Fechei os olhos para que eu não viesse ver todos aqueles olhares sobre mim. Cantei a música “João de Barro” da Maria Gadu. Eu não queria saber qual era a reação e o semblante de Lucio, Michael, Jake e de meu pai Harry. Isso me deixaria ainda mais nervoso. Não posso descrever como eu cantei, mas sei dei o meu melhor naquele momento.

Quando terminei, percebi que todos me olhavam surpresos. Jake lançou um sorriso para mim. Meu pai também sorriu, ainda estava com os braços cruzados, mas parecia um pouco tenso. Michael veio em minha direção e estendeu a mão para que eu a apertasse. Foi o que eu fiz, então ele disse timidamente:

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– Por mim você já está dentro!

Agradeci e fui em direção a Lucio. Parei em sua frente e disse:

– Então? Estou apto para ser vocalista da banda?

Ele me olhou, revirou os olhos, deu as costas para todos nós e subiu no pequeno palco. Sentou-se no banco em frente a bateria e disse em voz alta:

– Sim, você está dentro.

Você não sabe o tamanho da felicidade que tive naquele momento. Abracei meu pai, apertei a mão de Michael e Jake e sorri por praticamente todo o tempo que passei naquele lugar. Lucio, Jake e Michael me entregaram alguns papeis com as letras das músicas em que costumavam tocar com o outro vocalista.

– Você conhece algumas? – Perguntou Michael timidamente –

Acenei com a cabeça que sim. Algumas músicas eram bem conhecidas aqui no Brasil. Entre elas estavam: Fluxo Perfeito – Strike, Lutar pelo que é meu – Charlie Brow Jr, Maré – NX Zero, Quando o mundo cai ao meu redor – Livres para Adorar, Acima da média – Bruna Karla, Made in the USA – Demi Lovato, A gente nem ficou – Jorge e Mateus (Que eles juravam que havia ficado melhor que a original na última vez que tocaram), entre muitas outras. Indiquei algumas músicas e eles prometeram analisa-las.

– Onde vocês estão pretendendo tocar? – Perguntou meu pai –

– Em alguns bares e nas festas de fim de ano da escola do Jake e Charlie. – Disse Lucio –

Me pai acenou a cabeça positivamente.

– E quando vamos tocar? – Perguntei –

– Não sabemos! Não surgiu nenhum convite ainda. – Disse Jake –

– Sério? – Falei surpreso – Que pena!

Jake, Michael e Lucio acenaram positivamente com a cabeça.

– Isso significa que teremos mais tempo para ensaiar, porque quando surgir um convite...- Disse Michael –

Tentaremos impressionar todo mundo.

Lucio me olhou pelo canto do olho como se eu não fosse grande coisa, bom talvez eu não seja mesmo. Percebi que teria um pouco de problema com ele. Parecia que ele não gostava muito de mim. Não sei se os outros haviam percebido isso, mas eu preferia que não tivessem.

Ficamos a tarde toda ensaiando. Depois meu pai nos levou para comer algo na lanchonete da esquina. Ficamos conversando sobre músicas que iriamos tocar e sempre Lucio acabava dizendo como o antigo vocalista havia cantado elas bem. Isso me deixava com um pouco de medo. Estava visivelmente claro que Lucio preferia o antigo vocalista, mas eu não podia ter medo. Eu tinha que provar que eu estava a altura daquela banda e podia cantar até melhor que o antigo.

Quando fui para minha casa, decidi passar na casa de Sophia para ver como ela e a mãe estavam. Sophia estava assistindo TV e quando me viu, correu para me dar um abraço. Um envelope estava em cima do Sofá e quando eu o peguei, Sophia o tirou de minha mão.

– O que tem aí dentro? – Perguntei sorrindo para Sophia –

Ela me olhou e sorriu. Abraçou o envelope e mostrou a língua para mim. Não debochando é claro, mas foi um “mostrar de língua” mais doce. Como se ela estivesse querendo dizer “É uma surpresa que você não pode ver agora”.

– Nem eu sei o que tem ali dentro. – Disse Dakota enquanto descia as escadas. – Ela fica horas com esses papeis nas mãos e não mostra a ninguém. Já até tentei até pegar escondido enquanto ela estava dormindo, mas eu não descubro onde ela guarda isso.

– Sério? – Perguntei –

– Sim. Ela não gosta muito do jeito que eu arrumo as coisas dela no quarto. Ela sempre troca de lugar.

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– A mãe, a mãe arruma errado. – Disse Sophia se sentando novamente no sofá –

Sophia começou a cantar uma música. Ela não sabia toda a letra, então cantava apenas o refrão várias vezes. Percebi que era exatamente a música que um dia eu havia cantado para ela e para Kari. Então peguei meu celular e coloquei a música para tocar. Fui até ela, beijei-a na bochecha e sussurrei em seu ouvido:

– A partir de hoje muita coisa vai mudar. Inclusive para você! – Falei baixinho para que Dakota não nos escutasse –

Segurei a mão dela e a levantei. Não foi preciso muito esforço, pois ela se levantou quando eu a puxei. Então comecei a dançar com ela no ritmo da música. Foi um desastre, pois nenhum de nós sabia dançar. Mas até que foi um desastre bom. Um desastre que te faz feliz de ter feito, pois deixou uma pessoa feliz. Não sei se você entende, mas a felicidade é assim. A felicidade é meio confusa de se entender.