Casamento Forçado

Uma tortura.


Posso confirmar que o Noah estava com raiva de mim. Não uma raiva que o faça querer me matar, mas uma raiva de me jogar na cama e terminar o que ele começa e eu não deixo chegar ao fim.

Eu estava sendo idiota por não deixar o Noah transar comigo. E mais idiota ainda por não ter contado que eu era virgem. Mas eu não sabia lidar com essas coisas. Se com o Austin que eu era apaixonada já era difícil de deixá-lo ir até o fim, imagine com o Noah que eu estou conhecendo agora.

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Na noite passada chegamos a tirar as roupas e ficar somente com as intimas, mas quando me toquei do que eu estava fazendo, dei uma desculpa esfarrapada de que eu estava cansada de todos os passeios que fizemos e não tínhamos como terminar. Ele acreditou, mesmo ficando com raiva de mim.

Eu sei que isso é uma tortura e provavelmente o fará querer terminar o serviço com outra, mas é difícil para mim.

Eu sou uma idiota, eu sei.

[...]

Noah ainda estava dormindo, um milagre, já que ele sempre fazia o favor de me acordar fazendo barulho. Desenrolo-me e desço da cama.

Eu ainda estava só de lingerie, já que eu fiquei com preguiça de vestir uma camisola. Vou para o banheiro e tomo um banho rápido, faço o resto da higiene que eu precisava e volto para o quarto somente de toalha. O Noah ainda dormia. O que de certa forma, era bom. Já que eu tinha planos para fazer enquanto ele dormia.

Vesti uma roupa qualquer e depois comecei a procurar pelo celular do Noah pelo quarto. Eu precisava achar para começar o meu “plano”.

Em dois dias seria o aniversário do Noah, eu me lembrei disso porque a Gracie havia me mandado uma mensagem falando sobre isso e o que eu iria dar de presente para ele. Eu sei, sou uma péssima esposa por não lembrar o aniversário do meu marido.

Daí veio uma ótima ideia do que fazer para comemorar. Como eu sabia que se passassem apenas nós dois aqui, seria um pouco chato, já que eu não conhecia o Havaí e não fazia ideia de onde levá-lo para comemorar. Sendo assim, irei chamar alguns amigos dele para vir e vou fazer uma festa no hotel.

Acho o celular dele em cima do sofá do quarto. Conferi se ele ainda estava dormindo (e estava) e sai do quarto levando o celular do Noah.

Espero o elevador chegar até o meu andar, e para a minha infelicidade, Sasha aparece no corredor e vem para o meu lado. Reviro os olhos discretamente e afasto-me um pouco.

– Bom dia. – ela diz quando chega.

– Dia. – respondo por educação. O elevador estava demorando mais do que o necessário, só porque eu queria mesmo sair logo dali. A presença daquela mulher me incomodava.

O mais engraçado é que ela apareceu logo na minha lua de mel. Isso só pode ser uma pegadinha. Mas eu não vou deixar isso me abalar, Noah disse para confiar nele e é isso que eu vou fazer.

A porta do elevador abre, espero uma senhora sair de lá e entro. Infelizmente, a Sasha também entra nele. Fico de um lado e ela do outro.

Ela estava usando mais um de seus vestidos extremamente colados no corpo e com decote profundo. Não me incomodou porque o Noah não estava lá, mas tenho certeza que ele ficaria viajando no corpo dela se estivesse com nós duas.

– Onde está o Noah? – Sasha pergunta. Observo-a e depois de uns segundos decido respondê-la.

– Dormindo. – digo desinteressada.

– Como tem coragem de deixá-lo sozinho? – Sasha pergunta. – Quando nós namorávamos, eu não desgrudava dele. Noah é um amor de pessoa, atencioso e bom de cama. Mas isso você já deve saber. – ela responde e sorri por fim. – Saudades do beijo dele.

– É uma pena que ficará só com saudades. – digo e reviro os olhos.

– Noah ainda gosta muito de mim se não sabe. – Sasha diz convencida.

Era só o que me faltava, começar a discutir com a ex do Noah dentro de um elevador. Como eu não quero brigar com ela, preferi ficar calma e não elevar a minha voz.

– Que bom! – respondi como se não me importasse com aquilo.

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No fundo eu realmente não me importava se o Noah ainda gostasse dela. Eu só queria poder confiar nele, e é o que eu estou fazendo. Noah prometeu ser fiel e eu espero que assim seja. Mas sei muito bem que se a Sasha dê mole (mais do que já dá) e Noah tiver a oportunidade, ele aproveita. Conheço muito bem a peça.

O elevador para e saio deixando Sasha para trás. Ando até o balcão e espero a recepcionista parar de falar ao telefone para eu poder conversar com ela. Olho no crachá e seu nome era Elizabeth.

– Bom dia senhorita Russel, o que deseja? Precisa de serviço de quarto? – ela pergunta sorrindo.

– Não. – respondo. – Quero saber se o salão de festas estará livre para depois de amanhã.

– Deixe-me olhar. – Elizabeth começa a mexer no computador. – Que sorte a sua, está sim. Quer alugar? – ela pergunta.

– Sim. Coloque na conta do quarto e peça um Buffet com tudo que tenho direito, por favor. – eu precisava fazer algo para o Noah.

Eu sabia que o Noah gostaria da festa, até porque eu iria chamar todos os amigos dele. Não existe esposa melhor que eu. Eu sei.

– Farei isso. A que horas você pretende começar a festa? – Elizabeth pergunta.

– Sete da noite está ótimo. – respondo. – Não me decepcione. – digo sorrindo.

– Não vou. – ela diz e volta a mexer no computador. – Te informarei depois.

– Obrigada! – respondo e saio de lá.

Agora só faltava ligar para os amigos do Noah e convencê-los de vir. Mas como eu sei que sou uma ótima pessoa no quesito “convencer as pessoas”, não estava preocupada deles não aceitarem.

De primeira procurei logo pelo James, o amigo do Noah que eu havia conhecido na festa. Ele era o melhor amigo do Noah e, com certeza, não podia faltar.

Disco o número no meu celular e ligo. Depois de três chamadas, ele atende.

– Quem é? – pelo jeito que ele perguntou, eu o acordei.

– James?! É a Melissa, desculpa se eu te acordei. – digo me desculpando.

– Ah, oi Melissa. Você eu perdoo. – James diz e eu dou risada. – O que quer?

– Como deve saber, depois de amanhã é aniversário do Noah. Eu sei que está meio que em cima da hora, mas quero fazer uma festa para ele e convidar os amigos daí.

– E como está em cima da hora, hein?! – James concorda. – Mas como é o meu amigo e a esposa mais gata que já vi, posso ir. – dou risada do James. Desde a festa ele vivia me elogiando.

– Muito obrigada. Será às sete da noite, preciso que chame alguns amigos de vocês e venham amanhã no máximo, vou ligar para os outros. – respondo feliz.

Um confirmado.

Depois de um bom tempo jogando conversa fora com o James, tive que desligar e depois começar a convidar os outros amigos dele. Quase todos confirmaram. Eles eram ricos, se duvidar alguns deviam até ter jatinho particular. Sendo assim, poucos disseram que não viriam.

Dei uma trégua e convidei algumas amigas também. Elas, sem pensar mais de uma vez, confirmaram, mas estavam cientes de que era a esposa dele que estavam as convidando.

Bem, Noah até que merece uma festinha. Ele vem se mostrando um bom rapaz.

– E você não vai me convidar? – Sasha pergunta quando eu termino de falar com o último amigo.

– Não é bem-vinda. – digo e levanto do sofá, colocando o celular do Noah dentro da minha bolsa e indo para o elevador.

– Se não me convidar conto tudo para o Noah. E se não sabe, ele odeia surpresas. – Sasha grita e viro-me para ela.

– Fique à vontade e conte. E não tem problema, eu sei fazer uma boa surpresa. Ele vai gostar e até pedir mais. – respondo e dou as costas deixando-a sozinha no saguão.

[...]

Chego ao quarto e assim que abro a porta deparo-me com uma bagunça espalhada por todo o espaço e o Noah só de cueca jogando as coisas para cima e gritando de raiva.

– Noah? – grito. Ele se vira rapidamente para mim. – Que merda você fez aqui? – pergunto com o cenho franzido.

Todos os lençóis da cama estavam no chão, às almofadas do sofá na cama e as da cama no sofá, as roupas espalhadas pelo quarto, o tapete todo dobrado, jogado na parede.

– Eu não acho o meu celular. – ele diz irritado. Reviro os olhos.

Vou para o banheiro e pego o celular da minha bolsa, não tirei na frente dele para que ele não soubesse que eu peguei. Saio do banheiro com o celular na mão.

– Esse aqui? – pergunto irritada com ele, mas era só encenação. Eu era a culpada daquela bagunça.

– Meu celular. – ele diz sorrindo e vem até mim.

Noah pega o celular da minha mão e sorri como uma criança que acaba de ganhar o brinquedo que sempre quis.

– Agora me diz se bagunçar o quarto desse jeito era preciso?! – falo ainda irritada com ele.

– Me desculpe, é que eu fiquei preocupado. Tem muita coisa que eu não posso perder aqui e enfim. Obrigado! – Noah diz feliz e segura meu ombro com força puxando para perto dele e depois me dá um rápido beijo nos lábios.

Ele se afasta rápido de mim e vai para o banheiro quase saltitando de alegria. E só de pensar que ele fará vinte anos. Que idiota!

[...]

Fiquei um tempo assistindo TV no quarto e trocando mensagens com o Austin enquanto o Noah tomava banho e se arrumava para descermos para o café. Eu estava morta de fome, mas eu tinha que esperar pelo Noah.

Tiro a minha atenção da TV quando mais uma mensagem do Austin chega, leio.

“Eu estou falando sério, estou morrendo de saudades de você. Se soubesse a falta que faz já teria voltando há muito tempo. Tenho um presente para você”.

Sorrio quando termino de ler a mensagem do Austin. Apesar de que agora não poderíamos mais no relacionar sem ser com amizade, não pretendo nunca parar de falar com ele, mesmo que isso irrite o Noah.

Austin e eu crescemos juntos e o amor veio desde a infância. Não será assim do nada que vai acabar. Ele pode arranjar quantas namoradas quiser, mas eu acho que nunca vou gostar de outro rapaz como eu gostei dele.

Antes que eu pudesse responder, Noah sai do banheiro reclamando e chama a minha atenção.

– Eu estou com muita fome. – ele grita.

– Arrume-se e nós vamos comer. – respondo.

Noah pega uma roupa e começa a se vestir. Não me recusei a olhar. Pecado seria se eu não olhasse.

Eu não me entendia. O corpo do Noah, a voz dele, o toque dele, tudo me atraia, mas quando estávamos prestes a finalmente dar o passo final, eu sempre desistia. Eu tento me entender, mas sou complicada.

Depois de alguns minutos, Noah fica pronto.

– Vamos? – ele pergunta.

– Sim. – deixo o celular no quarto e saímos de lá com as mãos dadas.

Enquanto íamos, nós não conversamos muito, mesmo eu querendo fazer várias perguntas para ele, como por exemplo: o que ele achava de mim.

Eu tinha essa dúvida, já que quando nos conhecemos não nos demos bem de primeira. Depois Noah pareceu estar interessado na nossa relação, gostaria de saber o porquê, mas prefiro guardar a minha dúvida.

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Chegamos ao restaurante do Hotel e sentamos à mesa que já era reservada para nós dois até irmos embora.

– O que quer comer? – Noah pergunta.

– Gosto daqueles pãezinhos que eles fazem. – respondo sorrindo.

– Vou pedir. – Noah faz o pedido para o garçom e depois volta pra mesa. – Precisamos conversar. – é o que ele diz quando senta.

Franzo o cenho e o encaro, mesmo já tendo quase a total certeza do que se tratava a conversa.

– Melissa, eu já disse que meus interesses com você não se tratam apenas de sexo. – Noah começa a falar. E como eu previa, era mesmo disso que eu estava pensando. – Mas todos os dias a gente se beija e acabamos deixando passar de simples beijos. Você me excita e não me deixa terminar.

Apesar de não ter um espelho na minha frente, eu tinha certeza que eu estava toda vermelha.

– Noah, eu… - tento falar, mas ele me impede.

– Melissa, eu não quero te obrigar a nada. Eu odeio fazer essas coisas sem que a pessoa queira, mas está sendo quase impossível me controlar. Eu vou ficar louco. Além de ter muito tempo que não transo você faz o favor de todos os dias me atiçar e não me deixa terminar. Isso é uma tortura. – Noah completa.

Tudo bem, eu devia estar igual a um tomate. Eu era uma mulher que não se sentia envergonhada quando se tratava de conversar sobre esses assuntos, mesmo que eu esteja conversando com o meu marido. Era estranho ver o Noah falando aquilo, porque se ele estivesse mesmo com vontade, ele já teria terminado o “serviço” com outra qualquer.

– Você tem algo para me contar? – Noah pergunta sério.

Não tem mais porque esconder essa idiotice. Além do mais, Noah é meu marido, ele precisa saber que eu sou virgem.

– Sim. – respondo séria também.

– Noah?! – assim que eu ia contar, ouço a Sasha chamar pelo Noah. Ela havia chegado por trás do Noah. Suas mãos estavam no ombro dele. Noah tomou um pequeno susto.

– O que quer? – ele perguntou um pouco rude e tirou as mãos dela do ombro dele.

– Nada demais. – Sasha responde. – Só queria perguntar se pretende fazer algo no seu aniversário. – fuzilo-a.

Noah revira os olhos.

– Não. Vou passar apenas com a Melissa e só. Não pretendo sair, nem nada. – ele responde. Ele continuava sendo curto e grosso.

– Ah, pensei que vocês estivessem planejando algo. Mas caso mude de ideia, me convide. – Sasha pisca pra Noah e sai da mesa nos deixando sozinhos novamente.

O lado bom é que ela não deixou nada claro. Ela fez algo útil na vida. Noah parecia estar estressado. Pelo jeito a presença dela o incomodava muito.

– Quer pedir pra eles entregarem o café no quarto? Lá ninguém nos incomoda. – pergunto e Noah assente.

– Melhor opção. – ele responde.

Pedimos para entregar a nossa comida no quarto e fomos para lá.

Por sorte o quarto estava arrumado, já que pedimos o serviço de quarto para arrumar a bagunça que o Noah fez.

Noah chegou e caiu logo na cama, fiz o mesmo e deitei ao lado dele. Ele escorou sua cabeça na mão e ficou me encarando, enquanto eu continuava com a cabeça no travesseiro.

– Nossa lua de mel está sendo boa. – Noah diz ainda me olhando. Sorrio.

Fico o observando por alguns segundos e decido falar também.

– Você até que é legal. – respondo e ele ri. – Estamos nos dando bem e isso é o mais importante.

– Eu estou gostando do nosso relacionamento. Eu não estou fazendo tudo que planejei, mas acho melhor acontecer naturalmente do que planejado. – Noah diz e sorri.

– Concordo! Assim fica mais “real”. – digo fazendo as aspas.

Ficamos alguns segundos em silêncio apenas trocando olhares. É cedo demais para dizer se a nossa covivência será boa. Por enquanto está indo tudo bem, mas já estou até imaginando como será quando a gente voltar.

A Amy tentando acabar com tudo. Austin tentando fazer algo dá errado entre Noah e eu. Noah e suas amigas e afins. O que me resta é aproveitar enquanto posso.

Aproximo-me de Noah e o empurro para trás o que o faz deitar direito na cama. Aproximo o nosso rosto.

– Você gosta de mim? – pergunto.

Noah hesita um pouco e depois ri de um jeito que eu achei sexy. Ele segura a minha cintura e olha nos meus olhos.

– Não acha cedo demais para isso? – ele pergunta.

– Não digo no sentido de amar. Gostar do meu jeito e tudo mais. – respondo um pouco envergonhada, já que ele interpretou da forma errada. Afasto-me dele.

– Ah! – Noah murmura. – Claro que sim. Acha que eu iria trazer uma pessoa que eu não gosto para o Havaí, dar presentes, ser carinhoso e ainda perdoá-la por todo dia me deixar desejando ela de um jeito que eu nem sei como consigo me controlar? – Noah pergunta. Dou risada e coloco a mão no rosto um pouco envergonhada.

Noah era incrível. Acho que estou começando a achar que esse negócio de casamento nem foi tão ruim assim. Pelo menos não por enquanto.

Ele tem dois anos para mostrar se é bom de verdade. O que me resta é superar a minha paixão pelo Austin. Eu sei que não devia mais gostar dele, mas é algo quase impossível. Mas eu farei de tudo para que eu consiga. Sinto que estou fazendo a coisa errada estando casada com o Noah e gostando do Austin. Mesmo que o Noah tenha o mesmo problema que o meu e não me conte, espero que ele pense do mesmo jeito que eu.

Ele se aproxima e tira as minhas mãos do meu rosto. Sem muita cena, ele aproxima seu rosto do meu e me beija. Era um beijo calmo e gostoso, “sem segundas intenções”.

Noah merecia mais do que uma festa. Ele estava sendo muito bom comigo. Nem acredito que esse era o rapaz que todas as noites, ficava com uma garota diferente e gastava dinheiro em clubes de stripper.

Não sei o que aconteceu com o Noah, mas que ele mudou, sim, ele mudou.

Estou pensando até que talvez ele mereça um presente especial depois da festa. Isso vai depender de como ele se comportará nesses dois dias. Se tudo ocorrer bem, acho que será a hora de dar o que ele quer.