Cinzas do Crepúsculo

O Elixir da Vida e Morte


CAPÍTULO 17

THE ELIXIR OF LIVE AND DEATH

Caro amigo,

Comprei esse presente para o seu aniversário e dei o acabamento eu mesmo; não acho que ficou muito bom, mas espero que você goste. Sinto sua falta, faz meses que não nos falamos! Queria que estivesse aqui. A escola está um caos.

O Menino que Sobreviveu está acordando com pesadelos todos as noites sobre Nemesis. Eu sei que existem provas, mas é difícil acreditar que haja mais um bruxo das trevas por aí. Ele me mostrou os machucados semana passada. As queimaduras estão bem melhores, mas a cicatriz de raio ainda está aberta e fresca. Nada que Madame Pomfrey fez funcionou. Espero que Nick fique melhor logo.

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Sinto muito pela ausência de cartas durante o ano escolar. Estive muito ocupado e eu não tinha nada para te dizer, de qualquer jeito. Espero que você esteja bem. Se divirta e seja feliz. Logo eu voltarei para casa. Apenas mais um dia! Quando Eyphah chegar aí, eu já estarei no trem.

Hoje nós temos a celebração da Copa das Casas. Estamos ganhando! A menos que Dumbledore favoreça os Gryffindors como ele adora fazer, Slytherin vai ganhar a Taça. Honestamente, nós a merecemos; todas as cobras de Hogwarts se esforçaram muito esse ano. Daphne Greengrass é ótima em poções. Theo Nott arrasa em feitiços. Vou sentir falta deles; ficar sem vê-los durante o verão vai ser difícil.

Tome conta de Eyphah para mim até eu voltar da escola. Eu realmente espero que você goste do presente. Não esqueça de mostra-lo para tio Victor, aposto que ele vai gostar. O presente é a cara dele!

Cordialmente,

Revan.

O menino selou a carta e a amarrou no pescoço do corvo. “Eyphah, leve isso para casa. Não se atrase, é importante.” Junto com a carta, estava um pacote minúsculo, que continha a Pedra Filosofal. “E não deixe, em hipótese nenhuma, que alguém te pegue.”

O corvo grasnou para ele e levantou voo, no meio das corujas. Logo ele não podia mais ser visto, tanto pelo céu negro como as penas do corvo quanto pelos inúmeros feitiços que o animal tinha ao redor dela. Suspirando depois de garantir que Eyphah não poderia ser rastreada por olho humano, Revan desceu para a Cerimônia das Casas.

A Taça poderia ter apenas valor sentimental, mas era uma conquista para o menino. Uma coisa que havia tomado de Nicholas. O salão, decorado de verde e prata, não levantava o humor das outras casas. Slytherin, em comparação, conversava mais alto do que nunca. Draco Malfoy dizia que ele era o responsável por fazer com que a casa verde ganhasse, pois ele havia entregado os Gryffindors, o que lhe rendeu uma ferroada nas partes baixas, deixando o lugar do lado de Nott vago.

Revan se sentou lá. Logo, recebeu um pequeno pedaço de pergaminho.

Você conseguiu mais alguma informação dele?

As palavras se apagaram assim que Revan terminou de lê-las e ele vasculhou a mesa à procura da pessoa que havia lhe enviado o bilhete. Logo seus olhos pararam em Greengrass, que fingia estar em uma conversa com Parkinson. Mas ela estava muito tensa para conversar sobre algo banal com uma amiga, notou o herdeiro Black.

Ele jogou o bilhete de volta para a loira:

A ferida vai fechar em algumas semanas, mas a cicatriz nunca vai desaparecer. Ele ainda está com muita dor. Por algum motivo, Dumbledore o queria aqui hoje, ou Potter ainda estaria na Ala Hospitalar. Ele não me contou nada sobre Nemesis – acho que está com medo, covarde do jeito que é.

Greengrass grunhiu, frustrada. Deve ter comentado algo com Parkinson, porque o nome Nemesis apareceu mais e mais na conversa das duas. Bulstrode se uniu à elas, dando suas opiniões. Davis timidamente compartilhou seus pensamentos. Antes que Revan percebesse, a mesa inteira sussurrava sobre o jovem que havia dado uma cicatriz ao menino que sobreviveu.

“Feitiço das Trevas...”

“Papai nunca ouviu de algo parecido...”

“Comensal da Morte...”

“Pode estar entre nós.”

A conversa subitamente cessou quando Dumbledore se levantou da cadeira, abrindo os braços para todos. “Mais um ano se foi!” disse alegremente Dumbledore. “E eu temo que, antes de iniciarmos o banquete, vocês ainda tenham que ouvir as palavras de um velho tolo. Que ano! Espero que suas cabeças estejam um pouco mais cheias do que antes. Agora vocês têm o verão inteiro para as esvaziar novamente!”

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“Sei que estão com pressa. Em quarto lugar, Gryffindor, com 312 pontos; em terceiro, Hufflepuff, com 352 pontos; o segundo lugar vai para Ravanclaw que conseguiu a marca extraordinária de 426 pontos, e Slytherin, 472 pontos.”

Todos os alunos de Slytherin aplaudiram e comemoraram a vitória entre si. Não que fosse algo importante, eles sabiam que não, mas eles haviam ganhado. Outra vez. Apenas a cara de desgosto do resto da escola já era o maior prêmio que poderiam pedir.

“Sim, sim, muito bem, Slytherins. Porém, acredito que temos alguns pontos a serem dados de última hora.” A sala ficou silenciosa. Os Slytherins perderam o sorriso. Revan mandou adagas com o olhar para Dumbledore; ele já suspeitava do que o velho planejava fazer. Ele nunca deixaria seu menino de ouro perder a Copa das Casas.

“Para Ron Weasley, eu concedo cinquenta pontos pelo melhor jogo de xadrez já jogado em Hogwarts. Para Hermione Granger, eu concedo outros cinquenta pontos, pela sua habilidade de lógica. Nicholas Potter, por sua incrível coragem ao encarar o mal, receberá sessenta pontos...”

Gryffindor começou a pular de alegria. Eles estavam empatados em primeiro lugar com Slytherin! Se fossem um pouco mais sortudos, ganhariam a taça! Ganhariam de Slytherin!

“E para Neville Longbottom, que tentou impedir seus amigos de enfrentar o perigo, eu concedo dez pontos.”

Levou um segundo para a informação afundar na cabeça de todos, e então começaram os gritos e comemorações. Nicholas se levantou da mesa junto com Hermione e Ron para tentar abraçar Neville, como o resto da casa de Gryffindor fazia, tendo sufocado o garoto entre seus abraços. Neville parecia ser o mais surpreso: Ele nunca havia ganhado mais de um ponto para Gryffindor, quem diria dez! Sua avó iria ficar tão orgulhosa! Ele timidamente levantou a mão em comemoração e foi recebido com mais gritos ainda.

“O que significa-” continuou Dumbledore, elevando o tom de sua voz até que fosse ouvido pelos estudantes. “Que precisamos de uma mudança na decoração.”

Ele bateu as mãos duas vezes, e o verde e prata foi substituído por vermelho e dourado. A serpente de Slytherin desapareceu, o leão de Gryffindor aparecendo em seu lugar. Snape tinha um sorriso tão obviamente forçado que fez com que Revan risse, não importava sua frustração momentânea. McGonagall em comparação nunca tinha parecido mais alegre antes. Para a surpresa de Revan, porém, Snape se levantou.

“Você se esqueceu, diretor” começou, com uma voz mais arrastada do que nunca. Uma atmosfera fria correu pela sala. Snape nunca fazia nada de bom. “Que um estudante meu, Revan Black, também ajudou a salvar a pedra. Levando em consideração a quantidade de pontos dada a cada estudante de Gryffindor ganhou, eu concedo a Revan Black, por um sacrifício para que os outros continuassem... Vinte pontos.”

A próxima coisa que Revan sabia era que havia sido derrubado no chão, tamanha era a porcentagem de pessoas tentando o cumprimentar ao mesmo tempo. Ele apertou a mão de Nott, Zabini, Greengrass, Parkinson, Davis, Bulstrode, assim como o de alunos mais velhos, igualmente felizes por terem ganhado a copa. Quando cada um dos duzentos e cinquenta estudantes de Slytherin haviam o cumprimentado, o silêncio reinou novamente.

Nenhum Slytherin iria esquecer, porém, do jovem estudante que havia tirado a Taça das Casas de Gryffindor e a devolvido ao seu legítimo lugar: A Nobre Casa das Cobras.

_

“Se anime, Nick” pediu Revan ao entrarem no trem. O ruivo se jogou em um banco com a cara fechada e olhou pela janela conforme o trem se afastava da estação de Hosmeade. Os quatro que estavam no vagão observaram Hogwarts lentamente desaparecer de vista, dando lugar a montanhas que a cercavam. “Não é tão ruim assim.”

“Diz isso porque sua casa ganhou!” Nicholas resmungou. A paisagem era mais interessante do que os amigos que estavam no vagão. “Gryffindor perdeu! Nós perdemos!”

Hermione tentou ajudar: “Nick, é um prêmio honorário. Ganhar ou não ganhar não ajudará no seu futuro acadêmico.”

“A merda o meu futuro acadêmico!” explodiu o ruivo.

A menina deu um passo para trás como se tivesse sido atingida diretamente pelas palavras. Ron, por outro lado, ficou do lado de Nicholas. “Ele tem razão, Hermione. Ganhar a Copa das Taças é parte da experiência de Hogwarts. Se os Slytherins não estivessem lá...” seus olhos se arregalaram e ele apontou para Revan, que assumiu uma expressão inocente. “Se Black não estivesse lá... Nós teríamos ganhado.”

Revan se viu vítima da atenção dos dois Gryffindors. Ele? A única coisa que ele havia feito era ficar longe de confusões. Talvez se Nicholas não quisesse salvar o mundo todos os dias, ele teria ganhado alguns pontinhos a mais que levariam à vitória de Gryffindor. Agora era culpa dele?

Aparentemente, sim, porque Nicholas empurrou o malão preto de Revan para fora do vagão e amarrou a cara. “Fora daqui” cuspiu. “Você não merece ficar conosco.”

É assim agora? Revan caminhou para fora do vagão dignamente, o malão atrás dele, a procura de um novo compartimento. O resto da viagem não teve nada de especial; foi apenas Revan, sozinho, lendo um livro, como Harry Potter costumava fazer quando não tinha amigos.

_

Revan não podia acreditar nos seus olhos quando viu o mentor. Ele estava disfarçado, verdade, mas aquele olhar, ora louco, ora amigável, seria reconhecido quaisquer fossem as feições que Regulus usasse. Cabelos e olhos castanhos, pele pálida, altura média. Perfeito para se misturar na multidão. Ele esperava pacientemente encostado contra uma coluna.

O herdeiro Black não demonstrou nenhuma reação exterior, porque sabia que estava sendo observado. Os olhos castanhos de Nicholas o seguiam pela estação, mesmo estando rodeado de jornalistas e quase cego de tantos flashes que tentavam capturar o momento da volta do Menino que Sobreviveu para casa.

Os dois Blacks caminharam contra a barreira, e antes que aparecessem no mundo trouxa, Regulus já havia agarrado o braço de Revan e aparatado com ele para um beco abandonado, onde pegaram duas vassouras. O Ministério estava rastreando qualquer aparatação ou uso de flu, e Regulus ainda precisava adicionar a mansão Black ao destino da chave de portal pré programada do aprendiz.

“Bom te ver” comentou amargamente. “Obrigado por todas as cartas que me mandou.” A ironia e chateação estavam claras em sua voz. Ele teria cruzado os braços se não os tivesse ocupados pilotando a vassoura.

Revan deu de ombros. “Não tive tempo. Sempre tinha algum Gryffindor atrás de mim. Nicholas ainda me segue quando eu vou para a Sala Comunal de Slytherin. Eyphah cumpriu a missão dela. A Pedra Filosofal já chegou, eu acredito?”

Regulus franziu a testa, mas não respondeu, porque naquele momento estavam pousando as vassouras. Longe o suficiente de Londres. Em silêncio, ele programou o colar de Revan, admirando o trabalho feito ali. Seu Lorde não se daria o trabalho de fazer um presente daqueles para qualquer um, muito menos um tão útil quanto aquele. Ele segurou na mão do aprendiz, que sussurrou a palavra chave (que, Regulus tinha que admitir, ele não sabia o que significava nem como era pronunciada) fazendo com que desaparecessem no ar.

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A mansão estava exatamente como Revan se lembrava. Limpa, mas com um aspecto sombrio. O elfo limpava as janelas, havia um livro de Quadribol em cima da mesa da sala, um café da manhã pronto para Revan, assim como uma pilha de madeira.

“Esses andam?” questionou Revan, apontando para a pilha de madeira. Eles não precisavam de lenha, então aquilo só podia significar uma coisa. Mais inimigos para derrotar.

“Fazem tudo que você pode imaginar. Cuidado com as pontas afiadas.”

A pilha de madeira levantou e foi moldada na forma de um soldado palito com uma espada. O soldado o saudou e jogou o toco de madeira restante para Revan.

“Sem magia” explicou Regulus. “Se vai lutar como um trouxa, pelo menos faça isso direito.”

“Você sabe” disse Revan lentamente, caminhando até a fogueira. “Que espadas não são usadas há séculos, muito menos espadas de madeira.”

A ponta da “espada” de madeira se incendiou, e sem dar uma chance para o inimigo, Revan ignorou as regras e ateou fogo em cada estaca de madeira que compunha seu corpo. Sem graça. Ele precisaria de algo mais resistente e que realmente lutasse, para gastar sua raiva resultante de meses passados na companhia do irmão arrogante e os dois patetas.

“Você ainda tem as coordenadas do orfanato?” perguntou o herdeiro Black com um sorriso malicioso no rosto. “Preciso de alguns alvos vivos. Mais precisamente, um alvo ruivo. E gordinho. Se ele se chamar Nicholas, ainda melhor.”

__

Antes de conseguirem alguém “ruivo, gordinho e chamado Nicholas”, eles precisaram visitar o Lorde das Trevas. Era uma visita casual apenas para garantir que Revan não tinha nenhum feitiço rastreador sobre ele. Foi com preocupação, porém, que os Blacks foram para a casa abandonada dos Riddle. A letra do Lorde das Trevas estava estranhamente deselegante, naquele dia, e os dois sabiam que Voldemort sempre exibia uma letra impecável nas cartas.

A preocupação deles se agravou ao entrarem na casa dos Riddle. Mesmo o primeiro andar, sempre deixado de um modo sujo e abandonado para não deixar adolescentes aventureiros entrarem, exibia sinais de luta sutis. Um quadro de uma moça torto, velas acesas, cortinas rasgadas. Sem pegadas. Nenhuma. O Lorde das Trevas já deveria ter um corpo até agora, pensou Revan.

Com uma troca de olhares, os dois Blacks tiraram as varinhas do coldre e caminharam lentamente para o segundo andar. Nenhum som foi feito entre os dois, apesar dos corações batendo mais forte do que parecia ser possível no peito deles. O segundo andar estava como o primeiro, com sinais de vida: longas faixas de assoalho sem pó, mostrando que Nagini havia ficado impaciente, deslizando pelo cômodo sem parar por um bom tempo.

“Meu lorde?” chamou Revan quando chegaram no terceiro andar. Um móvel fora de lugar. Espelho quebrado. Vela derretida até o final. O menino ouviu um grito estrangulado vindo de um dos quartos, e ele se apressou para chegar lá.

Aberta a porta porém, ele encontraram uma mera sombra, mais frágil do que a que Revan havia encontrado anos atrás, tentando levitar uma cadeira, sem sucesso.

“Estou arruinado!” gritou Voldemort. “O moleque conseguiu novamente. Fez com que eu perdesse o pouco de vida que eu havia recuperado.” Ele socou a parede e observou seu pulso a atravessar.

“Você não está morto!” afirmou Revan. “Não é um fantasma. Ainda está vivo.”

“Não vivo o suficiente!” O Lorde das Trevas apontou para a embalagem da Pedra Filosofal exatamente como Regulus havia a deixado naquela manhã antes de ir buscar o aprendiz. “Não consigo nem mesmo fazer um elixir.”

Revan deu de ombros. Ele podia fazer aquilo. Sem nenhum problema. Em segundos, ele pegou o melhor livro de Alquimia que tinham na casa e preparou os ingredientes. O caldeirão de prata derreteu uma pequena parte da Pedra, criando um líquido grosso dentro dele. Voldemort apontou para Revan as palavras que ele teria que cantar para ativar as propriedades mágicas da Pedra Filosofal.

Duas horas depois, havia um límpido líquido vermelho ocupando metade do caldeirão. Voldemort se aproximou, tocou o elixir e levou um pouco dele para a boca. Tinha um gosto divino. Ele se surpreendeu; achou que não fosse conseguir provar o elixir. Impaciente, ele esperou as mudanças acontecerem.

Dez, vinte minutos se passaram. Ele tomou mais um pouco, e mais, e mais, até que o caldeirão estava quase vazio. Começando a se desesperar, ele checou as instruções. Tudo estava perfeito. Revan não havia errado no preparo da poção.

“Corte seu braço” ordenou ele, apontando para Revan e para um caco de vidro. O herdeiro Black fez como lhe foi pedido. “Prove o elixir.”

Revan pegou uma taça e deu um gole. Imediatamente, a ferida no braço se curou. “Funciona” comentou desnecessariamente. O Lorde das Trevas terminou de tomar a poção e se olhou no que restava do espelho quebrado da sala. Ele não parecia nem mesmo um pouquinho mais vivo, apesar de se sentir mais forte. Força, do que adiantava força? Ele nunca seria capaz de duelar. Os Comensais da Morte nunca seguiriam um fantasma. Voldemort aparentemente estava condenado a viver como uma sombra até o resto dos seus dias.

“Saia daqui” rosnou. Revan não se moveu. “SAIA DAQUI!” berrou. Percebendo seu erro, Revan correu para pegar Regulus e voltou para a mansão. Não havia nada pior do que um Lorde das Trevas enfurecido.

__

Revan não ouviu mais de Voldemort naquele dia. Ele esperou pacientemente, observando qualquer movimento do corvo e já resolvendo a tarefa de casa de poções, apesar de querer saber o que exatamente estava errado. Todas as esperanças de Revan estavam na Pedra Filosofal; com a volta do Mestre, ele teria sua eterna gratidão. Agora, se ele tivesse seu eterno ódio, já seria alguma coisa.

O herdeiro Black havia falhado. Ele havia recuperado a Pedra, sim, e isso havia custado a ele parte de sua sanidade (agora ele não estava surpreso que Dumbledore estava tão louco, tendo passado tanto tempo na companhia de Nicholas) mas a missão principal não havia sido sucedida. Lord Voldemort ainda era uma mera sombra, mais fraca do que a que Harry Potter havia encontrado anos atrás. Eles pareciam regredir no tempo.

No dia seguinte, Revan passou o dia treinando com a espada e com feitiços. Todos os soldados artificiais foram destruídos sem que Revan ganhasse um arranhão, tamanha era a sua fúria. O herdeiro Black precisaria melhorar nisso. Emoções o tornavam fraco. Ele não podia ser fraco. Isso fez com que ele intensificasse cada vez mais seus estudos, aprendendo feitiços que lhe dariam uma passagem só de ida para Azkaban e os testando na primeira coisa que estivesse em sua frente.

Hermione foi a primeira a escrever para ele. Ela estava de férias na França, mas já havia terminado toda a tarefa de casa e lido livros de teoria avançada. Ela estava se divertindo, aparentemente, apesar de estar preocupada com Nicholas. De acordo com o PS da carta, só agora o corte estava começando a se fechar, e se abria novamente a cada movimento desconfortável. O Menino que Sobreviveu estava confinado a uma cama durante todo o mês de Junho, sendo obrigado a ler livros e, como havia revelado para Revan em uma carta recebida em Agosto, meditação.

Meditação? Ninguém do círculo secreto de Voldemort entendia por que ser um animago ajudaria Nicholas. Uma matéria de capa, sem dúvida, mas nada mais do que aquilo. O moleque já deveria saber Oclumência. De maneira alguma ele organizaria sua mente.

O som de uma explosão fez com que Revan voltasse à realidade. Ele levantou um feitiço bem a tempo de bloquear as rochas que vinham em sua direção. Regulus, em resposta, mandou fogo, que foi anulado com água. As raízes fizeram uma tentativa de agarrar Revan e sufoca-lo até a morte; nada que um Diffindo não resolvesse.

Subitamente, os dois pararam e olharam para o céu. Sim, aquela era definitivamente Eyphah, voltando... Com uma mensagem? Os dois se apressaram até a janela onde o corvo costumava esperar para ter a mensagem recebida, mas não havia mensagem. É claro que não havia. Voldemort não conseguiria escrever uma mensagem, não agora, tão fraco quanto estava. Pelo menos, os Blacks foram capazes de entender que se Eyphah estava lá, era porque Voldemort os queria na casa dos Riddle.

A sombra de Voldemort esperava no quintal de braços cruzados e caminhando pelas roseiras bem cuidadas. Quando ouviu passos, ele se virou para Revan e fez um pequeno aceno com a cabeça como cumprimento. Não mais do que aquilo. Ele estava infeliz demais para dizer Olá.

“Meu lorde” reverenciou Revan, fazendo uma elegante reverência até onde ele beijaria as vestes do mestre se ele tivesse corpo. “Acredito que o senhor tenha me chamado.”

Voldemort assentiu. “Não se culpe pela falha. Fui eu quem deveria ter escapado de Hogwarts assim que tive a chance. Nada, Harry, pode dar vida a algo morto, e eu definitivamente não estou vivo o suficiente para isso.”

Um pedido de desculpas escapou da boca de Revan antes que ele pudesse se conter. “Eu deveria ter sido mais rápido. Deveria ter roubado a Pedra Filosofal no primeiro dia de aulas. Matado Potter e sumido com as evidências.”

O pensamento da marca que Revan havia deixado em Nicholas fez que os lábios do Lorde das Trevas tremessem em um fantasma de sorriso. Aquela havia sido uma ideia fantástica. Nemesis não seria alguém invisível, Revan Black não seria Nemesis e Harry Potter não seria Revan Black. Três identidades em uma só pessoa.

“Eu tenho outra ideia” começou Voldemort. “Mas para isso, você precisará da ajuda de alguém de fora. Você já ouviu falar de Lucius Malfoy, eu acredito. Ele tem algo meu. Vá como Nemesis e faça com que ele dê o objeto para você, não importa como. Você tem permissão para usar qualquer coisa que não ative os aurores no exato instante.”

“O que esse objeto faz?” questionou Revan.

Quanto ele poderia revelar? Se tudo desse certo dessa vez, Revan faria sua própria Horcrux naquele ano, por garantia. “Quando se mata alguém, sua alma se separa. É possível guardar um pedaço da alma em um objeto e, enquanto esse objeto não for destruído, a pessoa que o fez não morrerá.”

“E esse objeto é uma Horcrux?” Revan tentou. “Você terá que me explicar mais sobre isso.”

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Voldemort expôs seu plano: No próximo ano de Hogwarts, Revan Black voltaria para Hogwarts em Setembro e traria um passado de quase cinquenta anos atrás de volta para a vida. Um Basilisco, pronto para matar sangue ruins e traidores de sangue. Talvez, até mesmo se livrar dos companheiros de Nicholas! A enorme cobra sabia o trabalho a ser feito, garantiu Voldemort, mas a Câmara Secreta precisava ser aberta por um ofidioglota.

O sol estava se ponto, notou Revan. As primeiras estrelas já apareciam brilhantes no céu.

“Vamos conseguir”

“É claro que vamos!” concordou Voldemort. “Nicholas Potter não terá chance contra um Basilisco.”

A paisagem durante o crepúsculo era interessante. Mesmo na escuridão que se formava mais a cada minuto, pequenos feixes de dourado escapavam das nuvens e sol. Como cinzas, o que restava da luz, e consequentemente, a sanidade que restava em Revan. Ele olhou a lua, tão bela em seu branco brilhante, e suspirou. Quem sabe o que o próximo ano traria para Revan? Só o tempo iria dizer. Não importava o quê. Revan apenas esperava que seu treinamento fosse o suficiente.