Como Se Ainda Fosse Real

Sua noiva é louca.


Dolorida, cansada e desnorteada. Era como Hermione se sentia quando recobrou a consciência. A garota não conseguia abrir os olhos, mas a julgar pelas dores que sentia no corpo, além das que sentia antes de ser trazida para sabe-se lá onde, sabia que estava no chão. Tentou controlar a respiração e moveu a cabeça para o lado, onde parecia mais claro, e se forçou a abrir os olhos castanhos que gritaram ao dar de cara com a luz da pequena janela do que parecia ser uma cela. Os olhos da garota, depois de acostumarem com a claridade, correram a sala analisando cada mínimo detalhe que fosse possível, embora não houvesse muito o que analisar: As paredes eram escuras e, tirando a janela, não havia nada nelas. O chão era de madeira e, segundo corpo de Hermione, bem duro. Em uma das extremidades da sala, uma porta do que parecia ser aço estava fechada e dava a impressão de que não se abriria tão cedo.
A morena continuou a analisar a sala, ainda deitada, até encontrar outra pessoa ali, olhando para ela.
― Você está bem? ― Fred perguntou, enquanto a garota sentava.
―Já estive melhor. Onde estamos? Quem eram aquelas pessoas? E, por Mérlin, onde está Rose? ― Hermione perguntou, lembrando dos últimos momentos.
― Eu adoraria poder responder cada uma dessas perguntas, Mione. Mas sei tanto quanto você. ― o ruivo suspirou, apoiando a cabeça na parede. ― Só nos jogaram aqui e desapareceram.

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―Há quanto tempo estamos aqui? ― a morena perguntou, finalmente conseguindo sentar.

―Segundo essa janela, uns dois dias.

―Dois dias?! Você só pode estar brincando comigo, Fred. ― Hermione tentou levantar, sendo jogada de volta ao chão assim que moveu o corpo. ― Mas que...

― Pois é. Estamos literalmente presos aqui e não tem nada que, aparentemente, possamos fazer. ― o ruivo suspirou, jogando a cabeça para trás enquanto Hermione colocava a mente para trabalhar.

Não podia ter passado todo esse tempo inconsciente e, com certeza não podia ter passado todo esse tempo longe da filha, que ela nem sabia onde e com quem estava. A garota forçava sua mente a acreditar que a pequena estava bem, que quem estivesse por trás disso não faria mal a uma criança, e mesmo assim ela nunca havia estado tão preocupada.

Ignorando o ruivo, que trazia diversos cortes e hematomas no rosto, tentou levantar-se outra vez para simplesmente ser jogada no chão novamente. Olhou ao seu redor e, apesar de não conseguir ver nada, sentia algo apertando sua cintura, como se fosse uma corda. Bufou e voltou a olhar para a sala onde estavam, buscando qualquer coisa que pudesse ser útil naquele momento, já que estava, também, sem a varinha, mas tudo o que via era o grande vazio da sala. E Fred.

―Desculpe se soar indelicado, ― Hermione disse, depois de um longo tempo em silêncio ― mas o que faz aqui?

O ruivo sorriu antes de responder: ―Eu vim atrás de você. ― os dois se encararam por alguns instantes antes do rapaz continuar. ― Eu não podia deixar você sozinha e você chamou pela Rose e... Não foi uma decisão muito inteligente, mas foi a primeira coisa que me passou pela cabeça.

― Tem razão, não foi nem um pouco inteligente. ― os dois sorriram e Hermione continuou ― Mesmo assim, obrigada.

―Rose é minha filha. Talvez eu não entenda muito sobre ser pai, mas sei que vou fazer o impossível para que nada aconteça a ela. A vocês duas, na verdade. Achei que já soubesse disso. ― Fred procurou o olhar de Hermione que sorriu, sem ter ideia do que responder. Os dois não conversavam direito há muito tempo e era estranho encará-lo depois de toda essa loucura.

―Talvez eu saiba, mas mesmo assim, Fred. Obrigada. Nós dois sabemos que você não precisa... ―Hermione foi interrompida por uma explosão seguida de alguns gritos e, em seguida, pela porta de aço batendo contra a parede da sala, liberando a passagem para um Harry extremamente irritado

―Vocês estão bem? Eles fizeram alguma coisa com vocês? ― o moreno perguntava, soltando os dois com breves feitiços. Ajudou Hermione, que se sentiu tonta ao levantar, e em seguida se virou para Fred, que já empunhava a varinha recém devolvida. ― Sua noiva é louca.

***

―Por favor, alguém diz que isso é uma brincadeira de mau gosto. ―Hermione sentiu a mão fechar ao redor da varinha, pronta para empunhá-la e atingir meio mundo.

―Mione, eu...

― Você tem noção da besteira que você fez? Júlia, algo grave podia ter acontecido. Alguém podia ter morrido por causa disso! Eu não sei em que mundo você vive, mas no mundo real você não pode simplesmente sequestrar duas pessoas e esperara que seus amigos as resgatem para fazer um filme parecer real! Pessoas se machucaram nessa sua loucura e coisas piores podiam ter acontecido. Da próxima vez que quiser fazer algo entre amigos, pergunte se eles aceitam participar disso. ― a morena se jogou em uma das cadeiras do escritório onde estavam e deitou a cabeça nas mãos, respirando fundo.

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Júlia, que deixava algumas lágrimas caírem, se virou para o noivo, que estava em pé ao lado da janela, olhando para fora sem expressão alguma. Ela e sua equipe estavam gravando um filme onde várias cenas de ação aconteciam e não pareceu uma má ideia sugerir envolver o cunhado nisso, afinal, não teria dificuldade em trazer Harry e sua equipe de aurores para a praça onde estavam gravando sem que o rapaz soubesse da verdade. Seria muito mais real gravar com pessoas profissionais do que com atores, e Júlia sabia que eles só precisariam do incentivo certo. O único problema foi não pensar nas consequências.

―Me desculpem, de verdade, eu... Eu achei que... Me desculpem.

― Esquece isso― Hermione levantou, suspirando. ―Aparentemente, já passou. ―ela olhou para Harry e criou coragem para perguntar: ― Onde está Rose?

―N'a Toca. Gina e Molly ficaram com ela esses dias, já que Malfoy teve que ficar de plantão. Estou indo para lá agora, você vem?

―Sim, claro.

―Hermione, me desculpe, de verdade.

―Não se preocupe― a garota forçou um sorriso― vamos superar isso.

Assim que Harry e Hermione aparataram, Júlia mudou completamente a expressão arrependida para a mesma que Fred tinha, desapontamento.

―Qual a necessidade disso tudo, Júlia? Por que não podia, simplesmente, gravar como sempre fez, com atores de verdade?

―Não sei, Fred. Por que não podia me contar que Hermione é a ex que partiu seu coraçãozinho e que vocês têm uma filha juntos? Por que eu tive que esperar essa situação toda para descobrir isso?

―Isso não...

―Nós vamos nos casar em alguns meses, Fred. Até quando pretendia esconder isso de mim? ― a garota balançou a cabeça, soltando uma risada irônica pelo nariz. ― Quando resolver ser verdadeiro comigo, Fred, me procure.

Júlia saiu do escritório, deixando o noivo para trás, sem entender nada do que estava acontecendo. Fred suspirou e vestiu a jaqueta trazida pelo cunhado, e saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Lembrou-se de Rose, de como ela deveria estar por ter passado esse tempo sem notícias da mãe, e sentiu o coração apertar: Hermione não era a única preocupada e com saudades da pequena. Hermione. O impulso por ir atrás dela, ter ficado observando a garota quase todo o tempo em que estiveram presos, a breve conversa que tiveram... E então, Júlia e essa mais nova loucura.

O ruivo suspirou e aparatou para um bar, o preferido dele e do irmão. Precisava, agora mais do que nunca, de uma bebida forte, que o impedisse de não pensar, porque, se o fizesse, ficaria louco.