As costas e pernas de Derek doíam por estar carregando alguém que tinha praticamente o dobro do seu peso junto com sua bagagem, mas fora mais difícil no começo, agora, era somente incômodo.

Melanie suava e ofegava, o veneno se espalhava mais a cada hora e ela não sabia se poderia ser curada, só podia torcer para que Derek conseguisse terminar a missão sem ela. O garoto dava passadas fortes, poderia tentar se teletransportar para onde sua visão alcançava, mas da última vez que fez isso, Melanie gritou tanto de agonia que o som ainda era emitido por seus ouvidos. Aquele veneno parecia ser estimulado por magia e isso explicava porque seus feitiços de cura não davam certo, ele só piorou as coisas.

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– Tudo bem ai? – ele perguntou, mas não recebeu resposta, só o som da respiração de Melanie. Derek começou a correr, a montanha onde as harpias viviam estava tão perto... Ela estava muito maior do que dois dias atrás... Tão perto...

Ele ouviu um barulho de bater de asas, mas não deu atenção, até uma mulher simplesmente cair do céu na sua frente.

Os cabelos ruivos dela pareciam ter sido cortados a mordidas, tinha olhos verdes, mas no lugar da boca, um bico amarelo pontudo. Ela virou a cabeça olhando-os, suas unhas enormes prontas para atacar se preciso, e seus pés tão humanos dando um contraste estranho junto com as roupas esfarrapadas. Ela emitiu uma espécie de grito que quase fez Derek soltar Melanie para tapar os ouvidos. Suas grandes asas douradas levantadas e imponentes em suas costas não deixavam dúvidas, era uma harpia

– Calada, Léa! – uma voz acima deles disse, quando olhou para cima, o garoto pôde ver outra harpia.

Essa tinha um rosto perfeitamente humano, roupas intactas e um rabo de cavalo com cabelos anormalmente azuis, mas suas asas de azul tão claro que quase eram brancas eram grudadas aos seus braços, de modo que ela até parecia uma criança brincando de tentar voar sempre que batias as asas e seus pés pareciam uma estranha mistura de pés humanos e patas de aves de rapina.

– Pegue a garota! – a azulada disse para a ruiva, que pulou e segurou Melanie que por pouco ao se feriu com as unhas enormes, Derek mal teve tempo de pensar e a outra harpia o pegou com seus pés estranhos e ambas alçaram vôo, indo em direção á montanha.

~*~

Carter era escoltado por Simira e Monique até a fronteira com os lobisomens. Marcos finalmente tinha deixado que ele saísse para investigar o assassinato do lobisomem. As perguntas que fizera no lado Elsa da Vitara tinham sido inúteis, já que todos contavam somente a mesma história de seu líder, então estava indo ouvir o lado da história dos lobos.

A fronteira era exatamente na estátua de Solomon e Elsa, onde o esperavam duas mulheres. Se Monique e Simira tinham um ar antigo e de classe, as mulheres que os esperavam tinham um ar moderno e despojado. A de cabelos pretos tinha esses presos em um coque mau-feito e a ruiva ao lado tinha um cabelo curto, composto praticamente de uma franja que cobria um de seus olhos. Ambas estavam descalças, com shorts e com blusas sem mangas.

– Você é o Guerreiro? - perguntou indiferente a ruiva.

– Com certeza Monique e Simira é que não são. – disse a de cabelos pretos em um tom sério, como um oficial do exército faria.

– Carter. – disse ele se apresentando.

– Sou Grace, - disse a ruiva. – e a sargento aqui é a Laiza. Somos as chefes da guarda daqui.

– Todos os chefes da guarda são mulheres?

– É uma preferência compreensível. – disse Monique com um pequeno sorriso que as outras três retribuíram. Era visível que nenhuma delas estava feliz com aquela desavença, sua tarefa era cuidar da segurança de todos e desunidas isso não era fácil de fazer.

Carter atravessou a fronteira e as lobas indicavam o caminho. O lado Solomon da Vitara era igual ao lado Elsa se tratando das construções, mas as pessoas eram diferentes. Havia desde crianças até pessoas mais velhas, todos vestidos de modos mais atuais do que os vampiros.

Ele foi levado até a sala do líder, que também era diferente da de Marcos. Havia armaduras pela sala e pinturas, provavelmente de líderes anteriores e as estantes eram preenchidos por ervas medicinais e livros que tratava desse mesmo assunto, provavelmente herança dos primeiros lobos e adquirido ao longo do tempo.

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Na mesa havia cartas, provavelmente dos cidadãos. Tudo ali refletia a pouco perceptível, mas maior vulnerabilidade dos lobos, que precisavam se cuidar muito mais.

– Sente. - o líder dos lobos disse sentado em sua cadeira, quase deitado. Ele tinha cabelo raspado e usava roupas leves e pretas. Carter o obedeceu enquanto as mulheres saíam da sala. – Sou Roy, não perca tempo me dizendo seu nome porque sei quem é Carter. Conheci sua mestra há muito tempo, diga somente o que quer, tenho muito para fazer. – muito diferente da gentileza de Marcos.

– Eu... Vim saber sobre o assassinato de seu lobo. – Roy sentou-se reto.

– O que quer saber?

– O que puder me contar... Eu acho...

– É bem simples! Aquele vampirinho recém-chegado maldito veio até aqui e matou um dos meus! Simples assim! Marcas de presa de vampiro no meu garoto, cheiro de lobo naquele desgraçado E NEM UM PINGO DE SANGUE NO MARCIO! – Roy estava com os braços apoiados na mesa e a centímetros de Carter.

– São todas as evidências?

– O que mais você quer? – perguntou cerrando os dentes.

– Nenhuma... Testemunha?

– TODOS PODIAM SENTIR A DROGA DO CHEIRO NELE! TODOS PODEM TESTEMUNHAR!

– Não grite comigo!

– Faço o que eu quiser no meu território, mesmo que não possa tocar em você. Tirem-no da minha frente! – ordenou colocando a mão nas têmporas. - Nem sei por que deixei que o trouxessem! – Laiza e Grace entraram e o acompanharam até o lado de fora e foram em direção á fronteira, com certeza seria trancado novamente.

– Não parece ter ido muito bem. – comentou Simira enquanto voltavam para a prisão.

– Não... – ele tinha falhado... Ou... – Recém-chegado... – falou parando de andar.

– O que foi? – perguntou Monique.

– Preciso ver Marcos!

– Não pode falar com ele assim de repente! – Carter correu em direção ao prédio principal, mas a morena pulou em suas costas o derrubando. – Não me ouviu?! – Carter fez seus braços crescerem e tentou continuar o que começou, mas Simira ajudou a irmã a segurá-lo.

Carter lutava contra a força das vampiras, e quase conseguiu se soltar, mas vindo de algum lugar, surgiu Alaric que o chutou no rosto fazendo tudo ficar escuro.

~*~

Hunter parou por um segundo e olhou para o rio ao lado dele e de seus amigos. Uma mulher dentro da água e apoiada na borda estava olhando para eles.

– Gente... – disse ele e todos olharam para a mulher. – É o que eu acho... Que é?

– Sereia! – disse Lena desmontando e correndo para o rio.

A mulher tinha cabelos castanhos longos que corriam por suas costas, ela parecia comum, exceto pela membrana entre os dedos de suas mãos e sua cauda que podia ser vista pela água cristalina. Outras sereias nadavam rio abaixo atrás dela.

– Olá. - a sereia disse quando todos chegaram perto.

– Acho que me apaixonei...

– Cala a boca, Hunter. – disse Caleb. – Quem é você? – perguntou para a Sereia.

– Sou Jenna.

– Você... – Hunter começou, mas Jenna o interrompeu.

– Não há tempo para isso! Estamos migrando, não posso falar muito tempo!

– Por que estão migrando?

– Estamos nos juntando aos nossos irmãos no mar pelo mesmo motivo que vocês não devem ir para o lugar de onde viemos! – ela hesitou um segundo, mas logo voltou para a água.

– Bem direta...

– Devíamos ouvi-la? – perguntou Drica.

– Sim, mas não obedecer. Vamos!

– Gente, sério, eu me apaixonei! – repetiu Hunter.

– Claro, Hunter, claro. – disse Mia.

– Pela trigésima quinta vez. – sussurrou Lena.

~*~

Derek podia ver toda a montanha ali de cima. Parecia um rio, cujas margens eram feitas de pedra lascada e sem água nele. Nas lascas da montanha é que as harpias viviam, dentro da própria pedra, junto com outras aves de rapina vivendo em conjunto. Cada harpia era diferente, tanto em cores como aparência. Algumas tinham bico, outras pés estranhos e assas junto aos braços como a harpia que o carregava, e algumas tinham mais de um par de asas.

Em certo momento, as harpias que carregavam a Classe Giebra começaram a descer e todas outras olharam a cena. Pousaram á frente da estátua de uma harpia, que parecia humana, exceto pelas asas, enormes que davam imponência e força.

– Falcona... – disse Derek. – Vitara Falcona... – então, uma harpia pousou na frente deles. Ela usava uma blusa branca e jaqueta preta e se parecia incrivelmente com Falcona, somente tendo como traço não-humano suas asas negras e seu rosto que pareciam ser maquiados, mas eram naturalmente pretos ao redor dos olhos que davam um belo contraste com seus cabelos também escuros, exatamente como a estátua.

– Quem são esses, Tabatha? – perguntou a mulher que era visivelmente a líder ali.

– Não sabemos senhora. – disse Tabatha empurrando Derek e Melanie para frente, fazendo esta cair. – Invadiram nosso território.

– Pessoas doentes não invadem territórios. – disse séria e Tabatha se encolheu.

– Somos Guerreiros! – disse Derek levantando Melanie, que havia desmaiado. – Estamos em missão, por favor, ajude ela! Foi envenenada por uns cavaleiros com armaduras pretas que estavam nos seguindo!

– Cavaleiros... – os olhos da líder se arregalaram. – Estão vindo... Léa, leve esta garota para as curandeiras! Tabatha , reúna as melhores lutadoras e façam uma vistoria na área. Se eles estiverem realmente vindo para cá, quero ser informada imediatamente! E mande alguém avisar Aaron, agora! - as ordens dela foram obedecidas no mesmo instante.

– Obrigado... – falou aliviado.

– De nada. Eu sou Odrey, líder das harpias e descendente direta de Falcona.

– Derek, Classe Giebra.

– Muito prazer.

– Você... Sabe alguma coisa sobre os homens que nos atacaram?

– Mais do que gostaria. Venha, temos muito que conversar.