Cinderella de vans

Não deixe suas boxers espalhadas pelo quarto


"Eu vou embora! Não aguento mais ficar aqui" Ela estava bêbada, dava pra ver pelo seu jeito "Então vai, voce só traz problemas, já faz um ano, April! Um ano! Chega!" ele gritou e eu estava escondida no meu lugarzinho de sempre, sempre via as brigas, as discussões, sempre ouvia tudo e eu sabia o quanto aquilo me fazia mal. Ela sempre vai embora, fica uma semana fora e depois volta, sempre com problemas juntos, mas dessa vez... Eu sentia que era pra sempre. Por que os dois estão brigando tanto?! Eles não entendem que isso não adianta nada? Ele não vai voltar, ele nunca vai voltar.

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- Blake. - Lucas falou e eu acordei.

- Ah? - perguntei.

- Voce estava tendo um pesadelo.

- Tudo bem, obrigada por me acordar. - dois dias seguidos tendo pesadelos? Acho que eu não vou aguentar passar por tudo isso de novo... Mas, porque os pesadelos voltaram? Por que agora?

- Já são seis e meia. - ele falou olhando o relógio.

- Me acorda as sete e cinquenta.

- Mas daí voce vai ter que se vestir em dez minutos.

- Quem se importa? - falei dormindo de novo.

Eram oito horas quando levantei, "merda, estou atrasada" pensei, as chances de eu entrar no primeiro periodo eram zero, entao levantei calmamente, penteei meus cabelos, fiz uma trança lateral, coloquei um short, uma sandalia e uma regata já que estava bem quente hoje (minhas roupas de antes? Rebecca me proibira de usar) e agora eu estava virando praticamente uma delas. Tomei meu café da manha calmamente e as chances de eu chegar atrasada no segundo periodo eram grandes, entao só coloquei Nirvana no ultimo volume do meus fones e descansei mais um pouco sentada na mesa do café, olhei em volta, como essa casa era vazia, apesar de todos os moveis e decoraçao, era tao sem vida, eu via meu pai raramente, ele saía cedo e chegava tarde, e quando estava em casa nem pensava em ir falar comigo, ninguém nessa casa se sente realmente a vontade, todos sabem que ela nunca foi a mesma desde do... Acidente.

"'Josh, vai mais devagar' - falei, 'calma Blake, sei o que estou fazendo' - ele respondeu, mas ele nao sabia e esse erro custou muito, custou uma vida" essas lembranças me faziam mal, eu sei que faziam, e eu tentava ao máximo não pensar nisso, mas era impossível quando tudo em volta me lembrava ele.

Peguei meu skate e fui pro colégio, cheguei lá no terceiro periodo, era matemática, eu até que era boa nessa matéria, mas odiava tentar, e me dava tanta preguiça fazer as contas que preferia tirar nota baixa do que ficar uma hora fazendo isso. Entao acabei matando o terceiro periodo tambem, nossa o que deu em mim hoje? eu nao sou o tipo que faz isso... Rebecca nao é uma boa influencia. Tinha esquecido os meus fones de ouvido em casa, por sorte eu sempre tenho sempre um extra no meu armario, do jeito que sou esquecida tenho quase tudo extra no meu armario da escola.

Quando fui pegar meus fones algo me chamou atenção, reconheci uma coisa, aquela flor, eu conhecia, era uma flor de plástico, azul como o oceano e uma das mais bonitas que já havia visto, peguei ela na mão e as lembranças vieram na minha cabeça como se tivesse acontecido ontem.

"Olha, minha mãe me deu de presente" - eu sorri, estava tudo tão bom, eu era tão feliz. "Nossa, que legal" - ele me respondeu. "Quero que fique com ela" - alcancei a flor. "Não, não posso aceitar, Blake, é tão bonita" - ele me devolveu. "Não! Bê! Fique com a flor, por favor, quero que tenha uma lembrança de mim, quando for se mudar" e então ele pegou a flor.

Essa era a mesma flor, eu tenho certeza! O Bernardo veio pra escola? Ele estuda aqui? Ou esta só de visita? Bem, de algum jeito a flor que eu dei pra ele esta aqui, e eu quero descobrir como.

Fu até a secretária da escola e perguntei pra senhora que trabalhava ali se algum "Bernardo" estudava ou pretendia estudar ou se pelo menos algum Bernardo havia passado por aí.

- Bernardo? - ela arqueou as sobrancelhas. - Para que a informação?

- Só estou procurando por ele. - falei, sem pensar em resposta melhor.

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- Não podemos revelar informações sobre os estudantes. - ela disse.

- Isso quer dizer que ele estuda aqui? - sorri.

- Desculpa, não posso dar esse tipo de informação. - ela disse, me deixando em duvida se aquilo significava que ele estudava aqui ou não.

- Tudo bem, obrigada. - mas eu não ia desistir, ah, não ia, estou esperando por esse garoto a seis anos, ele me deve essa.


- Ontem a noite for maravilhosa. - Rebecca suspirou.

- Eu soube. - revirei os olhos.

- Nossa o Lucas é tão...

- Não precisa dizer, não estou interessada. - falei, antes que as coisas começassem a tomar um rumo impróprio.

- Tudo bem. - ela deu de ombros, a aula de geografia estava tão chata! Como alguém poderia aguentar ficar toda manha falando sobre se um lugar é "povoado" ou "populoso"?! E pra que eu iria querer saber isso? Bem, eu ia muito bem em quase todas as matérias, isso não quer dizer que eu gostasse delas.

- Oi Hunter. - falei.

- Blake. - ele disse indiferente.

- Algum problema? - perguntei.

- Voce nao deveria beber tanto nas festas.

- Voce estava lá! - gritei - Sabe o que aconteceu?

- Te levei pra casa. - ele deu de ombros.

- Levou? Ah, obrigada Hunter. Muito obrigada mesmo, não sei o que teria acontecido se você não estivesse lá. - me senti um pouco feliz por ter sido ele que me levou para casa. - Se eu disse alguma coisa estupida, pode esquecer, ok? Sempre falo coisas idiotas quando estou bebada.

- Não se preocupe, não disse nada demais. - ele sorriu, e eu o abracei. Estava pegando essa mania de abraçar as pessoas, até que é bonitinho, seilá.

Cheguei em casa e a encontrei vazia, uma paz veio dentro de mim, não havia ninguem em casa?! Ninguem mesmo?! Eu teria finalmente paz? Ah, que coisa boa. Fechei os olhos e dormi, dormi e dormi, sem nenhum pesadelo e fui acordada por Regina me empurrando.

- BLAKE! BLAKE! ACORDA! - ela gritou - Faltou o psicologo de novo?! Seu pai vai te matar.

- Merda! - gritei - Esqueci completamente!

- De novo?! Blake...

- Desculpa Regina, mas agora não tem nada que eu possa fazer.

Voltei a dormir, mas durou pouco e fui acordada novamente.

- BLAKE! ACORDA NESSE INSTANTE! - ele gritou.

- Pai?

- Voce enlouqueceu?!

- Ah?

- Faltou o psicologo duas vezes... O QUE SIGNIFICA ISSO?! - ele me jogou uma das boxers que devia ser do Lucas, ele entrou no meu quarto?

- Ah... Não sei. - dei de ombros.

- Tem trazido garotos para cá?! - ele gritou nervoso.

- Claro que não.

- Vai me dizer agora que tem usado cueca?

- Não... - senti uma vontade de matar o Lucas por deixar as coisas dele jogadas no chão.

- Quero saber nesse exato momento de quem pertence isso e eu vou lá matar esse cara. - nunca vi o meu pai tão interessado na minha vida, e tinha que ser logo interessado nisso?! Sabe, ele nunca me perguntou sobre minhas amigas e nem namorados, nunca se interessou sobre a minha vida, e agora ele resolveu dar uma de pai ciumento?

- É só um amigo. - disse, tentando pensar em alguma desculpa.

- Um AMIGO?! - ele gritou - Esta de castigo.

- Castigo? Nunca me colocou de castigo na vida.

- Não quero saber de garotos aqui em casa, entendeu?! Nada de sair pra lugar nenhum, a não ser a escola, pelo resto de sua vida! - ele continuava gritando cada vez mais alto.

Eu vou matar o Lucas!

- Deu? - perguntei.

- Quem é o garoto? - ele disse.

- Ninguem! Eu não estou namorando ninguem!

- Então foi só uma noite qualquer? - ele falou irritado.

- Não, pai! Eu não transei com ninguem! Eu sou virgem. - tentei acalmar ele.

- Esse garoto me paga, ouviu?! Ele era de boa familia? Usaram camisinha? Blake, por favor me diga que se protegeu.

- Pai, voce não ouviu o que eu acabei de dizer?!

- Oi, Blake. - eu não acredito em como eu sou azarada! O Lucas! Ele tinha que chegar na pior hora do mundo pra ele chegar?! Eu vou matar esse desgraçado.

- É ele? - meu pai gritou, ainda com raiva.

- Não pai, é só um amigo.

- Amigo?! - ele gritou e a coisa mais estranha que aconteceu no mundo: meu pai, começou a correr atrás do Lucas, isso mesmo, correr! Eu só vejo isso em filme, nunca pensei que isso fosse mesmo acontecer, fui atrás deles, e é claro que o Lucas era bem mais rápido que o meu pai.

- O que eu fiz? - o Lucas perguntou.

- Idiota! Imbecil! - meu pai gritou.

- Pode me dizer o que eu fiz? - meu pai nao respondeu - Blake?! - Lucas gritou.

- Meu pai acha que a gente transou. - eu disse.

- É sério? - ele riu.

- Sim.

- Imbecil! - meu pai gritou.

- Nossa, como ele descobriu? Não se preocupa, estava ótimo e te prometo que nos protegemos, pelo menos, eu acho que sim. Não me lembro direito. - Lucas desgraçado! Agora sim que eu mato ele, obvio que ele ia fazer uma coisa dessas! Ah, tomara que o meu pai mate ele mesmo.

- Cala a boca, Lucas. - gritei.

- Sua filha é tão...

- Não termine essa frase ou vai morrer antes de completar dezoito anos! - meu pai gritou.

- Tudo bem. - ele deu de ombros, deu a volta na sala, abriu a porta e saiu, antes que o meu pai pudesse alcança-lo.

- Nunca mais quero ver esse garoto aqui, entendeu?!

- Mas...

- Sem "mas"... NUNCA MAIS! - ele gritou. - Vá já para o seu quarto.

Bem, pelo menos agora eu poderia dormir... Como eu estava enganada.

- Psiu! - alguém me chamou - Blake, abre a janela!

Fui até a janela e me surpreendi ao ver quem estava lá em baixo.