Cold Heart Novel

Capítulo 10


— Faz um bom tempo que você não precisava de minha ajuda para levar para casa. Hahaha. — Brincou o irmão do Johnson.

— Não se gabe Irmão, te chamei para levar o Julien para casa dele. Não quero que ele vá sozinho. — Brincou Johnson

— Ah então você é o Julien? — Disse ele se aproximando de mim. — Muito prazer, eu sou Daniel.

Daniel estendeu sua mão para mim, apertei e retribui um sorriso simpático.

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— Muito prazer Daniel, Johnson me falou muito de você.

Ele era bastante diferente de Johnson, seu rosto era logo e retangular, queixo quadrado e lábios grandes que eram parecidos com do primo de André que falhou ao tentar dar em cima de Michel, no entanto eles eram menores. Seu cabelo era liso, um pouco arrepiado, da mesma cor que seu irmão só que um pouco mais escuro. Seus olhos eram da cor de mel, barba rala e seu olhar revelava ser um rapaz sério, amigável e bonito. Mas para mim sua beleza era normal e diferente de seu irmão que parece uma obra viva de um deus grego com seus cachos de anjo. O corpo de Daniel era parecido com o de Johnson, grande, musculoso e também era incrivelmente alto.

Daniel me encarava com um olhar libidinoso me deixando completamente encabulado. Virei para o seu irmão que estava se levantando um pouco zonzo. Eu contando parece que estou descrevendo um homem que bebe bastante em um botequim e fica se cambaleando na rua, Johnson a primeira vista é um rapaz bastante elegante e se comporta como um homem importante, ali agora estava Johnson um pouco mais relaxado e descontraído. Mas a ideia de vê-lo dirigindo era muito perigoso e podia trazer nossa vida em risco ou de outros pedestres, seria um incômodo para o meu pai além de ter sua mulher no hospital também ter o filho acidentado.

Entramos no carro Coupe Cabriolet de Daniel que gentilmente me convidou para sentar na frente com ele, mas recusei e seu irmão sentou em meu lugar enquanto sentei atrás dele no banco traseiro. Ao entrar no carro, senti o cheiro forte e agradável de colônia masculina.

— Não quer passar um tempo em casa, Julien? — Convidou Daniel.

— Obrigado, mas tenho que ir para casa logo, meu pai vai ficar preocupado.

— Ah não tem problema, liga para o seu pai e diga que está entre amigos e depois te levo de carro para casa.

— Meu pai é muito rígido. Mas muito obrigado pelo convite, quem sabe outro dia?

— Tudo bem, vamos combinar depois. Amanhã ou na semana que vem? O Johnson tem o seu número?

— Ah... Sim.

— Então a gente combina depois. — Respondeu Daniel ansioso. — Vai ser divertido.

—Deixa o garoto em paz Dani! Desculpa meu irmão Julien, ele é assim persistente com todos os meus amigos. —Reclamou seu irmão.

— Ah, não persistente, mano. Seus amigos que são interessantes, como consegue essas boas amizades?

— Julien é um cara legal, não chateie ele. — Respondeu Johnson brincando.

Dei uma risada sem graça e chegamos na minha casa, Daniel encostou nem frente do portão.

— Ah, então aqui que você mora? — Comentou Daniel.

— Sim. Muito obrigado pela carona.

— Imagina, eu que agradeço por ter socorrido meu irmão.

Johnson soltou uma risada atraente e Daniel não parava de me olhar com cinismo.

— Tchau rapazes. Nos vemos depois.

— Tchau Julien. Obrigado. — Falou Johnson.

— Tchau Julien, a gente se vê, garanto. — Falou Daniel.

Quando entrei, o carro deu partida e foi embora. Minha barriga deu um frio desconfortável, a sala e a cozinha estavam com a luz acesa. Isso só pode significar que meu pai ainda estava acordado. Olhei para o meu relógio que estava marcado umas 21:30, não era tão tarde para chegar em casa, então ele não poderia reclamar. Mas mesmo assim estava ocioso e com medo de começar uma nova briga, nossos finais de semana sempre são desagradáveis.

Entrei, a sala estava vazia e um pouco bagunçada, a televisão ligada no jornal, meu pai estava na cozinha. Estava com sorte, agora era só andar direto para o meu quarto e evitar contato com ele.

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— Julien? É você? — Chamou meu pai da cozinha.

Gelei no meio da sala e meu coração começou a bater forte, ouvi o barulho de um prato batendo na pia e meu pai apareceu na porta com as mãos molhadas se secando em um pano de prato.

— Onde você estava? — Respondeu com a sua cara séria.

— Estava com um amigo... — Respondo um pouco nervoso.

— Preciso falar com você. — Disse meu pai se sentando no sofá e eu não me movi.

— Pai... Eu já sou maior de idade...

— Eu vou viajar a trabalho essa semana e volto só na semana que vem e quero que você cuide dos seus irmãos enquanto estou fora. Então nada de saidinhas com amigos e deixar seus irmão sozinhos. Quero que leve seus irmão para escola e não quero faltas. Não quero bagunça na minha casa enquanto estou fora, está me entendendo?

— Sim... — Respondi surpreso.

—Vou ligar para o telefone de casa para saber como estão... Ahh e não quero eles vão no ônibus para a escola.

— Eu... Não sei dirigir.

— Eu já sei. Hoje conversei com o filho da Mercedes, ele concordou e levar vocês para a escola enquanto eu estou fora.

— O Daniel? — Perguntei sem conter minha surpresa.

— Sim... Algum problema com ele?

— Ah... Não nenhum. Não seria mais fácil eles forem de ônibus comigo? É o mesmo caminho.

— Não, quero que leve a Maggie e Eduardo até a porta da escola e fique de olho se entraram.

— Entendo...

Meu pai se levantou e subiu para o quarto. Fechei meus olhos e soltei um grande suspiro, finalmente não tive uma noite de desentendimento com ele, só foi uma conversa calma. Confesso que fico aliviado saber que meu pai não vai estar presente por uma semana, mas depois sinto uma grande culpa por pensar assim. Não tem como evitar esse sentimento já que nosso relacionamento é desagradável.

Subi para o meu quarto, liguei meu celular e já era quase 11 horas da noite, meu Whatsapp estava com várias mensagens. Eu esperava não receber as mensagens de Danilo, mas lá estava ele com 5 notificações e meu coração começou a bater um pouco mais rápido.

“O que ele quer comigo? Depois daquele beijo ele não vai me deixar em paz?”

Cliquei em sua foto de contato, ele estava com um sorriso galanteador usando uma camiseta preta e colada em seu corpo, dava para ver seu peitoral enorme parecendo um peito estufado. Era estranho olhar para aquele sorriso quando eu estava acostumado com seu olhar sério toda vez que o encontrava na rua ou na frente de sua casa quando estava acompanhado de seus amigos. A ideia de que ele estava sendo um pouco obsessivo por mim depois de todas as vezes que eu achei que nunca gostasse de mim era inesperável.

O seu beijo não era fácil de esquecer, ainda sentia o gosto dos seus lábios no meu, seu cheiro forte que ainda saia da minha roupa, o mais inaceitável é que não consigo negar que foi bom, Danilo era bonito, seu corpo era muito atraente e no fundo ainda desejo sentir esse momento de novo. Mas eu não quero deixar que meus desejos atrapalhem o meu juízo, eu preciso reprimir essa necessidade para não trazer mais vergonha para a minha família.

Cliquei no seu perfil e estava escrito:

“Me desculpe Julien por ter te beijado de surpresa, por favor não fique bravo comigo.

Desde uns tempos tive um interesse por você e não consegui resistir.

Por favor, fale comigo.

Seu pai veio falar comigo e pediu para que levasse você e seus irmãos para a escola, tive que aceitar porque queria muito falar com você e vc não me responde e não está em casa...

Não vou desistir, quero muito falar com você.”

Suas mensagens pareciam de desespero, não sabia o que responder e não podia ignorá-lo dessa vez. Queria acabar com aquilo porque isso com certeza me trarão problemas, agora que vamos nos encontrar nessa semana, tenho que colocar um fim nessa obsessão de Danilo.

“Por favor Danilo, vamos esquecer o que aconteceu. Ambos estávamos confuso e agimos por impulso. Eu não estou bravo.”

Enviei e suspirei de alívio, tomei um banho e liguei meu notebook para terminar o trabalho de faculdade que faltava pouco. Danilo me mandou mais uma mensagem: “Amanhã podemos conversar?”

Já imaginava que mandar texto não iria adiantar, terei que falar pessoalmente com ele.

“Tudo bem, que hora vc vai estar em casa?”

Danilo: “Minha mãe vai para a igreja as 6:30, pode vi r em casa as 6:35 e podemos conversar sossegados.”

A ideia de que vamos ficar sozinhos na casa dele me deixa um pouco apreensivo, mas não vou cair na sua armadilha novamente, vou estar preparado.

“Ok. Nos vemos amanhã então. Boa noite.”

Essa noite não consegui dormir por conta dessa ansiedade de conversar com o Danilo, mesmo eu estando pronto para rejeitá-lo como faço com todos os garotos que dão em cima de mim nas baladas, não pareço estar pronto para dar o fora no garoto que conheço desde minha adolescência. Será que é por esse único motivo que estou preocupado? Porque estou me sentindo estranhamente desanimado com essa decisão? Fiquei lembrando o beijo dele, sua pele tocando na minha, sua barba pinicando meu rosto... Caí no sono por tanto pensar nisso e finalmente dormi.

Domingo de manhã fui na casa do Rodrigo , um dos lugares onde mais gosto de frequentar. Sua família sempre foi muito aberta e sempre me tratou super bem. Rodrigo nunca teve problema em se assumir porque para sua família nunca foi um problema ser gay. Rodrigo tem 5 irmãos, o mais velho é casado e mora em outra cidade com seus 2 filhos pequenos, o quarto mais velho também mora na outra cidade, é gay e está atualmente morando com o seu namorado em um apartamento, a única mulher na família é a mais velha que mora em sua casa e está terminando a faculdade de mecânica e o mais novo é o seu irmãozinho que ainda é bem pequeno com 2 anos. Sua mãe é uma mulher bem ativa e engraçada, sempre gostei de conversar com ela e seu pai era sério, mas não era rabugento igual meu pai. Estava conversando um pouco com a mãe do Rodrigo na sala que estava brincando com o pequeno Juninho brincando com os legos espalhados pela sala, fiquei sentado no tapete brincando com ele entregando algumas peças.

— Meu marido ficou muito bravo quando cheguei em casa com esse brinquedo fazendo um escândalo dizendo que o Juninho ia engolir as peças. — Disse ela abanando as mãos para o ar e depois rindo. — Por isso que só tem peças grandes, tive que esconder as pequenas.

— Sempre quis que meus pais comprassem esse brinquedo, gostava muito de montar coisas, uma vez fiz uma casinha com as pedras na casa da minha avó e até agora ela está lá porque visitamos muito pouco ela.

— Que gracinha. Meu marido acha que esqueci de como criar meus filhos depois de criar quatro...

— Tem que parar de procriar mãe! — Disse Rodrigo andando saindo da cozinha com um pacote de batatas e pulando no meio dos brinquedos do irmão e sentando na poltrona.

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Dei uma leve risada.

— Tem razão Rodrigo, estou cansada de tanto parir. — Dona Cristina soltou uma grande risada. — Diga isso para o seu pai, ele quer uma família grande. — Deixou um brinquedo no chão e se levantou. — Vou lá na lavanderia pegar a roupa. Fique a vontade Julien.

— Obrigado.

— Fica de olho no seu irmão, Rodrigo. — Avisou Cristina indo para fora de casa.

— Tah pode deixar. — Me levantei e sentei no sofá. — Eaí? Aquele menino da balada falou com você?

— Não, eu não o tenho no whatsapp e nem sabe onde moro, só vou ver ele no ponto de ônibus quando eu for para o hospital... E essa semana nem vai dar para vê-lo porque meu pai pediu para o meu vizinho me levar com meus irmãos até a escola de carro...

— Sério? Mas gostou de ficar com ele? — Perguntou meu amigo com tom de malícia.

— Não vou dizer que não gostei, é estranho... Estou me sentindo como se estivesse fazendo alguma coisa errada.

Rodrigo olhou dentro do saco de batatas e levantou uma sobrancelha.

— Você não devia estar se sentindo assim, devia estar mais relaxado e aproveitar mais... Eu acho que já chega de se punir.

Espantei com a sinceridade do meu amigo, mas ainda estava confuso com tudo isso. Sempre coloquei minha mãe acima de tudo.

— Sabe aquele meu vizinho que queria falar comigo?

— Ah eu lembro, ele queria falar com você! O que ele queria? — Perguntou Rodrigo ansioso.

— Ele me beijou...

— O quê?? Como assim? Como aconteceu... Me conte os detalhes! — Ro largou o salgadinho de lado e ficou com o olhar fixos em mim.

— Ele veio falar comigo, me perguntou se eu podia posar para ele porque ele é desenhista e gosta de fazer desenhos realistas...

— Ah então ele desenha?

— Sim, eu vi os desenhos dele sem querer, ele desenha muito bem. — Prossegui. — Ele disse que ficou com vontade de me desenhar faz um tempo porque me achou bonito, quando eu recusei e ia embora, ele me segurou e me beijou...

— Ahh, ele está tão na sua Julien. Você aproveitou né? —Perguntou.

— Como assim? — Indaguei já imaginando aonde ele queria chegar.

— Vocês... Fizeram?

— Ah... Não... Eu saí correndo de lá... Ele é meu vizinho e me pegou de surpresa, porque acha que eu iria fazer isso?

— Ah sei lá, desde que você ficou com o garoto na balada, o que foi um grande passo, achei que você iria mais longe.

—Não, não aconteceu...

— Como conseguiu recusar um homem daqueles Julien? Ele é muito lindo! — Disse Rodrigo me desaprovando. — Nossa se fosse eu... Me jogava nele na primeira oportunidade.

— Como está você com aquele menino que pegou na balada? Falou com ele?

— Ah... — A expressão do Ro mudou para desânimo. — Eu esperei ele responder no whats, mas demorou tanto que eu tive que puxar assunto. Mas ele parecia tão sem vontade de conversar que acho que ele quer dar o fora em mim. Melhor deixar ele para lá...

— Ahh que chato...

— Não tem problema, vai ter outros bofes. — Disse Rodrigo mudando seu humor rapidamente. — E agora o que você vai fazer com o seu vizinho?

— Eu estou um pouco nervoso porque vou vê-lo todo dia no carro dele, meu pai chamou ele para levar a gente na escola essa semana, mas me tranquiliza um pouco saber que meus irmãos vão estar juntos.

— Ele realmente gosta de você?

— Parece que sim. Mas não vou deixar rolar, se meu pai descobrir eu estou frito...

— Se você diz...

Ao chegar em casa, fiquei um pouco ansioso de ir para a casa de Mercedes falar com o seu filho sozinho. Mesmo conhecendo-o tão bem, ainda não me sentia seguro com ele, ou seria eu fazendo um drama desnecessário? Nunca passei por uma situação assim em toda a minha vida.

Esperando na janela pude ver dona Mercedes saindo com uma bíblia nos braços, esperei um pouco, respirei fundo e me dirigi até sua casa. Antes de apertar a campainha fiquei parado no portão pensando em voltar para casa e deixar por isso mesmo.

— Não vai apertar? — Levei um susto ao ver o Danilo vindo em minha direção do lado de fora com uma sacola na mão. — Desculpe.

— Não foi nada... — Disse um pouco sem graça.

Danilo estava de short, chinelo e uma camiseta justa.

— Eu fui na padaria aqui na esquina e vi você parado aqui...

— É... — Olhei para outro lado nervoso.

— Vamos entrar?

— Vamos...

Ao entrar na sala ele estava indo para o quarto.

— Vamos para o meu quarto?

— Eu estou bem aqui mesmo... O que queria falar comigo?

Danilo mostrou uma expressão de desapontamento e se aproximou de mim.

—Não consegui parar de pensar no nosso beijo.

— Você é gay? — Perguntei automaticamente como se eu não soubesse a resposta dessa pergunta óbvia.

— Eu gosto de mulheres... Mas também de homens. — Disse ele um pouco seguro de si. — Gosto de rapazes como você.

Minha pele arrepiou um pouco, a sala estava ficando quente, puxei a gola da minha camiseta, estava ficando nervoso.

— Desde quando? — Perguntei olhando para ele que não tirava os olhos de mim.

— Desde que sua mãe sofreu o acidente e você frequentou nossa casa, no começo você me irritava. Mas eu percebi que o que mais me irritou foi sua beleza que me provocava, seu sorriso me enfeitiça. Mas eu não tive coragem de falar com você, até aquele dia que você pegou a cesta da minha mãe...

Fiquei surpreso com sua declaração que nem percebi Danilo chegando mais perto de mim e encostando sua mão no meu braço.

— Não... Isso não pode se repetir. Desculpe, finja que isso nunca aconteceu... — Disse empurrando sua mão grande de mim gentilmente, mas ele aproveitando o momento e pegou em minha mão.

— Você não sentiu nada? — Indagou sussurrando para mim.

— Eu...

Ouvimos o barulho do portão, era Dona Mercedes entrando. Rapidamente puxei minha mão e Danilo começou agir como se nada estivesse acontecendo. A mãe dele abriu a porta e se mostrou surpresa ao me ver.

— Oh, Julien, você por aqui? Tudo bem? — Cumprimentou dando um beijo no meu rosto.

— Ah... Eu...

— Ele veio falar comigo sobre a carona, lembra que o pai dele pediu para eu levar os irmãos dele mãe? — Falou Danilo.

— Ah, sim. Ele tinha falado comigo, não se preocupe que meu filho dirige bem e vocês estão seguro com ele. — Ela soltou uma risada e soltei um leve sorriso.

— Você não ia na igreja? — Perguntou seu filho aparentemente irritado.

— Dona Rosa ficou doente e não pode ir, não queria ir sozinha.

— Preciso voltar para casa, desculpe o incômodo Dona Mercedes. — Disse me retirando.

— Imagina, até amanhã querido.

Dei uma última vista no Danilo que me olhou com seriedade e voltei para casa.

Depois do jantar, meu pai lembrou meus irmãos que amanhã ele ficará fora por uma semana, pediu para que se comportem enquanto eu fico como responsável. Também pediu para os meus irmãos que ligassem caso houvesse alguma coisa errada, já que meu pai não tem nenhuma confiança sobre mim, mas não queria deixar claro naquela noite para não se estressar amanhã na sua viagem. Minha irmã mostrou uma expressão um pouco preocupada, acredito que aquela viagem do nosso pai estava deixando-a nervosa, enquanto Edu estava tranquilo, pude ler em sua expressão que estava se sentindo livre e queria aprontar alguma coisa, mas eu não iria deixar.

Na hora de dormir, não consegui fechar os olhos depois da conversa com o Danilo. Amanhã teria que encontrar de novo com ele e não sabia como lidar com essa situação, nenhum conhecido nunca se declarou para mim, era muito fácil dar o fora em um desconhecido na balada, até o garoto que conheci no ponto de ônibus seria fácil dar o fora porque eu não sei de onde ele veio e nem tenho contato, mas o que eu farei com o garoto que mora há 30 passos daqui e vou vê-lo essa semana inteira? Vou me fazer de difícil até o dia que meu pai voltar? Isso seria perigoso porque não sei o que ele pode fazer. Estava nervoso e não parava de olhar para o meu relógio digital, pensava em várias coisas, até que finalmente dormi... Mas acordei com sono e com ansiedade, era mais cedo do que esperava.

Meu pai tinha acordado as 4 da manhã, pude ouvir ele passando no corredor com uma mala pequena. A responsabilidade era minha de acordar meus irmãos, minha irmã foi um pouco tranquilo, mas Edu teve questão de me provocar.

— Edu, está na hora! — Disse acendendo a luz do quarto que tive a infeliz surpresa de sentir um cheiro desagradável. Eu tento limpá-lo, mas ele deixa sempre seu quarto trancado e não deixa ninguém entrar.

— Hmmm. — Resmungou.

— Você vai perder a hora! — Cutuquei-o.

— Me deixaaa! — Gritou.

— O pai disse que não quer você se atrasando para a escola. Ou você se levanta ou vou ter que ligar para o pai! — Disse em tom mais agressivo.

Ele jogou o cobertor para o lado, se levantou e foi para o banheiro batendo a porta com força. Suspirei fundo e fui para baixo tomar o meu café. Maggie tomou três goles de café e comeu algumas bolachas.

— Come mais um pouco Maggie, vai ficar com fome até a hora do almoço...

— Estou sem fome. — Disse terminando a última bolacha se levantando e indo para o seu quarto.

Também subi para o meu quarto para escovar o dente, arrumei minha bolsa e desci de volta para a cozinha limpar a bagunça. Ouvi a campainha lá de fora, era o Danilo nos esperando.

— Vamos gente, o Danilo chegou! — Gritei na escada.

Maggie desceu e ficamos esperando o Edu.

— Por que seu irmão está demorando tanto? — Maggie deu de ombros. — Avisa pro Danilo que já estamos indo que vou buscar seu irmão.

Subi as escadas e entrei no quarto do meu irmão, fiquei muito irritado de ver ele com a roupa da escola deitado na cama.

— Edu!! Já está na hora de ir para escola, levanta agora! — Edu irritado se levanta e pega a bolsa e desce fazendo barulhos com os pés.

— Esse quarto realmente precisa urgente ser limpo. — Disse revirando os olhos e saindo do quarto.

FIM DO CAPÍTULO 10

Continua...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.