Clube de Fanfics

No Aperto do Perigo, Conheça o Amigo!


— Laus! – diz Seiji, como se estivesse vendo uma miragem.

— Eu mesmo. Ouvi dizer que você não briga mais…

— É verdade – responde somente, com as orelhas em alerta.

— Eu acho que é mentira! Você é apenas um covarde e está claro que foge de mim… Mas veja onde estamos agora – declara Laus, abrindo levemente os braços para mostrar o local onde se encontravam. – Se você não vai até a luta, a luta vem até você!

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Laus ri, fazendo uma careta logo em seguida, devido à fratura, que o fazia sentir dificuldade de respirar profundamente, virar o tronco ou rir. Seiji não acha graça, captando no ar uma atmosfera de perigo e olhando de esguelha para Tayui, para saber se ele sentia a mesma coisa.

O kitsune partilhava da mesma opinião, havia um nítido perigo ali. Suas orelhas estavam em pé, eriçadas, ao mesmo tempo em que se perguntava quando aquela bolha de tensão explodiria, e no que ela se tornaria. Misaki estava entre eles, com ambas as mãos apertando fortemente a alça da mochila e com os grandes olhos azuis arregalados, também identificando o perigo, mas não sabendo o que toda aquela situação realmente queria dizer.

— Misaki, vá buscar ajuda – diz Tayui, puxando a neko lentamente para trás, pelo braço, dando-lhe a rota de fuga que precisava. – Agora! – manda, olhando-a com semblante alarmado para demonstrar o quanto o seu pedido era importante.

A neko gira em seus calcanhares e corre, eles estavam a apenas três ruas da ESNyah e ela era uma atleta razoavelmente boa, com sorte conseguiria voltar para a escola antes de Kenichi a deixá-la. Sim, o diretor havia sido a primeira pessoa a surgir em sua mente quando a palavra “ajuda” foi pronunciada, afinal, ele cuidava de uma escola imensa e parte de sua função era cuidar do bem-estar de seus estudantes… Ele certamente poderia ajudar.

Um dos seguidores de Laus faz menção de segui-la, mas o líder do time vermelho o impede:

— Deixe a neko ir… Corra, bonitinha, corra, porque até encontrar alguém realmente disposto a ajudar, será tarde demais! – caçoa, sabendo que ninguém que morava ao redor seria corajoso o bastante para os ajudar.

Tayui olha ao redor, observando as construções que os cercavam, sentindo a garganta secar ao constatar que a rua era pouco movimentada e que lhes proporcionava pouquíssimas chances de obter ajuda. Se as coisas ficassem feias – o que certamente aconteceria – provavelmente algum dos comerciantes locais chamaria a polícia, mas até que as autoridades viessem, Laus e sua pequena gangue já teriam acabado o que tinham de fazer.

— O que você quer? – pergunta Seiji.

— Acabar com você!

— Não pode levar os Eventos para o lado pessoal, é contra as regras! – alerta, numa tentativa frustrada de fazê-lo desistir do que, obviamente, se tratava algum tipo de vingança.

— Eu não ligo para as regras!!! – grita Laus, fazendo outra careta de dor e levando a mão à região dolorida. – Esse era o meu último ano, essa era a minha chance de impressionar um olheiro… Você me tirou do campeonato e agora, eu vou tirar você!

— Você quer brigar comigo? – pergunta Seiji tentando ganhar tempo, erguendo as mangas do uniforme até o cotovelo e segurando firme em seu bastão. – Eu estou aqui, é só vir me pegar! Apenas o deixa em paz – emenda, apontando Tayui com a cabeça.

O kitsune o encara de olhos arregalados, sentindo o corpo todo paralisado com o alerta de perigo que os rondava. Como Seiji poderia ficar tão calmo? Tayui não podia acreditar que o neko realmente os enfrentaria em uma briga…

— Não quero o kitsune, nem a neko rosada… Quero apenas você! – sibila Laus, fazendo os seus seguidores estalarem os dedos e se prepararem para a briga.

Seiji avança alguns passos em direção ao meio da rua, atraindo seus oponentes como o açúcar às formigas. E antes que qualquer outra coisa pudesse ter sido dita, Laus dá o comando para a luta, fazendo todo o seu bando se lançar sobre o neko ao mesmo tempo.

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A briga se iniciou em total desvantagem, com Seiji sendo inteiramente cercado por seus oponentes, que o golpeavam alternadamente, impedindo-o de concentrar sua força e habilidade de luta em alguém. Vez ou outra, um oponente era acertado pelo movimento de seu bastão, mas não demorou muito para que, em meio a socos e chutes, suas mãos fraquejassem e o bastão de beisebol escapasse de sua palma.

Indefeso e rodeado de inimigos, o neko pôde apenas se defender, enquanto o próprio Laus se equipava com seu soco inglês e se preparava para entrar na briga...

Seiji estava em apuros, não precisava ser um grande sábio para saber disso. Eram sete contra um, guiados por um líder enfurecido demais para fazer tudo que estava fazendo, e ver o amigo naquela situação liberou Tayui de sua paralisia, preenchendo-o com um fortíssimo desejo de ajudar. Ele sabia que não poderia fazer grandes coisas, não apenas por sua condição cardiopata, mas também por nunca ter estado em uma briga antes, entretanto, o kitsune acreditava que, talvez, com um pouco de sorte, conseguisse abater um ou dois dos rivais de Seiji sem grandes problemas para si mesmo.

Foi com esse pensamento em mente que Tayui começou a lutar, apanhando o bastão perdido do neko e golpeando um dos garotos bem nas pernas. A vítima foi ao chão instantaneamente e o kitsunemomo o acertou novamente, calculadamente nas costelas, para inserir-lhe grande dor e incapacitá-lo. A estratégia pareceu dar certo, porque o garoto não retornou mais à briga, mas, em contrapartida, outros dois se voltaram para detê-lo, deixando Seiji com apenas 4 oponentes.

Seiji, que se defendia como podia, notou quando dois de seus oponentes se afastaram subitamente. Procurando-os com os olhos, viu de relance que Tayui empunhava seu bastão e investia contra eles. A preocupação em seu rosto surgiu tão rápido quanto os seus olhos viram o amigo, fazendo-o fraquejar em sua posição de defesa e tomar um forte soco no olho, perdendo novamente os seus óculos.

— Quebrem o braço dele! Certifiquem-se de ele não consiga segurar um bastão tão cedo! – ordena Laus, fazendo todos os agressores avançarem em uníssono, o derrubando e o encurralando contra o chão.

Não havia nada que o neko pudesse fazer além de tentar proteger sua cabeça, e, quando eles conseguiram o que queriam, quando seu antebraço se quebrou na altura do rádio, Seiji gritou. Era como se ele pudesse ouvir o osso se partindo, seguido da dor dilacerante e da agonia, fazendo suas defesas desaparecerem por completo e seu corpo ficar totalmente aberto aos golpes.

Àquela altura, o kitsune já estava ofegante com o esforço e com as orelhas novamente eriçadas. Seus dois novos oponentes eram rápidos e hábeis, e arrancaram o bastão de suas mãos com apenas alguns movimentos – como fizeram com Seiji –, prensando-o contra um muro e tornando-o uma presa encurralada.

Tayui levanta os punhos instintivamente, deixando que seus genes kitsune o guiassem em algo que pudesse lhe servir de defesa, ficando feliz em conseguir acertar dois socos em seus oponentes e por ter aguentado firme os golpes que vieram em resposta. Entretanto, tão rápido quanto uma chuva de verão surge e depois desaparece, uma dor insuportavelmente forte atravessou o seu peito...

De onde estava, Seiji pouco podia fazer para se defender. Sua boca e nariz sangravam e, além dos hematomas pelo corpo, ele podia sentir um ardor nas orelhas, que provavelmente estava cortada. Entre um golpe e outro, mesmo com a vista embaçada pela falta dos novos óculos, o neko procurou Tayui com o olhar... E foi nesse momento que o seu mundo desabou!

Encostado contra a parede, o kitsune tentava se defender de seus dois oponentes quando seus punhos se abriram e voaram para o coração. Foi tudo muito rápido, e, ao mesmo tempo, muito lento, o momento em que os agressores se afastaram assustados e os braços do kitsune baixaram repentinamente. Seu corpo foi ao chão logo em seguida, mole e inerte como nos filmes.

Sem acreditar no que seus olhos lhe mostravam, Seiji viu Tayui desfalecer.

— Não! Tayui! – gritou o neko, tentando em vão se levantar, mas recebendo outro forte golpe no rosto.

Sua visão fica turva e seu corpo amolece no chão. Ele iria apagar, sabia disso. Podia ouvir alguém gritando o seu nome ao longe, espantando Laus e todo o seu time, mas já não tinha forças suficientes para gritar de volta. Tudo o que conseguia fazer de onde estava e com as forças que lhe restavam, era encarar o corpo de Tayui ao chão, imóvel e desacordado como se apenas dormisse.

Entretanto, o neko sabia que não era tão simples, sabia que Tayui não estava apenas dormindo ou inconsciente, e que ele não despertaria mesmo que o sacudisse com bastante força. Seiji sabia, mesmo sem conferir seus batimentos ou a sua respiração, que Tayui estava morto e que havia morrido tentando protegê-lo.

— Tayui – chama em pensamento, não encontrando mais a própria voz e desmaiando logo em seguida.

...

Kenichi havia corrido o mais rápido que pôde para ajudar Seiji e Tayui, enquanto a secretária da escola chamava pela polícia e ambulância...

Misaki havia se apressado em buscar ajuda, retornando à escola e gritando a plenos pulmões para que alguém os socorresse. Havia pouquíssima gente na ESNyah naquele horário e a neko custou a encontrar o diretor para alertá-lo sobre o ocorrido. Porém, quando o encontrou, a reação de Kenichi não poderia ter sido outra, a não ser desespero.

Mesmo com o ciúme e a raiva que sentia de seu pai, que erroneamente direcionou para Seiji, Kenichi sempre temeu que suas lutas armadas pudessem lhe trazer consequências sérias. E naquele momento, segundo as informações de Misaki, seu irmão estava enfrentando uma gangue inteira, sozinho. No fundo, ele tinha esperança de que Tayui fugiria, como sempre fazia devido às suas condições de saúde. Entretanto, a realidade foi bem mais impactante do que o diretor esperava, ao chegar no local da briga e encontrar Seiji cercado, sendo espancado no meio da rua, e Tayui ao chão, na calçada.

O grupo de agressores se dispersou assim que avistou a sua aproximação, mas Kenichi não pôde se dar ao luxo de se sentir aliviado. Seiji estava inconsciente, muito ferido e ensanguentado, e ao que tudo indicava, Tayui também tinha sido vítima daquela luta, e o seu prognóstico, com certeza, era o pior.

As sirenes da polícia e da ambulância ressoaram logo em seguida, pois haviam sido alertados bem antes pelos comerciantes da rua, que temiam interferir na briga pessoalmente, mas que correram para chamar as autoridades.

— Calma, eu estou aqui, Seiji. O seu onii-chan está aqui – sussurrou Kenichi, que conferia o pulso do irmão e tentava não se desesperar com o seu estado.

O rebuliço de enfermeiros, policiais e macas afastou o diretor de seus dois alunos, fazendo-o se lembrar de Misaki, que estava travada na calçada, encarando seus amigos com o semblante mais aterrorizado que já passara por seu rosto. Seus dois melhores amigos estavam no chão, feridos e desacordados, e a neko não pôde deixar de se sentir impotente, por não ter sido rápida o bastante em buscar ajuda.

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— Misaki, você fez bem em buscar ajuda! Todas essas pessoas estão aqui por sua causa, os ajudando! – conforta o diretor, colocando a mão sobre o seu ombro, adivinhando com precisão o que se passava em sua cabeça naquele trágico momento.

— Acho que não fui rápida o bastante – desabafa, começando a chorar logo em seguida. – Se eu tivesse sido mais veloz... Se eu tivesse... Onii-chan e Tayui poderiam... Poderiam... – balbucia, não conseguindo concluir nenhuma de suas frases sem que o choro a dominasse.

Kenichi envolve Misaki em um abraço apertado, observando seu irmão ser levado pela ambulância sem que pudesse acompanhá-lo, restando-lhe apenas a tarefa de avisar as famílias e levar uma entristecida Misaki para casa...