo o casal se despediu e Lucy viu-se novamente sozinha com Doranbolt em frente à Guilda. Dessa vez, ela não tinha escolhido o trabalho previamente, mas entraria para procurar.

— Ah, Lucy! - Kinana exclamou animada ao vê-la, como se a estivesse procurando.

— Algo para mim, Kinana? - A loira perguntou, esperançosa.

— Mais ou menos. - A Garçonete respondeu, sorridente.

• • •

Natsu temia que fosse chegar de mais um dia de missão apenas para encontrar Lucy mergulhada em frustração.

Assim, não pode evitar a expressão de alívio que tomou seu rosto ao retornar do trabalho com sua equipe e constatar que a maga estelar não estava do lado de fora da guilda, mas apenas o guarda responsável por vigiá-la naquele turno. Somente para arregalar os olhos em surpresa ao chegar no interior da sede.

— Okaeri! - Mirajane saudou, mas era para a jovem loira que estava servindo uma das mesas afastadas que a atenção do dragon slayer estava voltada.

— É… Acho que ninguém esperava por essa. - Gray comentou, parando ao lado do colega de time de cabelos róseos, também observando a maga loira esvaziar a bandeja na mesa de um cliente.

— Por que a Lucy está…? - Erza começou a perguntar.

— ...Servindo as mesas da guida? - Foi Happy quem completou a pergunta, enquanto pousava sobre os cabelos de Natsu, encarando a cena com tanto estranhamento quanto os demais.

Todavia, antes que a maga take over tivesse chance de responder, o grupo recém chegado foi avistado pela maga estelar, que sorriu complacente ao ver a expressão confusa dos companheiros.

Minna! Okaeri!— Saudou, correndo até eles, o vestido azul claro de saia volumosa que caia até pouco acima do joelhos balançando com o movimento.

Natsu observou a companheira de forma confusa. Tudo ali parecia fora de lugar, desde a bandeja nas mãos pequenas, até o vestido tão recatado e contrastante com suas vestes ousadas habituais.

— Lucy, o que você… - Começou, mas foi logo interrompido por ela, que sabia onde o mago do fogo queria chegar.

— Eu sou uma das garçonetes da guilda agora. - Afirmou, animada. - O movimento cresceu bastante nos últimos dias, e sempre acontece da Mira-san ou da Lisanna se ausentarem para ajudar a Evergreen com o Egeo, ou acompanhar o Elfman em missões. - Explicou. - Kinana disse que o mestre já tinha falado de contratar outra garota, então eu apenas aproveitei as circunstâncias, já que... Bem... - Fez uma pausa melancólica. - Ninguém mais quer me contratar. - Concluiu, encarando a própria realidade.

Gray e Erza lançaram olhares orgulhosos em direção a amiga, contentes por ela ter contornado o problema. Entretanto, Happy ainda olhava cauteloso, da loira para o dragon slayer, sem saber se os dois realmente entrariam em consenso em relação à situação.

— É uma ótima ideia. - Erza externou sua aprovação, cortando o clima de estranhamento.

— Sim. - Gray concordou. - Mas qual é a do vestido comportado? - Indagou, sem se preocupar se a pergunta era impertinente para alguém que recém havia entrado em um relacionamento amoroso.

Lucy não pareceu se importar, mas quem respondeu foi Mirajane, que acompanhava a conversa de perto.

— Eu achei que as funcionárias ficariam visualmente mais harmoniosas com roupas no mesmo estilo. - Explicou. - Lisanna também vai usar um vestido da próxima vez. - Acrescentou. - Além disso, a roupa da Lucy valoriza algo que realmente queremos destacar no corpo dela. - Concluiu, num sussurro.

A loira encolheu constrangida, sentindo os olhos dos colegas de time analisarem sua barriga, que parecia um tanto maior devido ao efeito provocado pelo vestido de cintura imperial com saia volumosas que trajava.

Mesmo Natsu parou para analisá-la, sendo ele o único que sabia realmente o quanto ela havia crescido nos quatro meses de gestação. Mas o semblante dele permaneceu sério. Tanto que desanuviou a face alegre da loira em uma expressão incerta.

— Algum problema, Natsu? - Indagou.

O dragon slayer suspirou antes de falar:

— Você está mesmo bem com isso, Lucy? - O timbre geralmente animado estava algumas oitavas abaixo do habitual, expressando com a rouquidão sua preocupação evidente. - Eu sei que o movimento da guilda cresceu, mas foi principalmente porque essas pessoas estão curiosas em relação a você. - Declarou, e como que para comprovar seu ponto de vista, as ditas pessoas, que acompanhavam a conversa descaradamente, desviaram o olhar para seus pratos ou companheiros de mesa. - Eu não quero que você seja constantemente exposta a essa atenção desagradável. Eu posso continuar trabalhando até as coisas tranquilizarem e você conseguir outros trabalhos. - Ofereceu.

Dessa vez, Lucy foi quem suspirou antes de responder:

— Natsu, eu estou bem, sério! - Garantiu. - Pessoas curiosas virão a Guilda quer eu esteja trabalhando aqui ou não. - Pontuou. - E eu não vou deixar de frequentar a Fairy Tail em razão disso de qualquer maneira. Então, se tenho que tolerá-las de qualquer jeito, não vejo porque não aceitar o trabalho. - Concluiu.

Um breve silêncio seguiu até que o mago do fogo finalmente abrisse um sorriso fraco, mas sincero.

— Me desculpa por isso, eu sei que você consegue. - Falou finalmente, afagando-lhe o topo da cabeça de leve.

— Natsu!!! - Censurou Lucy, envergonhada, vendo a atenção dos presentes voltadas novamente para si. - Estamos na guilda! - Lembrou.

O dragon slayer recolheu a mão imediatamente, corando envergonhado. De fato, por um momento, acabou por se esquecer que estavam em público, mas o constrangimento estampado nas feições de Gray e Erza - que desviaram os olhares da cena - e o riso anasalado emitido por Happy, fizeram com que percebesse que o gesto de afeto não havia passado despercebido. A única que parecia inabalável pela cena era Mirajane, que estava ali desde o início da conversa, acompanhando tudo de forma atenta, e agora parecia ter corações nos olhos.

— Bom, eu tenho que voltar ao trabalho. - Lucy lembrou, preparando-se para se afastar.

— Certo. - Natsu assentiu, ainda desconcertado. - Eu vou comer alguma coisa. - Decidiu.

— Por que não faz uma pausa, Lucy? - Mirajane indagou. - Faz algum tempo que você não para. Você pode aproveitar e comer com junto com o Natsu. - Sugeriu.

— Eu estou bem, Mira-san! - Garantiu a loira, enérgica. - Não faz tanto tempo assim desde minha última pausa. - Argumentou.

Sem perder seu sorriso angelical característico, Mirajane aproximou-se do casal e o abraço, passando cada um de seus braços em torno dos pescoços de ambos os magos.

— Vocês não entenderam. - Praticamente sussurrou, sem perder a expressão doce. - As pessoas esperam vê-los juntos. Temos que dar isso a eles, para que se convençam que são um casal adorável e mudem sua opinião em relação a Lucy. - Lembrou. - Por isso vou dizer de novo: Jantem juntos, de preferência em uma mesa afastada, como faria o casal apaixonado que são. - Praticamente sibilou o final.

Os dois magos suaram em tensão. Certamente, desobedecer uma ordem direta de Mirajane não era algo muito inteligente. Mesmo que estivessem extremamente constrangidos com a situação. Por isso, sem contestações, seguiram para uma mesa ao fundo, onde sentaram-se para aguardar o pedido. Quanto à Happy, nem perceberam o momento em que os deixou. Sabiam apenas que ele havia simplesmente desaparecido em algum ponto durante a explicação da albina, não querendo ser alvo de sua aura maligna disfarçada em serenidade.

— Eu nunca vou entender como Mira-san consegue ser tão assustadora sem perder o sorriso. - Heartfilia comentou, estremecendo.

— Nessas horas, eu fico realmente em dúvida sobre quem é a pior: ela ou Erza. - Natsu respondeu, cruzando os braços de forma emburrada.

Não passou despercebido que a maga de armadura ouviu as palavras do colega de time do lugar que tinha ocupado no balcão, e se não fosse pelo toque conciliador de Mirajane em seu ombro, certamente teria ido até a mesa em que ele estava para tirar satisfações.

A loira suspirou, uma mistura de alívio e frustração. Aparentemente, a albina levava muito a sério o andamento de seu plano de fazer com que parecessem um casal perfeito. Ela estava imensamente agradecida com os esforços da colega de guilda e sabia que a ideia tinha seu mérito, mas não podia deixar de se sentir frustrada por não poder agir de forma totalmente natural com Natsu. Até nisso aquela maldita conspiração afetara sua vida.

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Contudo, continuaria seguindo as orientações da take over sem reclamar. Faria isso e muito mais para proteger seu bebê, já tinha decidido assim.

Inconsciente, levou a mão direita ao ventre, gesto que não passou despercebido pelo mago do fogo.

— Tudo bem? - Perguntou ele, preocupado.

Lucy corou, tanto envergonhada quanto emocionada. Ainda estava se acostumando a esse tipo de atenção.

— Tudo sim. - Garantiu.

Os dois continuaram aguardando seus pedidos, entrando em um diálogo casual e leve. Coisas que aconteceram na missão de Natsu. Coisas que aconteceram no dia de Lucy. A noite na sede da guilda estava surpreendentemente calma, pontuada apenas por conversas animadas, como de costume. Mesmo Evergreen e Elfman decidiram que era seguro o bastante permanecer com o pequeno Egeo em uma das mesas do andar de baixo, estrategicamente posicionada próxima à escada, caso precisassem de abrigo rápido em eventual confusão.

Mas talvez a calmaria não durasse tanto assim.

— Tadaima! - A voz animada de Juvia preencheu o ambiente, chamando a atenção para a entrada da sede, a qual a maga da chuva atravessava, acompanhada de Lyon e Meldy, esta última de braços dados com a companheira de time.

Gray, que até então estava sentado de frente para a entrada com as costas apoiadas no balcão enquanto conversava com Erza, girou na banqueta, ficando de costas para os recém chegados.

Lucy contorceu o semblante em dúvida. Não lhe passou despercebida a irritação do discípulo de Ur. Tampouco o fato da animação da maga de cabelos azuis ter decaído drasticamente.

Isso, por sua vez, era novidade.

Normalmente Juvia gritaria para seu “Gray-sama” que havia retornado de uma missão e estava morrendo de saudades, não importa o quão friamente fosse tratada pelo mago do gelo. Afinal, frieza era sua especialidade.

Curiosa, a loira seguiu observando.

• • •



— Okaeri!— Mirajane saudou, assim que os três magos se aproximaram do balcão, apanhando o folheto que a maga da chuva lhe passava. - O empregador entrou em contato. Ele elogiou muito as duas pela missão. - Contou.

— Aaaahh! - Meldy exclamou animada, dando pulinhos infantis. - Viu só, Juvia-chan? Nosso time está indo bem! - Comemorou, abraçando a maga.

Juvia sorriu com carinho, escondendo o semblante cabisbaixo de segundos antes.

— Graças à Mel-chan. - Pontuou.

Em resposta, a maga de cabelos rosas inflou as bochechas.

— Não aja como se não tivesse feito a maior parte do serviço. - Ralhou. - Pelo que me lembro, mais da metade das bundas que chutamos está na sua conta. - Emendou.

Lyon soltou uma risadinha.

— As duas foram fantásticas. - Elogiou. - Mas de fato, Juvia-chan lidou com os oponentes de forma mais efetiva e elegante. - Apontou. - Meldy-chan ainda precisa entender que lutar é mais do que mandar espadas sensoriais descontroladas para todos os lados.

O sangue da ex-membro da Crime Sorciere ferveu. Nitidamente.

— Você, escute aqui! - Irritou-se, contornando Juvia de forma decidida para dar de dedo na cara do membro da Lamia Scale. - Primeiro, pode ir tirando o “chan” do meu nome, que não te dei essa intimidade. - Declarou. - Segundo, eu não vi você ajudando para que possa dizer algo. Juvia-chan é uma coisa, você é irrelevante. - Completou com pouco caso, sorrindo satisfeita ao ver uma veia saltar na testa do mago do gelo mais velho.

— Ara, Ara.— Mirajane manifestou-se, achando graça da discussão que seguia entre os dois magos. - Não sabia que Lyon tinha ido para ajudar vocês. - Comentou.

— Ele não ajudou! - Juvia apressou-se em esclarecer. - Lyon-sama está fazendo algumas investigações pela região, por isso acompanhou Mel-chan e Juvia. - Explicou.

— Então ele finalmente terminou o que precisava fazer? - Gray interviu, interessado. - Já passou da hora desse idiota voltar para a guilda dele.

E claro que mesmo em meio a uma discussão acalorada com Meldy, Lyon não deixou passar a provocação do discípulo mais novo de Ur.

— Oh, eu estou incomodando você? - Resolveu provocar de volta, esquecendo-se da maga de cabelos rosas, que também cessou de gritar para dedicar atenção ao novo desentendimento. - Infelizmente para você, Makarov-san disse que eu posso frequentar as dependências da Fairy Tail enquanto durarem minhas investigações. - Comentou, contente com a expressão de desagrado que cresceu no rosto do outro. - O quarto mestre, Macao-san, também não se importa de me ver por aqui. - Completou.

Não que Lyon precisasse dizer. Enquanto os magos mais fortes da Fairy Tail ficaram congelados em Tenroujima, a Lamia Scale foi fundamental na defesa dos membros que ficaram de outras guildas oportunistas. Macao e Wakaba contaram essa história muitas vezes, e todos os magos que compunham o grupo que ficou pareciam nutrir um sentimento de gratidão muito grande por Lyon e os demais membros da concorrente.

O que significava que, enquanto o bastardo quisesse ficar, Gray teria que aturá-lo.

— Faça o que quiser. - Fullbuster disse por fim, voltando a atenção para sua bebida recém servida.

— Oh… - Erza comentou, assim que percebeu que os magos do gelo não voltariam a discutir e antes que a troca de farpas com Meldy tivesse chance de recomeçar. - Vocês duas capturaram um grupo de saqueadores sozinhas? - Indagou, o folheto antes deixado por Juvia no balcão, agora em suas mãos.

— Não era um grupo tão grande assim. - Juvia esclareceu.

— Ainda assim, é impressionante que tenham cumprido essa missão apenas em duas pessoas. - Observou.

A dupla Lockser sorriu em satisfação, ciente que um elogio de Titânia não era qualquer coisa.

— Vocês não estariam interessadas em dar uma força para o nosso time, por um tempo? - Indagou, fazendo com que Gray engasgasse com a própria bebida.

Claro que o fato não passou despercebido por nenhum dos presentes.

- O quê pensa que está fazendo? - Gray indagou.

Erza ergueu a sobrancelha direita, em estranhamento.

— Só imaginei que uma vez que a Wendy passa boa parte do tempo estudando com a Porlyusica-san e que Lucy não pode deixar Magnólia, seria bom montar outro time de cinco pessoas, pelo menos em algumas missões. - Explicou. - O quê vocês acham? - Indagou para Natsu e Lucy, que já haviam terminado suas refeições e se aproximavam interessados.

— Bom, nós temos pegado missões mais simples para que eu não passe tanto tempo afastado da Lucy, mas essas não pagam tão bem assim. - Comentou. - Com mais pessoas no time, poderemos pegar missões que pagam mais e resolvê-las mais depressa. - Opinou.

— E você Lucy? O que acha? - A ruiva indagou.

— Eu? - Perguntou confusa por ter sua opinião requisitada.

Erza sorriu, antes de responder:

— É claro. Você não deixou de fazer parte do time, afinal.

Lucy sorriu, tocada com as palavras da companheira de guilda.

— Bem, um time de cinco pessoas é mais eficiente, claro, e abre novas possibilidades. - Afirmou. - Mas acho que você deve perguntar às maiores interessadas. - Lembrou.

Só então, a maga de armadura voltou-se para Juvia e Meldy, que acompanhavam a conversa sem saber exatamente o que dizer.

— Me desculpem, eu sou uma inconveniente! - Exclamou a ruiva. - Eu nunca deveria ter pedido a opinião dos outros sem saber se estão interessadas primeiro. - Emendou.

As magas se entreolharam. Era nítido que o olhar de Juvia brilhava com a possibilidade de passar mais tempo ao lado de Gray. Meldy, por sua vez, estava desanimada com essa perpectiva, pois desenvolvera certa intolerância à presença de Fullbuster. Entretanto, por Juvia…

— Eu não vejo problemas. - Disse por fim. A maga de cabelos azuis a olhou com adoração, e isso era tudo que ela precisava para suportar o nudista idiota.

— Juvia fica feliz em ajudar! - A outra Lockser expressou-se.

— Gray? - Erza questionou, aguardando a opinião do colega de time.

O moreno virou o restante da bebida de sua cabeça de uma vez, antes de declarar:

— Façam o que quiserem. Eu não me importo.

A maga da chuva observou com olhos tristonhos o mago do gelo se afastar, até deixar a guilda. A cena miserável não passou despercebida por Meldy, que trincou os dentes, ou Lyon, que sorriu ante a idiotice do pupilo mais novo. Mesmo Lucy ficou constrangida com tal manifestação. Apenas Natsu e Erza permaneciam alheios ao clima.

— Bem, nesse caso, vou perguntar se a Wendy se importa. - Disse a ruiva. - Se ela concordar, podemos acertar uma missão para esta semana ainda.

• • •

— Vejam se não é a Miori-chan! - Uma voz masculina, embora definitivamente juvenil, saudou com sarcasmo.

Miori conteve qualquer reação, contentando-se com um revirar de olhos mental. Ela não queria dar ao ser irritante que lhe dirigira a palavra a satisfação de vê-la desestabilizada. Entretanto, sua falta de reação e forçada pose de superioridade o divertiu tanto quanto. Os olhos verde-esmeralda transbordavam de escárnio, combinando com a expressão zombeteira emoldurada pelos cabelos loiros de um corte chanel com franja que definitivamente não harmonizava com seu usuário masculino. Não que ele se importasse, de qualquer forma.

— Achei que fosse conversa, mas você realmente sobreviveu à cerimônia de purificação. - Seguiu provocando.

— Basta, Niall. - Outra voz mais grave, embora comedida, juntou-se a conversa.

Miori olhou com certa reverência para o recém chegado, cujo tinha ao menos dois metros de altura e o dobro da largura de um homem comum. Os cabelos eram cor de chumbo e estavam ajustados em um rabo de cavalo curto, preso na nuca. Costeletas grossas contornavam todo o rosto cheio, sendo o queixo quadrado a única parte livre na penugem espessa. Os olhos eram afiados, muito escuros e de tonalidade de difícil definição, talvez pela pouca luz dos ambientes que seu portador costumava andar. Entretanto, não eram hostis, na maior parte do tempo. Talvez indiferentes em momentos casuais, ou focados durante o trabalho.

— Gomen, Ulric-san. - Niall desculpou-se, mas suas palavras eram desprovidas de qualquer sentimento de culpa. - Eu só estava curioso. Não sei qual foi a última vez que alguém sobreviveu a uma purificação. - Comentou. - Maurice não aguentou. - Concluiu, a malícia atravessando brevemente os olhos verdes.

Miori sentiu a pontada desconfortável pela menção da morte de Maurice, mas novamente, não esboçou reação. Sabia que Niall vivia de provocações, e que reagir a elas apenas alimentava seu temperamento sádico.

— Miori resistiu. Suas transgressões foram perdoadas e agora ela vai trabalhar na nossa unidade. É tudo que importa. - Ulric cortou.

Miori olhou de um para o outro. Embora Ulric fosse o homenzarrão considerado assustador por seu tamanho e aparência, no geral inspirava mais confiança que Niall e seu corte de cabelo idiota combinado com sua usual expressão zombeteira. O que queria dizer que embora o grupo para o qual foi designada não fosse totalmente ruim, ainda era metade insuportável.

— Bem, partiremos em uma hora. Peguem o necessário e aguardem no hall. - Ulric determinou, virando-se. - E é melhor que não se atrasem. - Avisou, retirando-se.

— Ouviu, vovó? - Niall gritou voltando-se para seu lado direito.

Só então Miori notou a silhueta encurvada encolhida nas sombras, a capa negra cumprindo o papel de deixá-la praticamente invisível em ambientes obscuros. Ela sabia que, por baixo do manto havia uma velha muito enrugada, de aparência semelhante às bruxas de contos infantis. E sabia também que a senhora era tão insana quanto sua aparência sugeria. Agora mesmo, parecia encarar o vazio da parede, demorando a reagir ao chamado do mais novo. Quando o fez, olhando-o por cima do ombro, o desvairo tornou-se evidente em seu olhar.

— O fruto? Vocês matarão o fruto? - Indagou.

Miori comprimiu os lábios, incomodada.

— Ela ainda fica repetindo isso? - Viu-se perguntando.

— E a culpa é de quem? - Niall perguntou de volta. - Se você e Maurice tivessem concluído sua missão, provavelmente a vovó teria voltado ao normal. - Argumentou. - Tem sido complicado trabalhar com ela assim. As previsões dos outros alvos diminuíram, já que tudo o que ela faz é falar sobre esse maldito fruto.

Claro que a jovem sentiu o interior arder em raiva com o comentário, já não tendo tanta certeza que seus sentimentos continuavam ocultos como pretendia. Perguntar a Niall havia sido um erro. Por certo ele não perderia a chance de jogar seu fracasso em sua cara, de novo e de novo.

— Não é como se suas missões tivessem sido um sucesso completo. Eu ouvi que o Conselho Mágico está de olho em vocês. - Resolveu revidar, mas suas palavras não abalaram o sorriso cínico do outro.

— Bom, ao menos nós não fomos vistos. - Lembrou, dando de ombros. - E também temos tomado precauções nesse sentido. Você sabe, pegando só peixes pequenos, em vilas e aldeias insignificantes. Como a missão que vamos fazer agora. - Explicou. - Assim que a atenção do Conselho se desviar, poderemos voltar à Magnólia. Lá sim, estão os peixes grandes. Muitos peixes grandes. Quem sabe até terminaremos a missão que você não completou. - Concluiu, lançando um último sorriso debochado antes de sumir pelo mesmo caminho que Ulric tinha ido.

Miori suspirou, finalmente liberando sua frustração, puxando em direções opostas seus longos cabelos escuros e azulados presos em um rabo de cavalo baixo. Era nítido que não teria sossego em nenhuma de suas missões enquanto integrasse a mesma equipe que Niall. Contudo, tinha que tolerá-lo. De outra forma, não conseguiria cair nas graças dos superiores para tentar uma transferência. Certamente, eles deveriam pensar que fizeram muito em deixá-la viver, para que lhe concedessem qualquer outro pedido.

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Acalmando-se, desviou o foco para a missão seguinte. Não falharia novamente. E talvez Niall estivesse certo. Talvez esse grupo fosse designado para terminar a tarefa que ela não completou, já que vinha realizando as outras missões com sucesso. Assim, ela poderia apagar o fracasso do seu histórico e, junto, não se importaria de levar a vida de Lucy Heartfilia, a maga responsável por sua ridicularização e humilhação na Seita que servia.

Isso. Ela só precisava manter a calma e seguir o plano.

Como se para confirmar seu propósito, a velha lançou-lhe um olhar cauteloso antes que pudesse deixar o ambiente.

— Mate o fruto. - A voz arranhada pela senilidade pediu com determinação.