Caliel.

Estou louco!


E estava parado e encarava Alice que estava com aquele olhar de delegada que quer fazer um assassino confessar um crime.

— Podem me contar o que está acontecendo! - minha irmã disse toda mandona.

— Sobre o que você está falando? - A nanica perguntou com uma cara confusa, que eu sabia que era falsa.

— Eu quero saber o que aconteceu para vocês acabarem com toda aquela agressividade gratuita! - Alice disse batendo o pé no chão. Deus ela estava parecendo nossa mãe!

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—Você está enganada! Antes de você chegar eu dei uma bela surra no seu irmãozinho, não foi Lulu? - Caliel provocou olhando para mim e sorrindo zombeteiramente.

— O que você tem a dizer sobre isso Lucas? - Alice disse desconfiada. Eu fiquei parado, não sabia o dizer.

Eu não queria dizer que estava louco, apesar de estar considerando bastante essa hipótese; porque por algum motivo Caliel me desconcertava.

Eu não sou masoquista, mas eu amava o modo como ela me batia exceto por aquele chute. Uh, aquilo foi golpe baixo.

Havia algo naquela garota, eu não sabia muito bem o que era talvez uma junção de tudo: o modo como ela caminhava impetuosa, ou como ela olhava por cima dos cílios quando estava com vergonha, o sorriso sem humor que ela dava quando eu conseguia tira-la do sério, o jeito que os cabelos ruivos dela caiam sobre seus ombros, parecendo fios de fogo que não conseguiam queimar sua pele pálida, o modo como os olhos dela pareciam o fundo de uma piscina limpinha, e eu gostava tanto de irrita-la, o modo como ela voava para cima de mim e que seus lábios se mexiam raivosamente quando ela estava brigando comigo e como suas bochechas ficavam vermelhas de raiva, como ela arqueava as sobrancelhas para me confrontar, as gargalhadas que se soltavam sempre que ela conseguia fazer algo maldoso comigo, era tudo muito convidativo, mas ela me parecia muito cruel também, eu nunca gostei de apanhar, mas a forma que suas mãos me davam tapas era extraordinária! Por Deus, eu estava me tornando um masoquista!

Eu só podia estar louco, porque ao mesmo tempo em que eu estava desenvolvendo uma espécie de adoração estranha por aquela baixinha, eu simplesmente não conseguia parar de irrita-la, era algo mais forte que eu!

EU não podia dizer tudo isso para Alice e consequentemente fazer uma declaração daquelas para a nanica, era ridículo e louco! Eu sabia que havia algo de muito errado comigo então, invés de compartilhar com elas minha falta de sanidade, apenas soltei algo como:

—Ela é uma louca! Atingiu-me bem em cheio no... - comecei a falar irritado, mas Alice me interrompeu.

— Já entendi! - ela virou-se para encarar Caliel e depois para me encarar, até que sua expressão foi se suavizando.

A campainha tocou lá fora e eu dei graças a Deus por ter um motivo para sair da mira dos olhares afiados de Alice, eu sabia que se ela desconfiasse de algo ela não pararia até descobrir o que era.

Fui andando calmamente até a porta e a abri.

— E ai. - Vincent me cumprimentou e entrou em casa.

— Vince! - eu ouvi Caliel gritar animada e vir andando em direção dele.

Eu conhecia aquele olhar, ela estava tentando parecer doce. Caliel sempre sorria daquela forma, que me parecia bem mais sombria do que doce, quando estava tramando algo, quando queria pegar alguém de surpresa para que não houvesse jeito de escapar.

Eu poderia avisar Vince de que ela estava tramando algo bem doloroso para ele... Ou não.

Ela o abraçou rapidamente e eu pude ver Vince sorrindo para ela. O idiota estava achando que ela havia esquecido o que tínhamos feito com ela! Ele claramente não a conhecia tão bem quanto eu.

— Eu queria mesmo falar com você. - ela disse com uma voz amável. Isso era ruim, Caliel sempre parecia amável antes de fazer algo bem doloroso.

— Eu estou aqui. - o Paspalho disse sorrindo e assim que ele terminou a frase ela acertou dois socos, um de cada lado do rosto dele. Wow, aquilo doeu até em mim.

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— Não se esqueça do chute! - eu incentivei gargalhando e ela obedeceu! Pela primeira vez a nanica estúpida me obedeceu! Ela deu um belo chute no meio das pernas do Vince e ele caiu nocauteado no chão.

— Me desculpe por isso, mas você estava me devendo. - ela disse se abaixando nos calcanhares aonde Vincent rolava de um lado para o outro se contorcendo de dor. — Aliás... - ela colocou a mão no queixo pensando. —... Eu acho que ainda não é o fim!- falou de forma sombria. —Eu quero uma vingança um pouco mais elaborada. Eu odeio ficar espirrando sabe? Isso merece algo um pouco mais doloroso para você - ela disse calma como se estivesse falando sobre o algo normal e de repente olhou pra mim e piscou com olhos maldosos. Meu Deus, a nanica era simplesmente maligna! Uma psicopata sanguinária! Será que alguém acharia estranho se eu me trancasse no quarto antes que ela tivesse uma ideia estranha e maligna? Ok, com certeza sim.

Então ao invés de correr para meu quarto apenas me joguei no sofá como se nada estivesse acontecendo. Senti os olhos da nanica atentos a todos os meus movimentos, como se quisesse descobrir algo, estava analisando minhas fraquezas!

— Hey Vince! - Alice cumprimentou Vince calmamente quando entrou na sala e se jogou no sofá ao meu lado, como se nada estivesse acontecido e como se o Vince não estivesse estirado no chão cheio de dor. Na verdade, todo mundo estava agindo como se o Vince não estivesse estirado no chão cheio de dor!

O celular da nanica vibrou e ela o tirou do bolso, aparentemente era um sms novo. Ela olhou para o celular e mordeu o lábio, suspirou e então colocou o celular no bolso da calça novamente, ela olhou para cima e seus olhos estavam apreensivos agora, seja lá o que havia naquela mensagem era algo muito ruim.

Um reino pelos pensamentos dela! Ok, isso foi muito louco. Onde já se viu que eu iria querer saber o que aquela nanica maníaca estava pensando? Apaguem isso de suas mentes, por favor!

Ela deu um beijo cheio de ternura no rosto de Alice e um olhar maníaco para mim se virando para ir embora. Não é lindo como ela sempre reservava seus melhores sentimentos para mim? Sintam a ironia.

Antes de atravessar a porta, ela parou bem em frente a onde Vince ainda estava jogado, em ao meio da sala, lentamente parando de espernear de dor.

— Bom, eu realmente espero que você sobreviva. - falou se abaixando colocando seu peso nos calcanhares; afogou-lhe os cabelos e se foi. O mais estranho de tudo (e quero me matar por isso) é que eu queria que ter sentido as mãos delas nos meus cabelos! Eu sei, podem me mandar para um hospício se quiserem! Mas eu realmente queria aquilo; o que não significa que eu fosse admitir isso em voz alta.

Eu já estava começando a imaginar que havia tido algum pane no meu cérebro, algum vírus havia furado minha barreira e eu não sabia simplesmente como expulsa-lo de mim. Isso era tão frustrante! Eu não estava batendo bem das ideias e já considerava procurar um psicólogo urgentemente.

Alice se levantou do sofá rindo e andou até onde Vince estava jogado no chão imóvel. Eu me surpreendi quando ele agarrou a mão que ela estendeu para que ele pegasse na tentativa de ajuda-lo a levantar porque eu tinha quase certeza que o idiota não tinha aguentado a dor e tinha morrido ali mesmo.

— Ela tem uma bela força não? - Alice falou sentando Vince no sofá, ela parecia que estava fazendo piada de nós dois, machos com quase o dobro da altura da nanica, mas que mesmo assim apanhavam da dela, isso parecia tão humilhante.

— E como! - eu e Vincent respondemos juntos. Alice caiu na gargalhada.

— Vincent, hoje tem uma festa na casa de um dos caras lá do colégio, a fim de ir? - perguntei animado.

— Claro. - ele disse sorrindo depois de um suspiro.

— Eu também vou. - Alice se intrometeu.

— Não mesmo. - falei mandão. Eu não levaria minha irmã para uma daquelas festas! Eu sabia o que aqueles garotos iriam querer com ela, porque, bem, eu sabia o que eu queria com as irmãs dos meus amigos, quando as encontrava em festas como aquelas

— Ah eu vou sim! - me desafiou. Sério que ela bateu o pé? Puxa vida, pensei que só em seriados de TV as garotas fizessem isso.

— Não! - eu falei inflexível.

— Vou! E ainda vou levar a Caliel! - Ok, eu vou para o inferno pelo que estou prestes a dizer.

— Ok então. - disse com um sorriso malicioso formando-se em meus lábios.