Consequências - Fred E Hermione

Summer Day. The Least one.


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SETE:


(música tema: http://letras.mus.br/coldplay/1901875/traducao.html // NEM AMO ESSA MÚSICA U-U)


– Mamãe!

Uma voz infantil gritou atrás de mim. Girei nos calcanhares e segurei o pequeno ruivo nos braços. Seus olhos eram vívidos, intensos, queimavam no fundo de meu peito. Tinha nove anos, hoje, 24 de junho, era seu aniversário, faria dez anos.

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Eu estava em uma praia, não parecia nada aqui da Europa, o dia estava quente o mar estava azul e cristalino, era possível ver o calor exalando da areia branca. Outras pessoas sem rosto lotavam a tal praia. Não havia Fred, não havia ninguém, apenas eu e ele.

– Vamos dar um mergulho Naoki?

O garoto pulou de meus braços e abriu um sorriso largo, a ponto de quase fechar seus olhos.

– Sim! Vamos, vamos – ele pegou minha mão e foi me arrastando para que eu levantasse da areia quente.

Em um impulso levantei-me e levantei o ruivo cheio de sardas pela cintura, girando-o no ar. Ele tinha aquela risada engraçada e solta de criança, ria a ponto de faltar-lhe ar nos pulmões.

Entrei na água com o garoto, a areia macia entrava nos meus dedos e a água era fresca quase morna. Definitivamente não era uma praia europeia. As ondas quebravam, suaves, eu e Naoki pulávamo-las, o garoto se divertia. Eu estava imensamente feliz.



Light a fire, a fire a spark

Light a fire, a flame in my heart

We'll run wild

We'll be glowing in the dark




Fomos para o fundo, o pequeno com os pés ao redor da minha cintura pedia que eu mergulhasse com ele. Mergulhei, e o girei submerso, ele mantinha os olhos abertos em baixo da água salgada com seu sorriso largo de caninos redondos, como os meus. O ar fez falta e subimos, ele nadando rapidamente para mim, enlaçando novamente suas pernas em minha cintura. Ali ficamos até nossos dedos murcharem, e o sol começar a cair. Ainda estava abafado, e a areia ainda estava quente, o céu estava laranja e a praia agora estava deserta.

Eu e o ruivo agora tomávamos um grande sorvete de chocolate com calda de morango, o predileto dele.

– Foi muito legal!

– Podemos vir quando você quiser. – eu disse olhando a linha do horizonte.

O pequeno apenas sorriu. O sorriso mais encantador que eu jamais vira. Mesmo o de Fred parecia amarelo perto do sorriso do filho.

– Acho que não. – ele disse naturalmente e eu não entendi o porquê. – mãe, vamos ao mirante?

Eu ia perguntar por que não voltaríamos, mas eu estava me sentindo tão bem, que não quis questionar. Quem sabe eu o trouxesse no próximo verão, o fizesse uma surpresa?

Fomos caminhando até o mirante, quando dei por mim eu comia um crepe de milho enquanto ele chocólatra como era comia um crepe misto de chocolate branco e preto. Fomos andando pelo acostamento carros passavam como borrões, não nítidos, sem barulho, apenas as luzes que dançavam ora iluminando ora escurecendo o rosto do ruivo que chutava pedrinhas no chão.

No topo do morro havia um restaurante super badalado, mas uma mesa havia sido reservada.

– Deve ser coisa do seu pai. – eu disse sorrindo.

– Você quer que ele venha jantar com agente? – o garoto sentou ao meu lado, e olhou longe a lua que começava a surgir no céu.

– Não – respondi sem pensar – hoje eu quero ficar só com você – eu disse apertando sua barriga e fungando em seu pescoço, novamente vendo-o rir.

Comemos macarrão ao sugo e rolinho primavera com molho agridoce. Acho que foi nessa parte que desconfiei ser um sonho. Que restaurante serve comida italiana e japonesa?

Jogamos jogo da velha no guardanapo, ele adorava aquilo. Acabamos de comer e fomos para a sacada do restaurante, a noite estava agradável, com uma brisa morna que bagunçava nossos cabelos, eu e ele estávamos apenas com as roupas de banho, cobertos de sal, apenas com cangas amarradas na cintura. O mirante era como um telescópio menor, que você colocava 25 ¢ e podia olhar o mar durante 5 minutos.



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All the boys, all the girls, all that matters in the world

All the boys, all the girls, all the madness that occurs

All the highs all the lows, as the room a-spinning goes

We'll run riot, we'll be glowing in the dark



– Isso é dinheiro trouxa mãe? – ele se debruçou na estrutura de ferro e ficou na ponta do pé. Curioso.

– Sim. 25 centavos.

– E isso é muito?

– Não Naoki, é como se fosse metade de um nuque.

– Que pouquinho... Mãe?

– Hm.

– Por que eu me chamo Naoki? É estranho...

– Foi ideia do seu pai. Significa Honesto. É estranho por que é japonês.

– Poxa mãe, por que você deixou ele escolher o nome? – meu filho murmurou estalando a língua.

– Não sei... – torci a boca. – Não gosta de Naoki?

– Gosto... Mas eu gostaria de me chamar Hugo.

Nunca conheci ninguém que tivesse esse nome.

– Hugo significa espírito... E você mãe, já quis mudar de nome? Hermione também é esquisito.

Ri-me.

– Queria mudar meu nome para Kanade.

– Ka-na-dé... Mas esse mais estranho que Hermione... O que quer dizer?

– Portadora da canção. Assisti em um anime uma vez e me apaixonei. Quase mudei meu nome, mas todos me conheciam por Hermione, e eram tempos difíceis... Bem, resolvi ficar com meu nome.

Coloquei a moeda e peguei o ruivo no colo, ele olhou afoito, curioso com a tecnologia trouxa. Maravilhado relatou um grupo estranho de sereianos. Olhei também.

– São botos Naoki. – eu ri – sereianos não gostam de ficar perto dos trouxas. Trouxas são muito barulhentos.

Ele continuava a olhar pelas lentes, virando-as em todas direções. Olhei o mar com ele, a lua estava absurdamente grande. Os 5 minutos acabaram e então não estávamos mais no mirante, mas sim em uma sala ampla, era a sala da nossa casa, mas no lugar dos nossos sofás azuis havia uma poltrona, larga e felpuda. A janela aberta soprando o vento quente de verão.

– Não quero dormir – o pequeno murmurava em meus braços a cabeça tombada em meus ombros.

– Eu estou aqui... – murmurei passando a mão em seu rosto afastando a franja do seu rosto.

– Eu te amo muito. – ele bocejou.

Beijei a ponta do seu nariz.

– Te amo mais.

– Do tamanho do céu e das estrelas?

– Mais!

– De todas as galáxias?

– Mais.

– Do tamanho do papai?

– Maaaais. – eu disse rindo.

Ele passou os dedos pelos meus cabelos desgrenhados, tocando meu ombro, onde havia aquela cicatriz, e sorriu mais uma vez. O sorriso mais bonito do mundo, o mais perfeito e harmônico.

O garoto fechou os olhos, e eu quis adormecer com ele, fazer com que aquele momento durasse para todo o sempre. Quis congelar naquele instante, e viver eternamente naquela noite de verão.

– HERMIONE! – Um grito agoniado chegou até mim. Inspirei assustada, um ruivo estava me observando assustado. – graças a Merlin, achei que tivesse morrido! Você parou de respirar!

– Fred. Eu tive um sonho tão bom. – murmurei – o nome dele vai ser Naoki. - Sorri e encarei minha barriga. - Sei que você gosta de Hugo, mas Naoki é diferente não acha? Vai ser mais a sua cara.

– Você tinha prado de respirar e estava tremendo. – Fred disse ainda preocupado, passando as mãos pelo meu rosto, afastando meus fios castanhos do rosto.

Eu estava me sentindo tão bem, que aquilo não me preocupou, simplesmente me pareceu absurdo.

– Foi impressão sua. – beijei-o.

Fui tomar meu banho, longo e morno. Aquela sensação de calor me lembrou a praia. Eu estava realmente empolgada.

Vesti-me, Fred já havia descido. Era quase meio dia, ouvi vozes vindas da cozinha. De esguelha fui até lá, literalmente ouvir atrás da porta.

Panti estava completamente descabelada e com a cara muito amassada, ainda estava de pijama provençal e segurava uma caneca de café. Conversava com Fred.

– Então em menos de dois meses você passou de Alferes para Major-General?

– Bem, eu me esforcei... E não sou apenas eu, temos mais cinco Majores...

– Fred, você subiu oito posições em dois meses! Você é genial... Fico imaginando como devem ser os Generais e Marechais... Devem ser bruxos incríveis...

– Temos dois Marechais: um é o ministro, Kingsley, e o outro é uma bruxa chamada Joane Drag. Popularmente conhecida como dragão, uma baixinha furiosa, o próprio Kingsley tem medo dela.

– Imagino. – ela soprou o líquido quente e deu um longo gole.

– E bem, temos seis generais, e um deles é a minha ilustre namorada, Hermione.

Quis voar na cara de Fred, ele estava proibido de contar aquilo. Sim, eu era a General estrategista, na verdade eu ganhei o cargo por ter tido a coragem de me colocar na frente de um Avada Kedavra que levou à fragilidade dos comensais e a temporária derrota do Lord.

Se eles soubessem o que eu realmente fiz, quem me coroaria como general seria Voldemort.

Recusei, birrei, e teimei. Não merecia essa patente. Mas então o próprio Kingsley veio pedir por ajuda, ele sozinho não estava conseguindo lidar com a politicagem e burocracia do sistema. Disse que eu era uma das pessoas mais diplomáticas que ele conhecia. Quase gargalhei, mas diante de seu apelo, cedi.

– A Hermione? Como? Não, mas ela estuda, Nick me disse que ela trabalha, mas não quis dizer aonde... Quer dizer, ele me contaria se ela trabalhasse no ministério...

– Ah, acho que não foi esse trabalho que Nick descobriu...

– Qual foi então? Não me diga que ela é líder de uma agencia secreta ou algo do tipo...

Se Fred abrisse a boca, eu não hesitaria: meu filho seria órfão!

– Bem, esse emprego, é melhor não comentar. Ela me castra se eu falar alguma coisa. Ah, e não conte a ninguém que ela é uma General, ela é meio reservada...

– Ela é incrível. – Panti disse meio admirada.

– Eu sei... – Fred suspirou.

Fiquei constrangida, e saí dali. Eu não era tudo aquilo, odiava quando Fred saia fazendo propaganda enganosa de mim. Acariciei meu ventre e segui para o quarto de hóspedes. Abri a porta e me deparei com duas camas. Uma impecavelmente arrumada, quase brilhando celestialmente de tão limpa, mochila organizada, materiais arrumados. Na outra entre um emaranhado de tecidos jazia um corpo, não se tinha certeza onde estava a cabeça, ou os pés. Mesmo com o sol do meio dia jorrando em seu rosto ele continuava inerte, espalhado, desfalecido respirando pesadamente.

– Nick. – sentei-me na beirada da cama e cutuquei algo que parecia ser seu ombro.

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– Hmm... Não fui eu...

Tirei o travesseiro do lugar e achei seu rosto. Cabelos desgrenhados rosto sereno – nada sensual – respiração ritmada. Baguncei seus cabelos – mais ainda – e voltei a sacudir seu ombro.

– Nicolas... Vamos já passa do meio dia.

O loiro então deu sinal de vida, bocejou longamente, se espreguiçou, e voltou a tapar o rosto com o travesseiro. Revirei os olhos. Com um aceno de varinha virei o colchão derrubando o corpo no chão com um pesado baque mudo.

– Hey! Cacete, não sabia que não se acorda um homem que dorme?

– Certo Pirata, levanta daí e não enche.

Saí do quarto e rumei para a cozinha, dessa vez ruidosamente já quase berrando do corredor:

– Bom dia! – eu adentrei a cozinha.

– Oi amor. – Fred me deu um selinho.

Panti me lançou um olhar respeitoso.

– Bom dia... – ela disse.

– Então dormiu bem? - perguntei me dirigindo à cafeteira.

– Ah sim, obrigada. Que horas eu e Nick voltamos para a escola?

– Bem eu só tenho que passar alguns exercícios para vocês praticarem sozinhos e despacho vocês pela lareira, Fred mandará um patrono avisando A Diretora McGonagall.

Passos arrastados adentraram a cozinha, um loiro que parecia ter sido atropelado por um caminhão.

– Bom Dia – ele murmurou sentando-se na mesa da cozinha e desabando a cabeça sobre o braço. – Ai, meu corpo dói, minhas pernas doem, meu braço dói...

– Sedentário... – eu disse entregando uma xícara de café para ele enquanto dava um gole da minha xícara de gato que Fred havia me dado.

– Sedentário... Chega aqui pertinho que eu te mostro o sedentarismo... – ele arqueou uma sobrancelha.

– Alguém dormiu com a bunda destapada – Fred murmurou.

Enchemos o saco de Nick durante mais alguns momentos, eu fui para o escritório e passei feitiços para que eles treinassem depois sozinhos.

– Que horas nós vamos? – Panti perguntou. Se não a conhecesse diria que ela estava quase se convidando para ficar.

– Minerva mandou um Patrono, já está esperando vocês na sala dela. Vocês viajarão pela lareira. – Fred disse sentado no sofá.

– Bem, hoje nós temos um jantar... Coisa chata de emprego, mas semana que vem vocês podem passar a tarde conosco, assistir a filmes, dar uma volta de bicicleta até o vilarejo... Se quiserem...

– Seria legal... Sair um pouco daquela escola para variar – Nicolas revirou os olhos.

– É. Acho que pode até ser legal – Panti retomou seu tom orgulhoso Sonserino.

Despedimo-nos e eles partiram. Caí no sofá, morta, como queijo qualho derretido na calçada em um dia de verão.

– Gostei deles. – Fred deu de ombros – Só achei aquele loiro meio saidinho...

Eu apenas ri.

Repentinamente uma imagem surgiu em minha mente: Yakisoba, fumegante, com legumes regados de molho, aquela massa crocante que derrete na boca.

Ah, aquele sabor salgado que é amenizado pelos legumes mal cozidos e a pitada de açúcar, o toque que fica na língua do óleo de gergelim, a sensação de fechar os Hashis na massa e levantá-la até a altura dos olhos.

A carne de frango que contrasta com a carne vermelha, que incorporam o gosto do Shoyo e deixam um sabor esplêndido no fundo da boca.

Yakisoba é tão bom que me dá vontade de chorar.

Minha barriga rugiu.

– Fredoca boboca... – eu disse me ajeitando no sofá e ficando de frente para o ruivo.

Ele estava falando alguma coisa, mas eu estava muito ocupada salivando.

– Hm...

– Você não quer comprar Yakisoba? - eu sorri descaradamente.

Os olhos dele brilharam. E ele saiu pela sala fuçando as estantes.

– Own, seu primeiro desejo, tenho que tirar uma foto disso... – Ele se virou para mim com uma câmera nas mãos – E temos que fazer uma diário... nem acredito que finalmente vou começar a ter alguma utilidade como pai...

– Não se preocupe, você vai ser útil quando ele precisar trocar as fraldas...

– Ou ela...

– Acho que é ele... Sonhei com um garoto ontem a noite.

Fred tirava fotos. Eu estava horrível e provavelmente queimaria o filme da máquina mais tarde, mas ele estava tão empolgado que resolvi não cortar seu barato.

Ele falava pelos cotovelos e dizia que eu estava linda. Minha barriga roncou novamente e ele entendeu que aquela era a deixa dele: saiu correndo, colocando uma luva de cada cor e um grosso casaco. Voltou quinze segundos depois reclamando que tinha se esquecido de que já era primavera.

A porta bateu e ele se foi.

Fiquei sozinha na sala, olhando a minha biblioteca que cada vez tinha mais livros. Sentei no Piano e comecei a arriscar algumas notas. Não sabia tocar embora soubesse ler partituras e soubesse achar as devidas notas no instrumento.

Toquei então o clássico dó-ré-mi-fá, e um pequeno pedaço de Edith Piaf que minha mãe me ensinara.

Minha mãe. Céus, eu estava com saudade dos meus pais, queria contar para eles que eles serão avós. Eles ficariam tão felizes... Provavelmente meu pai castrasse o Fred e me passasse uma bronca por eu ser muito jovem. Mas enfim, até das broncas dele eu estou com saudades. Sinto falta de ser filha só pra variar. Comer um lanche feito pela minha mãe enquanto assisto House, Discutir a lição de casa com meu pai, quase morrer de vergonha quando eles começam a cantar juntos na cozinha, e ouvir suas histórias nojentas sobre cáries durante o jantar.

Ou quando Harry e Rony iam dormir lá em casa e meu pai ficava feito um cão de guarda, nunca deixando-os dormir no quarto comigo.

Eu quero meu pai... Eu quero minha mãe... Quero voltar no tempo quando as coisas não estavam tão ruins.

CREC.

– Eu comprei Yakisoba, e trouxe também sushi – ele fez uma careta – e também trouxe suco... E chocolates...

– Certo, passe-me apenas o Yakisoba – eu me levantei e saltitei até o ruivo que estava cheio de sacolas. – você não devia gastar com bobagens...

– Hermione, não corte o meu barato. – ele laçou minha cintura e fomos até a mesa onde eu heroicamente evitei que meu filho nascesse com cara de sushi.

***

Sabe aquela história que:

Mulher grávida fica enjoada. Mulher grávida tem vontade de mijar o tempo todo. Mulher grávida fica sensível. Mulher grávida fica inchada. Gente caolha perde o senso de profundidade.


É TUDO VERDADE!


Eu já tinha ido ao banheiro umas seis vezes, das quais três foi alarme falso de vômito. E agora eu estava com vontade de chorar por que o vestido que eu ia usar nesse jantar idiota da Ordem não queria entrar, e Fred já tinha derrubado suco/água/refrigerante umas dez vezes por calcular mal a distancia entre sua mão e o copo, acabando por simplesmente dar um tapa no copo e derrubá-lo no chão. Depois da segunda vez o proibi de usar copos de vidro.

Fred entrou no banheiro, com problemas com sua gravata borboleta.

– Nossa... Você está linda.

Fuzilei-o com o olhar.

Eu tinha tirado a maquiagem pela terceira vez, meu coque estava se desmanchando, meu vestido estava entalado na minha cintura e minhas olheiras me deixavam parecida com um panda. Enquanto ele, lindo e maravilhoso parecia um aristocrata pirata inglês, com sua linda gravata borboleta e seus cabelos sedosos ruivamente penteados para trás.


“Maldito, você fez isso comigo!” minha consciência gritava enquanto imaginava se banhando no sangue do ruivo.

Suspirei longamente.

– Não queria ir. – resmunguei. – queria ficar em casa lendo Lolita, ou alguns contos machadianos...

Fred empalideceu.

– O que?!

– Na verdade eu...

– Você tem esse livro?! - Fred quase gritou exasperado.

– Não... – eu suspirei incomodada – Luna achou a versão em pdf, no computado... Eu te contei não contei, foi um dos livros que eu perdi, eu tinha a primeira edição mas... Por que tanto interesse no meu livro?

O ruivo parecia que iria derreter de alívio.

– Ah... É... Que... Bem, esse livro é tenso! – ele disse ajeitando os fios ruivos. – O cara é doente, quer dizer, a garota tem 12 anos...

Aos desavisados, Lolita não é exatamente o tipo de livro que podemos classificar como didático, mas é parte da minha história. Meu ‘tatatatata[...]taravô’ leiloou a primeira edição desse livro, e ele acompanha os Granger desde então. Eu particularmente sou apaixonada pela escrita e pelo roteiro, nunca me canso de ler. Isto é, nunca me cansava.

No meio tempo que estava presa na mansão Malfoy, Fenrir achou meu livro, fui estúpida em trazê-lo comigo, mas ele era meu livro de estimação. Provavelmente ele o queimou, jogou no lixo ou na melhor das hipóteses vendeu a algum colecionador. Senti-me mal pois meu avô deixou o livro para mim, e eu o perdi. Não gostava de falar desse livro, pois sempre me lembrava o quão indigna eu era.

A verdade é que Luna tinha me passado o livro pelo computador há meses e só agora tive coragem de (re)começar a lê-lo.

– Queria acabar de ler meu livro...

– Não senhora, hoje nós vamos anunciar a breve chegada de um novo Weasley.

– Granger. – eu disse finalmente entrando no vestido.

– Granger Weasley. – ele beijou o alto da minha cabeça. – Soa bem.

Meu cabelo ganhou, apenas fiz uma trança, pois ele estava muito armado. Passei base, lápis de olho para disfarçar a cara amassada e Fred me obrigou a passar batom. Segundo ele aquela era uma noite especial e que mais tarde eu iria matá-lo se ele deixasse que eu fosse desarrumada.

Não entendi bolhufas.

E acredite quem quiser, acabou que quem me maquiou foi Fred.

– Você está sabendo demais dessas coisas se quer saber... – eu disse com um sorrisinho maldoso. - você anda usando minhas maquiagens quando eu não estou é?

– A maquiagem, os sapatos, os vestidos, tudo amor, tudo... – ele riu – na verdade era eu e Jorge que brincávamos com a Gina de desfile. – ele revirou os olhos.

– Por que ela não fazia isso com Gui que sempre teve cabelo comprido? – eu disse indo coçar o olho. Recebi um tapa na mão de Fred que foi assustadoramente exatamente igual ao que Gina costumava me dar.

– Por que ela gostava de vestir eu e Jorge iguais. Ela dizia que éramos bonecas gêmeas.

– Diz pra mim que existe uma foto disso.

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Fred estalou a língua.

– Existe. Gina nos chantageia com essa maldita foto até hoje.

Só não rolei de rir por que Fred disse que tinha que esperar o delineador secar. Só ele pra me animar. Tudo na minha vida está de cabeça pra baixo, mas até isso parece normal quando eu tenho ele.

– Te amo. – ele disse repentinamente.

Diminui o riso.

– Você fica dizendo isso de repente...

– Você está coradinha... NHÓ QUE FOFINHA!

– Não estou não! – protestei sentindo minha têmpora saltar.

– Esta sim... quer ver ficar mais: Te amo sua gostosa.

– Fred! – certo, eu senti o sangue sair das minhas pernas, e meu rosto esquentar.

– Você não tem vergonha quando... [para o efeito de ter menores de idade lendo esta fic (e o fato da escritora também ser menor de idade) não vou colocar o conteúdo da provocação verbal do nosso ruivo tarado]

Voei em Fred e tampei sua boca antes que ele continuasse a falar. Eu não era tão devassa assim. Ou será que era?

“É sim.”

“Cala a boca consciência ninguém pediu sua opinião.”

“Ficou nervosinha é?”

“Não me faça ir ai te dar um supapo.”

“Calei.”


– Não fale esse tipo de coisas. – eu fiz bico. – parece o Nicolas falando.

Ele riu-se e mexeu em minha trança.

– Tenho que aproveitar pra falar merda enquanto moramos sozinhos.

– Sei. Com um pai como você, um tio como Jorge, e um Padrinho como Lino, meu Naoki vai ser um “Menino de Engenho” versão Inglesa.

[N/A: Menino de Engenho é um livro MUITO bom, brasileiro, que eu sugiro como leitura, apesar de ser ligeiramente Tenso, onde retrata um garoto que cresce em um engenho de cana e se preconiza sexualmente. Só para efeitos de contextualização posterior e para vocês terem noção de como é o livro, Carlinhos era cuidado por uma babá-professora que para fazer que o garoto o a obedecesse masturbava-o. Detalhe, nisso o garoto não tinha ainda 12 anos. Que bom né, não sei por que eu escrevi isso. ].

Fred apenas riu-se.

– Precisamos contratar uma babá então. – ele disse maliciosamente. – teremos aulas pai e filho.

A sorte de Fred é que ele estava de tapa olho e que ninguém veria o roxo em seu olho. Saí do banheiro pisando em seu pé e marchando para o quarto. Ele ficou com o seio do olho completamente vermelho, mas ainda assim não sabia se ria ou se gemia, murmurando que era brincadeira e tentando me seguir mancando.

– Aula pai e filho... – eu murmurei, minha têmpora estava saltada como em desenhos animados e eu sentia aquela aura negra descer pela minha testa, provavelmente me dando ares demoníacos.

– Eu estava brincando... – Fred me abraçou por trás e beijou meu pescoço. – eu nunca deixaria Naoki ter esse tipo de aula comigo. Seriam períodos diferentes...


Chegamos tarde ao jantar, Fred tinha marcas de mordidas pelo ombro, o outro olho estava ligeiramente inchado e eu o tinha chutado tão forte na canela que ele mancava. Digamos que eu passei uma meia hora espancando-o antes de sair de casa e agora ele estava ao meu lado, como um cachorro que leva bronca depois de ter mijado no tapete. Nesse exato momento eu finalizava a bronca.

– [...] E da próxima vez que você falar algo assim eu corto suas bolas entendeu?

– Entendi...

– E como se fala? – eu coloquei a mão na cintura.

– Desculpa. – o ruivo tinha as mãos nos bolsos e chutava a pedrinhas do chão, fitando-as serem arremessadas para longe. Ele parecia ter dez anos.

Eu estava com um sapatinho preto de boneca com um salto monstruoso, o que permitiu que eu me esticasse para dar-lhe um selinho. Ele sorriu. Paramos para contemplar onde estávamos. Ema casa grande e imponente, era a sede americana dos aurores, mas hoje apenas a ordem e alguns amigos estariam aqui. Hoje eu contaria que estava grávida.

Em resposta ao meu nervosismo, Naoki tentou dar um triplo carpado na minha barriga, aterrissando em cima da minha bexiga.

– Estou nervosa.

– É...

– Tipo muito.

– É...

– Preciso ir no banheiro...

– De novo? – Fred me olhou atônito.

– Reclame com seu filho que não para de sambar em cima da minha bexiga. – revirei os olhos.

Eu obviamente estava sendo irônica, mas quando vi Fred estava ajoelhado, segurando minha barriga entre as mãos com a boca tenuemente encostada nela.

– Eu sei que deve estar apertado aí, mas eu prometo que vou ver se consigo colocar um feitiço de expansão ou algo do gênero...

Seria fofo, se ele não estivesse falando sobre colocar um feitiço de expansão no meu útero.

– Fred, amor, levanta daí, pelas cuecas de Merlin.

Ele beijou minha barriga e se levantou.

– Pronta? - Engatou minha cintura.

– Não. – murmurei.

– Nem eu.

Nesse clima de pernas tremendo mais que vara verde, e com a imagem de uma senhora Weasley cortando nossas cabeças com imensa Katana japonesa (estilo Kill Bill), batemos na porta.

Apertei os dedos de Fred e instintivamente passei meu braço sob meu ventre.



Light a fire, a fire a spark

Light a fire, a flame in my heart

We'll run wild


We'll be glowing in the dark.