Capitão América vs. Rudolph, parte 2

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- O Sheik ia transformar você em um super-soldado? – Steve estava quase incrédulo.

— Eu sei, não tenho o porte físico de um super soldado – ironizou Rudolph.

— Não foi isso que eu quis dizer. – Steve o fitou por um longo momento antes de continuar. – É preciso mais que força para fazer um bom soldado. Fico me perguntando se esse Sheik enxergou isso em você.

— Provavelmente, ele enxergou. Mais uma vez, esse era um dos motivos para que ele recrutasse crianças pobres, geralmente órfãs. Ele via que as crianças que nasceram e cresceram com quase nada na vida eram mais propensas a apoiar seus iguais, a formar laços de união, de harmonia, de afeto, para que cada soldado pudesse proteger o outro quando estivessem unidos como batalhão, quando estivessem em combate. Ele costumava dizer que íamos transformar o mundo em um lugar melhor. Só se esqueceu de comentar que teríamos que matar muita gente inocente no processo. Sheik desejava espalhar o terror pela América, para mostrar seu poder e fazer os governos do ocidente se curvarem diante dele. Por isso, precisava dos super-soldados. O que nos leva ao problema atual. Pelo que os agentes no México reportaram, todos os soldados de Sheik receberam o soro. Há um exército de soldados geneticamente modificados prestes a cruzar a fronteira entre México e Estados Unidos.

— Todos? É praticamente impossível que todos os recrutas de Sheik tenham se revelado fisicamente aptos para receberem o soro.

— Devido ao fato de que os Emirados perderam sua principal cobaia, que serviria de exemplo a ser seguido pelos demais soldados, faz sentido acreditar que nem todos estariam prontos para o soro. – Rudolph falava com amargura, ainda se recordando dos tempos como recruta dos Emirados. – Mas Sheik sempre teve cartas na manga. Você deve ter lido os registros da SHIELD sobre aquele empresário, Aldrich Killian, da Advanced Idea Mechanics... Ele desenvolveu uma tecnologia conhecida como Extremis. O Coulson me contou que ele e a equipe dele rastrearam o Extremis sendo utilizado por agentes da Hydra, que também era vendido a potenciais aliados da Hydra.

— Então Sheik está mancomunado com a Hydra – deduziu Steve.

— Ah, sim, há tempos – confirmou Rudolph. – Sheik tinha olhos em praticamente todas as ações da Hydra. Como a Hydra se infiltrou na SHIELD por muito tempo, podemos incluir que Sheik também tinha olhos na SHIELD. O que explicaria o porquê de nunca termos encontrado o infeliz, e porque poucas vezes a CIA e a SHIELD terem conseguido desbaratar as operações dos Emirados. O caso é que, quando obteve o Extremis, e quando soube da sua funcionalidade, Sheik não hesitou em fazer uso dele para manter seus planos de montar um super exército. Por meio de seu cientista misterioso, ele idealizou uma forma de aperfeiçoar o Extremis, de modo que, se um soldado fosse submetido ao soro, e este não funcionasse da maneira adequada no corpo dele, o soldado seria submetido ao Extremis para então poder receber o soro de maneira adequada. Pelo pouco que sabemos, não houve muitas baixas entre os soldados de Sheik em decorrência desses experimentos; a taxa de sucesso dele com essas experiências é de praticamente 100%. Como ele conseguiu manipular tanto o soro quanto o Extremis a seu favor para que ambos funcionassem em harmonia no corpo dos soldados ainda é um mistério para nós. O cientista misterioso do Sheik está a anos-luz de nós, pelo visto. E é por isso, Steve, que precisamos dos Vingadores.

— Parece um desafio perigoso – disse Steve.

— E você não me parece preocupado – comentou Rudolph.

— Já lutei em muitas batalhas. Não sou de negar desafios. Conte com a minha cooperação, agente Fuentes.

— Obrigado, Steve – disse Rudolph. – E obrigado, também, por ter salvado a vida de meu avô.

— Como?

— Meu avô, Carlos Fuentes, serviu no 107º batalhão na Segunda Guerra. Era um imigrante porto-riquenho. Você o salvou de uma base da Hydra na Áustria em 1943, junto com o resto do batalhão. Se não fosse por você, provavelmente eu não teria nascido.

Steve inspirou profundamente e olhou para o chão.

— Sabe, há muito tempo não me agradeciam por ter salvado alguém durante a guerra. Isso é reconfortante.

— Veja pelo lado bom. Já temos alguma conexão – disse Rudolph, piscando levemente para o Capitão América. – Eu vou indo, Steve. Amanhã, seus amigos chegarão, e quero poder descansar apropriadamente antes que Fury coloque-os a par do plano.

Ele se levantou e estava quase saindo do ringue quando Steve se levantou.

— Espere, Rudolph.

— Sim? – O agente se voltou para Rogers.

— Fury quis que você viesse para que eu passasse o bastão para você como líder dos Vingadores, não é isso? Então vamos fazer isso apropriadamente. Vamos nos enfrentar. Eu gosto de saber como meus companheiros lutam.

Rudolph o encarou.

— Vai me enfrentar, Steve?

— É, vamos ver se o tal Sheik estava certo quando achou que você era o melhor soldado da tropa.

Rudolph ficou boquiaberto por um instante, mas depois sorriu.

— Por mim está ótimo. Deixe-me tirar isso primeiro...

Ele tirou o terno de agente, as armas que carregava na cintura, os sapatos e as meias, e encarou Steve Rogers.

— Estou pronto.

Steve assentiu e também se posicionou para a batalha.

Foi uma luta rápida. Rudolph era bem ágil e tinha golpes precisos com as pernas, surpreendendo Steve quando este esperava ataques dos punhos do agente. Um dos golpes do punho de Rudolph fez Steve recuar alguns passos. O porto-riquenho parecia flutuar ao se lançar no ar contra o soldado para atingi-lo em cheio no tronco com seus chutes. Mas o Capitão América não era um adversário fácil. Logo que se acostumou à velocidade dos golpes de Rudolph, Steve começou a revidar de maneira potente, conseguindo empurrar Rudolph para o corner do ringue, até que, após um dos chutes de Rudolph, Steve conseguiu segura-lo pelas pernas, agarrar o tronco dele e joga-lo para o chão com um baque surdo. Se não fosse pela musculatura de Fuentes, ele teria quebrado vários ossos na queda.

Rudolph tossiu e olhou para o alto, observando Steve, assimilando a derrota.

— É aqui que eu jogo a toalha?

Steve riu levemente e ajudou Rudolph a se levantar.

— Foi uma boa luta – disse o Capitão América. – Esse lance com os chutes... Onde aprendeu isso? Uma vez eu enfrentei um cara que era mestre de kick-boxe, mas os golpes dele eram bem diferentes.

— Capoeira – disse Rudolph. – Arte marcial brasileira. Eu costumo misturar com jíu-jitsu brasileiro, muay thai, taekwondo e outras coisas. Posso te mostrar uns movimentos depois, se é que você já não conseguiu assimilar tudo depois dessa luta.

— Seria ótimo – disse Steve, sorrindo. – Agora sabemos que esse Sheik não tem razão sobre tudo.

— Como assim? – indagou Rudolph.

— Você obviamente não consegue derrotar o Capitão América.

Os dois riram descontraidamente com essa afirmação.

— Obrigado, Steve, mais uma vez. Eu vou indo.

— À vontade, agente Fuentes.

Rudolph calçou as meias e os sapatos, pegou suas armas e seu terno e se voltou para a saída. A meio caminho da porta, uma foto em uma das mesas de Rogers chamou a atenção dele. Steve estava ao lado de uma moça loira, vestida como uma das agentes da SHIELD. A garota lhe pareceu familiar.

— Quem é essa? – perguntou Rudolph, apontando para o retrato. Steve fitou a foto por um momento.

— Sharon – respondeu ele. – Era do serviço secreto da SHIELD. Agora está na CIA.

— Acho que eu vi a foto dela em um dos arquivos. Por que essa foto num lugar de tanto destaque?

Steve sorriu e olhou para o chão.

— Ela é uma das razões de eu ter voltado.

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De volta a sua sala, Rudolph quase não se surpreendeu ao encontrar Nick Fury sentado em sua mesa. O agente ignorou o diretor enquanto dobrava seu terno sobre a cama.

— Dia longo? – perguntou Fury, quebrando o silêncio.

— De fato – respondeu Rudolph. – Mas isso você sabe, já que me deu essa agenda.

— De qualquer forma, meus parabéns, Rudolph. A fase um da sua lista foi completada de maneira excepcional.

— Fase um? Ainda existem outros membros dos Vingadores para serem recrutados de volta?

— Você nem imagina – disse Fury. – Há muito foi-se o tempo em que o Capitão América era o único herói do mundo. Mas por hora, Rudolph, vou precisar de você aqui, para liderar a Iniciativa Vingadores 2.0. Não se preocupe, seus dias como recrutador não terminaram. Considere apenas que você vai tirar umas férias.

— Férias essas que consistem de uma gama de trabalho maior do que recrutar heróis – comentou Rudolph.

— Eu não disse que seriam férias fáceis – disse Fury, levantando-se e indo ao encontro do agente. Rudolph guardou suas roupas no armário e se voltou para o diretor.

— Aquilo sobre o que o senhor comentou comigo antes... Descobriu mais alguma coisa?

— O soro que puseram em você antes de te darem a fórmula do super-soldado é de fato alienígena, Rudolph – disse Fury. – Se foi algum inimigo do Sheik ou se foi algum dos agentes dele quem fez isso, ainda é um mistério. Você tanto pode ter recebido esse soro para acelerar os planos de Sheik quanto para detê-los. Isso explica porque você era o favorito para receber a dose inaugural do soro. Como você já havia passado por todas as fases do treinamento deles, a fórmula alienígena ajudaria a acelerar seu processo de transformação em super-soldado; suas habilidades já tinham sido aumentadas e, com o soro de Erskine, você seria invencível. Eu só havia visto esse tipo de fórmula uma vez, quando Coulson foi trazido de volta à vida. E pelo visto, a fonte da fórmula usada em Coulson é a mesma da fórmula usada em você. Um soldado Kree que no passado lutou ao lado dos humanos. As suas habilidades de batalha provém do sangue dele, Rudolph, que agora corre em você.

— Por que o soro Kree não se manifestou assim em Coulson também?

— Porque Coulson nunca foi treinado para se tornar um super-soldado. Graças a esse triste fato, a força que o soro te deu poderá ser usada para algo melhor.

Rudolph fungou.

— Engraçado...

Ele deixou a palavra no ar. Fury o observou por uns instantes.

— O que é engraçado? – perguntou, por fim, o diretor.

— Sua missão é liderar os heróis mais poderosos da Terra, para salvar o mundo, e, no entanto a sua força provém de um soro alienígena. Irônico, não? A força que devo usar para cumprir minha missão vem do espaço sideral. Faz com que eu me sinta um pouco alienígena também. Se for assim, não teria havido muita diferença se eu tivesse permanecido como cobaia do Sheik...

— Rudolph, permita-me dar uma palavra de amigo, não de diretor. – Fury encarou Fuentes profundamente. – Nenhum de nós pode mudar o que já aconteceu. Quando eu descobri os arquivos sobre o Mar-Vell e que o sangue dele estava presente no soro que puseram em você, eu achei que podíamos tirar algo bom disso. Quem sabe? Vai ver alguém pôs o soro em você esperando que um dia, você derrotasse o império do Sheik. Eu sou um homem velho; estou cheio de esperanças e sonhos para conduzir minhas ações. Só peço que você confie no meu julgamento. Ninguém na SHIELD sabe sobre o soro alienígena que está em você, a não ser as duas pessoas que se encontram nesta sala agora. Você é um ótimo agente e um ótimo guerreiro. Esse soro pode ser a chave para o nosso sucesso. O que acha? Podemos tirar proveito disso.

— Eu agradeço a confiança, Nick, mas é que tudo ainda é muito confuso para mim. Achei que nem fosse conseguir convencer os Vingadores a voltar depois de ter descoberto isso. Mas eu prometi a você que completaria este trabalho, e vou completa-lo. Por enquanto, eu peço que deixemos esse assunto do soro de lado por um tempo. Pelo menos enquanto eu tento encontrar esse maldito Sheik.

— Se é assim, farei o melhor – disse Fury. – Coulson também está me ajudando com as investigações e, com a chegada dos Vingadores, vou ter que autorizar ele e a equipe dele a retomarem as abordagens com a Hydra, com os Inumanos e com a origem desse seu soro. Acho que Coulson é o único interessado o suficiente para arrancar qualquer pista possível sobre quem pode estar por trás do uso dessa fórmula. Mas e você? Já está pronto para assumir o manto que o Mar-Vell possuía?

Rudolph franziu o cenho.

— Fala daquele apelido? Parece meio exagerado para mim.

— Certamente que não – retrucou Fury. – A SHIELD, o mundo e os Vingadores vão precisar de você mais do que nunca nos próximos dias, Capitão Marvel.