Chiaroscuro

Capítulo 10- Coisas coerentes em excesso


Desta vez, eu começo escrevendo algo que realmente muito me intriga nas nossas histórias.

Não estranho animais falantes, brinquedos apaixonados ou o fato de não sabermos o quão distante é tão, tão distante nem quanto tempo é muito tempo atrás.

Me intriga muito o fato de que nunca sabemos como ou quando os personagens ficam sem comida.

Pode parecer idiota, eu sei. É desnecessário, de certa forma. Afinal, que tipo de criança gostaria de ouvir uma história sobre como o senhor Coelho entrou em desespero porque acabaram as cenouras no mercado ou uma lista extremamente detalhada da coleção de sachês de chá do chapeleiro (que, a propósito, são 469. Eu mesma contei na minha última visita em comemoração de desaniversário.).

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Mas, mesmo com tudo isso posto à mesa, eu insisto em colocar uma cena como essa na minha história. Talvez seja por que eu sou idiota, ou talvez eu esteja só pretendendo enrolar um pouco mais, mas eu digo uma coisa: tudo que acontece terá uma consequência. Então, se o autor escolhe se ater a algum detalhe, saiba que ele nunca será em vão.

"Toda ação, leitor, por menor que seja, tem uma consequência."

Começando.

Já haviam se passado algumas semanas desde que Raylegh havia sido forçado a semjuntar ao bando mais bizarro que já tinha visto. O casal de idiotas que os comandavam não pareciam falar coisa com coisa,me realmente NÃO FALAVAM. A outra mulher falava coisas com sentido até DEMAIS, e fazia o cérebro doer de tanto pensar para conseguir acompanhá-la. As crianças pareciam ter uma energia infinita inesgotável (pleonasmo para reforçar) por mais que a ruiva controlasse rigorosamente a dieta de açúcar que eles consumiam. Os outros dois agregados, Crocus e Gabaan, eram bizarros a ponto de parecerem normais em meio àquela confusão em forma de navio pirata.

E, mesmo assim, Silvers Raylegh nunca se sentira tão feliz quanto estava naqueles últimos tempos. Ele nunca reparara o quão bom era poder dar risada sem correr o risco de o chamarem de fraco ou mesmo pensará que algum dia realmente teria algum amigo na vida. Não que fosse adimitiria qualquer coisa em voz alta, mas estava muito feliz.

Claro, nada dura para sempre. A tripulação agora tinha afora oito indivíduos, mas tinham o consumo de pelo menos vinte. Obviamente, as reservas de comida armazenadas no navio poderiam muito bem sustentar esse número de pessoas por meses se fossem normais, mas não eram. Dessa forma, depois de apenas cinco semanas, já era necessária a parada em alguma ilha para abastecimento da cozinha.

Não desceriam todos, óbvio. Gabaan já era procurado pela marinha. Shaki já conhecia a ilha e Crocus e Rouge simplesmente não queriam ir. E os meninos estavam de castigo por terem roubado a última sobremesa que pertencia a Rouge, motivo o suficiente para que ficassem trancados no quarto pelo tempo que ela julgasse necessário.

Dessa forma, iriam apenas Raylegh e Roger, os único realmenteinteressados em conhecer aquela ilha, apesar de que o moreno parecia estar enrolando demais para sair,mó que irritava o imediato.

Resmungando em silêncio próximo à proa, ele mal percebeu a aproximação da ruiva.

–-Rato.- a voz doce soava mais seco que o usual.

–-Princesa.-ele respondeu com o mesmo tom de voz.

–-Quero que tome conta dele.

Raylegh deu um sorriso atrevido.

–-Eu creio que ele já é velho bastante para eu poder me dar o direito de recusar o papel de babá.

–-Ele é, sim. Mas também é muito altruísta, e isso me preocupa. Não deixe que ele se esforce tanto.

–-Ele é o capitão. Faz o que quiser sem ter que pedir permissão para os subordinados.

–-Mas todo homem sensato sabe que deve ouvir uma mulher.

–-E desde quando a palavra sensatez faz parte do dicionário do nosso capitão?

Rouge soprou a franja.

–-Não faz. Exatamente por isso eu procurei a você, não a ele. É o melhor amigo dele, meta algum juízo naquele miolo mole.

Ele soltou um resmungo de desprezo.

–- Tchi. Mande um dos seus cachorrinhos. Não tenho a menor obrigação em seguir suas ordens.

–-Não vou mandar Shanks ou Buggy, so piorariam a situação quando surgisse algum problema! E você tem razão, não tem obrigação nenhuma de me obedecer, mas eu não estou dando ordens, estou PEDINDO.e, como eu já disse, todo homem sensato deveria ouvir as mulheres.

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–-Sinceramente princesinha, seu camundongo já é crescido e forte o bastante para conseguir se virar sozinho, e pode se defender muito bem.

–-Sei disso, Silvers. Mas qualquer pessoa com o mínimo de percepção ou sensibilidade realizaria que a doença impõe limites, por mais que ele negue.

Raylegh franziu a testa. Segurando a careta. A resposta da mulher o acertara como um soco no estômago.

–-Além disso não custa nada se precaver. A marinha já te conhece, Raylegh. E está a um passo de colocar uma recompensa pela sua cabeça, então se for esperto vai evitar chamar atenção para si mesmo. Qualquer confusão que o Roger cause, você vai ser reconhecido na hora e então adeus liberdade.

Desde quando aquela mulher falava coisas coerentes???

–-Se não vai fazer por mim ou por ele, faça por si mesmo. É mais a cara dos ratos serem egoístas mesmo.
Com um suspiro derrotado, Raylegh fez uma reverência exagerada.

"... E fez uma reverência tão grande que seus bigodes tocaram o chão."

E ela já tinha desaparecido quando ele levantou a cabeça.
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Eu devo dizer que Rouge não ficaria nada satisfeita quando, horas depois, Raylegh voltasse com um Roger inconsciente nas costas e vários guardas correndo atrás.