Candidatos a Deuses

Capítulo 44


Como se tornara já costume, L acordou a sentir-se pessimamente. Apesar de o desconforto ser menos agora que o selo emergira, ela sabia que ainda estava muito longe de voltar a sentir-se normal.

Arranjou-se para mais uma semana de aulas e depois desceu para o Átrio, onde encontrou Softhe, Saya, Gina, Bella e Yngrid à sua espera.

– L – chamou Yngrid, avançando nervosamente para a rapariga, antes de qualquer uma das outras ter tempo de reagir – Preciso de falar contigo. A sós, se pudesse ser.

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Confusa e admirada, L acenou.

– Vou já ter convosco à sala comum – disse L às outras, fazendo-lhes sinal para irem andando.

As suas amigas foram sem discutir, com certeza apercebendo-se do ar agitado de Yngrid e achando melhor não interferir.

– Que se passa, Yngrid? – perguntou L.

Yngrid puxou L para um canto mais afastado do Átrio antes de se colocar na sua frente a torcer nervosamente as mãos e começar:

– Provavelmente deveria avisar disto a toda a gente e não somente a ti. Mas sei que os outros me quererão matar, em especial a Hisui e a Circe.

– Mas o que é que aconteceu, Yngrid? – perguntou L.

A rapariga soltou um pequeno suspiro trémulo.

– Eu contei ao Darkness sobre vocês. A profecia – disse Yngrid, baixando o tom de voz.

– O quê? – admirou-se L, chocada.

– Eu não queria contar – disse Yngrid, desesperada – Eu não queria, L, a sério! Mas quando ele me toca, eu… eu não consigo pensar! Não me consigo controlar, tudo o que ele me pede, eu dou e…

Yngrid enterrou o rosto envergonhado nas mãos e L inspirou fundo para tentar não entrar em pânico.

– Porque é que lhe contaste, Yngrid?

Ela ergueu o rosto das mãos, o sobrolho franzido com a preocupação, começando a contar a L tudo aquilo de que eles tinham falado na sala dos Arquivos Classificados.

– Bem, ele disse que queria ajudar – relembrou L – Portanto… provavelmente não faz mal que lhe tenhas contado.

– Mas ele disse que agiria se tu fosses mesmo a Protetora – disse Yngrid, desesperada – Isso a mim não me soa bem…

– Não lhe perguntaste o que ele queria dizer com isso?

– Claro que perguntei. Mas ele não me respondeu…

– Olá, meninas. Que estão aqui a fazer?

Yngrid soltou um gritinho de susto quando a voz de Hisui soou mesmo atrás delas.

Viraram-se para ver Hisui e Circe a lançar-lhes um olhar desconfiado.

– Estávamos só a conversar – disse L.

– Aos segredinhos – corrigiu Circe.

– Circe, lá porque és um Oráculo e tens visões do futuro, não quer dizer que tenhas de saber tudo – disparou L, começando a perder a paciência, as suas têmporas começando a latejar.

Circe ergueu uma sobrancelha.

– Bem, nesse caso, seja como quiseres – disse ela, com uma pequena entoação de desprezo, antes de ela e Hisui se afastarem.

L tornou a virar-se para Yngrid, que choramingava baixinho.

– Elas vão-me matar, quando souberem…

– Não vão nada – negou L, tentando tranquilizá-la – Vá, vamos tomar o pequeno-almoço ou ainda ficamos sem nada.

Yngrid acenou tristemente e as duas seguiram para a sala comum.

Shark avançou de imediato para L quando a viu entrar, depositando um beijo suave nos seus lábios antes de a puxar para se sentar ao seu lado. Do seu outro lado estavam Bella e Dest, conversando suavemente e em voz baixa, provavelmente a tentar conhecer-se melhor antes de realizar o seu “destino” de ficarem juntos. No entanto, os olhares que eles lançavam um ao outro diziam tudo: já não haveria força alguma no universo que os separasse. Softhe também não estava muito longe, o seu corpo tenso e o olhar propositadamente baixo, para não olhar para Burn, o qual estava mais silencioso que o costume, olhando o vazio enquanto esmagava M&M’s contra o tampo da mesa com o polegar. Hisui estava a discutir algo sobre as aulas com Ouro enquanto comia uma taça de morangos de um vermelho muito apetitoso.

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– Pessoal? – perguntou Saya de repente, virando todas as atenções para si – Quando é que teremos uma nova reunião?

– Reunião? – perguntou Gina, erguendo uma sobrancelha.

– Dentro da Bolha – explicou Saya.

Circe e Hisui trocaram um olhar significativo.

– Ainda tens a chave da cave, Niko? – perguntou Hisui ao rapaz de cabelos brancos.

– Sim – confirmou ele – Ia devolvê-la ao Sebas à hora de almoço.

– Não o faças – negou Circe – Iremos precisar dela esta noite.

Niko acenou e, pouco depois, levantaram-se todos para ir para as suas aulas.

– Mas que raio…?! – praguejou Saya baixinho, quando as raparigas iam a meio do caminho das salas, depois de se despedir dos rapazes.

Ao fundo do corredor estar uma rapariga quase tão estranha quanto Gina. Tinha um cabelo loiro impossivelmente longo preso numa trança e a pele tão pálida que se viam as veias através dela. Aparentava estar gravemente doente, mas o brilho nos seus olhos cor de barro dizia precisamente o contrário. E foi para elas que o seu olhar disparou quando se aproximaram, em particular para Hisui, que ficou pregada ao chão quando os seus olhares se cruzaram.

– Hum… Hisui? – chamou Circe, quando notou a amiga petrificada a seu lado.

Os lábios da rapariga estranha entreabriram-se de espanto enquanto os seus olhos se arregalavam com o choque.

– Hisui? – chamou Circe de novo, agitando uma mão na frente dos olhos de Hisui, que nem sequer pestanejou. Franzido o sobrolho, Circe olhou para a rapariga estranha, lançando-lhe um olhar zangado por ter “roubado” a sua amiga. No entanto, foi prontamente ignorada. A rapariga estava demasiado ocupada a largar os livros que segurava nos braços no chão e a desatar a correr para Hisui.

– Vara’lia! – exclamou a rapariga antes de se lançar para cima de Hisui, abraçando-a com tanta força que a fez cambalear para trás.

– Mas que raio…?! – repetiu Saya, com uma expressão incrédula de tal modo engraçada que L, Softhe e Bella se desmancharam a rir.

Hisui parecia estar tão atrapalhada quando chocada por ter a rapariga abraçada a si, pelo que se limitava a dar-lhe pequenas palmadinhas nas costas enquanto olhava para o topo da sua cabeça com os olhos vermelhos completamente arregalados.

– Esperei tanto por ti, Vara’lia – murmurou a rapariga contra o ombro de Hisui – Mas valeu a pena, estás finalmente aqui…

– O-olha, ouve… – chamou Hisui, tentando afastar a rapariga de si – Eu não faço a mais pálida ideia de quem tu és.

– O meu nome é Elpída – apresentou-se a rapariga, cedendo a libertar Hisui.

– Okay – suspirou ela, aliviada por finalmente terem regressado a uma apresentação normal – O meu nome é Hisui.

– Tenho muito prazer em conhecer-te, Hisui – disse Elpída, com lágrimas nos cantos dos olhos, segurando uma mão de Hisui entre as suas – Não fazes ideia do tempo que eu esperei por ti…

– Hey, ouve, pá – intrometeu-se Circe, metendo-se entre Hisui e Elpída e forçando esta última a soltar a sua Madrinha – Eu não sei quem tu és, mas não podes simplesmente chegar aqui e abraçar-te toda à minha melhor amiga…

Enquanto Circe falava, toda a felicidade e euforia desaparecia do rosto de Elpída e escurecia para uma expressão aborrecida e ameaçadora.

– Não te metas – cortou Elpída – Isto é entre mim e a minha Suprema. Não te conheço de lado nenhum e, a menos que tenhas algum poder semelhante ao nosso, é melhor que te mantenhas longe. Percebeste?

Circe fez uma expressão escandaliza enquanto as outras raparigas erguiam as sobrancelhas, admiradas com a revelação. Com que então Elpída era Adepta de Hisui!

– Mas de onde raio é que tu saíste?! – perguntou Circe, ofendida pelas palavras de Elpída.

– De um cativeiro que durou mais décadas do que os dedos que tens nas mãos – disse Elpída, com ar aborrecido – Agora importaste de não interromper?! Eu passei quinhentos anos à espera da Hisui, à espera do despertar dos meus poderes. E passei esse tempo todo sem falar com uma só pessoa. Entendes a importância que este momento tem para mim?!

E depois afastou-se, puxando Hisui atrás de si.

– Sinistro – murmurou Gina.