Breath Of Life

Dia corrido


Caminhamos lado a lado, como o grupo mais estranho de todo o acampamento. O que eu não duvidava que os outros nos consideravam assim. Eramos desajustados, perigosos, problemáticos, entre outras coisas.

Eu estava preocupada com o suposto anúncio de Quíron. Podia ter algo a ver com a discussão, ou não. Estava apostando mais no "ou não". Ele não costumava insistir em voltar atrás na mesma discussão. Eu esperava que apenas fosse algo interessante, que tirasse o tédio do acampamento. Todos pareciam extremamente entediados, pelo que eu podia ver.

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-Estou com fome. - Percy estava tentando quebrar o silêncio com reclamações, assim como todos costumavam fazer. Geralmente não dava certo
-Só você? - Annabeth, que raramente reclamava, falou.


E o silêncio retornou, assim como eu havia imaginado. "Eu quero comer uma casquinha de sorvete quando j pra NYC", ele falou e eu ri em voz alta, fora de nossa conversa mental. Todos olharam pra mim como se eu fosse retardada.


-Tem problema? - Ana perguntou, e eu parei de rir aos poucos. - Do que estava rindo?
-Conversa interna, literalmente. - Nico respondeu e eu ri baixo.
-Vocês são muito estranhos. - Alex murmurou.
-Não é novidade. - Falei, observando suas expressões. Todos nos olhavam curiosos.


Logo chegamos ao Pavilhão. As pessoas não haviam começado a chegar, já que a Concha ainda não havia soado, anunciando o almoço. Então, nos separamos de má vontade. Beatrice havia feito falta essa manhã. Mas isso era porque ela estava fazendo as coisas com o Chalé de Atena. Eu me perguntei se Annabeth não iria trazer o seu chalé pra cá como sempre acontecia, ou se ela havia esquecido. Talvez também ela tenha passado esse dever para Malcolm. Eu não sabia o que esperar de Annabeth. Nos sentamos nas mesas, Nico e Annabeth tão irritantemente distantes que eu queria puxá-los pra sentar comigo na mesa de Zeus quase vazia. Me sentei de costas para a mesa, no banco perto da mesa de Poseidon, só pra poder conversar com Ana e Percy. Mas infelizmente estávamos vazios de assunto. Até Ana e Alex se unirem para encher Charlie. Analex. É, era um ship engraçado que combinava com eles.


-Charlie porque não chama Beatrice pra fazer alguma coisa? - Ana colocou a idéia na cabeça dele.
-Porque? O que você quer? Quer dinheiro ou fez uma aposta? - Charlie mal havia recebido a idéia e já estava na defensiva. Só que não sabia do que se defender.
-O que? - Ana perguntou não entendendo nada. - Eu só to dando a idéia. Se não gosta não precisa ficar atirando em todo mundo, calma.
-Mas eu também concordo Charlie. - Alex entrou no assunto para enche-lo. - Ela parece gostar de você, e você gosta dela.
-Desde quando minha vida amorosa virou assunto do almoço? - Ele perguntou, ainda na defensiva contra o nada.
-Desde que a minha perdeu a graça? - Respondi a ele.
-Ah, cala a boca. - Ele falou pra mim. Grosso.
-Cara, calma. - Falei fazendo sinal com as mãos, para ele abaixar o estresse. Ele olhou pra mim, impaciente.
-Não sabe brincar volta pro útero. - Ana e suas frases de Twitter. Era até engraçado as vezes, o jeito que ela falava. Ele bufou impaciente.
-Que revolta. - Alex observou.
-Vocês são muito irritantes. - Comentou Percy, que até o momento nem parecia estar ali.
-Obrigado. - Respondi.


Olhei para Nico atrás de mim. Ele estava com o rosto apoiado nas mãos, olhando para os lados, as vezes para mim e os outros. "Você nem me deu um beijo, hoje", observei. Ele riu baixo em minha mente, e sorriu do lado de fora. "Os da noite não dão um desconto?", ele perguntou olhando pra mim com a sobrancelha erguida. Quando ele se tornou tão sexy? Escondi meu rosto com as mãos, corando pelo seu olhar. Ele estava tentando me afetar, e conseguiu. Seu poder e conhecimento sobre mim eram assustadoramente grandes. Ele riu em minha mente e no mundo real abriu um sorriso maior ainda. "Besta", murmurei rindo. "É engraçado ver a sua expressão. Você cora, faz uma cara levemente maliciosa, e depois abaixa o rosto ou esconde com as mãos. Claro, que é só nesse assunto", ele soou divertido ao me contar. "Idiota", falei denovo. Me lembrei de seus beijos em meu pescoço e como minha pele queimava ao seu toque. Senti o calor percorrer meu corpo, e busquei o ar. "Você se distrai muito fácil", ele falou. "Deuses", murmurei passando as mãos pelo cabelo. "Como se isso não aparecesse em sua mente", eu disse e dei a ele o mesmo olhar que ele havia dado. Seu olhar se desviou por um segundo, e voltou acompanhado de um sorriso enorme e uma risada. Todos o olharam como se ele fosse louco.

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-Idiota. - Ele falou, já em voz alta. Passou as mãos pelos cabelos, suas mãos nervosas. Eu havia feito o mesmo que ele fez comigo. Eu ri alto deitando minha cabeça na mesa por segundos enquanto ria.
-Toma. - Falei. - Eu não sou a única.
-Do que vocês estão falando? - Annabeth perguntou alto a duas fileiras de distância.
-Estavamos conversando mentalmente e ele fica usando coisas pra me afetar. - Respondi.
-Conversando mentalmente? - Percy perguntou a pergunta que todos queriam saber.
-Ela empurra as palavras na minha mente, e eu respondo como se estivesse fazendo uma prece. Funciona bem. - Nico explicou.
-Como descobriram ou inventaram isso? - Alex perguntou.
-Sei lá. - Nico admitiu.
-Mas voltando ao assunto, Nico: Para com isso que eu não vou fazer denovo. - Falei cruzando os braços em cima da mesa.
-Eu... - Ele tentou protestar, mas não tinha o que dizer. - Vou pensar.
-Filho da mãe. - Falei pra ele, em relação ao fato de ele estar tentando me enrolar.
-Parar com o que? - Ana perguntou, sempre querendo saber mais do que deveria.
-Melhor você não saber. - Respondi a ela.
-Seus sujos. - Charlie falou com uma cara estranha.


"Voltando ao assunto inicial de tudo: eu quero um beijo", falei voltando para a conversa mental. "Vou pensar", ele brincou com minha sanidade erguendo a sobrancelha direita, como hábito. "Você diz como se não quisesse, também", falei irritando-o. "Como você é irritante", ele disse brincando.

A concha soou, e eu me assustei. Logo os campistas estavam todos lá. A comida foi servida, e todos começaram a comer. Meu prato tinha macarrão com molho branco, e eu bebia um refrigerante de laranja, pra variar. A conversa entre nós acabou, me deixando irritada com o silêncio.


-Campistas, - Quíron sempre começava a falar com "Campistas" não importando o que fosse. - Como sabem amanhã é sexta, dia de Captura a Bandeira. Mas eu decidi fazer algo diferente. - Finalmente. - O jogo ocorrerá á meia noite, meninos contra meninas.


Houveram vários murmurios. Eu achei uma boa idéia, desde que todos os campistas conseguissem ficar acordados até tarde.


-Não gosto de Captura a Bandeira, mas pode ser legal dessa vez. - Ana falou, comendo uma batata frita. - Ou não.
-Acho que vai ser mais animado. - Disse a ela.
-Não é justo. Elas tem você. - Percy falou pra mim, com um tom estranho.
-Não brigue comigo pelo fato de não estar balanceado. - Respondi me defedendo de nada em especial. - Brigue com Quíron.


E foi exatamente o que ele fez. Ele tomou um gole do liquido azul estranho, e se levantou. O primeiro pensamento de Quíron deve ter sido que eu estava formando uma espécie de rebelião, já aconteceu antes. Torci para Percy ter o bom censo de não brigar com ele realmente.


-Não é justo. - Ele falou. Toda a atenção se voltou pra ele. - Elas tem Giovanna.


O murmurio voltou em reclamação.


-Então ela não joga. - Um menino que eu nem conhecia, falou. Ele não tinha o direito de decidir por mim.
-Claro que eu vou jogar. - Me defendi de tudo e de todos. - Escolham um deus pra equilibrar, ué. Eu posso convence-lo.


Nico não gostou da palavra "convence-lo" aplicada ali. "Calma Nico. Eu tenho coisas contra quase todos os deuses, e se elas viessem a tona seria terrível", expliquei para ele. Ele olhou pra mim com uma cara de "você é um caso perdido".

Então começou outra discussão. Uns queriam Ares, outros Apolo, e outros um dos três grandes. Era complicado ver qual era a maioria.


-Silêncio! - Quíron bateu os cascos no chão de mármore. - Não poderá ser Ares, porque ele pode facilmente destruir a Floresta lutando com Elisabeth. - Eu me irritava quando ele usava meu outro nome. Era como um nome do meio que você não quer que a chamem assim.
-Porque você não joga, Quíron? - Opinei.
-Porque alguém precisa monitorar o jogo. - Ele não tinha uma desculpa válida.
-Dionísio pode fazer isso. - Falei, o deixando sem argumento.
-Ok. Escolham: Quíron, Apolo ou Hermes? - Nico falou se manifestando.


A maioria dos votos foi para Quíron. E eu fiquei feliz por não ter que dizer nada para convence-lo. Os campistas fariam isso. Todos olharam suplicantes para ele.


-Eu jogarei, - Todos comemoraram. - se - Acabou a comemoração. - Elisabeth convencer Dionísio a supervisionar decentemente o jogo.


Todos olharam pra mim, em expectativa. Eu nunca negaria fazer aquilo.


-Ok. - Cedi. Gritaram em comemoração. Me encolhi com a barulheira.


O almoço prosseguiu calmo e chato. Quando acabei de comer, dei um "tchau" para Percy, Ana, Charlie e Alex. Eu a descansar um pouco, depois de tanto tempo querendo aquilo. Nico havia saido alguns poucos minutos antes de mim, dizendo que iria tomar um banho e que se eu quisesse poderia passar lá. Claro que eu queria. Não era educado mentir, apesar de esse ser meu domínio.

Caminhei para fora, apenas para me teletransportar sem ser olhada com medo e pavor depois. Me levei até o chalé de Hades. As tochas de Fogo Grego estavam acesas, como sempre. Havia uma fina camada de poeira, resultado do tempo abandonado. Bati na porta, para ser educada. Ele abriu a porta usando apenas uma toalha na cintura, secando o cabelo com outra. Ele estava com uma cara e "oi, eu estava tomando banho e decidi abrir a porta bem sexy". Ele deveria ter acabado de sair do banho. Deuses. Seus ombros largos e peito ainda estavam molhados. Deuses. Ele me deu um sorriso, com a cabeça virada e o cabelo molhado bagunçado. Deuses. Eu estava tendo um treco ali. Corei violentamente. Abri a boca pra falar alguma coisa mas as palavras não existiam.


-Entra. - Ele disse rindo e abrindo mais a porta para mim passar.


Olhei para os lados, não vendo ninguém. Estavam todos no almoço. Entrei rapidamente, e ele fechou a porta. O chalé era bem básico por dentro. Havia uma lareira na parede da porta, feita de cranios e ossos. Porém não havia chaminé. O ar estava frio, e a lareira era alimentada por Fogo Grego. As paredes eram pintadas de cinza, sem janela alguma. Havia uma cama de casal com um edredom preto por cima e três travesseiros com lençol preto pra variar. Havia um guarda roupa pequeno de madeira escura, e um banheiro. As coisas dele estavam jogadas pelo chão. Espada no pé da cama, meias e camisetas perto da porta do banheiro.


-Antes que eu me esqueça, ou que você fale denovo. - Ele caminhou até mim enquanto dizia, então já hava chegado quando terminou a frase. Ele passou rapidamente um braço pelo começo da minha coluna e me beijou. Minhas mãos ficaram tremulas em seu peito e minhas pernas fracas. - Seu beijo de bom dia. - Ele falou assim que nos separamos, com nossas testas coladas e nossos lábios roçando um no outro quando um ou outro falava. - Eu vou vestir algo porque a sua cara está engraçada e está me deixando envergonhado.

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Ele me deu um beijo rápido e nos separamos. Eu não sabia se queria ou não que ele colocasse uma roupa. Era confuso. Ele entrou no banheiro. Observei mais o chalé. O teto era pintado de cinza, assim como o das paredes. Eu estudei os crânios na lareira. Quando eu os toquei pude sentir a leve essência da pessoa a qual o esqueleto pertencia. A porta do banheiro abriu enquanto eu ainda estudava os ossos.


-Então o que quer fazer? - O quão suja a pergunta dele soara em minha mente? Eu tinha sérios problemas.
-Eu não sei. Queria descansar. - Não era exatamente aquilo que eu queria depois de ter chegado ali. Ele deve ter notado meu tom confuso.


Ele afastou meu cabelo para o ombro esquerdo e suas mãos grandes foram em meus ombros, e sua cabeça se enterrou em meu pescoço. Ele me deu um beijo no pescoço desesperadoramente bom. Lutei para puxar o ar para meus pulmões.


-Quer mesmo descansar? - Ele me perguntou e depois mordeu o lóbulo da minha orelha. Suas mãos estavam em meus ombros, só que agora por dentro da blusa. Mordi meu lábio inferior, lutando por ar novamente. Porque ele fazia isso comigo? Meus ombros queimavam pelo seu toque.
-Você é mal, Nico. Mas mudei de idéia. - Falei apertando minhas costas contra o corpo dele. - Podemos descansar depois.


(...)


Acordei no fim da tarde, mais ou menos. O chalé estava frio e escuro. Eu estava abraçada com ele por trás, com o braço por cima dele e as nossas pernas enroladas. Devíamos parar de fazer aquilo antes de nos ferrar. Ele dormia pesado, e ao contrário de antes eu não havia colocado uma roupa. Suspirei, o ar batendo no pescoço de Nico arrepiando-o. Isso me fez duvidar de que ele estava realmente dormindo. Lenta e cuidadosamente tirei os braços de cima de Nico, tirei minhas pernas das dele e me cobri com o edredom. Por frio e vergonha.


-Já acordada? - Nico perguntou quando terminei de me aconchegar. Ele me abraçou por cima do edredom deixando mais quente. Colocou sua cabeça no mesmo travesseiro que eu estava usando.
-Não é tão cedo assim. - Respondi, com a voz fraca pelo sono.
-Pensei que dormiria mais. - Ele beijou minha bochecha do jeito que conseguia, bem perto da minha orelha. Sorri levemente.


Ficamos deitados na cama na mesma posição, até eu decidir me virar pra ficar de frente pra ele. Seu braço continuou por cima de mim, nossos rostos bem perto. Sua respiração quente batia em meu rosto. Ele ficava me encarando, e eu as vezes desviava o olhar mas eu não tinha outra coisa já que ele ocupava todo a minha visão. Fechei os olhos mesmo não estando com sono.


-Não dorme. - Ele falou. Que tipo de namorado privava a namorada do sono? Ok, eu não ia dormir porque não estava com sono mas mesmo assim. Se eu tivesse ele não ia me deixar dormir?
-Não vou. Não to com sono. - Me cobri mais, como se fosse possível.
-Sei. - Ele tentou me irritar mas não conseguiu. Eu estava de bom humor demais pra isso.
-Não vai conseguir me irritar. - Falei sorrindo de leve e abrindo meus olhos. Seus olhos escuros ainda estavam em mim do mesmo jeito de antes.
-Uma hora eu consigo. - Ele fez uma expressão de desdém.
-Não duvido. - Respondi.
-Para de colocar "não" em todas as frases. - Ele reclamou com sua voz rouca por ter acordado agora.
-Eu não to colocando. É, eu to mesmo. - Ele soltou o ar pelo nariz em uma risada silenciosa.


Ficamos sem assunto. Apenas olhando um pra cara do outro. Ele parecia estudar meus olhos.


-Suas íris se mexem as vezes. - Ele disse preguiçosamente. - Porque?
-Eu não sei. Consequência dos poderes, talvez... - Não terminei a frase porque ele me beijou. - Não é educado beijar uma pessoa enquanto ela fala.
-Isso eu nunca ouvi. - Ele disse rindo. O puxei para outro beijo.
-Eu tenho que ir pro meu chalé. - Disse preguiçosamente entre uma pausa para respirar.
-Porque? - Ele suspirou.
-Alguém deve ter me procurado a tarde, ou vai. Não duvido. - Ele me beijou denovo. Estava ficando difícil manter o foco ali.
-Vou ficar sem companhia e nada pra fazer então. - Ele murmurou.
-Porque você e os meninos não começam a planejar a estratégia? Vão perder de qualquer jeito. - Brinquei com ele.
-Não vamos não.
-Eu agora to com preguiça de levantar. - Falei me encolhendo.
-Fica aqui então. É simples. - Ele me trouxe mais pra perto. Encostei minha cabeça em seu peito.
-Não posso. - Murmurei. Se ele insistisse mais uma vez eu ia ceder, prometi a mim mesma.
-Eu não vou deixar você sair. - Ele falou.
-Ok, eu fico. - Ele sorriu.
-Eu tenho o dom da perssuasão. - Eu ri de sua ilusão.
-Discordo. Você é péssimo nisso. Eu só fiquei porque estou com preguiça demais pra sair. - Ele fez uma cara de decepção. Encostei meu rosto em seu peito, sendo bombardeada pelo perfume dele. - Pelo menos deixa eu colocar uma roupa. Estou com frio.
-Com frio eu sei que você não tá, porque não está gelada. É vergonha, isso sim. Mas eu deixo. - Ele tirou os braços do redor de mim, me libertando.


Me sentei na cama enrolada no edredom. Alcancei as roupas com o pé e vesti sentada. Lingerie não era bem "roupas" mas a camiseta estava muito longe. Terminei de me vestir e deitei na cama tirando o edredom e ficando encolhida em Nico como antes.


-Quantidade enorme de roupas. Que frio você estava sentindo. - Ele ironizou e eu corei.
-Pois é. - Murmurei sorrindo. Ele colocou sua mão em minha perna, perto até demais da minha bunda.


Ficamos em silêncio. Eu estava quase dormindo já que sua mão agora estava passeando pela minha perna. Mas também me causava arrepios. Levantei meu rosto para vê-lo. Ele tinha uma expressão calma me observando quase cair no sono.


-Quer que eu durma? - Perguntei falando baixo.
-Porque?
-Porque eu estou quase dormindo. - Ele chegou perto de mim, me dando um beijo calmo.
-Ainda com sono? - Ambos os nossos corações estavam acelerados.


Não respondi. Ao invés disso beijei-o, só que dessa vez menos calmamente. Me desencolhi e coloquei minhas mãos em seus braços, apertando-os de leve. Nico me puxou mais para a altura dele na cama. O beijo já estava se tornando mais quente e indecente. Rolamos pela cama, e eu não sei como, fui parar em cima de Nico com as pernas ao redor dele, beijando-o.


-Espera aí. - Falei. Foi mais que difícil dizer algo já que ele estava "curtindo" meu pescoço. Eu mal conseguia respirar. Ele parou o que estava fazendo. Seus lábios vermelhos e seu olhar confuso. - Vamos parar de fazer... Isso com tanta frequência. Ok?
-Ok. - Ele respondeu depois de pensar um pouco. - Essa vai ser a última essa semana.
-Promessa de mindinho. - Falei rindo e ele riu também. Eu adorava o fato de as vezes agirmos como crianças e não nos importar com os outros. Ambos éramos pessoas que não tiveram infância.


Demos os mindinhos e nossa promessa estava feita.


(...)


Eu havia acabado de me teletransportar para o chalé. Havia tomado um banho no chalé de Nico. Eu usava uma camiseta branca que era dele e cobria meu short jeans cinza. Meu cabelo estava preso em um rabo, e eu calçava sapatilhas vermelhas. Porque eu estava lá? Eu estava com medo de sair do chalé dele e alguém nos notar. Era fim de tarde. Eu caminhei sair do chalé, e escorreguei em um papel, quase caindo no chão. Acendi a luz, e peguei o bilhete.
"Precisamos da sua ajuda para conseguir umas coisas. Encontre-nos no chalé de Hermes assim que puder.
Stoll's"

Tinha que ser. Eu não iria ignorar um pedido dos filhos de Hermes. Era perigoso. "Vou passar no chalé de Hermes. Eles deixaram um bilhete no meu chalé dizendo que precisavam que eu conseguisse algo", avisei a Nico em minha mente. Tínhamos combinado de procurarmos os outros quando saíssemos. "Te encontro lá, então?", felizmente ele não estava bravo comigo. "Claro", respondi.

Amassei o bilhete e o joguei no canto do quarto. Apaguei a luz e sai do chalé. Caminhei rapidamente para o chalé. Quando cheguei, estava uma zona. A porta estava aberta, por isso parei no beiral da porta. Um grupo jogava Uno em uma beliche do alto, outro (bem maior que o anterior) apostavam em uma queda de braço. E também tinham os que estavam quietos deitados na cama ouvindo música ou lendo um livro, completamente alheios a tudo. Encontrei o par de cabeças castanhas com um corte quase idêntico no meio dos que apostavam. Podia ouvir os gritos deles acima das outras vozes.


-Stoll's! - Gritei mas não foi o suficiente. Eles nem olharam. Respirei fundo. Eu tinha que fazer alguma coisa pra chamar a atenção deles. Pensei em uma idéia louca. Em um segundo havia um balão pequeno cheio d'água. Mirei e atirei. Acertei o que eu achava que era Connor. Todos viraram pra mim, assustados. Connor com uma cara surpresa pela minha reação. Dei de ombros e levantei os braços um pouco, como quando as pessoas faziam perguntas silenciosas umas ás outras. - Tá difícil? - Minha voz cortou o silêncio do chalé.
-Não podia ter tido uma reação menos ofensiva? - Connor perguntou. Seus olhos azuis brilhavam em divertimento, como sempre. - Tipo, chamar.
-Eu chamei. - Respondi.
-Quantas vezes? - O quase-gêmeo, Travis, perguntou.
-Uma. - Respondi. - Querem conversar ou não?


Connor passou as mãos pelo cabelo molhado. Ele era alguns centímetros mais alto do que Travis, a única coisa que eu usava pra diferencia.


-Ok pessoal, - Travis falou. - nos deem licença alguns minutinhos. Vão... Sei lá, tocar o terror. Avisaremos o que conseguirmos quanto terminarmos de conversar.


Os filhos de Hermes evaporaram em menos de trinta segundos. Era assustador o nível de hiperatividade deles.


-O que querem? - Perguntei assim que a porta se fechou.
-Queremos um favor seu. - Connor disse se sentando na cadeira que estavam usando para brincar de queda de braço.
-Isso eu sei. - Reclamei.
-Os filhos de Íris vem irritando o chalé de Hermes faz um tempo. Então queremos fazer algo no chalé deles. Vamos lotar o chalé deles com balões coloridos. - O mesmo explicou.
-Conheço essa. Já fiz com a própria Íris. Ela adorou na verdade, porque disse que deu um ar novo na loja dela. Mas enfim, uma dica: Encham os balões com Hélio e passem lã. O cabelo deles vai ficar um terror até o fim da noite. Onde ficaram sabendo dessa pegadinha?
-Nosso pai deu a idéia. Mas ele não disse que a pegadinha era sua. - Travis me respondeu. - E sua dica é ótima, na verdade.
-E onde vocês precisam de mim? - Perguntei.
-Precisamos que consiga as coisas. Hélio, balões e lã. - Connor me respondeu. Era estranho o fato de eles trocarem as falas.
-Vamos fazer assim: Eu consigo os balões e o hélio, vocês e sei lá mais quem inflam, eu coloco a eletricidade, e a culpa é maior parte de vocês. Apesar da pegadinha ser minha e as coisas também.
-Por mim, tudo ótimo. - Connor falou animado. Os olhos de ambos brilhavam mais ainda.
-Não pensei que seria tão fácil. - Travis falou para o irmão. - Pensei que íamos ter que usar chantagem.
-Com o que? - Perguntei confusa.
-Temos olhos em todos os lugares. Vimos Nico entrar no seu chalé ontem e vocês aparecerem na Arena de manhã juntos. Assim como hoje a tarde, só que dessa vez você saiu do seu chalé pra despistar. - Connor me contou.

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Alguém bateu na porta. Nico entrou no chalé sem nem esperar ser convidado.


-Vocês são macabros. - Falei para eles.
-Fazemos o que podemos. - Travis falou sorrindo. Se eles não fossem tão "élficos" seriam até bonitos.
-Podemos ir? - Nico perguntou, atrás me mim. Não me assustei com sua aproximação silenciosa e macabra. - Oi Travis e Connor.
-Oi zumbi. - Connor desenterrou o apelido.
-Bom, eu já vou indo. As coisas que querem vão estar atrás de uns arbustos. Apareçam no jantar porque se não vão desconfiar. - Dei mais dicas. Toquei o ombro de Connor e ele se assustou. Nico ficou curioso com meu ato. - Calma. Não vou tirar seu braço. Só te secar.

Me concentrei na água do lado de fora do seu corpo. A água correu até chegar a minha mão, e formou uma bola flutuante de água. Tirei a mão e a água veio junto, flutuando alguns milimetros acima da minha mão.


-Depois somos os macabros? - Travis perguntou maravilhado.
-Faço o que posso. - Usei as palavras deles, e os fiz sorrir. Brinquei com a bola passando-a de uma mão para outra, fazendo-a passear pelos meus braços. Quando voltou para a minha mão direita, crieu uma mini coluna de fogo que a fez evaporar. Abaixei as mãos, sem mais minha distração. - Preciso ir. Chamem quando precisarem.


Dei as mãos com Nico, e saímos do chalé.


-O que vai ter que fazer para os Stoll's? - Expliquei todo o plano para ele, mentamente. Quando terminei de contar, voltamos a conversar no mundo real. - Então, onde está o povo?
-Não faço idéia. - Admiti. - Praia, Arena e Lago são os lugares mais prováveis.
-Vamos para o Lago, depois Praia, e por último a Arena. - Nico colocou uma ordem nas coisas.
-Podemos andar? Cansei de brotar nos lugares. - Ele riu da minha expressão "brotar".
-Claro.


Caminhamos lentamente lado a lado de mãos dadas. As vezes trombávamos um no outro e eu ria baixinho, como pessoas normais faziam. Mas o silêncio era chato. Eu não gostava de silêncio em lugar ou situação alguma. A noite já estava começando. O céu estava em um tom de roxo e rosa, sem o sol. Olhei para a cor rosa do céu com certo nojo. Eu odiava rosa, também.


-Então... - Ele tentou começar um assunto. - Você tem poderes sobre o que, exatamente.


Suspirei, pensando.


-Muita coisa. - Admiti. - Vamos á lista: Poderes de um semideus de Zeus bem forte, Nix também. Eu também tenho um pouquinho de cada deus, mas não me pergumte porque, porque ninguém sabe. Alguns dizem que minha mãe fez um trato com Hécate, mas não é uma certeza. Voltando ao assunto. Todos de outros deuses que eu tenho os poderes são meio obscuro, menos os de Héstia e Poseidon.
-Isso ainda não me responde completamente. - Ele disse e eu ri do fato de eu não ter dito nada de relevante.
-Ok, agora eu explico direito. Poderes de um semideus forte: Zeus, Nix, Poseidon, Quione, Apolo e Héstia. Agora, tem os que eu sou proibida de usar. Não sei se proibida é a exata definição. Se eu usá-los brigam comigo, ou segundo eles posso desencadear alguma reação. São os vindos do Caos. Tipo aquilo que eu fiz com Charlie na reunião. Aquele é do Caos.
-Eu acho que entendi. - Ele respondeu. - Com o tempo eu entendo direito.


Mal havíamos notado que havíamos chegado perto do lago. Eles estavam lá, felizmente. Ana e Alex estavam deitados, ela com a cabeça na barriga dele. Percy e Annabeth sentados lado a lado, ambos encostando em uma pedra grande. Beatrice estava lá também, lendo um livro. Charlie estava ouvindo música com fones de ouvido, mas parecia dormir.


-Olá. - Ana falou/gritou. Eu nem tinha percebido que ela tinha nos visto.
-Porque gritou? - Nico perguntou. Nos sentamos. Nico sentou encostado na árvore, eu sentei entre as pernas dele, usando seu peito de encosto.
-Não gritei.
-Gritou sim. - Alex falou se levantando um pouco para poder participar melhor da conversa. A cabeça de Ana quase caiu.
-Fica quieto no seu canto. - Ela sentou, brava. - E deita denovo. Eu não pedi pra você levantar.
-Eu levanto quando eu quiser caramba. A barriga cujo você estava deitada é minha.
-Se fosse minha seria meio estranho, não acha? - Ela encerrou a discussão. Ele bufou e deitou denovo. - Eu sempre ganho.
-Ah, cala a boca. Ninguém perguntou nada. - Alex ia levar uma surra dela.
-Você cala a boca. Eu não te disse nada. - Ela se levantou e sentou longe dele, quase do lado de mim e Nico. - Vou ficar com eles porque eles são legais. - Ela virou para nós com seus olhos brilhando. - Né?
-É. - Nico respondeu entando entender o porque do "né".
-Eu sou legal também, né? - Alex perguntou.
-É. - Respondi usando o mesmo tom de voz que Nico.


Annabeth e Percy observavam tudo com um meio-sorriso nos rostos. Cheguei a conclusão de que Charlie realmente dormia porque havia um fio de baba escorrendo.


-Você não é legal, Alex. Você é sem graça. - Ana começou outro tópico de discussão, só que esse já havia sido discutido na floresta de manhã. "Quem é mais legal: Parte II".
-Calem a boca. - Falei para os dois. - Esse tópico foi o da floresta de hoje de manhã. Arranjem outro.
-Será que se eu jogar Charlie no lago ele acorda ou afunda dormindo? - Ana falou distraidamente.
-Acho que ele vai acordar. - Nico opinou.
-Façam suas apostas. - Falei quase rindo.
-Ninguém vai afogar meu irmão. - Alex falou em tom defensivo.
-Não vamos afogar ninguém. Só fazer um teste. - Ana explicou. Nico passou os braços ao redor dos meus e demos as mãos. Eu podia passar o dia naquela posição que não iria me incomodar.
-Pelo amor dos deuses, - Annabeth disse sua expressão mais estranha. - alguém faz ele parar de babar? Não consigo parar de olhar para as gotas caindo.
-Eca. - Murmurou Beatrice. Ela havia parado de ler o livro, agora prestando atenção na conversa. - Coloca um balde, sei lá.
-Espera. - Alex levantou e foi em direção a Charlie.


Ficou de joelhos do lado contrário de onde caía a cachoeira de Charlie e pegou o o iPod. Pausou a música e pocurou outra. Quando achou deve ter ligado no volume máximo, porque Charlie acordou na hora. Assim que abriu seus olhos azuis brilhando de susto e confusão, se debateu contra o nada. Tirou o fone e olhou para o irmão gêmeo com raiva. Tomou o iPod de Alex, que ria. Ana, apesar de não parecer querer, gargalhava. Percy olhava pra ela com um olhar de "você é retardada mas eu gosto de você". Charlie deu um tapa em Alex, inofensivo. Escutei Beatrice rir também.


-Vocês são muito bestas. - Annabeth falou em um meio sorriso. A risada de Ana estava acabando.
-São mesmo. - Charlie falou cruzando os braços.
-E vocês são muito sérios. - Nico rebateu.
-Todos são demais e diferentes, ok? Podemos mudar de assunto? - Charlie não sabia brincar.
-Cala a boca, Charlie. - Alex reclamou se sentando um pouco mais longe do irmão.
-Se forem começar a discutir vão pra lá. - Percy reclamou.
-Podemos ter uma conversa normal? - Beatrice pergunta.
-Trice ninguém aqui é normal. - Charlie fala fazendo Ana e eu reagirmos ao apelido. Era fofo, e nós nunca tínhamos ouvido. A reação que eu e Ana tivemos foi fazer um coro de "Hmmm" como era habitual no ano anterior. Nico ri deles corando.
-Tantos casais que me sinto sufocada. - Ana brinca e dessa vez eu a provoco.
-Junta você e o Alex. - Falei fazendo apontando de um para o outro. Ana me dirige um olhar de "você cala a boca", e o sorriso de Percy some. Isso prova que será complicado quando eles assumirem algo, se assumirem.
-Eu não, obrigada. - Alex fala, e posso ver a expressão de Ana sumir por um segundo. Mas logo volta, só que um pouco menos alegre.
-Não mesmo. - Ela diz.
-Nossa Percy tira essa cara. - Nico falou.
-Não dá. É a única que eu tenho.
-Muito engraçado você. - Ironizei. - Sabe que a gente só tá brincando, né?
-Eu sei. - Não sabia não. - Só não gosto da idéia.


"Coitados, vão sofrer" Nico murmurou em minha mente. "Nem tanto quanto nós, mas vão", respondi calma. Beatrice havia voltado para seu livro, Percy e Annabeth conversavam tão baixo que era inaudível, e Charlie havia voltado a ouvir música olhando para o nada.


-Annabeth, - Chamei. Ela olhou pra mim na hora. - eu não vou estar no acampamento amanha durante o dia. Então já podem começar a preparar as coisas para o jogo de amanhã.
-Eu sei. Vamos nos reunir hoje, se der. - Ela respondeu rapidamente e voltou a falar com Percy.
-A gente tem que falar com Quíron, ainda hoje. - Nico falou para mim.
-Eu sei. - Murmurei tentando levantar a cabeça para olhar pra ele. - Quem vai? Os dois?
-Pode ser. Ele ainda não está de bem com você, então não é uma boa você ir sozinha.
-Você podia ir sozinho, enquanto eu terminava minha parte na brincadeira do chalé de Hermes. - Levantei e virei para olhar pra ele. Sua expressão mostrava que ele estava pensando. Ele me observou, seus olhos me vasculhando. Corei abaixando o rosto. "Está pensando naquilo?", ele me perguntou. "Não estava, mas agora estou. Besta", falei sorrindo envergonhada. Ele riu, no mundo real. - Você faz de propósito!
-Não nesse caso. Mas na maioria das vezes, sim. - Ele falou sorrindo e eu ri.
-Deuses. - Murmurei rindo e enterrei meu rosto no peito dele, me escondendo na camiseta. Seu perfume intoxicante apareceu.
-Um dia eu ainda vou entender sobre o que vocês falam. - Ana falou.
-Você não quer. - Nico murmurou pra ela.
-Seu besta. - Murmurei pra ele novamente.
-Mas você me ama mesmo assim. - Ele se gabou.
-Pois é. Infelizmente você nunca perde o charme. - Murmurei sorrindo. Passei meus braços ao redor dele e virei o rosto para um dos lados. Aquilo virou um quase deitados/abraçados. Ele passou os braços ao redor de mim também.
-Isso é infeliz só pra você. - Ele se gabou novamente.
-Vocês são tão melosos quanto mel. - Beatrice comentou enquanto mudava de página.
-Eles tem seus dias. - Ana explicou. - Tem os dias que eles estão pior que isso, tem esses tipo hoje, e tem os que eles dão patada em todo mundo.
-Os dias de patadas são os mais engraçados. - Percy opinou.
-Quem não está acostumado sofre com eles. - Annabeth concordou com Percy. Voltei para a posição anterior. Entre as pernas de Nico, usando seu peito de encosto para as costas. Seus braços passaram ao redor de mim novamente. - O ruim é que não dão patadas individuas, tipo só a Giovanna ou só o Nico. São os dois juntos, um complementando a fala do outro.
-Vocês são muito chatos. - Nico falou.
-Como se vocês fossem normais também, Percy e Annabeth. - Complementei.
-Viu? Exatamente como eu disse. - Annabeth falou para Beatrice e depois virou para nós. - Não somos iguais a vocês.
-Ah são sim. - Nico falou enquanto suas mãos iam e voltavam em meus braços. Respirei fundo. Seu toque frio me arrepiava.
-O dia que vocês estão bravos brigam um com o outro o tempo todo. - Contei e esfreguei na cara deles que eles não eram tão diferentes.
-Tá parecendo o sujo falando do mal falado. - Alex reclamou.
-Mas tudo o que falaram aqui é verdade. - Ana admitou.
-Giovanna, Elisabeth! O que seja. - Gritou uma outra voz, de fora da conversa.
-Que é? - Perguntei virando para quem me chamava. Era Connor, vindo correndo até nós.
-Faltam dez minutos para o pessoal do chalé de Íris chegar do treino de escalada. - Ele falou chegando e parando de correr, ofegante. - Então seria uma boa você ir rápido fazer sua parte. - Ele olhou para os outros. - Oi.
-Oi. - Eles falaram em uníssono.
-Giovanna eu não acredito que está fazendo arte com o chalé de Hermes. - Annabeth soou como uma mãe. Ela olhou pra Nico. - Sabe que ela vai se ferrar, né?
-Não tem como impedir ela. - Nico disse levantando os braços em forma de rendição.
-Alias, eles tinham e tem coisas contra mim. - Nico olhou pra mim com uma sobrancelha levantada. - Depois te conto essa parte. E parte da culpa ia cair sobre mim, já que era uma pegadinha antiga minha. Então eu aproveitei.
-Você fazia pegadinhas? - Ana perguntou, parecendo incrédula.
-Ana, eu era o terror. Tinha uma época que me levaram para o Mundo Inferior pra ficar com Hades e Perséfone, e duvidavam que eu pudesse destruir muita coisa. Derrubei sem querer várias almas no Tártaro. - Eles me olharam surpresos. - Conto pra vocês depois.
-O tempo está passando. - Connor me lembrou. Me levantei do chão, tirando a grama da roupa e das pernas.
-Vai falar com Quíron, Nico. - Falei para Nico e ele fez uma expressão preguiçosa.
-Fazer o que né. - Ele reclamou se levantando.


Me virei para Connor.


-Ainda tem gente lá no chalé? - Perguntei.
-Não. Faltam menos de cinco minutos, então anda logo.
-Não me apresse. - Falei, sumindo do lago e indo parar em um chalé estranho.


Eu nunca havia entrado ali. Na verdade nunca tive nenhum motivo pra entrar ali. As janelas ou eram limpas demais, ou eram de água. Senti a vontade de ir lá e encostar mas preferi não. Eu precisava ser rápida. Cada colchão de cada beliche tinha uma cor, e apesar disso não parecia brega e sim as cores combinavam. As paredes eram brancas, mas foi o teto que me chamou atenção. Haviam tantas bexigas ali que o teto alto havia sido rebaixado para a minha altura.

Ignorei tudo e fiz o que eu havia feito fazer. As bexigas coloridas chamavam a atenção nos primeiros segundos, mas pararam. Me concentrei e depositei uma leve energia nos balões. Olhei para meu cabelo, e a primeira camada estava em pé.

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Ouvi passos do lado de fora. Quase congelei no lugar. Meus batimentos aceleraram, e eu voltei para o Lago instantaneamente. Respirei fundo, o ar úmido e com cheiro de grama.


-Deuses. - Murmurei. Todos ainda estavam lá e Connor já tinha ido.
-Voltou rápido. - Beatrice admirou.
-E quase fui pega. - Falei rindo e escorrendo pelo tronco da árvore em que Nico e eu estávamos antes.
-Mas é burra ein. - Ana falou.
-Ah vai a merda. - Falei rindo, pra variar.
-Deu certo? - Percy perguntou.
-Não sei. Só se sabe quando dá certo depois dos resultados. - Nessa mesma hora vieram vozes vindas da área dos chalés. Sorri. - Agora tenho certeza que deu.
-Você é louca. - Ana falou e depois complementou. - E louca.
-Você que quis ser minha amiga. - Murmurei enquanto arrancava a grama e a via ficar seca e morta. Eu costumava provocar esse efeito nas plantas, porque segundo Perséfone minha essência era mais de morte do que vida.


Ficamos em silêncio. Eu ouvindo músicas na minha jukebox mental, e os outros distraídos com qualquer coisa. Estava quase na hora do jantar. Fechei os olhos sem razão específica, e os minutos foram passando.

Logo ouvi os passos rápidos e suaves de que eu tanto estava habituada. Era difícil não reconhecer, eu não sei se eu reconhecia com facilidade porque eu era treinada para aquilo ou porque eu estava acostumada.


-Como foi? - Perguntei sem abrir os olhos.
-Como sabia que era eu? - Nico indagou, sem parecer estar curioso.
-Estou acostumada com seus passos. - Falei a opção que me pareceu melhor. Era melhor dizer isso do que dizer: "Eu fui treinada pra isso". Abri meus olhos e girei o corpo para olhá-lo.
-Com muita insistência, ele deixou. - Ele se sentou pesadamente em meu lado.
-Ótimo. - Meu humor se tornou melhor com essa notícia.


A concha soou, e fomos para o Pavilhão. Chegando lá, tudo estava uma bagunça. O pessoal do chalé de Íris, com seus cabelos elétricos, rodeava Quíron. Acho que se um encostasse no outro iriam levar um choque. É, aquilo seria divertido.

Me sentei na minha mesa, virada como sempre para Ana e Percy. Logo a comida foi servida, e todos começaram a comer. O meu era uma lasanha de carne moída. Eu estava atenta esperando Quíron começar a falar algo, e imaginei que o chalé de Hermes. Olhei para os irmãos Stoll e eles olharam de volta, Travis segurando uma risada. Quíron bateu os cascos no piso de mármore pra variar. Virei o corpo para poder olhar o julgamento.


-Hoje nesse fim de tarde - Percebi que Quíron aparentava cansado. - houve um problema no chalé de Íris. Foram encontradas várias bexigas cheias de Hélio, flutuando no teto. Ainda por cima elétricas. - Houve um coro de "wooow" e eu como sempre fazia fui na onda. - Eu gostaria de saber quem foi o responsável.


Todos viraram para a mesa de Hermes. Todos sentados lá se entreolhavam, com uma falsa dúvida. Fiquei quieta olhando pra eles.


-Elisabeth - Quíron disse meu nome e eu gelei. Torci para não ser eu. Olhei para ele e vi que ele olhava diretamente pra mim. Descoberta sem ao menos dizer nada. - me lembro de uma pegadinha que você fez, muito tempo atrás, idêntica a essa. - Usei meu lado mentirosa e atriz.
-Memória boa a sua Quíron. - Muitos seguraram o riso.
-Você tem algo a ver com isso? - Ele perguntou.
-Com sua memória boa? Provavelmente não.
-Pare de fazer graça. - Ele se irritou comigo, para variar. - Você tem algo a ver com a pegadinha?
-Em primeiro lugar: Se acalma. Segundo: Sim, eu tive a ver.
-Quem são os outros que participaram? - Quíron perguntou para ninguém em especial.
-Como sabe que eu não agi sozinha? - Perguntei, tentando ver se ele só estava chutando ou se havia um método de dedução. Eu também queria ver os limites dele na frente dos campistas.
-Você nunca conseguiria fazer essas coisas. - O fogo crepitou. Ele estava me irritando, era o que eu planejava fazer. O feitiço se virou contra o feiticeiro.
-Está me chamando de covarde ou inútil e fraca sozinha? - Indaguei.
-Então, - Ele me ignorou. Maduro. Será que algum campista normal já sentiu vontade de estapeá-lo? Pouco provável. - quem é o cúmplice. Travis, Connor? - Ambos abaixaram a cabeça. - Tem algo a dizer?
-Pra explicar, ela foi a cúmplice. - Travis falou, se entregando.
-E não foi muito por vontade própria. - Contei, me livrando o máximo.
-E pelo que foi, então? - Ele perguntou. Agora a história complica.
-Foi mais a chantagem. - Respondi.
-E qual era? - Droga. Não precisei me concentrar muito para impedir eles de falarem a verdade. Era meu domínio principal, afinal. Eles abriram a boca para falar mas nenhuma palavra saiu.
-Eles não vão contar, muito menos eu. É parte do trato. - Dedurei a todos que era eu que estava fazendo aquilo. Usei a última parte só pra lembrá-los. Funcionou. Eles fecharam a boca.
-Certo. - Ele falou, tentando disfarçar sua curiosidade. - Stolls vocês vão limpar o chalé de Íris e ajudá-los a cuidar dos Pégasos. - Os filhos de Íris com seus cabelos elétricos deram sorrisos triunfantes. Agora chegou a parte do meu castigo. - Elisabeth, você vai ajudar no treinamento. Luta corpo a corpo, espadas e tiro de facas.
-Nós temos aula de luta corpo a corpo? - Percy perguntou confuso, assim como todos inclusive eu. Era o que eu não tinha entendido.
-Agora temos. Se temos uma pessoa perfeita para ensinar, porque desperdiçar? - Se temos um prato para jogar na cabeça de alguém, porque não jogar? Era o mesmo princípio, não era? - Lembrando que amanhã teremos a Caça a Bandeira a meia-noite, meninos contra meninas.


E foi dada por encerrada a reunião. Bufei irritada e deitei a cabeça na mesa sem me importar de ser delicada.


-Argh. - Foi tudo o que eu disse.
-Quem mandou. - Ana esfregou na cara.
-Argh. - Disse novamente.
-Você se ferrou mais que eles. - Alex observou.
-Argh. - Disse mais alto do que a última vez.
-Você podia colocar mais palavras no seu vocabulário. - Uma voz nova apareceu na conversa. Annabeth.


Levantei a cabeça e bufei novamente. A comida estava fria e eu havia perdido a fome.


-Você é louca. - Nico observou, chegando até nós. Ele e Annabeth estavam em pé em volta da mesa.
-Você que escolheu a namorada. - Respondi, bebendo o refrigerante. Ele deu de ombtos.
-Então meninas, o que acham de reunirem e começarmos a planejar a estratégia? - Annabeth falou, animada como sempre ficava quando o assunto se tratava de estratégias ou arquitetura.
-Por mim. - Respondi.
-Deveríamos ficar preocupados? - Percy brincou com Nico.
-Sim. - Annabeth respondeu no lugar de Percy.
-Vocês vão perder. - Nico respondeu pegando meu copo da minha mão e bebendo.
-Me dá meu copo caramba. - Falei esticando o braço pra alcançar, meu chegando na altura do seu ombro.
-Seja educada. - Ele murmurou.
-Por favor Nico, me devolve a bosta do copo. - Falei. - Eu estou sendo educada.
-Pessoas educadas não falam palavrões.
-Me dá. - Choraminguei. Ele me devolveu e eu dei um tapa na sua mão.
-Quantos anos você acha que eu tenho? Pra ficar dando tapa na minha mão?
-Ué 85. - Ana deve ter entrado na conversa só pra zoar ele. - A idade tá afetando seu cérebro, é? - Eu ri alto.
-Ah cala a boca. - Ele disse tentando esconder um sorriso.
-Então, Annie? - Beatrice chegou perguntando. Pensei que Percy era o único que a chamava assim. Annabeth olhou pra nós, para decidirmos.
-Vamos, então. - Ana respondeu a pergunta silenciosa e Annabeth sorriu.


Naquela noite fomos dormir depois do toque de recolher, com a liberação de Quíron. Eu estava ansiosa para o dia seguinte.