Seu Humberto chega a um prédio de luxo e desce ao estacionamento subterrâneo do mesmo e estaciona seu carro.

– É isso! - diz Seu Humberto.

– É isso o que, pai? - diz Fernando, confuso. Dona Terezinha e Seu Humberto se entreolham e finalmente ela entrega para Fernando uma chave.

– Omar mudou-se para a casa da Carolina. A Márcia mudou-se também e entregou o apartamento para o dono, pois você, Fernando, ia embora. A Lety também ia para o litoral e, ainda que não fosse, morava com os pais. Então sabíamos que vocês não tinham onde morar quando voltassem, por isso, enquanto passaram essas duas semanas de lua-de-mel, compramos para os dois um apartamento.

Fernando fica surpreso e sem palavras, assim como eu. Nossa, eu não acredito que já temos onde ficar, confesso que não tínhamos pensado nisso, já que tudo aconteceu muito rápido. Tudo isso parece um sonho. Quem podia imaginar que a Lety, a feia do bairro, ia casar-se com um homem como Fernando e morar em um prédio desses.

– Pai, mãe, nossa, estou sem palavras, muito obrigado, mesmo! - Fernando pega a chave e abraça sua mãe e em seguida, seu pai.

– Dona Terezinha, Seu Humberto, não sei como agradecer, muito obrigado! - digo sorrindo.

– Não precisa agradecer Lety, você salvou nossa empresa, e mostrou-se fiel e determinada com a nossa causa... - disse Seu Humberto

– ... e ainda deu um jeito no Fernando e o faz muito feliz - completa Dona Terezinha.

Nós dois sorrimos e agradecemos mais uma vez. Descemos do carro e pegamos nossas malas, nos despedimos e vamos em direção ao elevador.

O prédio tem 13 andares e há 10 apartamentos em cada andar. Nosso andar é o sétimo e nosso apartamento é o 708.

Chegamos e Fernando põe a chave na fechadura e destranca a porta, mas não abre.

– O que foi? - pergunto, confusa.

– Letyy, Letyyy, Letyy, temos que fazer uma coisa... - diz Fernando entusiasmado e colocando nossas malas no chão. Ele junta as mãos e assopra, rindo para mim, entusiasmado. Após isso ele estende os braços e, repentinamente me pega no colo.

– Aiiii Seu Fernando, que isso?? - digo assustada

– Você me chamou de "Seu Fernando"? - diz ele

– É que eu me assustei, aí, pelo costume, saiu sem querer hihihi - digo nervosa e dou três piscadinhas com os olhos.

– Aiiii Letyyy, como amo quando você faz isso com os olhos - diz Fernando, que logo depois me beija.

Finalmente ele abre a porta e entramos. Ele me põe no chão. Ficamos impressionados com a grandeza do apartamento e com a decoração impecável.

– Nossa Fernando, esse apartamento deve ter sido muito caro - digo impressionada

– Pois é Lety - diz ele, também impressionado.

O apartamento era incrivelmente amplo. De frente para a porta tinha uma janela enorme, do teto ao chão, que mostrava toda a rua. Do lado direto da porta estava a sala de estar, com um sofa enorme, 4 poltronas, duas na frente do lado direito do sofá e as outras duas, na frente do lado esquerdo do sofá. Um tapete grande e uma incrivel mesa de centro. E mais tinha um quadro grande acima do sofá, completando a decoração da sala.

Do lado esquerdo da porta tinha uma grandiosa mesa de jantar com 12 lugares e um lustre acima dela. Ao fundo tinha uma cozinha americana, com a abertura tradicional que permitia ver um pouco dela e quem estivesse nela, permitia ver um pouco da sala de jantar e da sala de estar, que era ao fundo.

Ao lado esquerdo ainda, tinha um corredor que tinha três portas, a primeira, à direita, era do banheiro de visitas, que era incrível. A segunda porta, que era à esquerda, era do quarto principal, que era uma suíte. Entrando no quarto víamos portas de vidro de correr que dava para a varanda. Do lado esquerdo da porta, mais duas portas, uma do banheiro e outra do closet, o que me fez lembrar que precisava ir a casa dos meus pai buscar todas as minhas coisas. A cama era enorme e ficava em frente a uma TV grande.

E voltando ao corredor, a porta ao lado da porta do quarto principal era do quarto de hóspedes, que também era maravilhoso. E no fim do corredor, uma porta no centro, era da lavanderia.

– Meu amor, que apartamento espetacular! É como um sonho! Difícil de acreditar que tudo isso está acontecendo. Sabe - disse, me direcionando ao quanto e sentando na cama, Fernando senta ao meu lado - olhando esse apartamento e sabendo que seus pais o compraram para nós, me lembro de quando eles me pediram para procurarem uma casa para você e a Dona Márcia. Como foi difícil essa situação...

– Minha Lety, tudo isso acabou, nosso amor venceu, e venceu tudo, porque ele é mais forte e é verdadeiro, não fique triste, nem lembre dessas coisas...

– Eu te amo meu Seu Fernando - digo, e coloco minhas mãos em seu rosto.

– Só Deus sabe o quanto eu te amo Lety, só Deus sabe... - ele diz e me beija.

Após isso, selamos nosso amor pela primeira vez de muitas naquela nova casa.

– Meu amor, precisamos buscar nossas coisas nas nossas antigas casas - digo sorrindo, enquanto penteio meus cabelos molahdos do banho.

– Sim Lety, vou só colocar uma roupa e saímos. Passamos primeiro na sua casa para pegarmos seu carro e irmos para a casa de meus pais pegar o que resta das minhas roupas, porque quando voltei daquela minha fuga, fiquei na casa de meus pais, antes de irmos para Monterrey - disse ele.

– É verdade, você não tem mais carro! E como vamos para minha casa, ou melhor, para a casa dos meus pais hihihi?! - digo

– De táxi minha Lety - diz ele, enquanto se arruma.

– Ah sim, claro - digo.

Fernando se arruma e quando estamos prestes a sair eu procuro minha bolsa.

– Amor, não consigo encontrar minha bolsa! - digo

– Como assim? Será que você não deixou no carro dos meus pais?

– Ah sim, devo ter deixado, na hora da emoção estava ansiosa para conhecer nosso apartamento logo e saí sem minha bolsa. E agora? O que vamos fazer? Você tem dinheiro para o táxi? - digo

– Ah não! Minha carteira estava na sua bolsa, esqueceu?!

– E agora, como vamos para minha casa, ou melhor para casa de meus pais?

– Já sei - diz Fernando, se dirigindo ao banheiro. Quando ele volta, mostra umas notas. - Quando descemos do avião comprei um refresco e me sobrou isso. - ele diz

– Mas isso é muito pouco para um táxi para minha casa, ou melhor, para casa de meus pais. Ela é longe daqui. - eu digo

– Mas dá para o ônibus, não? - diz ele

– Sim, dá até para três! Mas não sei muito bem pegar ônibus daqui. Você provavelmente também não sabe hihihi - digo rindo

– Ok, dona Lety, mas podemos perguntar, ok?! - ele diz, fingindo estar ofendido.

– Ok meu amor, então vamos, se não fica tarde. - eu digo, pois já beirava às 18:30.

Descemos e em frente ao nosso prédio tinha um ponto de ônibus, atravessamos e fomos até lá.

– Amor, olha, esse é o número do ônibus que eu pegava quando voltava da Conceptos, esse nos deixa bem perto. Vamos pegá-lo.

Subimos no ônibus e o mesmo fez um trageto completamente diferente do que o ônibus que eu costumava pegar fazia...