POV Cascão

Todos os meus amigos tinham ido treinar. Eu definitivamente me sentia excluído. Não sabia quem eram meus pais... Não sabia mais nem quem eu era.

Comecei a andar pelo tal Acampamento, chutando pedras e praguejando em uma língua que eu não fazia ideia que sabia. Chutei mais uma pedra em direção a uma árvore.

Aquilo teria sido extremamente normal... SE EU AINDA ESTIVESSE NO BAIRRO DO LIMOEIRO. Mas ali aparentemente nada era normal. Aquela árvore velha que eu atingi se abriu.

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De dentro dela, saiu um homem, ou melhor, um deus. Hermes. Como eu sabia que era Hermes? Não pergunte. E logo depois, Deméter. O que eles estavam fazendo lá?

Eles vieram falar comigo.

– Olá, Cascão, estávamos esperando por você. - disse Deméter.

– Precisamos te contar algo. - concluiu Hermes.

Eu já havia notado. Eles eram meus pais. Então, envolto de raiva, gritei:

– NÃO É NECESSÁRIO! JÁ DESCOBRI QUE VOCÊS SÃO OS MEUS PAIS. MAS NEM TIVERAM A CORAGEM DE ME RECLAMAR ONTEM, DIANTE DE TODOS!

– Mas espere... - disse Deméter.

– Então digam logo. - falei, revirando os olhos.

Tentei correr, mas Deméter me envolveu em correntes fortes como ferro, mas feitas de Trigo. Ela se aproximou e segurou meu rosto com firmeza. Suas mãos tinham cheiro de cereal.

Ela olhou bem fundo em meus olhos e, então eu percebi um pequeno feixe de luz dourada saindo de seus olhos e entrando nos meus. Eu sabia que havia recebido a benção permanente de Deméter. Ela se afastou e se desintegrou como trigo incinerado. E deixou, caído no chão uma coisa que parecia um grão de cereal, mas era na verdade uma pedra. Quando ele caiu no chão, senti uma enorme dor em meu braço. Era como se alguém estivesse me cortando.

Quando meu pai se aproximou, ele me pegou e me envolveu em um abraço. Mas não um abraço comum. Um abraço envolto em bençãos que agora, tomavam conta de mim. Eu as sentia preenchendo minha essência.

E logo quando ele me deixou no chão, novamente, totalmente desnorteado, eu senti novamente aquela dor no meu braço, mas antes de conseguir vê-lo, vi meu pai explodir em uma supernova que seria capaz de matar qualquer mortal ou semideus. Mas eu não era nem um dos dois. Eu era um deus. Quando cheguei perto de onde ele e minha mãe haviam ido embora, vi a pequena pedra, mas, que agora, estava envolta em uma estrutura de anel. Coloquei-o no meu dedo e apertei a pedra. O anel cresceu, até eu ter em minhas mãos uma faca de dois gumes feita de bronze celestial, bronze mortal e... ferro Estígeo. E o seu punhal, feito de couro, encaixava perfeitamente em minha mão.

Apertei uma botão no final do punhal e ela voltou a ser o meu anel.

Minha arma.

E quando tomei coragem para olhar o meu braço havia marcado nele o Caduceu que Hermes carrega, e no lugar das duas cobras, haviam ramos de trigo. Meus pais haviam me deixado a marca mais profunda que poderia ter.