Um Espanhol e sua Namorada-Mano

Acabo de entrar no quarto, trazendo um pouco de chocolate para Leon. Ele não sai desse quarto há quase uma semana. Papai está quase descobrindo. Não posso fugir das perguntas dele para sempre. E para piorar a situação, o vídeo atingiu a mídia televisiva, está em quase todos os jornais. Disseram que muitas vezes viram Leon andar na direção de minha casa. Agora, na maioria das vezes, eles tentam me entrevistar, porque sou "a namorada da aberração". Já entrevistaram Ludmila, que disse o que Leon é com toda a dramatização possível, mas sempre que eles conseguem arrancar algo de mim, eu nego que Leon seja qualquer coisa quantas vezes for preciso.

Esses acontecimentos estão cada vez mais piorando a auto-estima do meu namorado. Ele tem tido esses complexos de inferioridade quase todos os dias, e está sendo cada vez mais difícil convencê-lo de que ele não é uma aberração, e está bem longe de ser.

– Meu amor? – pergunto, ao vê-lo sério novamente. – Tá tudo bem?

– Sim, só acho que esse negócio de eu ter que me esconder está ficando cada vez mais difícil.

Me esforço para dar um sorriso, na tentativa de melhorar o humor dele.

– Mas aqui, você pode fazer tudo o que você gosta. – digo, afagando seu ombro. – Comer meu chocolate, dormir na minha cama...

– Sim, é verdade. Só... Me sinto chateado por não poder mais caminhar pelos parques com você.

– É só eu imaginar um parque quando eu dormir... E juntos, podemos passear nele.

É a vez dele de sorrir.

Alguém bate na porta. Leon trata logo de entrar na minha mente, e então, eu digo:

– Entra!

Olga abre a porta.

– Garotinha, tem visita pra você lá embaixo.

Devem ser jornalistas.

– Manda embora. – digo, indiferente.

– Não acho que sejam jornalistas.

Olho para ela com estranheza. Desço as escadas rapidamente, para ver na sala um garoto com roupas escuras e jaqueta de couro, sentado no sofá. Depois que Olga se retira, ele diz:

– Violetta Castillo, não é?

– Sim. Quem é você?

– Diego.

Ele se levanta e aperta minha mão.

– Eu vim falar com você sobre algo meio sério. Sobre o Leon. Eu sei o que ele é.

– Mas...

– Um sonho. – diz, antes que eu possa completar o que ia dizer. – Uma imagem da pessoa perfeita criada por você.

Balanço a cabeça, surpresa. Como será que ele sabe? Quando não digo nada, ele continua:

– Preciso falar com você. De preferência em um lugar não muito aberto.

Subimos até meu quarto, e assim que chegamos, um vulto aparece no quarto, transformando-se rapidamente em uma menina morena com jeans largos, regata apertada, jaqueta amarrada na cintura, e tênis.

– E aí? – diz a garota. – Sou o sonho do Diego. A Lara.

Ela aperta minha mão, e eu fico completamente surpresa. Achei que só eu tivesse um sonho tornado realidade. Depois, Leon aparece, saindo da minha mente. Ele olha para Diego e Lara, e sua expressão fica dura.

– Violetta, quem são eles?

– Diego e Lara. Lara é um sonho como você. Criada por Diego.

A expressão de Leon muda rapidamente, tomando um ar animado.

– É sério?! Achei que só eu fosse assim!

– Eu também! – diz Lara. – Até que vimos seu vídeo, e viemos para cá.

– De onde vocês eram? – pergunto, confusa.

– Deixe-me contar a história toda. – diz Diego. – Eu morava sozinho na Espanha, em Madrid. Tive muitas namoradas, mas todas eram florzinhas medrosas e frescas. Até que comecei a sonhar com ela. Uma garota que não tem medo de viver a adrenalina pura e intensa. Então começamos a namorar por ali mesmo.

– Peraí, peraí, peraí. – interrompo. – Como ela se tornou realidade? Foi uma estrela cadente também?

– Não! – diz Lara. – Isso é muito menininha.

– Pois é. – completa Diego. – Na verdade, ela perguntou que desejo eu faria se pudesse fazer um. Desejei para meu bolo de aniversário. Enfim, eu estava com Lara até aí, e achamos que ela era única. Até que vimos o vídeo. Pensamos que vocês estavam encrencados com o vídeo, então, viemos ajudar vocês com a cobertura da mídia, e trazer a Lara para conhecer o Leon.

– Vocês vieram nos ajudar? – pergunto, maravilhada com a possibilidade.

– Sim, se houver alguma maneira. Lara já estava bem encrencada lá na Espanha, então, talvez pensemos em um jeito para encobri-la também.

Finalmente, algum tipo de salvação. Sinto um fio de esperança se acender em mim. Alguém com os mesmos problemas que nós pode nos ajudar a nos livrar de muitos.