Cicatrizes

Domingo agradável


No domingo Lorena estava mais falante e familiarizada com Tales. Parecia que se conheciam há tempos.

Na hora do almoço Lorena nota que Tales está meio perdido.

- Aconteceu alguma coisa?

- Eu sempre fico sozinho de domingo aqui, como qualquer bobagem, agora não sei o que te oferecer.

- Quer que eu faça o almoço?

- Você? É sério?

- E porque não? É só me dizer onde ficam as coisas e eu invento algo com o que você tiver em casa.

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- Não tem muita coisa não viu, preciso ir ao mercado. Mas fica a vontade aí, faz o que quiser. Vou arrumar as coisas no quarto, se precisar de ajuda é só me chamar.

Tales sai e Lorena começa a pensar no que pode fazer com o que ele tem na geladeira e armário. Realmente não havia muita coisa, mas tinha o necessário para fazer uma torta.

No quarto Tales dá um jeito no seu guarda roupa. Enquanto faz isso pensa na tarde que teve no dia anterior. Ele sempre se sentia feliz com a irmã e os sobrinhos, mas aquele sábado foi diferente. Foi a primeira vez que ele se abriu daquele jeito pra uma desconhecida, se é que ele ainda podia chamar Lorena assim. Também lembrou das palavras da irmã e deu razão pra ela. Nesses últimos tempos que passou a conhecer Lorena melhor ela mexeu com ele, mas ele sabia que não daria em nada a não ser uma amizade. Ele não queria arriscar seus sentimentos de novo e tinha certeza que Lorena também não. Ela até podia pensar que ele queria tirar alguma vantagem e ele nunca quis isso, ao menos não com ela. Mas por quê? Porque ela mexia tanto com seus pensamentos há alguns dias, a ponto de fazê-lo abrir uma parte tão dolorosa de sua vida pra ela? Ele não tinha a resposta ou preferia não ver.

Algum tempo depois, ainda pensando em tudo o que estava acontecendo com ele, sente um cheiro bem agradável vindo da cozinha. Decide ir até lá.

- Cheiro bom, o que você fez?

- Consegui fazer uma torta, você gosta?

- Gosto e mesmo que não gostasse o cheiro ia me fazer gostar. – diz com seu sorriso de lado que derrete Lorena que finge não perceber.

- Vamos comer então? – diz ela.

- Demorou! – diz pegando pratos e copos.

Após comerem a torta Tales sugere de verem um filme, afinal não vão ter o que fazer o resto da tarde. Lorena não vê problema e eles assistem a um filme qualquer.

A história não estava agradando muito nem Lorena e nem Tales, mas eles resolveram ficar quietos, pensando que o outro estaria gostando. Não conseguiriam disfarçar por muito tempo, pois dormiram cada um em uma ponta do sofá.

Eles só acordam quando o celular de Lorena toca. Era Patrick avisando que estava a caminho de casa.

- Bom o filme né? – diz Tales sem graça.

- Gostei também, pena que acabei cochilando no final.

- No final? Eu dormi o filme todo!

- Mas você não disse que era bom?

- Disse por que pensei que você também gostou. Mas pelo visto concordou comigo né?

- Ta, admito que dormi depois de uma meia hora que começou . – diz sorrindo e fazendo Tales ficar olhando vidrado pra ela.

- Como eu nunca reparei em você?

- Do que está falando Tales?

- Você é linda sabia? Quando sorri então fica muito mais.

- Ta me deixando sem graça.

Tales senta-se mais próximo dela, que baixa a cabeça.

- Não precisa ficar com vergonha de mim, só disse a verdade.

- Não estou acostumada a ouvir esse tipo de verdade, desculpa.

- Tudo bem, sem problema. – diz Tales se levantando do sofá. – Era seu amigo que ligou né? – diz passando as mãos pelos cabelos.

- Era ele sim, está chegando em casa já. Eu já vou indo, obrigada pela ajuda, te devo uma.

- Você não vai sozinha, eu te levo. Mas você não quer ficar mais um pouco e ver o filme de novo? – diz sorrindo.

- Não, se não vou dormir de novo e amanhã além de trabalho voltam às aulas esqueceu?

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- Putz, é verdade. Nesse caso então melhor irmos, te deixo em casa.

Tales leva Lorena até em casa. No caminho eles conversam e riem bastante. Ao chegar Lorena liga para Patrick para conferir se ele já chegou.

- Já chegou. Obrigada pela carona, pela estadia, pelo fim de semana, por tudo Tales.

- Eu que agradeço, há muito tempo não me divirto assim. Podemos marcar outras vezes, sei lá.

- Pode ser, porque não? Agora preciso ir, até amanhã. – diz se despedindo dando um beijo no rosto de Tales. Ela pode sentir o perfume que sentiu quando dormiu na cama dele, mas agora era muito melhor.

- Até. – responde ele a olhando sair do carro e entrando no prédio.

Enquanto Lorena se afastava Tales sentia seu coração acelerar. Ele não sabia o que era aquela sensação há mais de cinco anos. Lorena em tão pouco tempo havia conseguido curar seu coração. Ele queria ficar feliz por isso, por depois de tanto tempo conseguir gostar de alguém de novo, mas ele não estava, pois sabia que seu coração estava curado, mas sabia que o de Lorena ainda não. Ela tinha sido muito machucada, desde o ocorrido com ela não se envolveu com ninguém e via nisso a única maneira de não sentir aquela dor de novo.

Tales encosta a cabeça no volante e fica assim por alguns minutos. Ele levanta, liga o carro e volta para sua casa falando consigo mesmo.

- Talvez a Natália tenha razão, temos muito que aprender juntos. Vou curar seu coração Lorena, não importa o tempo que leve.