Cicatrizes

Capítulo 2 - Docinho


“Ahren Schreave, eu serei seu pior pesadelo.”

— Você não mudou nada. - Abriu um sorriso irritante, enquanto me avaliava. – Fico feliz em vê-la após dois anos.

— Pena que eu não posso dizer o mesmo. - Revirei os olhos. – Por mim, poderia passar mais cem anos sem te ver.

— Cem anos? Assim você machuca meus sentimentos. - Ele fingiu estar ofendido. – Aliás, você já ficou sabendo da novidade?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Se for sobre a minha condenação, ouvi alguns boatos.

— Condenação? Você sabe que muitas garotas se matariam por essa oportunidade, certo? - Ele estava se divertindo as minhas custas.

— Garotas sem cérebro que iriam gostar disso.

— Convenhamos, você está adorando a ideia. Todo esse ódio forjado esconde seu amor reprimido por mim. - Falou se aproximando perigosamente do meu rosto. Era notório o cheiro de álcool vindo de sua boca. – Esse casamento pode ser algo interessante.

A sua respiração se misturava com a minha.

ALERTA VERMELHO

Eu deveria ter percebido a sua intenção. Ahren Schreave estava prestes a me beijar. Seus lábios encontravam-se a poucos centímetros dos meus...

Foi o suficiente para meu cérebro despertar do transe.

Sem pestanejar, empurrei-o e lhe dei uma joelhada.

— SUA LOUCA. - Urrou. Ele tentava ser forte, mas perdeu todo o crédito quando começou a se contorcer.

Ops. Alvo errado.

— Você é quem deve ter ficado louco. - Eu estava prestes a explodir de raiva. – A bebida já corroeu todos seus neurônios?

— Admita, você queria esse beijo. - Posso mata-lo agora? – Mas fica tranquila, na próxima vez eu aviso.

— Não vai ter próxima vez! - Respondi com raiva. – Nunca mais volte a tocar em mim, seu idiota. Caso contrário, sua morte será declarada.

Louca...

Caminhei para longe do corredor, deixando o idiota para trás, e fui em direção do salão, onde aconteceria o casamento.

Quem ele pensava que era? Argh. Prepotente.

Tentei me recompor e esconder minha cara de quem queria matar todo mundo.

No momento em que pisei no tapete, os flashes das câmeras me atingiram. Odeio isso. Sorri para as fotos, forçadamente, e logo depois fui procurar meu lugar na cerimônia.

Tive que sentar do lado das minhas primas Orabella e Noemi. Péssima escolha.

— Nicole! – Orabella saudou. – Você deveria usar mais essas roupas. Combinam com você.

Isso foi um insulto?

— Não, obrigada. Prefiro usar minhas calças.

— Vocês sabiam que a rainha América veio para a cerimônia? - Noemi soltou do nada, interrompendo a conversa. – Estou tão empolgada para vê-la!

— Quero saber qual vai ser o vestido dela para hoje. - Orabella soltou.

— Segundo os criados, o príncipe Ahren também veio, mas sem a princesa Eadlyn.

Revirei os olhos para a conversa banal e passei a prestar atenção na decoração do casamento.

Os funcionários usaram vermelho e dourado na decoração do ambiente. Estava tudo muito bem organizado.

Percebi uma movimentação dos paparazzis na entrada do salão. Curiosamente, procurei o motivo para aquilo.

Rainha América estava impecável em seu vestido lilás. Ela segurava delicadamente o braço do rei Maxon, enquanto observava o local. Ahren entrou logo depois e acompanhou os pais.

Para meu azar, eles sentaram no banco ao lado do meu. O príncipe parecia não estar mais com dor, que pena.

Ahren olhou para o lado e me pegou o encarando. Sem cogitar, ele me mandou um sorriso galanteador. Comecei a me segurar, pois ia lhe mostrar o dedo do meio na frente de várias nações.

A cerimônia foi torturante e chata, mas principalmente porque tinha um idiota me observando. Infelizmente para minha diversão, meu irmão não caiu quando entrou e a Natasha disse sim. Eu sempre quis participar de um casamento no qual a noiva dissesse não.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Quem sabe no meu, certo?

(...)

A cerimônia terminou e tentei fugir do príncipe chato. O salão de festa do castelo estava lotado. As pessoas bebiam, dançavam, conversavam e comiam. Eu estava no último grupo.

A pista de dança estava lotada, a música agitada ecoava pelos cantos do palácio. O traidor do meu irmão estava radiante. Ele e Natasha estavam dançando em um lugar afastado.

— Eu reparei seus olhares em minha direção mais cedo. - A voz rouca invadiu meus ouvidos. – E ainda diz que não gosta da minha presença.

— Sua presença é intolerante e eu não estava te olhando. - Menti. – Você já melhorou?

— Ainda consigo sentir a dor. – Ele fez uma careta.

—Que bom... e só para constar, consigo fazer algo pior do que uma joelhada.— Abri um sorriso assassino.

— Você precisa procurar um médico, seu caso não é normal.

— E você deveria parar de beber isso. - Apontei para o líquido amarelado do copo em sua mão.

— Essa é a única saída que tenho para conseguir te aguentar. - Vou escrever um livro sobre mil maneiras de assassinar alguém que você odeia. – Experimenta. Talvez assim você consegue se aguentar também.

Ele me entregou o copo com um sorriso no rosto.

Sem pensar, peguei o copo e derramei o conteúdo sobre Ahren Schreave. As pessoas que estavam por perto ficaram pasmas. Algumas garotas, supostamente princesas, estavam com um “O” formado em suas bocas.

— Obrigada pela bebida. - Meus passos eram furiosos e desequilibrados. Eu deveria jogar essa droga de sapato no lixo. Meus pés estão cheios de calos.

Fiquei encostada em um pilar de mármore e tentei tirar os saltos, mas acabei me desequilibrando e empurrei alguém.

Merda

Rei Maxon Schreave me olhava com curiosidade.

— Princesa Nicole?! Você está bem? - Tentei recompor minha postura e dei um sorriso amarelo.

O rei Maxon era muito bonito para a sua idade. E infelizmente, o Ahren era uma cópia dele.

— Rei Maxon. - Fiz uma reverência. – Estou bem, obrigada. Apenas perdi o equilíbrio, como sempre...

— A senhorita já encontrou meu filho?

— Sim, tive o desprazer de vê-lo. - Falei revirando os olhos, enquanto rei Maxon abria um sorriso.

— Meu filho tem a personalidade forte, herdou isso da mãe. - Comentou.

— Pelo menos a rainha América não é egocêntrica. - Retruquei sorrindo.

O rei Maxon ia me responder, mas um homem chamou a sua atenção.

— Foi um prazer vê-la, princesa, mas eu tenho algumas negociações para fazer.

— É claro. - Fiz uma reverência e observei os dois homens se afastando.

Estranho. Ele não falou nada sobre o casamento.

(...)

A festa acabou por volta das 23h30min.

No dia seguinte, Todas as famílias reais foram embora, menos os Schreaves. Eles iriam resolver algo relacionado ao “casamento”.

— Alteza? - Marilyn balançou meus ombros. – É hora do almoço.

— Mais cinco minutos. - Choraminguei

— Você precisa se despedir do seu irmão, ele vai para a lua de mel. - Falou puxando meus pés

Argh, até nisso Keith não colabora.

— Marilyn, os Schreaves já foram embora? - Tentei domar um fio de cabelo e ela negou com a cabeça.

— Eu acabei ouvindo uma conversa das outras criadas. – A loira abriu as cortinas do quarto, me cegando por alguns segundos. – Você vai mesmo se casar com o príncipe Ahren?

— Fofoqueiras... elas já estão falando sobre isso?

— Então é verdade? - Suas sobrancelhas se juntaram.

— Se depender de mim, não. - Coloquei o roupão que estava do lado da cama e fiz um coque no cabelo. – Onde minha amada e querida família se encontra?

— Estão no jardim, almoçando com a família da noiva do seu irmão e com os Schreaves. - Me levantei e abri a porta do quarto. – Você vai com essa roupa?

— Sim, algum problema? - Ela balançou a cabeça negando.

(...)

Quando cheguei no jardim, todos - TODOS - ficaram me encarando por causa do meu "traje inapropriado". Minha mãe lançou um olhar mortal em minha direção, mas ignorei. Era o mínimo em comparação a traição da minha família.

Sentei na grande mesa e almocei ferozmente, sem falar nada. Enquanto eles conversavam sobre algo relacionado ao clima.

Quando finalmente chegou a hora do meu irmão ir embora com Natasha. Eu estava chorando - de felicidade - ao vê-lo com a mala na mão.

— Se cuida, irmãzinha. - Ele depositou um beijo em minha testa. – Estarei de volta para o seu casamento.

— Te odeio, seu idiota. - Revirei os olhos.

Natasha abraçou os pais, os meus pais e por fim a mim.

Não tive muito contato com a mesma, mas ela parecia uma boa garota.

Fiquei observando o mais novo casal entrar no avião da nossa família.

— Imaginando o nosso casamento? - Perguntou sorrindo.

— Sai de perto de mim. - Fuzilei o infeliz com os olhos e ele ficou com um sorriso idiota no rosto.

Rainha América se aproximou de nós, impedindo qualquer atitude violenta vinda da minha parte.

— Princesa Nicole! – A mulher ruiva depositou dois beijos em minhas bochechas. Pensei que só italianos faziam isso. — Você está tão linda e muito parecida com sua mãe.

— Eu não me acho parecida...

— Ela é realmente adorável, não é mãe? - Falou colocando o braço ao redor do meu pescoço. Bati minha mão em sua barriga e me afastei dele, fiz uma reverência para a rainha América e inventei uma desculpa sobre tomar banho.

(...)

O tempo se passou, meus pais estavam no escritório com rei Maxon e rainha América desde a despedida do meu irmão. Segundo Marilyn, eles resolviam alguma "burocracia" do acordo matrimonial.

— Você está segurando isso de maneira errada.

— Não estou. - Respondi emburrada.

— Você vai se machucar segurando desse jeito. - O grandão retrucou. – Está facilitando para o inimigo.

— Isso é inútil, Bryan. - Joguei o escudo no chão. – Não vou machucar ninguém com um escudo.

— O intuito não é machucar, Nicole. - Ele pegou o escudo do chão e me entregou. – É se defender.

Revirei os olhos e suspirei.

Manusear um escudo era mais difícil do que parecia.

— Acho que por hoje é o suficiente. - Falou jogando uma garrafa com água em minha direção.

Confirmei com a cabeça e enxuguei o suor com a minha mão.

Desde o dia em que fui resgatada, Bryan me ensina técnicas de defesa. Esses momentos ao lado dele me passava uma segurança.

— Eu escutei algumas coisas sobre casamento... - Ele comentou enquanto entrávamos no castelo.

— Até você já sabe?

— As fofocas correm rápido por aqui, baixinha. - Respondeu bagunçando meu cabelo.

Eu ia reclamar, mas Marilyn apareceu no corredor me chamando.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Alteza?! O rei lhe espera no escritório.

— Super empolgante. - Falei com ironia. – A gente se fala depois, Bryan.

Ele confirmou com a cabeça e saiu da minha vista sorrindo.

Marilyn me seguiu até o escritório e eu entrei, sem bater, no ambiente.

— Olha só quem chegou... Bem-vinda, docinho! - Eu vou deixar que vocês adivinhem quem falou isso.

— Odeio minha vida.