Maka POV

Após deixar o Shibusen, fui à casa do meu pai que era aonde eu estava morando, já que eu havia acabado de retornar ao Shibusen e não tinha mais um apartamento nas dependências do colégio.

Chegando lá, encontrei a casa vazia. Com certeza meu pai dormiria fora, como sempre. Ele não muda nunca.

Subi pra o segundo andar da casa, onde se localizava meu quarto. Acendi a luz ambiente e liguei o som para que não me sentisse sozinha naquela casa vazia.

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Entrei na suíte do quarto, enchi a banheira de água e sais de banho afim de relaxar o máximo que pudesse. Adentrei a banheira e deitei a cabeça pra trás. Assim permaneci por longos minutos, cerca de meia hora. Já estava cochilando ali mesmo dentro da banheira quando ouvi o celular tocando em cima da cama. Não tive a mínima vontade de atender, mas me recordei que Tsubaki ficaria de me ligar quando tivesse notícias de Soul.

“Maka, você tem que parar de se preocupar com esse garoto inconsequente. Afinal, você e ele não têm mais nada. Mais nada...” Isso era o que eu pensava enquanto saía da suíte vestida com um roupão e pegava o celular. “Maka, você tem que parar de se enganar, isso sim.” Concluí meus pensamentos assim que pressionei a tecla verde do aparelho celular, levando-o à orelha.



– Oe, Maka! – A voz de Black Star soou do outro lado da linha, daquele mesmo jeito escandaloso de sempre. – Você está em casa, não está?



Franzi o cenho ao ouvir a pergunta de Black Star. Ele perguntou com certo tom de certeza, como se soubesse que eu estava em casa e só quisesse confirmar suas suspeitas.



– Ér... Estou. Por quê? – Indaguei ainda desconfiada.

– Ah, que bom! Então chega na varanda do seu quarto aí. – E desligou.

O QUÊ?! O que o Black Star estava fazendo às 22:30 da noite debaixo da minha varanda? Ah, esse moleque...

Me aproximei da porta da varanda ainda babulciando xingamentos ao Black Star, e puxei a cortina para os lados, abrindo-a. Na sequência, abri a porta de vidro e saí na sacada que dava para a parte lateral da casa. Uma brisa fria bateu contra meu corpo, e só então eu me lembrei que estava de roupão. Quando dei um passo pra trás, para adentrar novamente o quarto e trocar de roupa, uma voz familiar exclamou-se abaixo da varanda, o que me imobilizou totalmente e fez apenas uma única coisa passar pela minha mente: “Soul”.

– MAKA! MAAAAKAAA!! – Soul gritava, erguendo todo o seu corpo, como se acreditasse que pudesse alcançar a varanda dali do chão.

– Soul, os vizinhos... – cochichou Tsubaki que estava logo atrás de Soul junto com Black Star.

– Que se danem os vizinhos. Eu quero que a Maka venha falar comigo. Makaaa!

Mas o que era isso, tão de repente? Fiquei sem entender tudo aquilo. Acabei esquecendo de trocar de roupa e apareci na borda da varanda de roupão mesmo. Os três me olharam, simultaneamente, e acabei corando por estar daquele jeito na frente de todos.



– Maka... – Soul agora dizia de forma mais suave, e com vislumbre em seus olhos ao me ver.

Ele foi interrompido por Black Star que estava escorado em um carro e de braços cruzados.

– Encontramos esse idiota completamente bêbado naquele bar. Tentamos levar ele pra casa, mas ele não parava de choramingar pedindo pra vir até você, Maka. – Black Star suspirou tentando manter a calma já que Soul não parava de gritar enquanto ele falava. – Então resolve essa merda logo porque eu quero ir pra casa.

– Vem até aqui Anjo-chan, quero falar com você! – Soul persistia na gritaria.



O bafo de saquê dele era tão forte que conseguia chegar àquela altura em que eu estava. Ele realmente não estava nada bem, ainda mais depois de me chamar de “Anjo-chan”... Faz tanto tempo que ele não me chama assim...

Por alguns milésimos de segundos tive doces lembranças do nosso passado, de quando ainda nos dávamos bem. Mas logo tive minha consciência recuperada.

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– Eu não posso ir até aí, é melhor vocês entrarem. – Disse aos três que consentiram e adentraram a casa depois que eu desci ao primeiro patamar e destranquei a porta. Eu e Tsubaki fomos até a cozinha para que conversássemos a sós.



Tsubaki logo pôs-se a falar.

– Nos perdoe Maka-chan, mas o Soul não nos deixou outra opção. – Ela parecia se sentir culpada, então tratei de livrar-lhe dessa culpa.

– Não há de quê Tsubaki. Eu acho que tenho mesmo que conversar com o Soul. – Ela sorriu satisfeita com minha resposta.



Quando retornamos à sala, olhei para os rapazes e percebi que Soul e Black Star estavam estirados no sofá, dormindo e chegando até mesmo a roncar.



– É mas parece que terei que conversar com ele só amanhã mesmo. – Disse à Tsubaki, seguido de uma risadinha. – Se você quiser deixar o Black Star dormindo aqui, por mim tudo bem.



– Não quero que você tenha mais trabalho do que já vai ter com o Soul, Maka-chan. – Ela disse se dirigindo a Black Star e pegando-o no colo, depois o pendurando em suas costas. Ela podia parecer frágil, mas não era fraca. – Não há com o que se preocupar, viemos de carro até aqui. – Me senti um pouco aliviada ao saber que ela não teria que carregar aquele ogro do Black Star até o apartamento deles.

– Além do mais, não quero que o Black Star esteja aqui para atrapalhar você e o Soul em alguma coisa... – Tsubaki esboçou uma expressão maliciosa e depois se rendeu à várias risadas.

– N-nani?! – Senti minha face corar. – Não é nada disso Tsubaki.

Olhei para o lado, disfarçando as bochechas coradas. Ela não pronunciou nada além de risadas, até que se aproximou da porta.

– Depois a gente se vê Maka-chan. – Tsubaki se despediu e vi a porta se fechando, restando apenas eu e Soul naquela sala.



Sentei-me na poltrona em frente ao sofá e fitei o rapaz grisalho adormecido.

Ele havia mudado muito, tinha se tornado praticamente um homem.

Meu corpo estremeceu. Por um instante tive medo. E se ele não tivesse mudado apenas fisicamente? E se aquele ali na minha frente fosse alguém completamente desconhecido, completamente distinto daquele Soul que eu conheci na infância...?

Suspirei e chacoalhei de leve a cabeça, tentando dissipar todas aquelas atormentações.

Fui até o quarto do meu pai, peguei um travesseiro junto a um cobertor e levei até Soul, apoiando sua cabeça no travesseiro e cobrindo-o apropriadamente, com cautela para que ele não despertasse.

Passei mais alguns minutos sentada ali na poltrona, observando o rapaz à minha frente. Atenta a cada detalhe de seu corpo: Sua respiração nada regular, o emaranhar de seus fios grisalhos, suas pálpebras fechadas que escondiam aquele par de olhos escarlates, um pequeno pedaço da velha cicatriz em seu peito que aparecia perto do pescoço, seus ombros largos, seus braços mais grossos do que eu estava acostumada quando criança, suas mãos macias e grandes, seu dedo anelar agora sem a aliança que carregava mais cedo.

Senti uma onda de alívio invadir meu peito ao não ver mais aquela aliança ali. Mas rapidamente, tive um ataque de consciência pesada, me sentindo culpada por isso.



– Pare de pensar nisso e vá dormir logo, Maka. – Cochichei a mim mesma, antes de me levantar e me colocar a subir as escadas para chegar ao quarto. Chegando até o cômodo, troquei o roupão por um modesto vestido de alcinha feito de algodão que me servia de pijama, e atirei-me na cama. Fechei os olhos sem mais delongas, na tentativa de conseguir dormir.



Mas essa tentativa não obteve sucesso tão cedo. Fiquei revirando na cama a noite toda, chegando a varar madrugada a fora. Saber que Soul estava na minha casa e que eu não podia botar pra fora tudo o que eu sentia era perturbante. Mas eu não tinha escolha. É claro que eu não iria acordá-lo à uma hora daquelas. E no estado que ele estava devido ao excesso de bebida, acho que não entenderia uma só palavra.

Suspirei e me concentrei em organizar aqueles devaneios desordenados.

Não demorou muito para que eu perdesse a consciência em consequência do sono. Tombei a cabeça para o lado e dormi. Eu precisaria de muita disposição no dia seguinte para encarar o Soul.



–––––



O quarto estava quente. A cama estava quente. Eu estava quente.

Mas que diabos estava acontecendo? Por que minha sensação térmica parecia ser de 50°C?

Agora eu sentia pingos. Pingos? Pingos de água? Senti uma gota pingar no canto dos meus lábios, então a provei com a língua. Era água... Mas salgada! Como assim?!

Abri os olhos lentamente, e com isso, senti como se até aquele momento meus 5 sentidos estivessem adormecidos, e só agora despertavam. Gradualmente senti cada um deles despertando pouco a pouco. Primeiro meu tato sentiu todo aquele calor que me envolvia. Em seguida meu paladar, antes insípido, sentiu aquele sabor salgado.

Agora minha audição detectava alguns ruídos, os quais eu não consegui identificar de primeira. Mas com atenção, percebi que não eram exatamente ruídos... Eram gemidos. Ah meu Deus! O que é isso?!

Meu olfato me fez sentir um aroma conhecido. Um perfume. Não era desses perfumes comprados em qualquer lugar. Era o perfume corporal de alguém, e eu senti que conhecia esse alguém.

Por fim, quando abria lentamente os olhos, minha visão me permitiu gradualmente enxergar o que é que estava acontecendo.

Mas logo depois, eu desejei fechar os olhos novamente. Logo depois de ver o que eu vi... Logo depois de ver o Soul nu, em cima de mim!

Ele fazia movimentos verticais, de vai-e-vem, e tinha a respiração ofegante, enquanto seus pingos de suor caíam sobre mim.

Quando me auto-analisei, percebi que também estava nua, e agarrava o tronco do Soul, formando arranhões em suas costas com minhas unhas. E aqueles gemidos que eu escutei antes, eles provinham de mim!

Que merda é ess- ...

–––––



Acordei apavorada gritando feito uma esquizofrênica. Eu estava ofegante e suada, agarrando com força o cobertor. Foi aí que caiu a ficha que aquilo tudo foi um sonho... Ou pesadelo? Não soube responder. Só soube que estava aliviada.

Lancei o rosto para o lado e fitei o relógio, notando que ainda era madrugada, e que tinha cochilado por apenas meia hora. Bufei impaciente com aquela suposta insônia. Por conta da suadeira e do calor, joguei o cobertor para o lado, após respirar fundo e recuperar o fôlego. Movi o corpo para o mesmo lado que o rosto, e, no roçar das duas pernas, senti a parte inferior da minha roupa íntima molhada. Pensei que, enquanto dormia, tivesse mijado bem ali no colchão. Mas não. Quando levei uma das mãos até a região molhada, percebi que aquilo não era urina.

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Voltei com a mão para a posição de antes rapidamente, com vergonha de mim mesma. “Onde já se viu, Maka Albarn tendo sonhos eróticos?!” Comecei a me martirizar por aquilo, sentindo minha face arder de vergonha.

Balancei a cabeça, na tentativa de dissipar da mente aqueles pensamentos sujos. Depois puxei uma manta, que se encontrava na beira da cama, e me cobri. Acabei adormecendo sem mais demora.