Enquanto estudava o Livro dos Nomes, L estava sentada no colo de Shark, as suas pernas cruzadas logo sobre as dele, evitando assim molhar-se na água do charco que o seu namorado estava a encher de novo. Aparentemente, a luta que Burn travara com as Parcas fora de tal ordem que conseguira evaporar toda a água do charco no jardim. Assim como conseguira reduzir quase tudo a cinzas.

Gina ficara possessa ao saber do destino dos pequenos animais e das plantas que antes habitavam o jardim e, depois de tomar o pequeno-almoço, a primeira coisa que fizera fora regressar ali, para devolver a vida ao jardim. Como a água estava fora do seu domínio, chamara Shark para reencher o charco. E claro que ele puxara L atrás de si, para poder mostrar-lhe um pouco mais do seu poder.

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Pouco mais fora preciso do que um estalar de dedos para a água regressar ao charco e ainda mais fácil para Shark fora começar a andar sobre ela, como se de chão sólido se tratasse. Carregara L mesmo para o meio do charco, onde depois se sentara, deixando-a no seu colo.

Quanto a Gina, estava abraçada aos troncos negros das poucas árvores que se tinham mantido de pé, cantando para elas naquela língua estranha que mais ninguém entendia. As árvores respondiam ao seu canto regressando à vida, os troncos voltando a ser castanhos e as folhas brotando dos seus ramos. Niko cantava também, sentado sobre uma pedra, com borboletas saindo-lhe de entre os cabelos, escaravelhos surgindo-lhe por entre os dedos, cobras descendo-lhe pelos braços e esquilos e coelhos espetando as cabeças do interior da sua camisa, para depois saltarem para o chão e correrem a esconder-se.

Tratadas as árvores e regressados os animais, Gina pegou nas mãos de Niko e Lilás e puxou-os para dançar consigo enquanto continuava a cantar. A relva começou a brotar dos sítios que os pés de Gina e Lilás tocavam e um pequeno conjunto de pássaros pareceu sair das palmas das mãos de Niko, esvoaçando e piando em redor dos três enquanto dançavam.

– A voz da Gina… – começou Shark a comentar, distraindo L da sua leitura.

– Que tem? – perguntou ela, reparando que Shark estava a olhar para a dança dos outros três como se completamente hipnotizado. Não era de admirar, Gina estava a rir à gargalhada enquanto cantava, som esse a que nem L era capaz de resistir.

– Tem algo de…

– Muito estranho – completou Saya, mesmo ao lado deles, fazendo L saltar de susto e olhar de repente para o sítio em que estava a sua Madrinha, sentada de pernas cruzadas em cima de uma pequena plataforma de gelo flutuante.

– É bonita – disse L, encolhendo os ombros.

– É a Voz de Mãe – disse Saya.

– Voz de Mãe? – repetiu Shark.

Saya acenou.

– Nem eu sem bem explicar, tem algo a ver com o facto de ela conseguir dar vida. Como uma mãe dá vida aos filhos.

Ouviu-se um coro de gargalhadas, quando Gina, Niko e Lilás caíram num monto de relva fofa, exaustos de usar os seus poderes. No entanto, estiveram pouco tempo deitados. Logo começaram a rebolar uns por cima dos outros, assemelhando-se tanto a cãezinhos a brincar que Saya, Shark e L não conseguiam evitar sorrir enquanto os viam.

Lilás acabou por se afastar da brincadeira para voltar para junto de Saya, a rapariga guiando a sua plataforma de gelo na direção de margem do charco para se lhe poder juntar. E Gina e Niko enroscaram-se um no outro à sombra de uma árvore, falando baixinho, brincando com os dedos um do outro e trocando beijos ocasionais que fizeram L arregalar os olhos.

– Parece que a Gina e o Niko estão a namorar – comentou ela com Shark.

– É – concordou ele, fazendo depois uma carícia nos cabelos de L – Mas isso lembra-me… há quanto tempo não te dou um beijo?

– Desde uma hora atrás, quando me deste os bons dias?

– Isso é muito tempo – disse Shark, com um sorrisinho malandro – Não te posso deixar tanto tempo sem beijos, afinal, tu precisas deles para viver.

– Ah, é? – perguntou L, com um sorriso provocador.

– É – confirmou Shark, baixando-se para capturar a boca de L com a sua, iniciando um beijo profundo e muito longo.

* * *

Já anoitecera e Circe estava deitada na cama, lendo um livro para resistir à tentação de olhar para a lua e ver o que ela lhe mostrava, quando ouviu bater à porta do seu quarto. Não eram muitas as pessoas que sabiam a senha do seu quarto para chegarem ali e, dessas poucas pessoas que sabiam, nenhuma tinha razões para a incomodar àquela hora. Desconfiada, aproximou-se da porta e abriu-a.

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O coração caiu-lhe aos pés ao ver Snow.

– Q-que fazes aqui? – perguntou – Como é que sabes a senha?!

Snow fez um sorrisinho malandro.

– Bem, diga-se que eu sou um Adepto de Darkness, que agora é o diretor da escola. Foi só pedir-lhe com muito jeitinho, e ele disse-me a senha.

Circe entreabriu a boca com o ultraje.

– Vejo que tens a minha camisa vestida – constatou Snow, atirando um gesto de cabeça na direção da roupa de Circe.

A rapariga olhou para baixo, corando. Esquecera-se completamente de que tinha a camisa de Snow vestida e, pior: não tinha nada por baixo, para além das suas cuequinhas brancas com o desenho de um ursinho na frente. Felizmente que a camisa era suficientemente longa para tapar isso da vista do rapaz. Infelizmente, não se estendia muito mais para além da virilha, pelo que bastaria ela erguer um pouquinho os braços para a bainha da camisa subir e revelar tudo o que estava por baixo.

– N-não tens nada com isso – atirou Circe, empinando o nariz, apesar de estar a corar que nem um tomate.

Snow soltou uma gargalhada incrédula.

– Desculpa, muito pelo contrário, tenho tudo a ver com isso. É da minha camisa que estamos a falar. A qual, a propósito, quero de volta.

Circe ficou a olhar para ele, admirada.

– Porquê? É velha, está estragada e já não a usas.

– Eu sei, mas a ideia de teres dormido com ela dá-me vontade de também eu dormir com ela – disse ele, com um sorriso malandro – Além disso – acrescentou ele, dando um passo em frente e ficando perigosamente perto de Circe – para ma devolveres, terás de a despedir. E eu sei que não tens nada por baixo – sussurrou ele, lançando um olhar sugestivo na direção do peito de Circe, cujos contornos estavam bem destacados por baixo do tecido. Demasiado bem destacados, pouco deixando à imaginação.

– Tarado – acusou Circe, cruzando os braços na frente do peito, escondendo-o da vista dele.

– Mas tu gostas – quase cantarolou Snow, baixando a cabeça para beijar a rapariga.

O toque dos seus lábios fez magia em Circe, que nem sequer chegou a resistir. Soltou logo um suspiro de rendição e abraçou os ombros largos dele, cedendo quando Snow a puxou contra si, encostando os seus corpos. Nem sequer se tentou tapar, quando ergueu os braços e a bainha da camisa finalmente subiu, revelando mais do que devia.

Snow largou os lábios de Circe para tecer um trilho de beijos até ao pescoço da rapariga, o qual, depois de um beijo mais profundo… mordeu. Os seus caninos afiados facilmente romperam a pele delicada e o sangue de Circe encheu-lhe a boca, revelando-lhe tudo o que ele queria saber. E Circe nem sequer o tentou impedir, perdida no estranho prazer que a dentada lhe proporcionava.

– Prazer em conhecer-te, Tessala – murmurou Snow, ao afastar-se – O meu nome é Kentin.

Circe estremeceu ao ouvir os dois nomes, mas logo foi distraída pelo novo beijo de Snow. Ao sentir o peito dele a empurra-la levemente, Circe recuou. E Snow entrou no quarto, sem parar de beijar Circe, e fechando a porta atrás de si com o pé.