CASTELOBRUXO - O Início de Uma História

CAPÍTULO 14 - Fuga para Castelobruxo


Assim que sentiram a brisa de fora da caverna, os garotos pensaram estar livres do perigo, mas não foi o que encontraram.

Maria e Hugo estavam amarrados e de joelhos, Roberto estava um pouco distante dos dois enquanto um bruxo baixo discutia com ele.

A aparição das duas novas crianças chamou a atenção do bruxo.

— Ora essa. Vocês estão surgindo como guirivilhos da água. Maldições, o que está ocorrendo lá dentro?

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Com um movimento rápido da varinha, o bruxo fez com que cordas surgissem e se entrelaçassem nos dois novos garotos, prendendo-os do pescoço até os pés. Uma parte da corda passou pela boca dos garotos, mantendo-as aberta, mas impedindo que qualquer palavra ou feitiço fosse pronunciada.

— Agora você tem bem mais coisa a explicar, garoto. — O bruxo se virou e encarou Roberto. — Não me obrigue a machucá-lo, garoto. Diga o que estavam fazendo lá embaixo?

Roberto estava visivelmente assustado e em choque. Não apresentava perigo, sua mão trêmula estava acima da varinha no bolso, mas ele não conseguia ter coragem de pegá-la.

— Ele não sabe de nada — gritou Hugo. — Nós não estávamos fazendo nada demais.

— Como nada? — Respondeu o bruxo. — Deveria haver apenas um de vocês. A garota. Apenas ela estaria aqui, não cinco. Isso é algum truque daquele velho?

— Não sabemos de nada — disparou Hugo.

O bruxo moveu o braço para trás e um disparo saiu de sua varinha. A pedra próxima de Hugo foi lançada longe. O impacto assustou o garoto que se recolheu.

— Não minta para mim, garoto — disse o bruxo. Agora olhando fixamente para Hugo. — Tem algo aí, vocês não estariam aqui se não fosse por algum motivo importante.

— Viemos resgatar nossa amiga — disse Hugo de cabeça baixa.

O bruxo gargalhou.

— Foi isso que ele te mandou dizer? Quatro garotos entram na Floresta dos Sussurros para salvar a amiga? Tão improvável quanto eu chegar em casa e o touro de ouro estar lá, me esperando para o café.

— É verdade!

— Não minta! — O bruxo moveu a varinha e outros disparos foram feitos em regiões próximas onde Hugo e Maria estavam. Os dois se encolheram com medo.

O bruxo parou por um momento e pensou rápido. A situação exigia que ele tomasse uma decisão.

— Bem, se é verdade o que diz, garoto. Seria uma tristeza perder a garota, não?

— O que?

O bruxo aproximou-se de Maria, movendo a varinha de forma ameaçadora.

— Caso ela sofra algo e, quem sabe, tenha um fim triste aqui. Isso seria o fim de sua missãozinha, correto? Vocês teriam feito tudo isso por nada.

— Não! — Gritou Hugo. — Por favor!

— É só me dizer. Diga o que fazem aqui? Qual o plano deles? Diga o que o velho Orlando planeja!

— Eu já disse!

Eduardo que observava a tudo assustado estremeceu quando a varinha do bruxo apontou para Maria. Ele buscou socorro em Miguel e viu que o amigo olhava fixamente para o bruxo baixo. Por baixo das cordas, ele percebeu que o garoto tentava morder e afrouxar a corda enquanto pronunciava algum feitiço, mesmo sem estar com a varinha.

O garoto fixou os olhos no bruxo baixo e começou a mover os lábios. Não sabia se seria possível usar feitiços sem a varinha, mas a situação exigia que ele tentasse algo. Começou a morder a corda e repetir os feitiços que conhecia. Seus lábios doeram quando ele fez força contra as cordas, mas isso não o impediu. Continuou a mentalizar os feitiços que vinham na mente: Impactus! Flipendo! Impactus! Flipendo!

— Se não vão me falar nada, então terei que mostrar que não estou de brincadeira.

O bruxo levantou a varinha na altura do rosto de Maria que chorava de olhos fechados. Hugo tentou ir em socorro da amiga, mas as cordas atrapalharam seus movimentos e ele caiu no chão. Eduardo e Miguel se esforçaram ao máximo para dizer os feitiços.

Houve então o lampejo, bem na frente de Maria. O bruxo baixo virou uma confusão de roupas quando o feitiço disparado contra ele acertou precisamente seu rosto e o desequilibrou. Seus pés escorregaram pelo terreno acidentado e o bruxo tombou, batendo com força a cabeça em uma pedra. Ali permaneceu deitado, de bruços, com as roupas jogadas acima dele.

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Maria ainda chorava, mas agora estava de olhos bem abertos, fixos no local em que o bruxo estivera. Miguel e Eduardo não sabia exatamente o que ocorrera, mas um disparo foi feito, rápido demais para verem de onde vinha. Hugo estava deitado no chão, surpreso demais para falar enquanto olhava para Roberto que ainda estava com a varinha apontada para onde o bruxo estivera. Da ponta de sua varinha subia um fino fio de fumaça branca e a expressão em seu rosto era de uma determinação que o amigo jamais vira antes.

A expressão determinada durou menos de um segundo. Roberto retornou a si e sua mão tremeu. Aparentemente ele não sabia ou não acreditava no que havia feito.

— O que houve? — Ele disse ao olhar para o bruxo caído.

— Nos solte, Beto — disse Hugo.

— O que? — Roberto começou a perceber a situação em que estavam e correu para Hugo. — Sim. Sim. Relaxo é o feitiço, certo?

Após se soltarem, os garotos olharam ao redor. O bruxo continuava deitado, a floresta estava silenciosa. Atrás deles a caverna parecia silenciosa.

— O que fazemos agora? — Perguntou Roberto.

— Vamos para a escola — respondeu Hugo, ajudando Maria a andar.

— Como vamos fazer isso?

— Não sei, Beto. Mas se ficarmos aqui, eles vão nos pegar assim que saírem.

Os garotos entraram na floresta, caminhando com cuidado para não caírem. Não sabiam mais a hora. As nuvens moviam-se com o vento e não era possível ver o céu com clareza. Além disso, conforme entravam na floresta, as árvores se tornavam mais próximas e escondiam o céu.

Ao longe, viam vultos brancos caminhando pela floresta. Procuravam evitar o caminho por onde os vultos caminhavam, adentrando mais na escuridão.

Pelo canto do olho, Miguel viu um movimento do lado esquerdo.

— Esperem — pediu para os amigos.

Seus olhos vasculharam o local em que havia visto o que parecia ser uma forma grande e escura. De repente ele viu o movimento novamente. Então um brilho fraco surgiu. A esfera de luz subiu a cerca de dois metros e meio, iluminado o espaço abaixo de onde os garotos puderam ver claramente a cabeleira da professora Ana Catalina.

— Professora — disse Miguel, quase um sussurro. — É a professora Ana.

— Onde? — Perguntou Eduardo, enquanto vasculhava a floresta até ver o local iluminado. — Lá! Vamos.

Os garotos se apressaram na direção de sua professora e salvadora. Estavam, enfim, salvos.

A professora Ana aguardou os jovens aproximarem para ter certeza de quem eram. O professor George estava um pouco atrás, observando o outro lado da floresta, mas assim que viu o brilho do feitiço atrás de si, ficou preparado para o combate.

O fio de cabelo havia os levado até aquele local, onde um pequeno grupo se movia em meio as árvores. Não eram altos, então provavelmente não seria a cuca ou os outros bruxos. Ana concluiu que poderia se tratar das outras crianças capturadas que, de uma forma milagrosa, se salvaram da cuca.

Porém, seu alívio e alegria foram trocados por espanto e perplexidade assim que viu os uniformes com o graminion verde no peito.

— Pelas lágrimas do alicanto, o que vocês fazem aqui?

— Professora! — Chamou Eduardo. — Eles estão lá. Todas as crianças estão com a cuca.

— O que? Vocês se encontraram com ela?

— Sim, eles estão lutando lá.

— Eles?

— Sim, a cuca e os outros.

— Calma, calma. Vamos voltar para a escola e podemos... — Foi então que seus olhos pararam em Maria que vinha mais atrás, sendo ajudada por Hugo e Roberto. — Pelas lágrimas. Você está bem? Parece pálida.

— Estou... bem — respondeu Maria, em voz baixa.

— George, pode carregar ela, por favor. Pobre menina.

— Sim — respondeu o professor e apressou-se a segurar a aluna no colo. — Temos que ir. Sabe-se lá o que mais há nessa floresta.

— Sim, sim. Vamos.

Um brilho amarelo passou por cima da cabeça deles e acertou um galho, fazendo-o explodir.

A professora Ana virou-se para o local de disparo, onde um homem grande estava parado, com a varinha levantada para eles. Estava visivelmente cansado e com uma ferida na testa. Atrás dele, cerca de seis pessoas vinham andando com cuidado.

— Vocês não vão a lugar nenhum! — Gritou James.

O bruxo grande começou a andar calmamente, com cuidado para não vacilar e cair.

— Foram vocês, não? Vocês iniciaram aquela confusão. Vocês a fizeram fugir. Se não tivessem causado aquilo, teríamos capturado ela. Vocês foram os culpados. Sabem quantos eu perdi lá?

A professora se colocou na frente das crianças, apontando a varinha em sua direção ao grupo a frente.

— Pare bem aí ou terei que usar a força.

James gargalhou.

— Você? Contra nós?

George aproximou-se dos garotos e entregou Maria.

— Cuidem dela. — Se posicionou ao lado da professora, com a varinha apontada para o grupo. — Ela não está só.

— Ora, ora. Eu esperava enfrentar o grande Luís — debochou James. — Mas acho que terei que usar vocês como exemplo para que saibam o que ocorre quando se metem conosco.

Os outros bruxos aproximaram-se de James, se espalhando do seu lado como uma parede. Todos apontando as varinhas para eles.

— Morram! — Gritou James enquanto disparou na direção dos professores.

A professora Ana bloqueou o feitiço enquanto George disparou contra o grupo. Foi então que todos os outros bruxos iniciaram os disparos. Diante da imensa quantidade de feitiços, os professores só puderam criar escudos. O choque dos disparos nos escudos iluminou toda a área e fez um som alto de impacto que fez os garotos se encolherem e tamparem os ouvidos.

A segunda onda de disparos atingiu os escudos com o som forte de impacto. Os professores se esforçaram para manter os escudos firmes, mas não iam aguentar muito mais. Na terceira onda de disparos os escudos começaram a enfraquecer, ficando menos nítidos e menores, principalmente o da professora Ana que já demonstrava cansaço. A quarta onda de disparos fez com que a mão dela tremesse e quase perdesse o controle do feitiço.

Foi então que o grupo disparou a quinta onde de disparos e os dois professores souberam que seria a última leva que conseguiriam defender.

O chão rachou entre os professores e o grupo de James. Uma linha serpentina surgiu abrindo uma fenda no chão de onde uma luz amarelada surgiu. Uma parede translucida subiu e bloqueou os feitiços disparados, se desfazendo em seguida.

Os dois grupos ficaram se observando assustados, tentado compreender o que havia ocorrido e quem havia lançado aquele feitiço. Ouviram então o farfalhar de folhas vindo do meio das árvores.

James segurou a varinha firme e a professora Ana Catalina relaxou quando do meio das árvores surgiu o professor Luís seguido dos outros professores de Castelobruxo.

— Graças — suspirou a professora.

— Olha só quem apareceu — disse James com um sorriso no rosto.

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— Você deve ser o caçador de recompensas, James Summers — disse Luís com a varinha apontada para o homem.

— É um prazer, professor Luís — respondeu James. — Finalmente nos encontramos.

— Não posso dizer o mesmo — respondeu o professor. — Se rendam e eu serei clemente.

— Rendição? Só pode estar brincando. Esperei muito por esse momento.

— James! — Chamou um de seus seguidores.

O bruxo barbudo virou-se e se deparou com um grupo cansado e reduzido. Todos o olhavam com receio nos olhos e ele podia sentir que uma parte iria debandar assim que começassem a duelar.

Enfrentar dois professores e algumas crianças valia a pena, porém, enfrentar uma quantidade maior e mais bem treinada, era outra história. Não havia lealdade plena entre os caçadores, eles seguiam James somente enquanto fosse lucrativo e vantajoso para eles.

James cerrou os dentes de raiva e virou-se para Luís.

— Isso não acaba aqui.

Em seguida apontou a varinha para o chão de onde uma cortina de fumaça começou a surgir. Os outros caçadores o seguiram e fizeram a cortina crescer.

Logo a fumaça desceu e não havia mais sinal dos bruxos caçadores de recompensa.

Os professores relaxaram.

— Graças ao touro dourado — disse a professora Ana.

— Estão todos bem? — Perguntou o professor Luís.

Após uma rápida verificação das crianças, os professores constataram que estavam todos bem. Eduardo contou que havia crianças na caverna e indicou o caminho. Luís e mais alguns professores foram investigar, enquanto os outros levaram os cinco alunos de volta para a escola.

A visão dos muros e em seguida da pirâmide foi mais reconfortante do que qualquer coisa que havia tido.

Estavam, enfim seguros.