Como Irritar Um Capitão Pirata

Capítulo 20 - De volta ao Jolly Roger


Capítulo 20 – De volta ao Jolly Roger

Tinker Bell e Will se afeiçoaram tanto que a fadinha simplesmente não queria deixar que ele fosse: manteve-se agarrada a seus cabelos, e toda vez que alguém tentava tirá-la de lá, Tink ameaçava morder a mão da pessoa.

– Quer sair daí? Eu já disse que precisamos ir agora – o Capitão insistiu mais uma vez, e ela ainda se recusava a largar Will.

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– Tink, Tink, seja uma boa menina – Will disse de forma carinhosa – Ainda podemos nos encontrar por aí algum dia...

– Mas eu quero ir com vocês – ela choramingava – Não me deixem aqui nessa maldita ilha... Eu quero ser livre...

– Sinto muito, docinho, mas Pan nos mataria se fizéssemos isso – e o Capitão deu o assunto por encerrado. Ele subiu a bordo de seu navio e então foi encontrar Ruby, que descansava na cabine.

– O que está acontecendo lá fora? – ela perguntou quando Killian passou pela porta e ele sorriu ao vê-la esparramada em sua cama.

– Tinker Bell quer vir conosco. Já disse a ela que Pan nos mataria se pensássemos em trazê-la.

– Eu vou falar com ela – Ruby ficou em pé de um pulo e então o Capitão a puxou pelo braço, quando ela passou por ele.

– Ei, não esqueça meu beijo – ele fez biquinho e a Princesa riu. Eles trocaram um breve selinho e então Ruby subiu ao convés.

Já estavam todos prontos para partir. Os marujos se sentaram por ali em caixotes de madeira, ou mesmo no chão, e esperavam até que pudessem colocar o navio para navegar, ou nesse caso, voar. Tinker Bell chorava agarrada aos cabelos de Will enquanto ele tentava tirá-la de lá e a Fada Azul ameaçava tirar as asas da fada, caso ela não obedecesse.

– Você não duraria dois minutos longe da Terra do Nunca – ia dizendo a Fada Azul – Além disso, Pan iria procurar por você.

– Eu quero ser livre! Ele não pode me manter aqui a vida toda... – Tink choramingava com sua vozinha de criança.

– Eu sei, eu sei...

– Pobre criaturinha... – Smee estava penalizado.

Ruby veio caminhando na direção deles, e quando Tink viu a moça, soltou os cabelos de Will e voou para a Princesa.

– Princesa! Princesa! Diga a eles que eu não vou incomodar – ela pairava em frente aos olhos de Ruby – Por favor... eu ajudei vocês, não foi? Peça ao Capitão, ele vai ouvir você...

– Não podemos, Tink – Ruby se desculpou – É perigoso viajar por estes mares, e, além disso, Pan ficaria furioso se descobrisse que você veio conosco.

– Eu não me importo! Eu me resolvo com Pan! Mas por favor, me deixe ir...

– Tinker Bell, pela última vez – a Fada Azul veio até onde Ruby e Tink estavam – Você não pode ir com eles e seu lugar é aqui na Terra do Nunca. Entenda isso...

– Ah, está bem... – Tink finalmente se conformou e duas pequenas lágrimas escorreram por seu rosto – Me deixe ao menos me despedir... – ela foi até Will para se despedir e a Fada Azul se voltou para Ruby:

– É realmente uma pena, Tinker Bell é uma boa menina... Bem, temo que chegou a hora da despedida. Desejo a vocês uma boa viagem.

– Obrigada.

– Obrigado pela ajuda – o Capitão apareceu atrás de Ruby, enlaçando-a com seus braços fortes – Espero que não tenham problemas com Pan.

– Pan não pode nos proibir de ajudar as pessoas, é da nossa natureza querer ajudar. Só lamento ter demorado tanto para encontrá-lo, Capitão, mas receio que isso foi culpa sua...

– É, eu realmente não era alguém que merecia uma ajuda tão... poderosa. As coisas estão diferentes agora – ele sorriu e então abraçou Ruby com mais força.

– Bem, é melhor eu ir – Fada Azul sorriu – Em breve nos reencontraremos. Onde está Tinker Bell? – perguntou olhando em toda volta, à procura da fada.

– Já foi! – Will falou enquanto ajeitava o chapéu na cabeça – Disse que não gosta de despedidas.

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– Ela nem se despediu de mim – Ruby falou magoada.

– Ah, essa Tinker Bell... Bem, até logo! – A Fada Azul voou para a floresta e então o Capitão tomou seu lugar ao leme.

Eles navegaram até chegar ao mar aberto, e então soltaram a vela feita de penas do Pégasos. Houve um movimento brusco e o navio começou a se erguer, sendo levantado pelo vento. Os marujos riram animados e olharam a Terra do Nunca diminuindo lá embaixo, conforme o navio ia subindo. Logo eles chegaram à altura das nuvens mais baixas e em poucos minutos deixaram a Terra do Nunca.

***

– E então, qual é nossa próxima parada, Capitão? – Ruby perguntou a Killian depois de voarem por mais de uma hora. Tudo o que conseguiam ver eram as nuvens ao redor do navio e a luz da lua refletindo no mar. Ruby nem sabia como o Capitão estava conseguindo guiar o navio por entre as nuvens, mas presumiu que ele já devia conhecer o caminho muito bem.

– Você sabe, a Ilha das Sereias – ele disse olhando a bússola e então abaixou a voz – Não se esqueça de que temos um acordo a cumprir.

– Aposto que não contou isso a eles, não é? – ela observou os marujos que conversavam animados no convés.

– É claro que não. Não poderia, poderia? Eles se recusariam a ir até lá se soubessem que há uma bruxa.

– Então vamos pegá-los de surpresa?

– Exatamente.

– Sabe, eu não quero ser você quando a bruxa escolher um deles.

– Ah, obrigado por me lembrar disso, Princesa – o Capitão sorriu e piscou de um jeito sexy. – Por que ainda está usando a capa? Estamos fora de perigo, por enquanto.

– Ah, bem, eu gostei dela. Você mesmo disse que combina comigo.

– É verdade. Mas acho mesmo que você gostou de ser a Chapeuzinho Vermelho...

Ruby riu e então Will veio andando na direção deles.

– Ei, não tem nada decente para comer neste navio? – ele falou de modo despreocupado. Agora que ele e os irmãos praticamente tinham feito as pazes, não havia motivo para tratarem uns aos outros com arrogância.

– Só consegui encontrar barris e mais barris de rum...

– Há coisa melhor do que rum, irmão? Talvez devêssemos lhe preparar ovos com bacon, se preferir... – o Capitão disse em tom jocoso e Will revirou os olhos.

– Haha, é bem a sua cara... Na verdade eu queria algo melhor como... talvez frutas...

– Ah bem, não temos muito disso por aqui, você já deveria saber. Só vamos encontrar frutas quando pararmos numa ilha qualquer, e por enquanto vamos navegar em mar aberto até encontrar uma...

– Certo, acho que vou ficar com o rum... – ele saiu e Killian balançou a cabeça.

– Ele é mesmo um esfomeado.

– Fico feliz por estarem se dando bem – Ruby comentou e o Capitão sorriu.

– É, acho que estamos. Agora vá dormir, mocinha, está tarde e ainda temos uma longa viagem pela frente.

– Eu vou, mas fique sabendo que você não manda em mim – ela disse fazendo o Capitão rir e então o beijou na bochecha.

***

Na manhã seguinte, quando acordou, Ruby notou que ainda voavam. Dessa vez eles teriam de fazer um caminho mais longo até chegar à Ilha das sereias, e o Capitão disse que deviam levar pelo menos dois dias, mesmo o navio se deslocando rápido.

Os marujos faziam seus trabalhos habituais e ela notou que Will estava tendo um comportamento estranho, parecia estar escondendo algo e toda vez que alguém chegava perto, ele disfarçava e ajeitava o chapéu na cabeça. A moça, porém, não perguntou nada ao rapaz, preferindo ir ajudar na cozinha.

– Ei, você não precisa fazer isso – o cozinheiro John falou quando ela disse que queria ajudar – Pensei que agora que você e o Capitão se acertaram, você iria fazer as vezes de namorada e não de criada...

– Não sei se somos namorados – ela falou pensativa e disse a si mesma que iria perguntar ao Capitão o que eles eram – Mas eu gosto de ajudar, não gosto de ficar o tempo todo parada.

– Está bem, você é quem sabe. Hoje teremos lula para o almoço – ele mostrou um balde cheio d’água que continha uma lula enorme e de cor rosada boiando entediada. Ruby fez cara de nojo, mas ajudou o cozinheiro mesmo assim.

– O que aconteceu depois do Kraken? Lembro que o navio estava quase destruído. – ela perguntou enquanto limpava as entranhas da lula. -

Ah, nós passamos um aperto. Depois que o bicho morreu e você e o Capitão navegaram para longe no bote, não tivemos muito tempo para pensar. Muitos marujos morreram, Will e Smee estavam feridos, o navio estava prestes a afundar... Nós apenas rezamos para que você e o Capitão ficassem bem, e então tratamos de cuidar das coisas mais importantes. O Kraken conseguiu fazer um buraco na parte de baixo do navio e a água começou a entrar e não havia nada que pudéssemos fazer, achamos que íamos morrer... – ele fez uma pausa enquanto colocava uma panela no fogo – Foi aí que apareceu uma tal fada chamada Silvermist, e nos ajudou um bocado. Fez o navio flutuar até a ilha mais próxima e ficamos por lá fazendo consertos. Demorou uma semana até que conseguíssemos terminar, e então botamos o Jolly aqui para navegar.

– Uma semana? Mas só ficamos três dias na Terra do Nunca...

– Sim, mas você se esqueceu de que o tempo na Terra do Nunca é diferente? Lá o tempo é congelado, então pareceram apenas três dias, mas já se passaram duas semanas desde o ataque do Kraken.

– Duas semanas? Espere aí, quer dizer que hoje é dia... – ela pôs se a fazer cálculos mentais, contando da data em que fora seqüestrada, 17 de agosto. Então já fazia mais de um mês desde o dia do seqüestro.

– 23 de setembro – informou o cozinheiro.

– Então meu aniversário é daqui a duas semanas.

– É mesmo? Então temos que preparar algo especial para comemorar – John sorriu e Will apareceu na cozinha.

– O que temos hoje para o almoço?

– Lula – o cozinheiro indicou a lula sendo limpada por Ruby e Will fez uma careta de nojo, fazendo John rir – A Princesa fez a mesma cara que você.

– Ei, será que não há nada melhor para comer? Estou cansado dessas coisas nojentas.

– Sinto muito, rapaz, é tudo o que temos. Nós perdemos muita coisa quando fomos atacados pelo Kraken – John explicou à Princesa – e não tivemos tempo de parar para procurar provisões, pois estávamos preocupados com você e o Capitão. Só sobraram uns barris de rum e uns biscoitos duros.

– Biscoitos? Ah, não acredito! Pode me dar uns?

– Mas é claro, estão lá embaixo no porão – ele fez menção de ir buscá-los, mas Will o impediu.

– Pode deixar, eu mesmo busco – ele desceu a escada para o porão e Ruby comentou com o cozinheiro:

– Ele está tão esquisito...

– Acho que a escassez de comida mexeu com os miolos dele.

***

Ruby não fez questão de comer a lula, e mesmo o Capitão não fez cara boa para o almoço daquele dia. A maioria dos marujos só tomou rum e mastigou uns biscoitos duros feitos de farinha, que Will trouxera para cima.

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Willian estava agindo de modo estranho, e ficou muito tempo sentado no porão enquanto os outros se alimentavam. O Capitão não quis nem saber o que o irmão estava aprontado, agora estava preocupado apenas em descer para o mar e passar pelo portal. A Terra do Nunca ficava num mundo diferente do que eles viviam, de forma que precisavam passar pelo portal para chegar a ele.

Killian desceu o navio com um movimento meio brusco e Ruby foi para perto dele.

– E então, onde está o tal portal? – ela colocou uma mão sobre os olhos para tapar o sol e poder ver melhor.

– Você já vai ver. Até que chegamos mais rápido do que eu esperava.

– Ah, já estamos perto do portal – Smee comentou quando subiu ao convés para ver o que estava acontecendo. – Podemos parar numa das ilhas, Capitão? Logo os marujos irão enlouquecer com a falta de comida.

– Ah claro, tem uma ilha em que Ruby e eu fomos parar depois do Kraken. Então Will vai ter todas as frutas de que precisa.

Smee se afastou para contar a novidade aos marujos e então Ruby olhou para o Capitão:

– Você é um malvado, sabia?

– Por quê?

– Vai levá-los até lá com a desculpa de que precisamos de comida, quando na verdade estamos indo para cumprir um acordo.

– Na verdade estamos indo pelas duas coisas. Ah, lá está o portal.

Ruby viu. Havia um grande rochedo que cortava o mar como se fosse uma linha, e nele havia uma abertura em formato de arco, grande o suficiente para que até três navios de grande porte passassem juntos. A vegetação que crescia pelo rochedo tornava a coisa mais bonita de se ver e havia gaivotas voando por ali.

– Ei, Beto, venha ver uma coisa – o marujo Thomas chamou. Depois de contar seu segredo na Caverna do Eco, Beto acabara sendo apelidado de Beto Gaivota pelos marujos e não estava gostando nada disso.

– O que é?...- ele se aproximou e quando viu as gaivotas instintivamente puxou a espada – Ah não... eu vou... eu vou lá para baixo... – e ele desceu para o andar de baixo correndo, enquanto os marujos caíam na gargalhada.

Eles se aproximaram do portal e quando passaram pela abertura em arco, foi como se o navio estivesse sendo levado por uma corrente de ar. Tudo ficou escuro e frio, e um segundo depois eles saíram do outro lado do portal, no mundo da Floresta Encantada.

O Capitão fez o navio subir até as nuvens novamente e estava convicto de que chegariam a Ilha das Sereias até a manhã seguinte. Até lá os marujos teriam que se contentar com a pouca comida que restava.

– O que eu perdi? – Will apareceu no convés, novamente ajeitando o chapéu.

– Acabamos de atravessar um portal e você nem percebeu? – Killian balançou a cabeça e o irmão deu de ombros.

– Eu estava cochilando. Então, quando vamos atrás de comida?

– Vamos atracar numa ilha que Ruby e eu exploramos depois do ataque do Kraken.

– Ah, isso é bom. Eles ouviram um espirro baixo e Ruby arqueou as sobrancelhas. Will fez uma cara estranha.

– Quem espirrou? – ela perguntou e Will se atrapalhou um pouco.

– Eu! Eu espirrei! Acho que estou me resfriando, sabe. Esse tempo é uma loucura... Atchim! – ele fungou e coçou o nariz. O Capitão não disse nada, mas Ruby estava desconfiada. Will deu um sorriso forçado e então eles ouviram mais um espirro. Parecia até que havia uma fada resfriada por ali... Ruby fez um movimento rápido e puxou o chapéu de Will antes que ele pudesse impedi-la, e lá, sentada sobre a cabeça do marujo, estava...

– Tinker Bell!

– E-eu posso explicar – Will gaguejou.

– Mas o que esta fada está fazendo aqui? – o Capitão esqueceu o leme por um momento – Ficou louco? Eu disse que ela não devia vir...

Tink voou até o Capitão.

– Ah, Capitão, não brigue com ele – disse de um jeitinho tão meigo que era impossível alguém se zangar com ela.

– Ela insistiu tanto que eu simplesmente não pude deixá-la lá... – Will se justificou meio envergonhado.

– Oh, estamos em outro mundo? – Tink perguntou animada, olhando para todos os lados como se não quisesse perder nenhum detalhe.

– Por isso você quer tanto essas frutas, não? – Ruby perguntou a Will.

– É, ela não está acostumada com essas refeições... digamos que exóticas. A coitada até agora só comeu farelos de biscoito.

Tink estava mais preocupada com a paisagem do que com a comida. Parecia tão feliz por ter saído da Terra do Nunca que não conseguia conter sua emoção. Pôs se a tagarelar, da mesma forma que Ruby fizera em seus primeiros dias no Jolly Roger.

– Ei, o que é aquilo, Capitão? Oh vejam, acabei de avistar um golfinho... Para onde estamos indo?

O Capitão estava sendo paciente e respondendo todas as perguntas da pequena fada. Então Ruby chamou Tink para que fossem até a cabine do Capitão.

– Ei, Tink, eu ainda preciso arrumar a cabine do Capitão, você não quer vir comigo?

– Você não precisa...- Killian ia protestar, mas Ruby o interrompeu.

– Preciso sim, aquilo lá está uma bagunça. E eu não quero mesmo ficar sem fazer nada.

Ela e Tink foram para os aposentos do Capitão e a fada ficou maravilhada com os pertences de Killian. Havia livros, anotações e mapas espalhados pelo chão. O armário de Killian tinha aberto durante o ataque do Kraken e várias roupas dele também estavam caídas por ali. O tapete estava manchado de vinho e logo Ruby encontrou garrafas quebradas que rolaram para baixo da cama. Os vidros das janelas estavam quebrados e os cacos tinham sido empurrados para um canto. A única coisa arrumada na cabine era a cama.

– Parece que vou ter um bocado de trabalho – Ruby suspirou e um sorriso iluminou o rosto de Tink.

– Posso ajudar? Sou muito boa em arrumar coisas.

Ruby riu e elas começaram a botar ordem na bagunça. Tink usou sua magia para consertar a janela, enquanto Ruby colocava os livros no lugar. Depois a fada ajudou a princesa a dobrar e guardar as roupas do Capitão, e Ruby tinha de admitir que ele tinha bom gosto ao se vestir.

– Mas que coisa é essa? – Tink encontrou o calção de coraçõezinhos do Capitão e tentava entender para que aquilo servia. Ruby riu e tentou explicar que os homens usavam aquele tipo de vestimenta por baixo das roupas – Mas por quê? Para que precisam disso?

– Ah, bem... – a Princesa não sabia como explicar que aquilo servia para...”segurar” a parte intima dos homens. Felizmente ela foi salva quando Will entrou na cabine.

– O que estão fazendo aí? Mas que bagunça!

– Eu estou ajudando a Ruby – Tink disse toda feliz.

– Posso ajudar também? – e Will se juntou a elas. Logo tudo estava em ordem e a cabine voltou a ser um lugar confortável.

– Sabem, acho que o Capitão devia arrumar umas cortinas – Ruby falou enquanto observava o sol entrar pela janela.

– Quer também uma lareira e poltronas confortáveis? – Gancho apareceu na porta e se encostou ao batente, admirando a arrumação em sua cabine.

– Seria bom – a Princesa sorriu.

– Belo trabalho vocês fizeram. O cozinheiro está chamando para o jantar.

– Ah não me diga que teremos lula outra vez...- Will reclamou.

– Eu receio que sim. – o Capitão sorriu. Will e Tink saíram da cabine, a fada novamente agarrada aos cabelos dele, e Ruby ficou sozinha com o Capitão.

– Por que está me olhando assim? – ela perguntou ao notar que o Capitão a olhava de um jeito sonhador.

– Assim como?

– Assim... não sei...

O Capitão riu e então se aproximou para beijá-la.

– Talvez seja hora de o Capitão relaxar um pouco, se é que você me entende... – ele sorriu maroto e levantou uma sobrancelha.

– Você é um tarado, sabia?

Killian riu e eles se beijaram.

– Quer dizer que uma certa princesa está prestes a fazer aniversário? – ele perguntou depois que os dois se separaram – Estava pensando em fazer uma grande festa...

– Não precisa...

– É claro que precisa. Acha mesmo que não vamos comemorar seu aniversario? Não é todo dia que se faz vinte e um anos...

***

Depois do jantar, Tink e Ruby ficaram no convés, sentadas perto do Capitão e conversando. Pareciam duas adolescentes risonhas e o Capitão estava achando graça disso. Ao menos agora Ruby tinha companhia.

– Você gosta mesmo dele, não é? – Tink perguntou a Ruby ao notar que a Princesa e o Capitão não paravam de trocar olhares.

– Do Capitão? É, eu gosto. – ela suspirou apaixonada.

– Será que algum dia eu vou ter um amor assim? – Tink se deitou de barriga para cima e ficou observando as estrelas.

– É claro que vai. Basta encontrar a pessoa certa.

– E como vou saber se encontrei a pessoa certa?

– Bem, - Ruby pensou um pouco – Quando você perceber os sinais.

– Que são?...

– Seu coração bate mais forte quando está perto dele. Suas pernas tremem. Você suspira o tempo todo. Você sente que poderia morrer apenas por ele estar te olhando... ai ai...

– Foi assim com o Capitão?

– Foi... – Ruby sorriu abobada e ela e Tink riram – Bem, na verdade eu não tinha percebido isso até agora. A gente brigava tanto que eu não tinha tempo de entender meus sentimentos.

– E se eu estiver sentindo tudo isso agora?

– Então quer dizer que está apaixonada...

Tink suspirou e Ruby ficou observando a fada. Ela era tão inocente, mas ao mesmo tempo tão decidida. Apesar de ter a aparência de uma moça, ela agia como criança às vezes, talvez não tivesse tido tempo de amadurecer enquanto estava na Terra do Nunca, sem conhecer nada do mundo. Will estava por ali no convés, tomando rum e perdido em seus pensamentos. Tinker Bell ficou olhando para ele, sorriu e suspirou.

– Você gosta do Will? – Ruby perguntou ao perceber que a pequena provavelmente estava apaixonada pelo pirata.

– Eu... não! – Tink enrubesceu e começou a gaguejar – É claro que não... eu... ah, talvez eu goste dele um pouquinho... – ela sorriu envergonhada e abaixou a cabeça.

– Eu acho que ele se importa muito com você.

– Mesmo?

– É claro, ele tirou você da Terra do Nunca e passou a maior parte do dia preocupado em arrumar comida para você.

Tink sorriu abobada e depois fez Ruby prometer que não contaria a ninguém.

– Prometo. Ninguém vai saber. Eu posso bancar o cupido para vocês dois.

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– Não! Eu morreria de vergonha... Acho que as coisas devem acontecer naturalmente.

– Tem razão...

***

Na manhã seguinte, assim que o sol nasceu, eles chegaram à Ilha das Sereias e o navio atracou. Os marujos estavam animados em explorar a ilha, já que o Capitão dissera que ali havia muitas frutas e animais que eles poderiam caçar. Ninguém desconfiou quando ele sugeriu que entrassem na floresta, todos estavam tão famintos que logo foram procurar por comida.

– Tomem cuidado com as sereias – o Capitão avisou – Elas teriam me levado para o fundo do mar, não fosse a Ruby. – Killian e Ruby caminhavam pela praia abraçados, logo viram duas pessoas conhecidas.

– Olá, vocês por aqui? – Ariel veio na direção deles e abraçou a Princesa. – Eu estava preocupada. Espero que tenha dado tudo certo na Terra do Nunca.

– Ora, ora, quem é vivo sempre aparece – Mabel sufocou Ruby num abraço e cumprimentou o Capitão.

Os marujos ficaram loucos pelas moças, mesmo sem saber que eram sereias. Beto babava por Mabel e nem reparou que ali perto tinha um ninho de gaivotas.

– Querem se apressar? – o Capitão já estava impaciente, pois os marujos interpelavam as moças com todo tipo de pergunta e caminhavam devagar. – Não podemos ficar aqui a vida toda.

– Quanta pressa, Capitão – disse Mabel – A bruxa não vai sair do lugar...

– Bruxa? – Will perguntou sem entender. Eles não estavam ali pela comida?

– Ué, não é por isso que estão aqui? Para cumprir o acordo com a bruxa?

– Como é que é? – falou Smee.

– Que acordo? – perguntou Jack.

– O que está acontecendo aqui, Capitão? – o Cozinheiro cruzou os braços.

Todos encaravam o Capitão procurando por uma resposta do mesmo. As coisas iam ficar feias para Killian Jones...