Choices

Capítulo 3


Eram três horas da tarde de sexta e Quinn ainda dormia depois da noite de bebedeira com o pessoal do coral no Bar do Joe. Ela foi acordada por alguém que a sacudia e chamava seu nome.
Quando a loira abriu os olhos se deparou com Santana, Sam, Artie e Brittany em seu quarto.
- O que é isso? Por que está todo mundo aqui? – Ela disse meio sonolenta. - Como o Artie chegou aqui?
- O Sam colocou ele na boca e cuspiu quando chegou aqui em cima.- Santana falou.- Mas isso não é relevante, a gente tem que conversar.
Sam já nem ligava para as coisas que Santana dizia.
- Sobre o que? – Quinn perguntou desconfiada.
- Como foi com o gnomo ontem?
- Foi bem, mas por que vocês querem saber?
- Só responda as perguntas, depois eu te explico. Vocês conversaram?
- Não, a gente ficou olhando uma para cara da outra em silêncio durante horas. – O tom de sarcasmo era evidente na voz de Quinn.
- Não me faça perder a paciência Fabray.- Santana disse revirando os olhos.
- É obvio que agente conversou, você viu. Que droga de papo é esse? Eu não vou responder mais nada. - Quinn estava claramente irritada e enfiou o rosto no travesseiro.
- Não fique assim, nós somos do seu time. – Artie disse sorrindo
- Hein?! – Ela disse olhando para ele.
- Ta meio que rolando uma aposta sobre a coisa estranha do banheiro. – Sam disse sem jeito.
- Como vocês estão sabendo?
- Ela contou depois que perguntaram pra ela por que você estava cantando e olhando para ela daquele jeito. – Sam disse ao se sentar aos pés da cama.
- Essa aposta só pode ser brincadeira né? Porque se não for, dessa vez foi longe demais até mesmo para você, e eu sei que tem dedo seu nisso. - Quinn falou apontando para Santana.
- Não fui eu quem começou com isso, foi você e sua brilhante idéia. Quando a gente ficou sabendo, Kurt disse que seria mais fácil você desistir do que fazer ela querer te beijar, daí todos escolheram um lado. –Santana fez uma pausa e continuou dizendo. – E para ficar mais interessante eu sugeri que rolasse uma grana.
- Eu só disse aquilo no banheiro para assustar-la, porque ela estava me irritando. E eu só cantei porque... porque... nem sei por que. Não acredito que tomou uma proporção dessas. – Quinn estava abismada com o que estava acontecendo.
- O fato é minha jovem, - Santana disse em tom de brincadeira. – que suas atitudes tiveram consequências.
- Agora eu entendi por que você perguntou se a gente tinha conversado. Você queria saber se eu estava pondo suas regras em prática. Você achou mesmo que eu estava cantando ela?
- Que regras? – Artie perguntou.
- As regras de conquista da Santana. – Sam falou.
- Não são minhas regras, são alguns truques que se aplicados corretamente as vezes dão certo.
- Observe. – Sam falou com um breve sorriso. – O que fazer se ela for muito bonita e souber disso?
- Faça-a pensar que você não acha ela tudo aquilo, abale a auto estima dela, depois disso fica fácil. –Santana falou com muita naturalidade.
- E se ela for bonita e não souber disso? – Sam perguntou e apontou para Santana.
- Faça ela se sentir o centro do universo ao seu lado, se ela começar a se achar bonita e pensar que isso é por sua causa, ta no papo. Se ela for burra, faça se sentir inteligente. Se for inteligente, faça se sentir burra, mas o mais importante deixe-a falar e preste atenção no que ela diz. Atenção é metade do caminho andado.
- Se eu soubesse que era só fazer o contrário... – Artie estava falando quando foi interrompido por Brittany que estava quieta até então.
- Não se trata de fazer o contrário Artie, isso é brincar com a auto estima das pessoas, é trapaça, você pode machucar as pessoas de verdade desse jeito. – Todos no quarto estavam em silêncio e olhavam para a garota com cara de espanto. - Mas se a Santana estiver certa, Quinn vai fazer Rachel se sentir o centro do universo tentando beija-la, e Rachel vai fazer Quinn não se sentir tão poderosa esnobando ela, o que poderia fazer uma se apaixonar pela outra. Então eu ganharia, já que eu não apostei em ninguém, eu votei por um final feliz.
Como sempre, Brittany disse tudo com muita simplicidade e inocência, mas fez todos ficarem em silêncio refletindo sobre o assunto. Silêncio esse que foi quebrado por Quinn que se levantou e abriu a porta dizendo:
- Saiam daqui, por favor, e parem com a palhaçada se quiserem continuar participando da minha vida.
- O que você estava fazendo no banheiro com a Berry, tendo aulas de dramaturgia?- Santana falou arqueando as sobrancelhas. - Nem ela teve essa reação quando Mike e Tina contaram para ela.
- O que? – Quinn estava muito espantada. – Ela já sabe?
- Sabe. Eu disse que jamais faria uma coisa dessas pelas suas costas e que eu ia te contar. Eles disseram que ela tinha o mesmo direito de saber que você. - Santana terminou de falar, caminhou até a porta e fechou novamente.
- E o que ela disse?
- Que estava todo mundo ficando louco, - Artie falava. – e se você fosse continuar com essa historia, ela ia te fazer desistir.
Quinn ficou um tempo pensativa e depois perguntou:
- Só vocês acreditaram que eu poderia ganhar se isso fosse um jogo?
- Todo mundo sabe que ela nunca entra em uma disputa para perder, e nesse caso a vantagem é toda dela, ela só tem que dizer não. - Santana dizia. - Mas Sam e eu sabemos do que você é capaz quando quer, o Artie está aqui pela grana que vai ser maior se dividido só em três, e a Brittany, está só pelo apoio moral.
Quinn ficou encarando todos por um tempo, até finalmente dizer:
- Vocês podem sair, por favor. - Ela fez uma pausa e viu o desapontamento na cara de todos antes de continuar falando. – Eu tenho que pensar em uma estratégia para tirar essa vantagem dela, afinal eu não posso deixar o meu time na mão.
Todos sorriram e comemoraram a atitude de Quinn com exceção de Brittany que estava com um sorriso leve no rosto.
Sam pegou Artie no colo para que pudessem descer.
- Meu herói! – Artie falou com uma voz bem fina e todos riram.
- Não me faça rir se não a gente cai. – Nesse momento Artie suspirou e encostou a cabeça no ombro de Sam fazendo graça.
Santana desceu com a cadeira de Artie, Sam desceu com ele logo em seguida e Brittany que havia ficado por último virou para a Loira e falou:
- Tome cuidado, não quero ver ninguém machucada com tudo isso.
- Pode deixar eu não vou ferir a Rachel
- Na verdade não é ela quem me preocupa. – Após essas palavras, Brittany saiu do quarto e fechou a porta deixando para trás uma certa loira pensativa que se deixou cair sobre a cama.

Era tarde sábado e Rachel estava jogada em um dos sofás da sala de TV assistindo a um programa qualquer sobre reforma de casas em companhia dos pais. Quando a campainha tocou, ela se prontificou a atender.
- Quinn! – Ela se espantou ao ver a loira parada a sua porta.
- Oi Rachel, - ela disse com um grande sorriso estampado no rosto. – Não sei se eu te avisei, mas nós vamos fazer um piquenique.
- Nós quem?
- Eu e você.
- É... Essa parte acho que você esqueceu de me contar, mas não tem problema, porque eu não vou a lugar nenhum com você.
-Mas eu não disse que nós vamos a lugar algum, o piquenique vai ser no jardim dos fundos da sua casa.
- Como?
- É agradável, tem bastante espaço, árvores, flores e banheiro perto.
Rachel sorriu, ela estava impressionada com a cara de pau de Quinn e ia começar a argumentar com a figura parada a sua porta quando é interrompida por uma voz vinda de dentro da casa.
- Quem é querida? – Leroy pergunta.
- É alguém que já está indo embora, pai.
- É Quinn Fabray senhor Berry. – Quinn falou por cima do ombro de Rachel que estava parada na porta e lançou para a loira um olhar de desaprovação.
- A garota do beijo? – Agora é Hiram quem pergunta.
- Não acredito que você contou para seus pais! – Quinn falou quase que em um sussurro.
- Sim papai. – Rachel responde cruzando os braços e lançando um olhar cínico para Quinn.
- Querida, onde estão seus modos? Deixe-a entrar. – Hiram estava curioso para conhecer a garota, na verdade os dois estavam.
Rachel saiu da frente da porta e estendeu o braço fazendo um sinal para Quinn entrar.
- Quinn, esses são meus pais Leroy e Hiram, respectivamente pai e papai.
- Muito prazer senhores. – Quinn estava encabulada.
- Então você é a garota com complexo de Don Juan? – Leroy pergunta.
Quinn sente as orelhas ferverem, ela fica visivelmente sem graça, mas mesmo assim responde:
- Acho que sim... – Ela olhou para os dois com cara de assustada. - Desculpa, não esperava por essa, não tenho argumentos. – Todos riram
- Vocês vão sair? – Leroy disse olhando para a cesta nas mãos de Quinn.
- Nós vamos fazer um piquenique no jardim dos fundos da casa de vocês, é claro, se vocês permitirem.
- Fiquem a vontade. – Hiram respondeu e Leroy concordou com a cabeça.
Rachel que até então estava quieta, apontou a porta dos fundos para Quinn, então as duas seguiram em silêncio para o jardim.

Sob uma arvore do jardim, Quinn estendeu a toalha, arrumou as frutas, os pães, os queijos, o suco, a garrafa de vinho e as taças. Rachel observava tudo em pé e de braços cruzados.
- Não entendo por que você está fazendo isso.
- Como você vai querer me beijar se não me conhecer direito.
- Eu te conheço Quinn Fabray, e você é má.
- Eu discordo. Mas para ninguém ficar magoada com essa conversa, você me conhecia e eu era má.
- Quinn...
- Escuta Rachel, existem varias maneiras de se ver isso. Você pode pensar que é só um jogo, ou uma tentativa de conquista barata. Pode pensar que é uma forma mais divertida de passar as férias ou pensar que estamos solidificando nossa amizade. – Ela começou a abrir a garrafa de vinho. – Acho que não tem o menor problema em a gente se conhecer melhor, e se uma não gostar da companhia da outra, é só a gente se afastar.
Rachel começou a pensar, olhou para os lados e depois para os próprios pés antes de encarar Quinn novamente e dizer:
- Quer saber de uma coisa Fabray, que seja! Eu quero ver onde tudo isso vai dar.
Quinn abriu um enorme sorriso e bateu palmas quase sem fazer barulho. Depois fez sinal para que Rachel se sentasse ao seu lado. A morena sentou-se e pegou uma das taças que Quinn lhe oferecia.
Enquanto servia o vinho Quinn pensou “Essa vai ser muito fácil”. No mesmo momento pela cabeça de Rachel passava “Eu vou te dar um canseira, que você não vai acreditar”.
- Eu sempre admirei o fato de você saber o que queria, achei até que você já fosse começar a trabalhar nem fosse fazer faculdade. - Quinn começou a puxar conversa.
- Isso até passou pela minha cabeça. Eu sei que eu tenho talento, eu confio muito em mim, sei que o meu lugar no mundo é sob os holofotes. Eu sinto como se o meu destino tivesse sido impresso no meu DNA, e não tivesse como separar uma coisa da outra.
- E por que você não seguiu seu DNA?- A loira sorria.
- Decidi que a faculdade era uma fase pela qual eu tinha que passar. Aprendizado nunca é demais. Além disso, eu participei de uma peça Off-Broadway e de três Off-off-Broadway, só para ganhar experiência.
- Você já se apresentou em New York?
- E até recebi criticas positivas de alguns jornais, e olha que uma das peças era muito ruim. – nesse momento Rachel deu mais um gole em seu vinho.
- Por que você não avisou ninguém?
- Eu avisei. Kurt, Finn e Tina foram me ver, além do Mike, mas ele mora comigo então não conta. Meus pais iam sempre que podiam. – A garota disse sorrindo.
- Você me avisou?- Quinn franziu a testa.
- Mandei um email, que pela sua cara você ignorou.
- Desculpa pela mancada. – Quinn ficou realmente sem graça
- Sem problemas. E você, quando se decidiu por cinema?
- Eu fui assistir algumas aulas para ver se gostava e acabei me apaixonando.
- Por cinema?
- Não, pela assistente do professor. – As duas riram. – Ela foi a mulher que eu mais amei na vida durante aquela semana e meia. – Quinn esperou Rachel para de gargalhar para continuar. - Depois que eu parei de prestar atenção nela, comecei a prestar atenção na aula e gostei.
- O que foi? – Rachel percebeu que Quinn havia parado de falar e olhava para um ponto fixo.
- Eu estava observando, a sua casinha na arvore é muito grande, dá para fazer uma festa nela. – A loira falou olhando para a casinha que encontrava em uma arvore perto da que elas estavam. Rachel seguiu o olhar de Quinn e virou-se para olhar também.
- Meus pais achavam que eu e meus amigos precisaríamos de bastante espaço para brincar, mas amigos invisíveis não precisam de tanto espaço assim. – Rachel olhou para Quinn com um sorriso quase imperceptível nos lábios
- Mas nem por interesse as crianças vinham? – Quinn perguntou com um pouco de pena da garota.
- Claro que sim! – Nesse momento as duas riram. – Mas meus pais perceberam e me proibiram de brincar com elas.
- Sei bem como é. Comigo era por causa da piscina, eu era a gordinha de óculos que perdia os amigos no outono e os ganhava novamente no verão.
- Malditas crianças! - Rachel falou fingindo cara de brava.
- Malditas! – Quinn falou entre os dentes fingindo estar brava também, o que fez com que as duas rissem muito.
- Me lembro que uma vez, eu tinha no máximo uns sete anos. Lembro que coloquei uma das minhas fantasias de princesa, e desci para brincar. Eram umas nove horas da manhã. Antes de subir na casinha, avisei papai que só desceria quando meu príncipe de armadura brilhante viesse me salvar, já eram quase duas da tarde e eu não tinha descido ainda. Meus pais estavam loucos comigo, já tinham tentado de tudo, promessas, psicologia reversa, ameaças e nada me fazia descer de lá. Então papai até o supermercado e comprou sei lá... uma tonelada de papel alumínio. Ele chegou em casa enrolou o pai com tudo aquilo para fazer a armadura, eles fizeram ate uma espada e pintaram um pedaço de plástico bolha de verde. - Quinn ficou olhando em silêncio para Rachel, quando essa fez uma pausa. A morena que até então gesticulava muito parou e olhou para a porta dos fundos como se estivesse vendo a cena. – Então meu pai sai de dentro de casa, todo embrulhado naquilo, fazendo uma vassoura de cavalo e dizendo que o plástico bolha era um pedaço da pele do dragão que ele havia matado para poder me salvar. – Rachel abriu um enorme sorriso e olhou para Quinn que perguntou:
- Então você desceu?
- Desci, eu estava morrendo de fome. – As duas riram. – Aquela foi a melhor sensação que eu já tive na vida.

E assim a tarde foi passando, elas tomaram todo o vinho, comeram e continuaram conversando sobre os mais diferentes assuntos. Em um certo momento, Quinn afastou as coisas que estavam em cima da toalha e deitou sobre ela.
- Deita aqui do meu lado.
- Nem pensar, vai que você me agarra.
- Você jura que eu vou te agarrar no quintal da sua casa com seus pais lá dentro? Se eu tivesse que te agarrar teria feito isso no bar. Alias, obrigada por contar pra todo mundo sobre o que aconteceu no banheiro.
- A culpa não foi minha, - Rachel deitava- se agora ao lado da loira. – você estava cantando e olhando para mim com cara de quem ia abater a presa. Eu tive que contar.
- Você só contou por isso?
- Não! Eu ia contar de qualquer jeito. Você só adiantou as coisas e tirou toda a dramaticidade. – As duas riam muito. – Uma dica Fabray, One Way or Another não é a melhor musica para se conquistar alguém. Na verdade, essa musica te fez parecer uma psicopata. – Agora as duas gargalhavam, Quinn chegou a chorar de tanto rir.
- Dá um desconto, eu já estava meio alta quando fui cantar.
- Sei... Nooossa! Nem te conto o mico que eu paguei depois que você saiu do banheiro. - Rachel agora cobria o rosto com as duas mãos.
- Depois que eu saí do banheiro?
- Depois de ter saído do estado catatônico que você me deixou, comecei a pensar em como era surreal o que tinha acontecido, eu precisava contar para alguém, então eu abri a porta e vi um vulto muito parecido com o Mike, puxei para dentro e disse “Preciso falar com você”, mas eu estava de costas, nem vi quem era. De repente, escuto uma voz estranha falando: “Calma gatinha, era só ter chamado que eu vinha”. – Rachel estava imitando a voz do rapaz. – Eu tomei um puta susto! Olhei para trás e era um cara que eu nunca tinha visto na vida.
- Minha cara está queimando por você!- Quinn disse enquanto ria muito. – E depois, o que aconteceu?
- Eu disse “Desculpe, não era você quem eu queria”, saí do banheiro e deixei ele lá.
Elas riram até que se fizesse silêncio. Rachel estava pensando em como era fácil conversar com Quinn. O episódio da casinha com os pais ela nunca havia contado para ninguém, não que ninguém pudesse saber, até por que essa era uma das historias da infância de Rachel que os pais mais gostavam de contar para parentes e amigos. Mas Rachel a considerava tão sua, que nunca se sentiu intima de alguém o suficiente para contá-la. Com Quinn foi uma coisa tão natural que ela nem pensou se deveria contar ou não, simplesmente saiu. O que assustou Rachel um pouco e fez com que ela pensasse “Droga Fabray, você é realmente boa nisso”.
Quinn observa as nuvens do fim de tarde e pensava no conforto que aquele silêncio trazia. Ela não precisava de se apressar em falar alguma coisa ou inventar um assunto para que a situação não ficasse estranha, como acontecia na maioria das vezes. Esse silêncio confortável, ela só tinha com Sam e Santana, e mesmo assim, só depois de muito tempo de convivência. Ela se sentia muito bem e bastante a vontade ao lado de Rachel, e isso a surpreendeu um pouco.
- Quinn.
- Oi?
- Acho que você precisa ir.
- Querida, onde estão seus modos?- Quinn imitou um dos pais de Rachel fazendo a morena sorrir.
- O Finn vem me buscar daqui a pouco pra gente sair, preciso me aprontar.
- Claro, o Finn. – Quinn parecia estar um pouco desapontada. Levantou-se e começou a colocar tudo dentro da cesta novamente.
Rachel percebeu que a expressão de Quinn mudou. O sorriso que ela tinha no rosto agora era bem apagado, não tinha a magnitude e o brilho do sorriso que ela tinha visto a tarde toda.
- Você não ficou chateada, ficou?
- Não. Já está na hora de voltar para casa.
- Tem certeza?
- Tenho. – Quinn pegou a cesta e perguntou. - Você me acompanha ate o carro?
- Claro. - As duas começaram a caminhar lentamente pelo jardim em direção ao carro que estava parado na frente da casa.
- A gente se vê amanhã? – Quinn perguntou abrindo a porta do passageiro e colocando a cesta dentro do carro.
- Amanhã não dá, eu vou com meus pais a casa de uns amigos deles.
- Segunda?
- Provável noite de divas com Kurt e Mercedes.
- Bom, se tiver espaço na sua agenda me avise, mas se não tiver espaço logo, eu crio um pra mim. Doa a quem doer.
- Tudo bem. Então, até mais.
- Até. – Quinn falou antes de abraçar Rachel. – Você está tremendo que nem aquela noite no bar.
- Muito engraçado Fabray – Rachel disse antes de se soltar do abraço com um leve empurrão.
- Não precisa ficar assim, é normal, eu provoco isso nas pessoas. – Quinn falou achando graça.
- Naquele dia eu tremi de medo, eu sei o quanto as coisas podem ficar violentas entre eu e você em um banheiro.
- Ai, essa foi maldade. – Quinn franziu um pouco a testa. – E hoje?
- Eu estou com frio, o vento está um pouco gelado.
- Tudo bem, você finge que é verdade e eu finjo que acredito. - Quinn falou sorrindo.
- Boa noite. – Rachel falou se dirigindo a porta da casa muito irritada.
- Tchau. Eu te ligo para dar boa noite, não é por que a gente não vai se ver que não vai se falar. – A loira disse enquanto dava a volta e entrava no carro.
Rachel entrou em casa coma cara fechada e ainda muito irritada. Leroy estava na cozinha enquanto Hiram tomava banho.
- Ela já foi? – Ele perguntou.
- Já. – Rachel respondeu em tom duro.
- Achei que ela ficaria para o jantar.
- Não, eu disse que ia sair com o Finn
- E você vai?
Ela pensou um pouco e respondeu: - Agora eu vou.

Alguns dias se passaram e Rachel aproveitou que os iriam sair para relaxar em um belo banho. Ela acendeu umas velas aromáticas, preparou a banheira com muita espuma, despiu-se e entrou. Ela havia se recostado na banheira e fechado os olhos não fazia muito tempo quando ouviu alguém pigarrear como se estivesse limpando a garganta. Ela se assustou e olhou para a porta imediatamente, ficou em choque ao ver a loira encostada no batente da porta com os braços cruzados.
- O que é isso, você está ficando louca?- Rachel falou em um tom de voz elevado. - Isso é invasão de domicílio, você perdeu o juízo?
- Não é invasão, seus pais estavam saindo e me deixaram entrar. – Quinn falou de cara fechada.
- Isso não te dá o direito de invadir meu banheiro.
- Eu cansei de te esperar lá em baixo.
- Você cansou! – Rachel ainda estava descontrolada. - Mesmo assim você não tem o direito!
- Por que você não atendeu minhas ligações?- Quiin ainda estava de cara fechada.
- É brincadeira né? Você não invadiu minha privacidade só por causa disso. – O tom de voz de Rachel não era mais de descontrole e sim de incredulidade.
- Me responde, por que não atendeu?
- Olha para mim, você acha que eu vou discutir isso com você agora? Assim?
- Você acha que não esta em pé de igualdade? Tudo bem.
Quinn tirou o celular do bolso da calça e tirou a jaqueta. Nesse momento Rachel perguntou – O que você está fazendo?- Quinn não respondeu tirou as botas e entrou na banheira com roupa e tudo.
- Você... você é louca! – Rachel disse espantada à loira que agora estava sentada aos seus pés na banheira.
- Se você acha que não é igualdade o suficiente, eu posso tirar a roupa. – o tom de voz de Quinn era de muito cinismo.
- Eu não sei se eu dou risada ou se corro.
Quinn ficou olhando para a expressão confusa de Rachel e começou a rir dizendo. – Eu não acredito que fiz isso! – Nesse momento Rachel começou a rir também.
- Eu só queria relaxar um pouco. - Rachel disse depois de parar de rir.
- Desculpa, não sei o que me deu. Eu odeio ser ignorada, se você não queria mais contato comigo, era só ter me falado.
- No sábado eu saí com o Finn e nós estávamos ocupados, não deu para atender, - Quinn sentiu um frio na barriga nesse momento, mas ignorou. - quando ele me trouxe para casa, eu deixei o celular cair no carro dele. Ele viajou para pescar e só volta amanhã, então até lá eu estou sem celular. Se você tivesse ligado em casa eu teria atendido. - Ela falou tudo com muita calma, nem parecia a Rachel descontrolada de minutos atrás.
Quinn tapou o rosto com as mãos e ficou assim por alguns segundos, depois tirando a s mãos do rosto falou:
- Bom, depois de tudo ter sido esclarecido, e a vergonha que eu sinto ser um fato. Já que eu estou aqui, nós podemos relaxar juntas. – Quinn falou em um tom meigo, e com o rosto muito corado.
- Não tem nem uma conotação sexual nisso, tem? – Rachel perguntou desconfiada, mas sorrindo.
Quinn sorriu, deixou seu corpo deslizar na banheira e fez um sinal negativo com a cabeça. Rachel também deslizou e fixou os olhos nos de Quinn.
Após algum tempo se encarando com pequenos sorrisos nos lábios, Quinn falou:
- Rachel.
- O que?
- Acho que terei que ir pelada para casa.
- Pelada não, de botas e jaqueta.
Novamente os risos encheram o ambiente, o que já estava se tornando comum entre as duas. Após os risos, as duas fecharam os olhos, e apesar do esforço de ambas, elas não conseguiram relaxar.

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