Consequências do passado

Capítulo 8 – o julgamento


O tempo passou bem rápido para Hermione Granger. Em duas semanas ela conseguira mudar radicalmente sua rotina, fazendo todo o esforço para que seus pais não suspeitassem o que tanto ela estudava. Também conseguira evitar a todo o custo as corujas da imprensa, de Gina, e de todos os que não estivessem envolvidos com o julgamento de Draco Malfoy.

Aliás, tudo que dizia a respeito de Draco Malfoy, a interessava agora. Ela fizera uma intensa pesquisa sobre ele e toda a família. Pediu informações a Narcisa via coruja e recebeu um extenso material. Também fez diversas pesquisas no Ministério da Magia, sobre a lei que estava em vigor para julgar aqueles que foram um dia “comensais da morte” e também pediu lembranças de Narcisa sobre como o filho dela se tornara um comensal.

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E no meio de tudo isso, Hermione começara a perceber que vinha se sentindo mal. Sentia enjoos, mas chegara a conclusão que era devido a estar defendendo o maldito Draco Malfoy.

Então naquela manhã cinza de outono, quando ela ao acordar sentiu uma grande vertigem lhe atingir, a jovem bruxa não estranhou, apenas respirou fundo, foi para o banheiro e depois de vomitar tudo que tinha no estômago ela resolveu que no final daquilo tudo, iria procurar um médico.

Depois de se arrumar, e rever pela última vez todo o esquema que tinha para defender o Malfoy, ela se sentiu segura em descer para o café da manhã. Como toda manhã, seus pais estavam tomando café esperando por ela.

_ Ah, até que enfim você desceu, querida! Está tudo bem? Parece um pouco pálida!

_ Está tudo bem, mãe. Eu apenas to estudando muito é só isso.

_ Sim, eu sei, mas você sempre estudou querida e nunca ficou assim e...

_ Ora amor, não faça assim, ok? Está sufocando a menina! Ela está estudando mais porque afinal vai fazer um curso avançado de, de o que mesmo Hermione?

_ Runas Antigas, pai. E não se preocupe, mãe. Eu tô bem, logo você vai ver, isso passa, eu entro no curso e vai ficar tudo bem.

_ É o que eu espero, minha querida. Mas agora temos que ir, nos vemos de tarde?

_ Sim, eu vou passar lá no consultório de tardinha. E vou levar a pizza!

_ Que ótimo, então nos vemos mais tarde.

_ Vamos, amor?

_ Vamos sim querido. Te espero mais tarde, querida!

Hermione se despediu da mãe e depois de tomar apenas uma xícara de chá, ela se arrumou, pegou todos os documentos necessários e alguns outros que poderia usar e foi para o jardim aparatar.

Hermione aparatou bem em um beco próximo da cabine telefônica do Ministério. Logo depois de usá-la, ela se viu no hall de entrada do Ministério da Magia. O hall estava lotado. Bruxos funcionários do ministério, bruxos da imprensa, curiosos de todos os tipos, enfim, Hermione nunca tinha visto o ministério assim e tudo era por causa do julgamento dele, Draco Malfoy.

Pela primeira vez desde que fizera o Voto, ela se sentiu receosa do que iria fazer. É claro que ela tinha uma estratégia, tal como a guerra, ela tinha traçado um plano para defender o Malfoy e fizera tudo que tinha a sua disposição para elaborá-lo da melhor maneira.

Mas ela não tinha pensado em todo o movimento que o julgamento de um Malfoy poderia dar. E tal receio formou um bolo em seu estômago, e ela sabia que tinha de procurar um banheiro urgente.

Depois de achar um banheiro ali mesmo no hall, a jovem bruxa seguiu para o elevador, este estava lotado e todos foram para o nível 10. Nível onde seria o julgamento.

Graças ao efeito de maquiagem que usara e a um coque que fizera, a maioria dos bruxos que passavam por ela não a viam como a heroína de guerra Hermione Granger. E isso era um alívio para a Mione.

Quando finalmente ela chegou na porta do tribunal, percebeu que este estava lotado, com vários transeuntes e curiosos. Ela apenas se esquivou da maioria e foi passando, tentando se passar despercebida, até chegar ao púlpito. No centro estavam o Ministro e toda a Suprema Corte Bruxa. Do lado esquerdo estava o “acusador” que Hermione sabia bem quem era, Olho-Tonto Moody. Além de ter sido professor dela em Hogwarts, Hermione também pesquisou sobre a vida profissional de Olho-Tonto. E sabia que ele fazia jus ao nome de acusador. Afinal ele fora um dos melhores aurores que o Ministério um dia teve.

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E por último lá estava ela. Ao lado do prisioneiro e acusado Draco Malfoy. Que acabara de chegar escoltado por dementadores, por isso fez silêncio mortal no ambiente.

Com o silêncio ela pode observar melhor. Depois da entrada de Malfoy, todos que ainda estavam em pé começaram a se acomodar. E viu que as testemunhas já se sentavam no banco próprio delas. Ela sabia que não seria fácil pra ela, que boa parte das testemunhas eram seus colegas, amigos e isso seria muito prejudicial para ela, em contrapartida, ela também sabia como eles iriam falar no tribunal, falar a verdade. E que ela tinha de usar isso ao seu favor, ao favor de Malfoy.

Então o Ministro começou o discurso:

“Bom dia, a todos. Hoje é um dia importante que com certeza entrará para a História. Hoje acontecerá nessa sala, na presença de todos, o último julgamento do último bruxo que por ventura se associou ao vil Lorde das Trevas. Sendo assim, dou por iniciada a audiência 163 que julgará o envolvimento do acusado Draco Malfoy na Grande Guerra.”

Enquanto o ministro discursava, Hermione começou a ouvir pequenos cochichos sobre ela.

No banco das testemunhas, todas elas observavam Hermione e ver o olhar de assombro nos rostos de seus amigos era ruim demais. Além de fazer seu estômago dar voltas e mais voltas.

“Que comecem as acusações!”

Alastor Moody se dirigiu até o meio do púlpito. Em mortal silêncio, ele observou cada um dos participantes daquela audiência, cada testemunha, a defensora e por último o acusado. E depois de um longo tempo observando Draco Malfoy, ele começou a falar:

_ Senhoras e senhores. Doutos Julgadores. Testemunhas. Defensora. E acusado. Hoje, como já disse o honrado ministro, hoje é um dia memorável. Dia do julgamento de Draco Malfoy. Por toda a História, nunca houve um julgamento de um membro da família Malfoy. Mas hoje, acontecerá esse julgamento. E a pergunta é: Sobre quais acusações? O que terá feito o jovem senhor Draco Malfoy, para ser considerado réu nesse julgamento? Bom, eu vou lhes dizer, senhoras e senhores, senhores julgadores! O senhor Draco Malfoy, está sendo julgado pelos seguintes crimes: Associação em grupo criminoso, os chamados “comensais da morte” e a Tentativa de Assassinato do bruxo ancião Alvo Dumbledore!

Nesse ponto, o acusador fez uma pausa estratégica para que todos os presentes ficassem revoltados e ultrajados pelo crime que Draco Malfoy cometeu. Para a não surpresa de Hermione, tal pausa fez o efeito desejado. Depois de novamente olhar para todos, ele continuou:

_ Comensal da Morte. Um termo bem simples para o “capanga da morte”. Bom, eu chamo do banco de testemunhas para fazer seu real depoimento, o senhor Borgin.

O senhor Borgin, com certeza era o bruxo mais velho e feio que Hermione já vira em toda a vida. Ela o já tinha visto antes, pouco antes do inicio do sexto ano, mas nunca o vira tão de perto. Com certeza ele era amedrontador, mas estava ali para testemunhar contra Draco Malfoy e ela sabia bem, o que ele iria dizer.

_ Senhor Borgin, o senhor está sob algum feitiço ilusório, maldição Imperius, ou qualquer outra magia que o impeça de testemunhar neste Tribunal?

_ Não.

_ O senhor tomou a poção veritasserum?

_ Sim.

_ Ok. Senhor Borgin, o senhor se lembra da visita que o senhor Malfoy lhe fez no verão de 1996?

_ Sim.

_ Conte-nos o que ele queria com o senhor.

Tal como Hermione já sabia, no verão de 96, Draco Malfoy foi até o senhor Borgin, velho conhecido do seu pai, para procurar na loja do bruxo velho, um objeto raro, mas de muita importância. Um armário sumidouro. Draco Malfoy queria saber tudo sobre o armário. Mas o que Alastor Moody queria ao perguntar tudo isso ao senhor Borgin, era saber se o velho sabia que o jovem Malfoy já naquela época era um comensal. O que foi claramente confirmado pelo bruxo.

_ Então, senhor Borgin, o senhor confirma, que Draco Malfoy, já era um comensal da morte, desde o verão de 1996?

_ Sim, eu confirmo.

_ Obrigado, o senhor pode voltar para o seu lugar.

_ Como vocês podem ver e ouvir, senhoras e senhores, doutos julgadores, o senhor Malfoy, é sim, um comensal da morte, ou seja, um capanga da morte. Mas averiguemos a próxima testemunha, eu chamo do banco de testemunhas para fazer seu real depoimento, Cátia Bell.

Hermione também não se surpreendeu, na verdade ela sabia bem, qual era a linha de acusação que Alastor Moody iria usar. No entanto ele não podia pensar o mesmo, e foi pensando nisso, que ela desviou o olhar de todos e concentrou a atenção em Draco Malfoy.

Ele parecia muito sereno, ao ouvir todas as acusações que Cátia Bell fazia a ele. Em como ele usara a já falecida Madame Rosmerta com a maldição Imperius, para entregar o Colar Maldito para ela e ela mandar para o diretor Alvo Dumbledore.

Em nenhum momento, ele sequer esboçava qualquer reação, e tal fisionomia tranquila, fez Hermione ter um pequeno estalo na mente. Como se ela já o tivesse visto em tal situação, com tal expressão.

Essa sensação a incomodou e assim ela nem reparou quando Moody chamou a próxima testemunha. Ela só percebeu quando ouviu a voz de Ronald Weasley, no juramento.

_ O senhor tomou a poção veritasserum?

_ Sim.

_ Ótimo. Senhor Weasley, no período de recesso de Natal, em 1996, o senhor passou o Natal em Hogwarts?

_ Sim.

_ Conte-nos o que houve nesse Natal, especificamente.

Rony, como Cátia Bell, disse que foi envenenado por um hidromel que foi parar no estoque do professor Slughorn, pelo intermédio de Draco Malfoy. Era para Hermione estar atenta a todos os detalhes, mas ver Rony ali, contando sobre um fato que ela sabia bem o que era, e ela Hermione Granger estar do outro lado, como defensora, com certeza era terrível demais para assimilar.

Como também era terrível demais para assimilar que ela tinha se deixado levar pela luxúria de Draco Malfoy. Ela tentava lembrar, seu cérebro fazia um tremendo esforço para relembrar daquele dia. Mas o máximo que ela conseguia lembrar era de ir para o hotel, descansar um pouco, depois pegar um táxi, e como se Hermione fosse transportada diretamente para o passado, ela deixou que a lembrança daquele dia retornasse, ela se lembrava de ir até o endereço dos pais, de ver o local e achar tão parecido, quase idêntico ao de Londres, de ver sua mãe acompanhando um paciente até a saída, de ver sua mãe tão bem e a saudade apertar fundo no peito, e também se lembrava de ver o paciente e perceber instantaneamente que ele era Draco Malfoy, de vê-lo sair do consultório, dando uma piscadela pra ela, de sair do consultório atrás dele, e de encostar a varinha em suas costas...

_ Senhorita Granger?

Hermione acordou do seu devaneio. Não estava em Sidney. Estava em Londres, mais exatamente no julgamento de Draco Malfoy. Mas agora sabia que a lembrança daquele dia não era de toda real, se tivesse mais um tempo para se esforçar a lembrar, entretanto todos no plenário do julgamento a esperavam, inclusive o próprio Draco Malfoy. Ela o observou e desde o ínicio da audiência, pode ver um vislumbre de ansiedade nos olhos cinzas do seu “cliente”.

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_ Obrigada. Senhoras e senhores. Doutos julgadores. Testemunhas. Acusador e Réu. Imagino que todos devem estar se perguntando o que eu, Hermione Granger, heroína de guerra, estou fazendo aqui, como defensora de Draco Malfoy.

_ Bom, eu diria que essa não é a pergunta certa. E sim, por quê. Por quê, eu iria defender Draco Malfoy? Pois é essa pergunta que eu vou responder a todos vocês! E para isso eu chamo do banco de testemunhas para fazer seu real depoimento, a única testemunha de defesa, senhora Narcisa Malfoy.

Depois de Narcisa Malfoy acomodar-se no banco de depoimento, Hermione continuou a falar:

_ Senhora Malfoy, a senhora está sob algum feitiço ilusório, maldição Imperius, ou qualquer outra magia que a impeça de testemunhar neste Tribunal?

_ Não.

_ A senhora tomou a poção veritasserum?

_ Sim.

_ Muito bem. Senhora Malfoy, eu quero começar perguntando a senhora, sobre um evento no passado, mais exatamente no verão de 1992. Quando o seu filho, Draco Malfoy, voltou da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Eu quero saber, o que ele lhe disse sobre mim.

_ Disse que a senhorita era, que a senhorita era uma sangue-ruim.

_ Certo, e o que mais, senhora Malfoy?

_ Disse que a senhorita era a melhor amiga de Harry Potter e do, do traidor de sangue do Weasley.

_ Sim, e ele disse mais alguma coisa?

_ Sim.

_ O quê?

_ Que a senhorita era, era a mais inteligente do ano em todas as casas.

_ Está certo. Muito bem. E o quê a senhora sentiu, ao saber do seu filho, Draco Malfoy, que uma sangue-ruim, era a mais inteligente do ano, em todas as Casas?

_ Eu me senti ofendida.

_ Ofendida? Por quê?

_ Porque não era certo. Porque não era o certo a acontecer.

_ E o quê, deveria ser certo, senhora Malfoy?

Narcisa Malfoy, fazia um esforço sobre humano para não falar, mas devido aos efeitos da poção veritasserum, ela tinha o dever de falar a verdade.

_ O meu filho deveria ser o mais inteligente. O meu filho, e não você.

_ E por quê, seu filho deveria ser mais inteligente, senhora Malfoy? Porque ele é puro-sangue?

_ Sim.

_ Bom, essa é a sua opinião, não é mesmo? Mas diga-me, por acaso, a senhora disse isso, a ele? Disse isso a seu filho?

_ Sim.

_ Vejam, senhoras e senhores, doutos julgadores. Uma mãe confessando aqui para nós, que o seu filho “deveria” ser mais inteligente, porque o seu filho é sangue-puro, enquanto eu não sou. Pois bem, senhora Malfoy, vamos passar o tempo até o próximo verão, verão de 1993, conte-nos, o que o seu filho, Draco Malfoy, disse a senhora sobre mim, e em como fiquei petrificada.

_ Ele disse, ele disse que você deveria ter morrido. Ou continuado petrificada.

_ E porque ele disse isso, senhora Malfoy?

_ Porque, porque ele a odiava. Ele a odiava.

_ E a senhora sabe por que ele me odiava?

_ Sim.

_ Por quê? Qual a razão dele me odiar a ponto de querer me ver petrificada ou morta? Sendo que na época em questão, eu e o seu filho, Draco Malfoy, tínhamos 12 anos, e mal nos falávamos em Hogwarts?

_ Ele a odiava, a odiava porque você era uma sangue-ruim, mais inteligente, esperta e corajosa que ele. Por isso.

_ Senhora Malfoy. A senhora diz que Draco Malfoy me odiava porque eu era e sou ainda o que a senhora chama de sangue-ruim. Mas me diga, quem o ensinou a odiar os sangue-ruins, e trouxas?

_ Eu, eu e Lucius.

_ Pois muito bem. Vamos mais adiante ainda, mais precisamente no verão de 1994. Final da Copa Mundial de Quadribol. A senhora esteve no evento?

_ Sim.

_ Acompanhada de quem?

_ Do meu marido e do meu filho.

_ A senhora confirma que me viu lá? No final da Copa? Antes do jogo?

_ Sim.

_ E o que a senhora sentiu a me ver?

_ Eu senti nojo.

_ Nojo?

_ Sim.

_ E como a senhora descreveria a reação do seu filho a me ver? Acha que ele também sentiria nojo?

_ Sim.

_ É sabido por todos nós, que naquela noite, houve um ataque de comensais da morte no acampamento dos torcedores do Mundial. A senhora sabia deste ataque, antes da ocorrência do mesmo?

_ Sim.

_ Seu marido estava envolvido?

_ Sim.

_ A senhora o apoiou para atacar?

_ Sim.

_ Muito bem. Vamos pular um pouco mais no tempo, senhora Malfoy. Vamos agora para os meados da primavera de 1996, quando houve um ataque aqui mesmo nesta instituição, orquestrada pelo tal Lord Voldemort. O seu falecido marido, estava presente neste ataque?

_ Sim.

_ A senhora o incentivou a atacar?

_ Sim.

_ Mas algo deu errado e seu marido foi preso, não é mesmo?

_ Sim.

_ E como a senhora se sentiu ao saber que o seu marido, Lucius Malfoy, estava preso em Azkaban?

_ Me senti apavorada, com medo.

_ Medo do quê?

_ De ser presa também. De ir para Azkaban.

_ Certo. Mas em menos de um ano, seu marido saiu da prisão, não é mesmo?

_ Sim.

_ E o que aconteceu quando ele voltou pra casa, senhora Malfoy?

_ O Lord, o Lord foi pra nossa casa.

_ Lord Voldemort?

_ Sim.

_ E o que ele fez, estando na casa de vocês?

Narcisa tentava revirar os olhos, morder os lábios, ela claramente estava lutando pra não falar a verdade, então Hermione, falou mais firmemente:

_ O que o Lord Voldemort fez na sua casa, senhora Malfoy?

_ Ele nos torturou, ele nos torturou!

_ Nós quem, senhora Malfoy?

_ Lucius e eu.

_ E porque ele os torturou?

_ Porque ele queria nos castigar. Ele queria que nós sofrêssemos!

Narcisa chorava copiosamente. Ela já estava cansada, mas Hermione ainda não tinha acabado.

_ Acalme-se senhora Malfoy. E me responda, porque o Lord das Trevas, iria querer castigar você e o seu marido?

_ Pelo erro de Lucius. Por ele não pegar a profecia no departamento de mistérios. O Mestre queria muito a profecia e era um dever do Lucius levá-la até ele. Mas Lucius falhou! Representantes do Ministério viram ele, o capturaram! Foi terrível! Terrível!

_ Certo. E o que houve com o seu filho, no período que o seu marido esteve preso, senhora Malfoy?

Narcisa tremia, soluçava, tentando resistir a poção da verdade.

_ Em nome de Merlin, eu quero que me diga, senhora Malfoy, o que houve com o seu filho, Draco Malfoy, no período que o seu marido esteve preso?

_ Ele se tornou um comensal.

_ Sim. E porque ele se tornou um comensal?

_ O Lord o ameaçou a se tornar um, senão...

_ Senão o quê, senhora Malfoy?

_ Senão ele me mataria.

_ E o que ele fez para se tornar um?

_ Ele matou.

_ E foi apenas esse o castigo de Voldemort? Seu filho um comensal com 16 anos e alguns crucios?

_ Não. Ele queria outra coisa.

_ E o que ele queria?

_ Ele queria que Draco matasse Alvo Dumbledore.

Nesse momento Hermione fez finalmente uma pausa. Sentiu que todos os olhares dentro daquela enorme sala, estavam nela e em Narcisa Malfoy. E era exatamente isso que ela queria. Então, depois de respirar fundo, Hermione continuou:

_ E por acaso, Draco Malfoy tentou? Ele tentou matar Alvo Dumbledore?

_ Sim. Ele tentou, primeiro com o colar, depois o hidromel e por último com a maldição.

_ E por acaso ele conseguiu?

_ Não.

_ Obrigada, a senhora pode voltar para o seu lugar.

Narcisa Malfoy nunca pareceu tão debilitada, e depois do exaustivo depoimento, todos dentro do plenário esperavam ansiosos para as declarações finais da defesa.

Hermione olhou duramente para todos, até parar seus olhos em Draco. Ele já não estava sereno há tempos. Desde que sua mãe começou a falar de todos os podres da família, ele parecia preocupado e cansado. Hermione não se deixou ter pena dele por um minuto sequer. E agora iria terminar isso.

_ Senhoras e senhores. Doutos Julgadores. Testemunhas. Acusador e réu. Em minhas declarações finais eu quero falar sobre dois garotos. Um, órfão, criado por trouxas nada decentes, que até os 11 anos era completamente alheio a qualquer conhecimento de magia. É claro que já perceberam que eu falo de Harry Potter. O outro garoto, tem seus pais, casa, família, sabe muito bem sobre magia, tem o sangue puro, esse garoto é o senhor Draco Malfoy.

Pois bem, como dois garotos, que nasceram no mesmo ano, que vivenciaram a mesma educação acadêmica, puderam ter caminhos tão diferentes? Como um que não teve a presença da família, do aconchego de um lar poderia se tornar o grande herói dessa guerra, enquanto o outro que tinha tudo, definitivamente, tudo para ser um grande bruxo, estar aqui hoje, sendo julgado por dois crimes? A resposta é simples. Enquanto o senhor Harry Potter vivia em um armário debaixo da escada, sem saber sequer que era um bruxo; o senhor Draco Malfoy, vivia isolado em uma mansão, sendo ensinado a odiar qualquer ser inferior a ele, pelo simples fato consanguíneo.

A criação dos dois, por ser tão diferente, interferiu diretamente no caráter de ambos. Senhoras e senhores. Em nenhum momento aqui eu disse que o meu cliente era inocente. Mas ele merece ser inocentado. E a pergunta de vocês, deve ser: Mas como assim, merece ser inocentado? O senhor Draco Malfoy, cresceu com a idéia deturpada e doentia de que era superior e melhor do que todo e qualquer sangue-ruim. De que deveria ser mais inteligente, esperto, fazer as amizades certas e ser o mais poderoso possível! Mas claramente pelo depoimento da mãe dele, Narcisa Malfoy, isso não aconteceu! O senhor Malfoy, cresceu com tal idéia e viu tal idéia se mostrar frustrante em tudo que ele fez! Como, senhoras e senhores ele poderia ser diferente tendo os pais que ele tivera? Crescendo ouvindo que era melhor que os demais? Como?

Novamente Hermione fez uma pausa, e percebeu pelo olhar da grande maioria dos presentes que eles se perguntavam exatamente o que ela tinha proposto. Alguns olhavam entre Harry e Malfoy e viam como os dois eram ainda jovens. Então, novamente ela respirou fundo, tomou fôlego e se dirigiu para os doutos julgadores.

_ Pois bem, o senhor Malfoy é culpado por ser um comensal da morte. Mas que fique claro que ele apenas se tornou um por meio de coação, senão Lord Voldemort mataria a mãe dele! O que o liberta da acusação, já que de acordo com o artigo 657, seção 132, do Código de Condutas e Crimes Praticados na Grande Guerra, “...qualquer ato praticado por meio de maldição imperius, ou coação, será considerado nulo pela parte do autor, de acordo com este Código.”

O senhor Malfoy também é culpado pelas tentativas de homicídio do ex-diretor Alvo Dumbledore. Mas também de acordo com o Código de Condutas e Crimes Praticados na Grande Guerra, artigo 1784, seção 589

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a tentativa de homicídio que não prejudicar a vítima fisicamente, mentalmente e magicamente, será considerada livre de qualquer pena.”

Assim, senhoras e senhores, doutos julgados, testemunhas, acusador, eu venho na presença de vocês, pedir pela total inocência de Draco Malfoy das acusações aqui apontadas! Em nome do Ministério da Magia! E em nome de Merlin!

Nesse instante os borburinhos tomaram vida, bruxos e bruxas de toda a sala começavam a divagar sobre o futuro de Draco Malfoy, mas a decisão estava nas mãos dos julgadores, que discutiam entre si, qual a melhor decisão a se tomar.

Depois de longos minutos, eles nomearam um representante que disse:

_ Faremos um recesso de 30 minutos para anunciar a decisão! Audiência em recesso!

Esperar era angustiante, mas isso significava que os julgados estavam em dúvida. O que era excelente para o caso. Hermione estava esgotada, queria que tudo aquilo acabasse logo, para ela se ver livre daquilo tudo e finalmente poder viver sua vida em paz. Entretanto, diferente do que anunciaram, os julgadores voltaram em pouco menos de 15 minutos.

_ Já temos uma decisão. Esta Corte, através dos seus 13 representantes, aqui nomeados doutos julgadores de quaisquer Crimes e Atos Praticados no Período da Grande Guerra, declara o réu Draco Lucius Malfoy, inocente do possível crime de Associação em Grupo Criminoso, os chamados “comensais da morte” e parcialmente culpado pela Tentativa de Assassinato do bruxo ancião Alvo Dumbledore! Sendo que terá de pagar a este Ministério um montante em galeões a ser determinado pelo próprio Ministro, para que possa viver livremente! Esta audiência está encerrada!

Foi um grande rebuliço! Bruxos contrários a decisão, disseram que o Ministério da Magia estava sendo comprado pelo dinheiro da família Malfoy. Entre eles estava Rony, que ficou furioso com a decisão da turma julgadora e foi até Hermione.

_ Eu não podia imaginar que iria viver para ver isso um dia! Como você pôde ficar tão baixa, tão suja para se aliar a esse verme, depois de tudo que ele te fez? Depois de tudo que ele nos fez? Você não presta, Hermione! Lilá sempre tentou abrir meus olhos, mas eu não acreditava! Agora eu sei que você não passa de uma bisc...

_ Chega, Rony! Você não pode falar tudo isso sobre mim! Eu não vou deixar! Você não sabe tudo o que acontec...

_ Não me interessa, tudo que aconteceu, Hermione! Você não vê? Por sua causa, por causa da sua maldita língua, aquele verme odioso do Malfoy, foi inocentado! E justo por sua ajuda! Eu nunca vou perdoar você pelo que fez! E nunca mais vou querer ver você perto de mim ou da minha família!

As palavras de Rony, feriram mais do que tudo que Hermione já passou. Seus olhos ficaram cheios de água, mas ela não deixou que as lágrimas escapassem, antes disso, ela pegou todas as suas coisas e começou a sair junto com toda a multidão para a saída. Ela via que alguns bruxos pareciam impressionados com ela, mas a maioria a olhava com total rancor e ódio. Ela tentava fechar os olhos e esquecer tudo aquilo, mas podia ouvir vozes a chamando. Apertou mais o passo, temendo ser vítima de alguma represália, mas quando as vozes se tornaram apenas uma, e essa voz ser exatamente uma tão conhecida ao mesmo tempo que sentiu um puxão no braço, ela percebeu que na verdade era Harry, Harry Potter que estava ali na sua frente, querendo falar com ela.

_ Hermione.

Ele a chamara diferente. Como se fosse a primeira vez que tivesse pronunciado o seu nome. Ela não suportaria a rejeição de Harry, não a de Harry. Por isso nem sequer deu tempo para ele falar e já foi despejando todo o seu escudo:

_ Se me chamou e me parou aqui no meio do corredor pra me insultar e me rejeitar como o Ronald, eu dispenso!

_ Hermione, eu não vim aqui pra isso. Vim porque, porque precisava falar com você.

Então ela olhou bem no fundo dos olhos dele. Nos olhos do seu grande amigo, do seu irmão Harry Potter. E viu que ele realmente parecia aflito e confuso com tudo aquilo que tinha acontecido. E era terrível para ela vê-lo assim. Ela sabia tudo o que ele tinha passado e que agora finalmente ele podia viver uma vida tranquila, feliz até. Mas mesmo assim ela não podia contar. Não podia contar pra ninguém. Seu orgulho não deixaria ela ser tão pisada e maltratada e odiada a ponto de contar tudo o que aconteceu em Sydney.

_ Harry, eu sinto mui...

_ Senhorita Granger! Finalmente a alcancei! O Ministro e o senhor Malfoy a aguardam para as assinaturas finais do processo.

_ Assinaturas finais?

_ Sim, como pôde ver, o senhor Malfoy precisa acertar a quantia e assim ser liberado e quando isso acontecer a senhorita precisa estar presente para a assinatura.

_ Está bem, vamos.

_ Hermione, espera!

_ Eu não posso Harry, eu realmente sinto muito! Mas preciso ir.

Hermione acompanhou o assistente do Ministério, dando as costas a Harry. E para ela tal gesto era como se ela tivesse dado as costas ao amigo pela última vez.