Caminho das Memórias

Seria o fim, ou apenas o começo?


Seria o fim, ou apenas o começo?

O sol brilhava naquela manhã, e as flores de cerejeira acompanhavam o balançar do vento que soprava gentilmente por elas, trazendo o fresco aroma da primavera. Algumas pétalas, mais delicadas, caiam por chão, enfeitando o caminho que Sakura e Syaoran percorriam até a escola. Era início de mais um semestre, e do último ano deles no Colégio Tomoeda.

A reabilitação de Syaoran corria bem, o rapaz conseguia se recuperar rápido, e agora necessitava apenas do uso de uma muleta para caminhar. Ainda era algo incômodo para ele, porém bem melhor do que a limitação de uma cadeira de rodas.

Caminhavam lado a lado, em silêncio. Apenas sorriam, com sorrisos tímidos. Saber que a pessoa ao seu lado lhe amava, era mais do que o suficiente para os dois naquele momento. Mesmo após já terem se beijado, gostavam de cultivar momentos como aquele. De vez em quando se entreolhavam, e rapidamente, corados, desviavam o olhar. Ah, juventude!

— Opa, parece que a primavera já está em seu ápice!

— Nem me diga, sinto como se flores fossem desabrochar nos meus próprios olhos, hehe.

Para o espanto de Sakura e Syaoran, Yamazaki e Takeru os surpreenderam, aparecendo subitamente por detrás do casal.

— Não queremos atrapalhar, então nos vemos na escola – Disse Yamazaki, ultrapassando-os.

— Até logo – Despedia-se Takeru com um sorriso brincalhão no rosto enquanto acenava.

— Seus... – Resmungava Syaoran.

— Não tem problema – Sakura disse – Acho que.... No fim... Eles estão certos – Sorriu sem graça.

Totalmente vermelho, Syaoran virou o rosto para o outro lado.

— T-t-tudo bem, então.

Essa reação fez Sakura soltar um risinho.

— Bom dia – Aproximou-se Tomoyo.

— Bom dia, Tomoyo – Respondeu uma sorridente Sakura.

— Ah, bom dia, Daidouji – Respondeu Syaoran, recompondo a postura.

— É uma bela manhã, não acham? – Perguntou Tomoyo, sorrindo.

— Sim, com certeza.

— É uma ótima forma de começar nosso último ano no colegial. Imagino que tipo de aventuras e desfechos esse ano terá... – Dizia Tomoyo com as mãos sob o queixo, e com os olhos brilhando.

Sakura e Syaoran apenas riram sem graça com uma gota em suas testas.

Com a maior presença de alunos caminhando na mesma direção, notaram que já estavam bem próximos do portão da escola.

— Ah, eu combinei de me encontrar com Chiharu e as outras, então vou na frente. Vejo vocês depois – Disse Tomoyo enquanto acelerava tomando a dianteira.

Essa é a amiga que Tomoyo era. Nunca deixava de marcar presença, mas não ocupava tempo de mais do casal, deixando-os sozinhos sempre que podia.

— Daidouji está mais feliz ultimamente – Comentou Syaoran.

— Imagino que isso é influência de Eriol – Disse Sakura.

— Mesmo que ele tenha voltado para a Inglaterra há duas semanas?

— Sim, com certeza eles estão trocando mensagens.

— É mesmo... Acho bom Eriol estar sério... – Syaoran disse com ar sério.

— Hehe, eles estavam se dando bem, não acho que tenha algo que precisamos nos preocupar.

— É... – Concordou brevemente.

— Até por que... – Sakura tocou de leve na mão de Syaoran – Já temos... Algo para nos preocupar... Nós mesmos... – Disse sorrindo corada.

Ainda que pego de surpresa, Syaoran entendeu o recado, e não recuou. Apertou de leve os dedos de Sakura.

— Sim... – Concordou também sorrindo.

Era assim que se iniciava seu último e mágico ano no colegial.

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De volta as cerejeiras, aquele primeiro dia de aula chegava ao seu fim. Muitas cerimônias, avisos, coisas de 3° ano... O que você poderia chamar de dia tedioso. Mas havia acabado, era isso o que importava. No caminho de volta para casa, Sakura acompanhava Syaoran até seu apartamento, mesmo ele dizendo que não era necessário. Agora mais despreocupados, caminhavam de mãos dadas, ainda mais corados e sorridentes do que pela manhã. Ah juventude!

Mas Syaoran não queria que o dia simplesmente acabasse assim. Tinha planos.

— Hum... Sabe, podemos dar uma passada em um lugar? – Sugeriu.

— Hã? Claro... – Sakura aceitou meio confusa.

— Ótimo.

Assim, desviaram sua rota.

Quando Sakura menos percebeu, estavam no Parque do Rei Pinguim.

— O que viemos fazer aqui? – Perguntou Sakura curiosa.

— Olhe logo à frente e verá – Respondeu Syaoran com um sorriso de lado.

Dito e feito, arregalando os olhos, Sakura logo compreendeu sua ida até aquele lugar.

— Syao-bo!

— Viram? Eu disse que ele viria – Vangloriou-se o líder.

Imediatamente um grande grupo de crianças veio em sua direção. Era o grupo de Shinichi e dos outros.

— Eu dei um jeito de falar com Shinichi ontem, e combinei de nos encontrarmos todos hoje – Explicou Syaoran sem graça.

Sakura apenas sorriu e concordou com um aceno de cabeça.

— Syao-bo! Syao-bo! O que aconteceu com você? – Perguntou Koizumi.

— Estávamos preocupados – Disse Hiromi.

— Desculpe, não queria preocupar vocês. Aconteceram algumas, mas agora estou bem – Disse sorridente.

— Ah... Que bom... – Suspirou Hiromi.

— Ha, Syao-bo é cabeça dura de mais, até parece que se machucaria tão fácil assim – Debochava Koizumi dando de ombros.

— É bom ver que você também se preocupou comigo, Koizumi – Disse Syaoran aplicando-lhe um belo cascudo.

— Argh... Para com isso Syaora-bo! – Resmungou o garoto finalmente se libertando.

— Por falar nisso, ano que vem vocês vão para o ginasial, não é? Não acham que deviam parar de me chamar por “Syao-bo”?

As crianças se entreolharam e riram.

— Ah, deixa disso... – Resmungou Koizumi.

— Syao-bo sempre será Syao-bo – Disse Shinichi.

— Sim! – Concordou Hiromi.

Á Syaoran, restou apenas fechar os olhos e sorrir, aceitando sua realidade.

— Certo e que tal se jogarmos um pouco? – Sugeriu.

— S-Syaoran! Eu não acho que isso seja uma boa ideia... – Sakura que há muito estava em silêncio no seu canto, se pronunciou.

— Tudo bem, eu vou pegar leve... – Disse sorrindo marotamente – Até porque, mesmo nesse estado, ainda sou um ótimo goleiro! – Vangloriu-se.

— Ha, vamos ver então! – Exclamou Shinichi com a bola em mãos.

— Não pense que vamos dar moleza! – Provocou Koizumi.

— Ótimo, talvez assim vocês tenham alguma chance...

— Mas o que!?

— Hahahahahaha, vamos logo.

Sob protestos da parte de Koizumi, e risadas dos outros, o grupo junto de Syaoran se direcionou para a área mais aberta onde costumavam jogar. Sakura ficou para trás ainda descrente de todo aquele ânimo.

— Onee-san, Onee-san – Chamava Hiromi puxando a camisa de Sakura.

— Hum? O que foi? – Perguntou Sakura sorrindo e se agachando.

— Continue cuidando do Syao-bo para nós, tá?

Surpresa, porém emocionada com o pedido, apenas sorriu.

— Sim, pode deixar – Concordou passando a mão nos cabelos de Hiromi.

— Ei, vocês duas! Venham também! – Exclamou Koizumi ao longe.

Syaoran também as olhava sorrindo. Sakura e Hiromi olharam uma para a outra e sorriram.

— Já estamos indo! – Responderam acenando.

Foi assim que decorreu aquela tarde. Crianças animadas correndo de um lado para o outro com uma bola nos pés, Syaoran demonstrando uma eficiente atuação no gol, às vezes se aproveitando da muleta, e outras também caindo por causa dela, levando Sakura ao desespero, porém logo se levantando para comprovar que estava tudo certo. Todos riam e se divertiam.

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— Tchau, Syao-bo!

— Vê se melhora!

— Não vamos pegar tão leve na próxima vez!

— Ugh... T-Tchau... – Gemia Syaoran, respondendo a despedida das crianças.

— Céus... Eu disse que não era uma boa ideia – Repreendia Sakura, ajudando-o a sentar.

— Desculpe... Eu havia me esquecido de como eles eram agitados...

Soltando um risinho, Sakura sentou-se ao seu lado.

— Não importa como eu veja, você parece ser o pai deles – Disse.

Syaoran se espantou com tal comentário, mas logo relaxou.

— Hehe... É mesmo, é?...

— Sim, eles gostam muito de você. Isso... É maravilhoso – Falou sorrindo, com os olhos fechados.

Encabulado com a afirmação, Syaoran corou.

— Filhos, é? – Pensou.

Ergueu a cabeça e fitou o céu daquela tarde. O Sol começava a se pôr, dando um aspecto alaranjado ao teto celeste.

— Mas nesse caso, você seria então a mãe, não é? – Perguntou.

Sakura quase saltou do banco, tamanha a sua surpresa.

— N-n-não acho que é pra tanto... – Tentou ser evasiva.

— Não diga isso, eles também adoram você, principalmente Hiromi.

Totalmente vermelha, Sakura balbuciou:

— É-é-é mesmo, é....?

Syaoran não conseguiu segurar o riso.

— Hahahahahaha, Daidouji tem razão, você fica adorável quando está com vergonha, hahahaha.

— Grrr... Hmpf! – Sakura bufou irritada.

Após Syaoran terminar de rir, o silêncio reinou por algum tempo.

— Mas eu meio que falo sério sobre isso. Quero muito ter filhos com você – Disse Syaoran subitamente.

— Hoe? – Sakura foi pega de surpresa.

— Digo... – Agora era Syaoran quem estava vermelho – Se possível... No futuro... Sabe... Seria legal se pudéssemos formar uma família... – Disse desviando o olhar.

Aos poucos, Sakura foi compreendendo o que Syaoran queria dizer. Fitou o chão, corou, mas não disse uma única palavra, pois uma felicidade tão grande inundava o seu peito que não sabia o que dizer.

Syaoran já estava ficando preocupado com o silêncio de Sakura. Mas foi tranquilizado quando sentiu o suave toque da mão da garota sobre a sua, e levando seu olhar de encontro ao dela, pôde ver duas orbes esmeralda em lágrimas, e abaixo delas um lindo sorriso. Surpreso e emocionado, segurou o delicado rosto de Sakura com a sua mão.

— Até porque, eu não pretendo me separar de você nunca mais – Disse também sorrindo.

— Sim... – Concordou Sakura tentando secar as lágrimas.

— Você vai ter que me aturar por um bom tempo.

— Tudo bem, eu não me importo. Nem mesmo se for para sempre.

Sorrindo e emanando felicidade, Syaoran trouxe o rosto de Sakura próximo ao seu e gentilmente tocou os macios lábios da garota com os seus. Um beijo calmo, mas intenso. Simples, porém apaixonado. Simbolizando a eterna união daquelas duas felizes almas.

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15 anos depois...

— Papai, papai! Olha lá fora! Estamos chegando! – Exclama Nanami.

Gemendo, aos poucos Syaoran foi abrindo os olhos.

— Ugh... É mesmo, é...? Legal...

Muitas coisas aconteceram nos anos que decorreram. Após terminar o colegial, Syaoran precisava voltar sem falta para Hong Kong, mas ele e Sakura não queriam se separar, então, sob protestos de Touya e negociações com Fujitaka, Syaoran conseguiu levar Sakura para morar consigo em Hong Kong. No começo, não foi tão fácil, a adaptação foi meio complicada principalmente pela diferença dos costumes. Mas com o tempo, Sakura se enturmou com as irmãs de Syaoran que passaram a adora-la como uma princesa. E apesar da grande dicifuldade, Sakura também conseguiu se entender com Yelan, que desde o começo estava com o pé um pouco para trás, mas que posteriormente aprendeu como apreciar as qualidades da alegre Sakura.

Ambos fizeram suas faculdades em Hong Kong, Syaoran de Administração e Sakura de Educação Física. Por mais que respeitasse toda a tradição do clã Li, Sakura não tinha a intenção de ser uma mulher sem grandes ocupações, então ainda que sobre certo conflito, correu atrás de seus sonhos para lecionar Educação Física no Ensino Fundamental de Hong Kong, isso tudo é claro, com o apoio de Syaoran que esteve o tempo inteiro ao seu lado lhe dando total suporte. Fato era também, que Syaoran se demonstrava um excelente líder do clã, arcando esplendorosamente com todas as responsabilidades, recebendo, é claro, alguns conselhos da mãe e até mesmo de Wei.

Foi então, que com suas vidas praticamente acertadas, chegou a grande novidade que mudaria como nunca a vida de ambos. Seu nome era Nanami. Nanami Li, a primeira filha de Syaoran e Sakura. A felicidade que sentiram quando souberam que seriam pais foi algo indescritível, compartilhada obviamente pelas irmãs de Syaoran, assim como Yelan. Fujitaka também chorou muito quando recebeu a notícia de que seria avô, mal podia acreditar que esse momento enfim havia chegado. Para falar a verdade, nenhum deles podia.

Nanami foi criada com muito amor por ambos os pais, mimadíssima pelas tias e adorada pela avó. Aprendeu tanto chinês como japonês para que se mantivessem firmes as raízes que tinha. Era esperta, e mostrava interesse pelas coisas, animada e agitada. Tinha puxado algumas características tanto do pai quanto da mãe. Mas de fato, era uma garota linda. Seus cabelos tinham a mesma coloração dos de Sakura, mas eram compridos e chegavam até a linha da cintura, um tanto rebeldes, assim como os do pai. Também mantinha os admiráveis olhos verdes de Sakura. Quem a via, saberia dizer de quem era filha.

— Você ainda não perdeu o hábito de dormir durante voos, não é? – Perguntou Sakura.

— Não mesmo. Acho que é algo irreversível, hehe... – Disse Syaoran coçando a cabeça.

As coisas também correram bem para Touya e Kaho. Logo após Eriol terminar o colegial, seu acordo com Kaho também chegou ao fim, e sendo assim, a promessa de Touya e Kaho finalmente ser cumprida. No entanto, não foi bem isso o que aconteceu. Kaho veio até Touya, mas não ficaram no Japão. Na verdade, saíram em viagem pelo mundo, visitando os mais diversos lugares, e encontrando as mais diferentes pessoas, tudo com o objetivo de ajudá-las com a sensibilidade que tinham. Essa era uma missão que Kaho sugeriu, e que Touya sem muito contestar, aceitou. A mais pura verdade era que apenas estarem juntos um ao lado do outro já os fazia feliz o suficiente para que pudessem aturar essa vida fora do comum.

Já Eriol e Tomoyo, bom... Juntamente com Kaho, Eriol veio correndo para o Japão. Após tanto tempo trocando mensagens com Tomoyo, já estava mais do que afirmado o seu amor por ela, que por sua sorte, era correspondido. Estabelecendo residência em Tomoeda, ainda um mero universitário cursando medicina, passou a morar com Tomoyo, que cursava música. A química entre os dois era estranhamente perfeita, e apesar de todo o jeito incomum e extravagante de Eriol se portar, Tomoyo sabia bem como lidar. Não demorou muito e também se casaram, mas só agora esperavam pelo seu primeiro filho, que era um menino cujo nome seria Haruto.

— Hum...? – Nanami olhou curiosa para o pai – O que significa “irreversível”? – Perguntou.

— Significa algo que não pode voltar para como era antes – Syaoran explicou.

— Hummm... AH! Aprendi uma coisa nova! Já tenho mais uma novidade para contar para o vovô! – Exclamou.

— Hehe, isso mesmo. Ele vai ficar bastante feliz – Disse Sakura passando a mão na cabeça da filha.

Como estavam em período de férias de verão, resolveram fazer uma visita de alguns dias em Tomoeda, coisa que já estavam habituados a fazer havia algum tempo. E Nanami estava animadíssima para ver o avô, como sempre estava todo ano.

— Hehehe – Ria com o carinho da mãe – Mal posso esperar para ver o vovô! – Decretou.

Sakura e Syaoran olharam um para o outro e sorriram.

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— Chegamos... – Dizia Sakura ao entrar pela porta de sua antiga casa.

— Humm... Parece que não há ninguém... – Comentou Syaoran.

— É mesmo... Se bem que papai avisou que talvez ainda estivesse no trabalho quando chegássemos.

— Aaaaaahh, então nada do vovô? – Perguntou Nanami fazendo bico.

— Bem, pelo menos não por enquanto – Syaoran disse se agachando e colocando a mão sobre o ombro de Nanami – Mas tenho certeza que ele logo chegará.

— Hummmm... Tá bom... – Aceitou meio que a contra gosto.

— Bom, não é como se não tivéssemos nada para fazer – Disse Sakura – Papai também me disse que a biblioteca está precisando de uma arrumada.

— Ah, aqueles livros velhos? – Perguntou Syaoran já meio desanimado.

— Aqueles mesmos – Sakura confirmou.

— Ah... – Suspirou – Fazer o quê? Mãos a obra – Dizia já tirando o seu paletó.

— Espere, Querido, está tudo bem. Não precisa se preocupar com isso – Sakura o parou.

— Hã? – Syaoran ficou imóvel.

— Eu sei que você planejava se encontrar com Yamazaki e os outros. Pode ir, fique tranquilo.

— Tem certeza? Eu posso facilmente remarcar e—

— Tudo bem, tudo bem, já chega – Sakura dizia praticamente empurrando Syaoran em direção à porta – Você esteve trabalhado muito ultimamente e está na hora de descansar um pouco, aproveite para relaxar um pouco com os amigos que você não vê faz tempo, sim?

— Err... Acho que não muito como retrucar...

— Isso mesmo. Até porque eu terei uma grande ajuda aqui, não é mesmo, Nanami? – Sakura perguntou e ambos olharam para a filha.

— Fazer o quê? – Disse, imitando o pai.

Ambos riram muito.

— Não tem jeito, você é nossa filha mesmo – Disse Syaoran passando a mão nos cabelos da filha – Na volta, prometo dar uma passada na loja do tio Yukito e te comprar alguns doces.

— Obaaa! – Nanami comemorou.

— Então – Voltou-se para Sakura – Estou indo.

— Vá com cuidado – Respondeu.

Com um rápido selinho, se despediram, e Syaoran foi embora.

— Certo, Nanami – Sakura virou-se para a filha – Temos trabalho a fazer!

— Okay! – Concordou.

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A biblioteca estava mesmo uma bagunça. Varias caixas estavam espalhadas pelo chão, contendo os mais diversos livros, desde livros sobre arqueologia, que eram os de estudo de Fujitaka, até histórias fantásticas e ficções científicas. Algumas prateleiras também estavam desorganizadas. Parecia que o pai de Sakura não tivera muito tempo para botar aquele lugar em ordem ultimamente.

Ainda assim, com algum esforço, Sakura e Nanami conseguiram dar um belo trato naquele lugar. Porém, fato era que o tempo todo ali, Nanami esteve sentindo uma sensação estranha, mas não sabia o que era.

— Bom, acho que já está quase bom – Disse Sakura, limpando o suor da testa – Ah, quase havia me esquecido. Falei para papai que faria o jantar hoje. Vou mostrar a ele o quanto aprimorei minhas habilidades! – Exclamou fazendo pose – Pode cuidar do resto por aqui, Nanami?

— Sim... – Nanami respondeu, mexendo com alguns livros parecendo estar ocupada.

— Ótimo, só não vá fazer bagunça de novo, heim?

— Eu não vou fazer bagunça! – Bufou.

— Okay, okay. Vou ver como está a dispensa – Sakura subiu as escadas, risonha.

— Grrr... Hmpf! – Algumas vezes, Nanami não gostava mesmo que a tratassem como criança.

Mas ao menos aquela era uma oportunidade para Nanami tentar desvendar o motivo por trás daquela estranha sensação que sentia. Levantou-se da cadeira em que estava sentada e começou a andar. Sob passos cautelosos, tentava procurar o que a atraía tanto naquela biblioteca.

De repente, sentiu algo vindo de um dos corredores. Assustada, mas também curiosa, decidiu ir ver o que era. Passou a andar ainda mais devagar, estando cada vez mais apreensiva na medida em que percorria aquele corredor. Foi então, que ouviu um barulho atrás de si, e virando-se bruscamente, pode ver a figura de um livro brilhando numa prateleira. Não sabia qual era o motivo para um livro brilhar daquele jeito, estava com medo, sentia-se insegura, mas algo no seu inconsciente fazia-a esticar a mão, de que modo que chegava cada vez mais perto do livro, que por sua vez, ia brilhando mais e mais... Até que...

— Aaaahh, mas que coisa! Não tem quase nada na geladeira! – Exclamou Sakura, fazendo Nanami pular de susto – Pelo visto vou ter que ir ao mercado. Nanami! Vou dar uma saída rápida! Não vá fazer bagunça, heim!? – Provocou.

— JÁ DISSE QUE NÃO VOU FAZER BAGUNÇA! – Esbravejou.

— Haha, assim espero. Até mais!

Nanami soltou um longo suspiro. Que hora mais inoportuna para sua mãe lhe assustar daquele jeito. Voltando seu olhar para o livro, este havia perdido seu brilho. Meio decepcionada, agora tinha menos receio de pegá-lo em mãos. Assim o fez, e fitando sua capa, viu o que era a figura de um grande leão alado. Também havia um nome, que talvez fosse o título do livro?

— O... Clow...?

Nesse momento, o livro tornou a brilhar, ainda mais intenso do que antes, e com isso, o lacre que o mantinha fechado se abriu, cessando novamente o brilho.

Receosa, Nanami o abriu. Só que o que encontrou não foram páginas, mas sim, cartas. Grandes e vermelhas cartas. Curiosa, pegou a do topo com a sua mão. Tinha a figura de uma linda mulher com cabelos longos, além de uma palavra na parte inferior.

— Humm... Isso é... Vento...?

Logo após ler a palavra que estava na carta, um circulo de luz com vários símbolos se formou sob seus pés, e a biblioteca toda foi tomada por uma rajada de vento que esvoaçou tudo ali.

— MAS... MAS O QUE ESTÁ ACONTECEEEENDOOO!? – Nanami exclamava a procura de uma explicação, tentando se proteger.

Sem que percebesse, o restante das cartas no livro seguiu o fluxo daquele vendaval, voando e sumindo daquela biblioteca, tomando os rumos mais diversos possíveis.

Caindo no chão, Nanami derrubou o livro de suas mãos. Quando finalmente aquele caos cessou, estava ofegante e assustada. Porém, sem tempo para se recuperar, o livro caído passou a brilhar novamente, e Nanami já esperava pela nova surpresa com medo.

Foi então, que do livro saiu a figura de um pequeno ser amarelo alado que brilhava intensamente.

O que aquilo tudo queria dizer? O que o futuro reservava para Nanami? O que estava para começar? Por qual tipo de desafios, provações e confrontos iria passar?

Isso só o tempo saberia dizer, pois, naquele dia, surgia uma nova Card Captor.

Fim...

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.