Broken

Uma noite tempestuosa.


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- Junichi, acorda.

- Mas ainda não são nem oito da manhã.

- A aula começa às sete, seu inútil.

- … O mundo de hoje é cruel. - ele bocejou. - Ah, Maaya, amanhã faz 5 dias de contrato, né?

Cinco longos e malditos dias.

- Sim.

- Então teremos que atualizá-lo.

- … Agora que meu pulso parou de brilhar...?

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- Só fica brilhando quando é feito. Nas atualizaçoẽs, é tipo tinta de caneta forte.

- … Hn. Enfim, sai do quarto.

- Por quê?

- Eu vou me trocar, oras.

- E qual o problema de eu ficar aqui? Não vou querer olhar pra uma tábua reta que nem você.

Primeiro soco do dia. Começamos bem hoje.

Enfim, consegui me vestir em paz e, para a minha surpresa, o Junichi ficou extremamente convincente na roupa de professor.

Mas...

- Como raios você acha que o povo vai simplesmente deixar você dar aula?

- Usando meus poderes, ué.

- …

Ele que se vire, na boa.

Ainda assim, às sete horas e quarenta e cinco minutos de uma segunda-feira na sala 3-D do colégio Arakawa, um sejueito de cabelos negros caindo sobre os ombros, com uma calça jeans cinza novinha e uma camiseta preta, trajando o jaleco de professor enquanto batia com a pasta na própria nuca, entrou na sala.

- Bom dia, cambada de pirralhos, me chamem de Sakamoto-sama, sou o novo professor de história de vocês.

A sala ficou num silêncio mortífero.

Ah, não.

Aquilo era inacreditável – ele bem tava certo quando se chamou de “encosto”. Nem macumba vai me livrar desse aí. A não ser que–

No fim da aula, fui falar com o “professor”.

- Junichi...

- É Sakamoto-sensei-sama pra você, Okita. - ajeitou os óculos que usava pra ler de perto, resmungando.

- Tanto faz. - bufei. - Se eu quiser, eu posso não atualizar o contrato amanhã, certo?

Ele me olhou por cima dos óculos, respondendo com uma voz cínica:

- Se não quiser morrer, tem que esperar três meses pra desfazer o contrato. São as regras.

… Insira um palavrão aqui.

Eu te odeio, Junichi Sakamoto. E quem raios criaram essas malditas regras?!

- Mas não tem outro modo de atualizar o contrato? - me apoiei na mesa.

- Ou eu mordo teu pulso, ou te beijo. Na boca. Prefere o quê?

- … Meu pulso está pronto pra ser mordido pelos próximos três meses.

Eu ainda tenho dignidade. E fala sério, dá repulsa em imaginar essa outra opção. Isso é coisa de casal apaixonado, a gente quer matar um ao outro, tem uma diferença, né?! Enfim. Mas eu também não queria a outra opção... Ah, que se dane.

Mais tarde, na hora do almoço, a Junko-chan e seu “amigo colorido” vieram falar comigo.

- Maaya-chan! - ela pulou em cima de mim, me abraçando como sempre.

- Maaya-san, bom dia. - ele sorriu. Gente, que garoto fofo, bem que aquele traste podia ser mais assim.

- Junko-chan, me solta! - ela estava quase me sufocando, juro.

- Desculpa...

- Daisuke-kun, né? Bom dia. - sorri de volta.

- Legal, você lembrou do meu nome! - e o sorrisinho fofo dele se transformou no sorriso mais maravilhoso que já vi em anos. Junko, sua maldita sortuda. - Então, achou o que do professor novo?

Quase engasguei com o refrigerante. Obviamente, eu não podia ser sincera.

- E... Ele parece ser mandão pra caramba.

- Verdade. - a minha amiga riu.

- Junko-chan, vou comprar algo pra mim. Vai querer? - Daisuke puxou um saquinho de moedas.

- Não, valeu.

- Maaya-san?

- Não. - recusei com um gesto. - Mas obrigada.

Assim que Daisuke e seu sorriso fofo foram embora, puxei Junko pelo braço, a sentei do meu lado e comecei o interrogatório.

- O que tem entre vocês?

- Ah, a gente é bem próximo.

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- Notei, né? Perguntei se vocês tão namorando, sua besta.

Silêncio. Será que ela vai negar...?

- Não sei. Eu gosto muito dele, e ele é tããão legal, fofo e delicado comigo... - se derreteu.

Tive que rir. A Junko sempre foi tão indecisa...

- Se vai ficar mesmo com ele, se apressa. O garoto é um amor de pessoa e é lindo. E vocês fazem um casal super legal e fofinho~

- Sério? - os olhos dela se iluminaram.

- Claro! Eu ia mentir pra você?

- Valeu...

Avistamos o assunto da nossa conversa se aproximando com um suco, então subitamente mudamos o rumo do falatório.

O dia prosseguiu normalmente. De noitinha, o tempo virou e começou a ventar fortemente. Eu gostava quando o tempo estava assim, mas dessa vez estava me dando um mal-pressentimento...

Começou a trovejar na hora que eu fui dormir. Parece uma coisa idiota, mas eu só tenho medo de duas coisas: de trovões e da solidão. Depois de algum tempo me revirando, acabei levantando da cama, no susto, por causa de um barulho do lado de fora da janela. O apático estava no mais profundo dos sonos, e aquilo só me deixou mais aflita.

A rua estava numa escuridão sombria, as árvores batiam umas nas outras, as nuvens cinzas pesavam mais ainda o céu. O sino da única igreja na vizinhança avisava que era meia-noite. Estava um frio cortante, e eu tremia da cabeça aos pés. A primeira coisa que me ocorreu fazer foi chamar por ele... Depois de tudo, ele ainda era meu guardião. Querendo eu ou não.

- Maaya, que foi que houve?

Foi só pensar... ele acordou. Esfregando os olhos, meio cambaleante, ele veio na minha direção.

- Te acordei? Foi mal.

- Não... é que por causa do nosso contrato, consigo sentir todos os seus sentimentos. - ele me segurou pelo pulso, passando com leveza o polegar sobre a marca do nosso “pacto”. Ele parecia tão mais humano assim... - E não posso te assegurar se vai ficar tudo bem, mas se é o que você quer... Não se preocupa, Maaya. Nada de mal vai te acontecer enquanto eu estiver aqui, eu te prometo.

Para a minha surpresa, ele me abraçou. Era justamente as palavras e gestos que eu precisava naquele momento. Meus olhos estavam aguados, quase lacrimejantes. Fechei-os com força, empurrando minha cabeça contra o peito do Junichi, fortificando mais ainda o abraço.

Talvez... Eu não esteja mais sozinha...

Levantei minha cabeça para observá-lo melhor. Ele passou a mão pelo meu rosto, afagando-o.

- Vai dormir, tá? Senão você vai dormir no meio da aula. E eu não gosto de bater em mulher, mesmo que seja uma tábua pirralha que nem você. - sorriu.

- Obrigada... - envergonhada, olhei para baixo. - Quem diria que você também age como ser humano às vezes... Mas ainda te odeio.

- Não se acostuma. E a recíproca é verdadeira. - riu ironicamente, abaixando a cortina. - Boa noite.

- Ei, espera. - para a minha surpresa, acabei o segurando pela mão. - Ao menos fica aqui mais um pouco.

- Tá bom... como você desejar. - se sentou na cama, ao meu lado.

Quando notei, nós dois já estávamos dormindo... E eu estava abraçada a ele.

Só pra deixar claro, eu não gosto dele, de jeito nenhum. Mas foi bom ter um apoio assim, para me livrar das minhas preocupaçoẽs.

Ainda assim, o dia seguinte não seria agradável.