Pov Annie Cresta

Eu passei um ano com medo, medo de Finnick não voltar daquela arena e eu não poder dizer o que sentia, mas mesmo assim eu não disse, eu vi o Capitol brincando com ele e não disse, o vi rejeitando ordens do Capitol e não disse e de repente eu estava dentro da arena, e aquilo caiu em mim como um tapa, “eu morreria ali e ele nunca saberia”, vi banhos de sangue acontecendo, aquilo me travou, eu me escondi o tempo todo, e então veio a tempestade, a arena inundou e no final me nomearam vitoriosa, vitoriosa por algo que nem tentei.

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Quando eu voltei para o distrito 4, eu não era mais a mesma Annie, quem era eu afinal? Eu me perdi nas profundezas dos pesadelos da arena, e só conseguia caminhar até a praia, a mesma praia onde eu conheci o Finn, a mesma onde ele me esperava todas as tarde e falava comigo, mesmo eu não falando uma palavra de volta, foram assim por dois anos, até eu conseguir sair daquela bolha e falar.

– Oi Finnick. – ele sorriu como um bobo e voltou a fazer a sua rede, a pior rede que eu já tinha visto.

Eu tive 10 anos para falar, o quanto eu o amava, mas eu não falei com todas as letras, eu não agi de verdade, e então ouve o chamado para a arena novamente, eu até teria que ir, mas Mags se voluntariou no meu lugar, e eu não sabia mais o que fazer, dessa vez ele podia não voltar de verdade.

E então estava empurrando Finnick para o grande prédio da prefeitura, sem despedidas dessa vez e pela primeira vez em muito tempo eu levante a voz para todos ouvirem.

– FINNICK EU TE AMO, EU SEMPRE TE AMEI!

Ele sorriu e empurrou um dos guardas depois de sussurrar algo no sue ouvido, esse mesmo guarda segurou os outros com um rosto apreensivo enquanto falava algo para os outros e eles também pararam, ele veio até mim e me abraçou, me abraçou tão forte que eu achei que se tornaríamos um naquele abraço.

– Eu também te amo Annie, te amo desde a primeira vez que eu te vi, desde que eu te ensinei a nadar, desde que ficamos amigos... – ele olhou nos meus olhos e me beijou, eu fiquei sem saber o que fazer, então o imitei, ele separou nossos lábios e sussurrou no meu ouvido – eu voltarei para você, e você terá que casar comigo.

Ele me soltou e foi para onde os guardas estavam, eu coloquei as mãos sobre a boca e por um momento achei que meu coração ia parar, eu já tinha chorado na hora da colheita, mas agora eu chorava de felicidade por ele querer voltar e de tristeza por não saber com certeza se ele voltaria mesmo.

***

Nos casamos no distrito 13, foi uma cerimônia linda, Peeta fez o bolo, era verde azulado e representava bem nosso distrito, Finnick foi tão gentil comigo, ele me tocava como se eu fosse de vidro e pudesse quebrar com qualquer toque mais forte.

E então lá estava a despedida novamente, lá estava ele se arriscando por mim, eu estava doente, não conseguia mais nem respirar de tanta preocupação, tenente Boogs ainda queria reconsiderar o por em combate, mas presidente Coin disse para ele ir, e ele queria ir, queria se vingar do Capitol. Eu estava na ala médica do 13 quando uma das médicas chegou para mim sorrindo, por um momento eu pensei que Finnick tinha voltado, mas era só resultados de exames.

– Annie, você está ótima – como assim, eu estava me sentindo um lixo, enjoada e pensado que ia morrer -, você não está doente, está grávida.

Por um momento eu achei que realmente ia morrer, mas morrer de felicidade, precisava, precisava já falar isso para Finnick, seja lá como, eu precisava!

– Preciso falar com Finnick!

– Quando ele voltar querida...

– Não! Preciso falar agora, e se ele não voltar? – ela me olhou e balançou a cabeça vencida.

– Espere um instante. – ela foi até a porta da ala e falou com um soldado que estava lá e voltou com um holo nas mãos – Aqui, pode falar com ele. – ela digitou algo e me entregou o holo.

Peguei o holo das mãos da médica e ela saiu da sala, o rosto de Finnick se materializou na minha frente.

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– Annie? – sua voz era um misto de horror, felicidade e medo, eu não entendi aquelas emoções conflitantes no seus olhos, eu só queria falar para ele.

– Finn, você vai ser pai sabia? – por um momento os olhos dele brilharam, então ele se virou olhando para algo atrás dele e se voltou para o holo, o rosto dele estava banhado de tristeza.

– No futuro Annie, diga pro meu garoto ou garota que eu o amava muito antes mesmo de conhecê-lo – lágrimas brotaram dos meus olhos mesmo sem eu entender aquilo, eu queria perguntar o porquê daquelas palavras -, diga que eu o amaria mais ainda se pudesse ficar perto dele pra sempre, e Annie, me desculpe.

me desculpe’ eu sabia exatamente o que isso significava, e soube ainda mais quando o holo ficou preto e sem som, eu sabia mais não queria acreditar, ‘Finnick não voltará mais’, quando Katniss e os outros que sobreviveram voltaram eu ainda tinha esperança, era ridículo, mas eu ainda tinha, mas lá estava minha certeza novamente, ele não estava no meio dele, o meu Finnick tinha se ido para sempre.

***

Passou-se um ano desde que Finnick se foi, às vezes eu ainda paro diante da estátua que o novo Capitol colocou na praça de Atlanta e algumas lágrimas caiam, Panem estava trazendo a tona coisas de muitos anos atrás, nos alto falantes as praça estava tocando uma música que eu não conhecia, mas que me dizia exatamente o que eu sentia.

‘Almost, almost is never enough

So close to being in love

If I would have known that you wanted me

The way I wanted you

Then maybe we wouldn't be two worlds apart

But right here in each other's arms

And we almost, we almost knew what love was

But almost is never enough

If I could change the world overnight

There'd be no such thing as goodbye

You'd be standing right where you were

And we'd get the chance we deserve’

De repente uma menina chegou perto de mim, não a reconhecia, alias acho que nem a conhecia, ela olhou para Finnick e então para Finn Jr. E falou comigo.

– Eles se parecem. – olhei para ela foquei meus olhos em seu rosto, ela era bonita, parecia uma menina inocente com aqueles olhos meio verdes meio cinza e sorri um pouco.

– Todos dizem isso, ele vai ser tão valente quanto seu pai um dia. – falei como sempre dizia a todos, alguns achavam que eu era louca de além de colocar o nome de Finnick no nosso filho, queria que ele fosse como o pai.

– Eu sou Clove. – eu já ouvi esse nome antes, olhei para ela e arregalei meus olhos ao perceber que 1- eu a “conhecia” sim, 2- ela era o tributo feminino do D2 que tinha morrido na 74ª edição dos jogos – Sim, eu morri na 74ª edição, mas o Capitol não deixa nem os mortos em paz, sinto muito pelo seu marido, ele merecia conhecer o filho e conhecer esse mundo sem jogos assassinos.

Aquilo me tocou, mesmo sabendo quem ela era agora, e sabendo o quanto de tributos ela matou no primeiro dia eu ainda via uma menina inocente nela, ela foi treinada para matar não foi? Quem sabe se era isso mesmo que ela queria fazer?

– Finnick está feliz onde ele estiver Clove, tudo o que ele queria ele conseguiu, ele se casou comigo, ele acabou com os jogos, ele ajudou Panem a ser livre, ele me deixou um pedaço dele. – olhei para Finnick em meus braços, aquele foi o maior presente que meu amor deixou para mim.

– Qual o nome dele?

– Finnick, sei que pode soa estranho, mas mesmo com a tristeza que esse nome carrega para mim, ele me enche de felicidade ao o ver sendo o nome do meu filho. – eu disse a verdade e esperava que ela risse ou fizesse algum comentário sarcástico como um 2 faria, mas ela apenas assentiu com a cabeça.

– Entendo. Bem Annie, foi bom lhe conhecer, mas estou conhecendo a cidade agora. – ela começou a caminhar para perto de uma mulher, que a julgar pelas roupas, deveria ser uma enfermeira, mas antes de chegar lá se virou para mim - Nós vemos por ai, e sorria mais, seu sorriso é lindo!

Eu sorri para Clove, e percebi que ela estava certa e que, se Finnick ainda estivesse aqui, ele iria querer-me ver sorrindo sempre.

Clove, realmente espero que nos encontremos por ai.’, me virei e caminhei para o cemitério, para ver o tumulo de Finnick e deixar as flores, como eu fazia todos os dias.