Os dois comeram em silêncio, nenhum sabia como iniciar um assunto e, se começassem, do que falariam? Diante deste dilema os dois esvaziavam seus pratos sem sabem o sabor de nada que engoliam.

Não foi até que a sobremesa chegar que Rosalie disse alguma coisa. A loira mantinha o olhar fixo sobre o petit gateau e embora fosse as sobremesa favorita, no momento aquilo só lhe revirou o estomago.

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Na frente de Emmett sua sobremesa se mantinha intocada enquanto ele observava a loira atentamente. O que se passava pela cabeça dela? Ela sentia o quão nervoso ele estava? Imaginava o quanto havia feito falta para ele? Essas perguntas preenchiam a mente do rapaz, mas sobretudo ele imaginava se ela tinha seguido em frente, se havia encontrado alguém como ele sugeriu a tanto tempo.

Rosalie colocou os talheres sobre o prato e então, com a coragem que ela não se lembrava de ter, observou o rapaz atentamente. Emmett continuava como ela se lembrava, mudando talvez a forma de se vestir e, sem dúvida, os músculos que pareciam ainda mais protuberantes do que foram no passado.

-Emmett, eu quero que saiba que eu aceitei esse jantar por que, apesar de tudo, resolvi voltar para os Estados Unidos. Aqui é a minha casa e a minha família e não acho certo que eu me exile por um erro que não foi eu quem cometi. – a loira explicou seriamente sem vacilar uma única vez, deixando claro que ela culpava a ele por sua mudança.

O rapaz escutou tudo atentamente sem interferir enquanto a loira continuava.

-E se eu pretendo continuar aqui eu acho que devo deixar claro que continuarei a ver a sua família e que estarei presente sempre que me chamarem, porque eles também são minha família, mas apesar disso, e espero que entenda, eu não acho que devamos manter contato pelo menos não mais do que o necessário, é claro.

-E o que você considera “necessário”? –perguntou ele na tentativa de não demonstrar o quanto as palavras dela o afetaram.

-Emm... –chamou ela usando o antigo apelido. – Nós sempre fomos melhores amigos e eu sempre vou ser grata por todas as vezes que esteve ao meu lado, mas... não podemos fingir que não terminamos como terminamos, eu não consigo Emmett. – confessou, então o rapaz pode ver o quanto mal tinha feito a ela.

-Eu não vou te evitar, vou sempre ser educada, mas não acho que devo mais do que isso à você. –esclareceu ela por fim, em seguida retirou algumas notas e as colocou ao lado do prato.

O rapaz assistiu em silêncio quando ela pegou a bolsa e com uma despedida quase silenciosa foi embora do restaurante. As lágrimas vieram em seguida, uma a uma.

Ele não tinha ido para aquele restaurante esperando que ela se atirasse em seus braços e que saíssem dali casados, não, ele não esperava isso. No entanto Emmett também não esperava por aquela postura da loira, fria, distante, sem nenhuma brecha para reaproximação. Quando ela tinha se tornado tão inalcançável?

Rosalie saiu direta para seu carro e esperou que as lágrimas viessem, parada no estacionamento, contudo pela primeira vez depois de tudo aquilo ela não tinha mais lágrimas, talvez entorpecida demais. Ligou o carro e saiu.

Em sua casa, largou as roupas, a bolsa e os sapatos pelo corredor. Procurou refúgio em sua cama, apenas de roupa intima, encarando o teto, perdida nos anos que se passaram.

****

Emmett permaneceu parado em sua mesa, agora vazia, encarando os dois pratos intactos. Pensou em seguir Rosalie, mas a ideia não parece fazer sentido, em seguida imaginou que talvez pudesse ligar para a loira, porém não tinha certeza se ainda era o número que ainda tinha e não saberia sobre o que falar caso ela atendesse. Talvez ele dissesse que a entendia, que estava tudo bem. Não estava.

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Chamou o garçom e pagou a conta, guardando o dinheiro da loira que ele ainda devolveria à dona. Em seguida saiu do restaurante e ignorando o carro parado a poucos metros dali seguiu para a praia.

Não havia estrelas no céu estavam todas encobertas por nuvens de coloração escura, o mar agitado e o vento que soprava com força denunciavam que a chuva estava próxima, apesar disso o rapaz apenas retirou os sapatos e permitiu que os pés afundassem na areia fofa enquanto se afastava do restaurante.

Ele tinha imaginado diversas formas de como poderia ter sido sua conversa com a loira, da pior e da melhor maneira possível, mas nem mesmo nas suas piores fantasias ele a imaginara parada, fria e impassível dizendo que apenas seria educada.

“Talvez ela nunca tenha imaginado, também, você parado de frente a ela dizendo para que seguisse uma vida sozinha.” Ele pensou chutando um punhado de areia para a frente.

Emmett não tentou evitar as lágrimas porque ele sabia que não conseguiria pará-las, assim como não as parou quando viu Rosalie ir embora há quatro anos. O rapaz continuou andando pela costa enquanto o vento chicoteava seu rosto e só parou quando sentiu as primeiras gotas de chuva caírem sobre seu rosto e se misturarem as suas lágrimas, tinha que voltar Manu tinha pavor de tempestades e o céu prometia que a chuva logo se transformaria em uma.

Embora tenha corrido de volta para o carro Emmett não chegou lá até estar completamente molhado os trovões já prenunciava a chegada da tempestade, no horizonte raios caiam sobre o mar. Quando o rapaz seguiu para o hotel, nada além da sua pequena passava por sua cabeça.

***

—Papai! Papai! –pedia a garotinha agarrada a garota loira que tentava, em vão, tranquiliza-la.

—Está tudo bem bonequinha, é só chuva, daqui a pouco seu papai chega. –prometia a loira em tom suave enquanto Manu continuava a pedir pelo pai.

Apesar de ter prometido que não incomodaria o patrão Jane pensava seriamente em ligar para ele uma vez que a garotinha parecia tão agoniada e que ela também estava preocupada com a demora dele com a chuva que caia.

Jane e Emmett tinha se tornado amigos quando a garota foi procurar estágio no hotel, não fora difícil conseguir o cargo uma vez que ela tinha ótimas notas, entretanto quando disse a ele meses depois que pensava em desistir do curso, foi que o rapaz se mostrou um excelente amigo. Jane precisava sustentar sua mãe doente e seu irmão de oito anos e apenas o salário do estágio vespertino não era o suficiente. O rapaz não deixou que ela abandonasse seu sonho, ofereceu diversas vezes sua ajuda dizendo que iria pagar o tratamento da mãe e uma escola para o seu irmão, mas Jane era orgulhosa e queria um trabalho, então Emmett lhe pediu para que trabalhasse a noite duas vezes durante a semana e aos sábado durante o dia, apesar disso Jane sabia que recebia muito mais que outro funcionário que fizesse a mesma carga horaria e por isso tentava ser útil em tudo que o patrão precisasse.

A garota ainda tentava acalmar a bebê, quando Emmett chegou todo molhado e seguiu apressado até onde estavam.

—Papai! –exclamou Manu esticando os braços para o homem que imediatamente a tirou dos braços da babá.

—Oi, meu anjo. –sussurrou ele a embalando. Como o rapaz estava todo molhado Jane providenciou um cobertor que colocou entre ele e a filha e em seguida se retirou para o seu posto de trabalho. –Está tudo bem meu amor, é só a chuva. –ele ninou a criança.

Emmett não saberia dizer quando, mas em algum momento da noite a garotinha parou de chorar e dormiu, nesta hora o rapaz já a tinha colocado sobre a cama do quarto que ocupavam e também tinha se deitado ao seu lado retirando a camisa encharcada.

***

Rosalie acordou pouco disposta na manhã seguinte, a maquiagem tinha feito uma bagunça nos lençóis a sua volta e parecia que todo o batom que passaram tinha de alguma forma encontrado os travesseiros. Irritada por ter se esquecido de tirar a maquiagem antes de dormir a loira se levantou.

Parada de frente com o lavatório a mulher fez uma pequena análise, seus cabelos estavam uma confusão, um emaranhado de dourado, o rosto estava levemente inchado e um pouco amassado, os olhos estavam cercados erroneamente de preto, uma mistura de rímel, lápis de olhos e delineador, com um suspiro resignado ela marchou para debaixo do chuveiro, onde tentou tirar o máximo do que antigamente formava sua make de seu rosto.

Depois de finalmente banhada e vestida a loira seguiu retirando a roupa de cama e levando para a lavanderia onde, mais tarde, daria um jeito naquela bagunça.

Finalmente, uma vez com todo o quarto arrumado, a mulher seguiu para seu café da manhã, Rosalie não se demorou nesta refeição comeu apenas uma maça que estava na fruteira e um copo de leite. Eram nove horas e ela queria resolver os assuntos que ficaram pendentes do dia anterior, antes porem ela desejava ir à praia, local que ela amava e devido a correria que estava sendo seu retorno não tivera a oportunidade de ir.

*

A loira seguia com os pés afundando na areia fofa, ainda molhada pela tempestade da noite anterior. Mais à frente um grupo praticava vôlei e no mar podia-se observar alguns rapazes surfando.

Rosalie continuava a caminhada, sem pressa, observando atentamente tudo que acontecia a sua volta, a praia era seu lugar preferido na Califórnia todos os problemas pareciam ficar longe quando observava o mar e como o vento chacoalhava as folhas das palmeiras, desejou ter levado sua câmera para registrar o momento. Enquanto admirava a paisagem o lenço que prendia seus cabelos para trás se desamarrou e foi levado com o vento em direção ao mar, a loira só se deu conta do ocorrido após os cabelos flutuarem sobre seu rosto, examinou rapidamente a areia ao seu redor e, com pesar, deu seu lenço como perdido e continuou sua caminhada por mais alguns instante.

Após mais uns cinco minutos de caminhada a loira olhou o celular par confirmar que eram quase dez da manhã, ela havia andado mais do que planejara, resolveu deitar um pouco na areia para aproveitar os instantes que ainda lhe restavam, antes de caminhar de volta até seu carro.

A loira fechou os olhos aproveitando a sensação do sol diretamente sobre sua pele, ela tinha sentido falta do sol em seus anos de exilio, apesar disso tornou a abri-los quando algo tampou o sol sobre seu rosto e se deparou com a língua de um animal sobre seu rosto. Rosalie piscou algumas vezes até perceber que tinha sido um cachorro que tampara o sol.

Sentou-se e brincou com o animal por alguns instantes, era um Golden que parecia aproveitar o dia na praia como ela. Ele trazia uma coleira vermelha onde podia-se ler a escrita “Aslam”.

—Este é o seu nome então? Aslam, como o leão de Nárnia? –questionou a loira com tom suave enquanto acariciava o pelo do animal, que permaneceu ao seu lado parecendo satisfeito.

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-Ai está você, acho que já estou fora de forma para você ficar correndo assim, Aslam. – uma voz chiou a alguns metros da loira.

Rosalie ergueu o olhar e se deparou com um rapaz que deveria ter por volta de uns 30 anos, talvez um pouco menos, porém parecia cansado, a barba estava por fazer, algumas olheiras apareciam debaixo de seu olhos azuis, entretanto os lábios estavam sorrindo.

-Oi, eu sou Nicholas, dono desse pestinha. –apresentou-se.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.