Caso Miranda
Estratégica.
Eu não sabia o que fazer. Não queria ter que pensar no que fazer. Sempre fui impulsiva. Sempre. Eu ajo primeiro pra depois pensar no que fiz. E acho que tudo que deu certo na minha vida aconteceu assim.
E de errado também.
- Ei, vadia - disse Jasmin, logo que cheguei no colégio.
Me virei lentamente.
- Foi você que escreveu aquilo no banheiro?
Hesitei. Encarnei a Miranda desentendida e falei bem claramente:
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Que escrevi o quê?
- Não se faça de idiota.
- Veio aqui me perguntar de algo que eu não sei nem vi, e ainda diz que eu estou me fazendo de idiota?
Ela ficou confusa. Se preparou pra dizer algo, mas não disse. Apenas saiu andando.
Segui em direção a Leo, que estava no bebedouro.
- O que você quer? - ele perguntou, meio sem paciência.
- Você.
- Você é louca.
- Por você.
- Para de falar isso, Miranda!
- Para de achar que eu sou um problema, Leo! Não vê o que está bem na sua frente? Eu te valorizo, diferente dessas ridículas que te enganam. Eu quero o seu bem. Quero te fazer feliz. Me deixa cuidar de você...
- Fica longe de mim.
Ele saiu em passos largos.
Suspirei. Era tarde. Jasmin já tinha feito um estrago. Ele começou a me ver do mesmo jeito que ela. Isso não era coincidência. Ele nem era mais o mesmo que sorria pra mim quando passava. Antigamente ele era simpático comigo. Agora ele me chamava de louca e me queria longe. Isso só podia ser coisa da Jasmin.
Mas Leo era meu. Eu sabia disso. Afinal, quando a gente ama muito uma pessoa, essa pessoa passa a nos pertencer. Sempre acreditei nisso.
Então isso significava que Leo era meu e não de Jasmin.
Eu já sabia o que ia fazer.
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- O que quer, Vadia? - Jasmin perguntou.
- Você conhece o meu irmão Victor?
- Não, não conheço.
- Ele não frequenta muito a escola. Prefere a academia.- inventei.
Ela abriu um pequeno sorriso.
- Ele malha, é?
Vanessa também pareceu interessada.
- Sim, sim. Ele não tem nada a ver comigo. É do tipo que curte baladas e dá valor à aparência.
- Minha nossa! - disse Jasmin.
- Eu sei. Completamente superficial.
- O que é isso?
- Nada.
- Tá. Eu posso conhecer o seu irmão, Mirandinha?
- Achei que você tivesse namorado.
- Ah, a gente tá dando um tempo.
"Uhum, e meu irmão malha".
- Eu não sei...
- Nós somos amigas, não somos?
- Não...
- Ok. Que tal a gente ver um filme na sua casa. Seria um ótimo pedido de desculpas por tudo que a gente fez a você.
- Eu vou também - Vanessa foi logo dizendo.
- Eu acho melhor não...
- Olha, eu queria muito mesmo o seu perdão. Até falo bem de você pra Leo, sabia?
Fingi complacência.
- Tudo bem. Pode ser na sexta?
- Que tal no sábado? Tenho manicure marcada pra sexta.
"No sábado você não estará mais respirando"
- Só posso se for na sexta. - respondi. Era o único dia em que Victor saia de casa, pra ir pra casa de um amigo jogar video game.
- Ah, eu marco a manicure de novo pra quinta então - Jasmin disse, com um sorriso super falso.
"Olhe pelo lado bom: Pelo menos vai ser enterrada com as unhas feitas".
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Na sexta preparei tudo. Quando digo "preparei", não era pipoca e DVD. Era a faca, as cadeiras, a corda, o pano, o saco...
Meu pai não ligava pro que quer que fosse que eu fizesse. Ele só queria que tivesse uma garrafa na geladeira.
A campainha tocou. Estava na hora.
O plano era: Deixar as meninas no sofá, servir o suco (com os mesmos ingredientes que jogava de vez em quanto na cerveja do meu pai pra que ele apagasse logo após o futebol) e esperar meia hora enrolando-as.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Quando as duas apagassem, eu as colocaria nas cadeiras, uma de costas pra outra e as amarraria. Então as faria sofrer lentamente.
Fui até o portão rapidamente e encontrei duas meninas exalando excitação.
- Olá, querida! - Jasmin cumprimentou, forçando simpatia, olhou pra dentro da casa e o sorriso sumiu - Está sozinha em casa?
- Estou, sim. Victor chega em meia hora.
As duas abriram um enorme sorriso.
- Entrem - convidei.
Elas entraram e olharam em volta. Acho que estavam um pouco surpresas com a boa decoração. Só porque meu pai era um filho da puta não significava que ele ganhava mal.
Liguei a TV, busquei o suco e entreguei para as meninas.
Elas estavam entretidas com o filme. Claro que estariam. Qualquer garota desse tipo assiste Legalmente Loira mais de uma vez.
Assim, depois de meia hora já estavam adormecidas.
Era agora que o caos começaria.
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