Candidatos a Deuses

Capítulo 56


– Mas ele é um idiota…! – queixou-se Tech, quando se conseguiu por fim soltar de Softhe – Só te faz sofrer…

– Isso não é razão para o matares! – negou Softhe – Se tens o poder de decidir quem vive e morre, devias usá-lo com mais sabedoria e cautela, para mais tarde não te arrependeres de o ter usado!

Tech deu um passo para trás, chocado com as palavras de Softhe. Mas acabou por engolir em seco e acenar.

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– Tens razão – murmurou ele – Desculpa…

– Pede-me desculpa a mim, que quase morri – insurgiu-se Burn.

Tech lançou-lhe um olhar assassino enquanto passava um braço sobre os ombros de Softhe.

– Eu não quero saber se tu estás escrito no coração da Softhe – disse Tech – Não vais voltar a tocar com um dedo que seja nela. Ouviste? Não vou permitir que a faças sofrer! Entendeste?!

– Parem! – exclamou a voz de L de repente, chamando as atenções para si.

A rapariga estava já de cabeça baixa, pressionando as têmporas com as pontas dos dedos, o rosto contorcido com a dor.

– Parem de gritar – implorou ela, baixinho – A minha cabeça…

– Que se passa, meu amor? – perguntou Shark, acercando-se de imediato de L, amparando-a – O que é que te dói? Precisas de alguma coisa?

– Dói-me a cabeça – gemeu L, deixando o rosto descair para o peito de Shark.

Gina aproximou-se de L e poisou-lhe a mão na testa, fazendo-a soltar um suspiro de alívio.

– Onde te dói? – perguntou Gina, baixinho.

– Aqui – indicou L, poisando os dedos precisamente sobre as tatuagens nas têmporas.

– É o selo – disse Gina – Não encontro nenhuma razão física para estares com dor de cabeça.

– Porque é que o selo lhe está a dar dor de cabeça? – perguntou Shark.

– Não faço ideia – revelou Gina, encolhendo os ombros e retirando a mão da testa de L, que soltou um novo gemido, ao sentir a dor regressar – Talvez aquilo que o selo está a prender esteja a tentar sair.

– E porque estaria a tentar sair? – questionou Softhe, preocupada com a amiga.

– Não faço ideia – disse Gina, encolhendo de novo os ombros – Mas a L não me parece muito bem. Espero que a Saya não demore muito mais a terminar aquela poção.

– Por falar em Saya, onde está ela? – perguntou Bella.

– E o Lilás também – disse Snow, notando a falta do outro rapaz.

– Devem estar os dois juntos – disse Ónix, com um sorriso malandro, dando uma suave cotovelada cúmplice no braço do amigo.

– O que é que interessa onde eles estão?! – vociferou Shark – A minha namorada está mal, okay?!

– Argh, não é só ela – gemeu Circe, esfregando a testa – Aquela maldita tempestade que o Dest agendou para esta semana está a começar. Prevejo algumas mortes. Nada bom.

Dest fez um sorriso amarelo.

– Desculpem. Mas agora não posso fazer nada para o evitar.

– Ai – gemeu L, encolhendo-se ainda mais com a dor de cabeça.

– O que é que eu posso fazer por ti, querida? – perguntou Shark, preocupadíssimo.

L negou levemente com a cabeça, mas ergueu os olhos para Gina, esperançada. Shark reparou no olhar.

– O que…? – começou ele a perguntar, olhando de L para Gina.

– Nem penses – negou Gina, na direção de L, erguendo uma sobrancelha.

– Mas… – tentou L.

– Não – negou Gina – Vicia, sabes? E eu não quero ter-te sempre atrás de mim, a pedir para ter mais daquela “sensação boa e quente”.

– Eu não… vou viciar – murmurou L.

– Okay, eu não faço ideia do que vocês estão para aí a dizer – intrometeu-se Shark – Mas, Gina… se consegues ajudar a L, por favor, fá-lo.

Gina olhou de L para Shark.

– Não me parece – negou ela.

– Deixa estar, Shark – murmurou L, endireitando-se – Eu… aguento-me. Há-de melhorar quando me for deitar.

Shark não parecia muito convencido, mas acenou.

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Rapidamente se separaram todos, cada um para o seu canto. Apenas se voltaram a encontrar ao jantar. Dest e Tech chegaram já sem os Colares Negros, Elpída chegou estranhamente calada e Saya e Lilás decidiram por fim aparecer, caminhando estranhamente próximos.

– Isso é que foi, hã? – disse Snow, rindo – Passar a tarde toda juntos… espetáculo.

– Normalmente essas bocas vêm do Shark – constatou Lilás, enquanto se sentava – O que é que se passa com a L? – perguntou, ao ver que Shark estava demasiado ocupado a acariciar as costas da rapariga enquanto falava baixinho ao seu ouvido, a rapariga com a cabeça poisada na mesa e os braços em redor para esconder o rosto.

– Uma espécie de enxaqueca – disse Bella, encolhendo os ombros.

– A Gina não te curou? – admirou-se Saya, olhando para Gina.

L simplesmente negou com a cabeça, enquanto Shark erguia a sua para falar.

– A Gina disse que o problema não era físico. Mas pareceu-me que, ainda assim, ela podia fazer alguma coisa pela L. Simplesmente não quer – disse, enquanto lançava um olhar zangado à rapariga, que comia a sua salada com os cabelos na frente do rosto.

– Gina – chamou Saya, suavemente – Por favor, a L parece mesmo mal. Talvez pudesses passar a noite com ela…

– Okay! – estalou Gina, deixando cair o garfo de repente dentro do prato – Okay, eu ajudo-a. Mas não vou para o quarto dela, ela que venha para o meu.

– Okay – cedeu a voz abafada, mas aliviada, de L.

Assim, quando terminaram de jantar, L seguiu Gina até ao seu quarto. A rapariga dos cabelos negros teve o cuidado de não permitir que L visse a sua senha e mesmo quando abriu a porta para que entrassem na divisão, parecia algo hesitante.

– Oh… uau – murmurou L, sem saber como mais haveria de reagir.

A cama de dossel era de madeira escura e cuidadosamente esculpida com motivos florais, com uns pesados cortinados negros. A parede por trás da cabeceira desta estava completamente coberta por uma trepadeira de folhas grandes e verdes, com lindas flores lilás a brotar de vários pontos. Borboletas e pequenos pássaros voavam por entre as folhas da trepadeira e um pequeno grupo de borboletas azuis e verdes disparou na direção de Gina assim que ela entrou, poisando no seu cabelo como se de ganchos se tratassem. L também reparou num grande lagarto de crista indo-chinês estendido sobre algo grosso e comprido que estava, por sua vez, estendido sobre a secretária. Pelas manchas aquilo parecia ser…

– A-aquilo é uma cobra? – perguntou L, muito baixinho, fazendo um gesto de cabeça na direção da coisa sobre a qual estava o lagarto, a sua cabeça começando a latejar ainda mais enquanto o seu coração palpitava com o susto.

– O quê…? – perguntou Gina, distraída com um pássaro que lhe tinha ido poisar no dedo, seguindo o olhar de L – Oh, sim. É o Stephano. Não te preocupes, ele não te fará mal.

– Mas… está vivo?! – guinchou L, baixinho, empalidecendo.

– Claro que está vivo – confirmou Gina, voltando de novo a atenção para o pássaro.

– Onde está a cabeça?

Gina olhou para a gigantesca cobra sobre a secretária, com o sobrolho levemente franzido.

– Boa pergunta… Hey, Stephano, onde é que estás, rapaz?

E, de repente, uma enorme cabeça de réptil espetou-se por de trás da cabeceira da cama, a uma distância de bem cinco metros do ponto em que estava a secretária. L não se esqueceu de que o ponto sobre a secretária era provavelmente o meio da cobra, pelo que aqueles cinco metros eram apenas a metade da frente do bicho.

– Ah, estás aí – constatou Gina, satisfeita, gatinhando por cima da cama até consegui aproximar-se da cobra e abraçar suavemente o seu pescoço. A cobra poisou a cabeça no ombro de Gina, como se também a estivesse a abraçar. E, por incrível que pareça, Gina afastou-se do bicho com um largo sorriso nos lábios. Um sorriso verdadeiro. Um sorriso que, para além de uma beleza esmagadora, revelou… um belo par de presas.