TAYLOR

- Garçom, pode me atender? – fuzilei com os olhos o cara da mesa sete. Era a quinta vez que ele me chamava. Chad foi no meu lugar. Eu estava no balcão do Dinner, batendo os pés e olhando a porta da frente e dos fundos. Estava nisso há quase duas horas. Sarah precisava chegar. Logo.

- Hey Taylor, sabe da Funke? – Ted berrou da porta da sua sala e eu neguei com a cabeça. - Já liguei três vezes pra ela, e ela não atende. – ele disse tirei o avental.

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- Posso dar uma saída, Ted?

- Taylor...

- Não vou demorar. Aqui tá vazio. Chad e Simon dão conta.

- Tudo bem. Tente não demorar. – ele disse antes de voltar pra sua sala.

- Me liga tá? – Chad falou do meu lado, enquanto me entregava às chaves da caminhonete e eu assenti.

Saí do Dinner às pressas e dirigi até o prédio da Sarah.

Calma Taylor. Não é pra tanto. Ela está bem. Fiquei repetindo isso até a casa dela. Subi as escadas correndo e bati na porta de sua casa.

- SARAH. VOCE TÁ AI? – ela não respondeu e eu bati mais forte. E mais forte.

Ela pode não estar em casa. Pode ter ido fazer compras. Eu pensei e depois desci as escadas correndo.

- Hey, sabe onde está a Sarah? – perguntei ao porteiro que estava com os olhos numa revista e ele me olhou tentando equilibrar os óculos no dorso do nariz.

- Ela não saiu de casa hoje.

- Ela veio pra casa ontem?

- Sim. De táxi. Estava estranha. – como ele era bom em dar informações.

- Preciso da chave extra do apartamento dela. – eu disse e ele me olhou.

- Não posso, é contra as normas do prédio.

- Você acabou de me dar várias informações sobre a Sarah e agora vem com essa. Qual é? Você sempre me viu aqui. – o porteiro me olhou por alguns segundos. – Me dá logo, vai. – eu quase gritei e ele bufou antes de pegar a chave embaixo do balcão e jogá-la para mim.

- Vou deixar o número da polícia na discagem rápida. – ele berrou, mas eu já estava correndo escada acima novamente.

Abri a porta rápido e entrei na casa dela.

- Sarah. – gritei, sem resposta. – SARAH. – gritei de novo enquanto ia pro seu quarto. – Sar...Sarah. – eu suspirei ao vê-la deitada. Andei até ela rapidamente. – Ei... – chamei baixinho. - Sarah. – eu chamei de novo, e passei a mão em seu rosto. Estava quente. Muito quente. Quente demais. – Vai ruivinha, acorda logo. – eu chamei e ela abriu os olhos devagar.

- O que tá fazendo aqui? – ela perguntou depois de um tempo.

- Soube que caiu da moto. – ela fechou os olhos de novo. Esperei que ela abrisse, mas não abriu. – Sarah? – chamei e ela abriu os olhos, espremendo-os para tentar me ver. – Você tá bem?

- Estou. – Sarah estava pálida demais. Quieta demais. Quente demais.

- Então levanta. Vem, levanta. – pedi, puxando-a. Sarah gemeu quando eu a puxei pela cintura. Segurei em seu braço e ela gritou. – Desculpa. Desculpa. O que houve? Está doendo? – perguntei e ela não respondeu, apenas sentou-se devagar. – Olha pra mim. – pedi, mas ela demorou de levantar o rosto então eu mesmo o fiz. Puxei seu rosto para mim e ela olhou-me. – O que está sentindo?

- Oi. – ela sorriu fraco e depois franziu a testa.

- Sarah... – eu segurei-a pelas costas e ela gemeu baixinho de novo. – Ah Sarah... Fala pra mim, por favor. – eu pedi, sentindo meu peito doer por vê-la tão... Tão... Mole. – Tudo bem. Me diga onde está doendo. – eu pedi e ela não respondeu. Levantei seu rosto novamente pra mim. – Sarah, onde dói? – perguntei de novo e ela suspirou.

- Meu braço. Dói um pouco. – ela disse e eu virei o rosto para olhar seus braços.

- SARAH. – quase gritei ao ver seu braço esquerdo. Estava tão inchado quanto uma bola. Estava vermelho e até brilhava de tão inchado. – Droga. Você deve ter quebrado o braço. Sarah. Por que não foi para o hospital?

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- Eu estou bem. – ela sussurrou e eu sacudi a cabeça antes de começar a tentar levantá-la. Ela gemeu.

- Onde dói agora? – perguntei de novo.

- Minhas costas. – ela sussurrou.

- Fica quietinha. – pedi, enquanto virava-a devagar. Levantei a blusa do seu pijama e quase chorei ao ver suas costas. – Ah Sarah, Sarah... – eu mordi o lábio. Sua pele branca estava roxa. Um roxo escuro misturado com verde. – Vou te levar pro hospital agora.

- Estou de pijama. – ela disse baixinho e eu a olhei.

Droga. Mesmo de pijama e toda ferrada conseguia ser linda.

- Vou te ajudar. – eu disse e abri seu armário. Peguei um vestido verde claro. Depois abri sua gaveta e peguei um sutiã preto. – Acha que pode vesti-lo? – perguntei e ela assentiu devagar. Dei o sutiã a ela e me virei de costas.

- Pronto. – ela disse baixo depois de algum tempo. Virei-me e a encarei.

Não olhe tanto. Não olhe. Mas ela tá de calcinha e sutiã na minha frente. Não olhe. Ela é sua amiga. Não olhe, Taylor. Não olhe.

Levantei-a devagar olhando para seu rosto e vesti o vestido. Coloquei seus cabelos para trás.

- Eu to horrível. – ela sussurrou.

- Como se isso fosse possível.

Peguei-a no colo e peguei as botas, a bolsa dela e a jaqueta que estavam em cima da cama. Sarah gemeu baixinho enquanto eu descia as escadas. O porteiro me encarou quando eu passei com ela nos braços e eu o ignorei. Coloquei-a no banco do carona, e prendi o cinto. Dei a volta e entrei no carro. Acelerei e o carro sacudiu fazendo-a gemer baixinho.

- Desculpa. – eu falei antes de olhá-la. Sarah estava encolhida virada para mim. Estava de olhos fechados e com a testa franzida. Ela estava sentindo dor.

Ah, minha Sarah.

- Taylor? – ela chamou e eu a olhei.

- Oi. Tá doendo? – perguntei, mas ela não respondeu. - Sarah? – ela abriu os olhos devagar e me olhou. – Tá doendo?

- Tá. – ela disse e eu não sei por que, mas meu coração pareceu derreter dentro do peito. Meus olhos se encheram de lágrimas.

Tentei acelerar e andar com cuidado ao mesmo tempo. Quando cheguei ao hospital, tirei-a do carro com cuidado.

- Emergência. Por favor. É emergência. – gritei nos corredores. Duas enfermeiras me pararam e olharam Sarah.

- O que houve? – uma delas perguntou.

- Acidente de moto.

- Traga ela pra cá. – a outra disse e eu a segui. Coloquei-a numa maca.

- Foi ontem. – eu disse e elas me olharam.

- Ontem?

-Isso explica o braço. Deve estar quebrado. – uma delas disse.

- Ela caiu da moto e depois foi pra casa. Foi um acidente. Não sei o que houve. Fui vê-la hoje, e ela estava assim. Ela nem me responde direito. E estava com febre. Muita febre. – eu falava tudo ao mesmo tempo enquanto as seguia para um quarto.

- A febre deve ser por causa do braço. Ela deve ter sentindo muita dor a noite. Não sei como suportou tanto.

- Querida, pode me ouvir? – a outra enfermeira começou a falar com Sarah. Ela abriu os olhos devagar e assentiu com a cabeça. – Está sentindo muita dor?

- Não como ontem. – Sarah disse devagar.

- Porque não veio para o hospital ontem? – a enfermeira perguntou.

- Estava tarde.

- Tomou algum remédio?

- Muitos. Para dor. Estava doendo... Doendo tanto. – ela sussurrou e eu me encolhi.

- Isso explica porque ela está assim meio... Devagar. Vai passar logo. – a enfermeira me explicou e eu assenti.

- As costas dela... Tá toda roxa. – eu disse e elas assentiram.

- Vamos leva-la para o raio X. Enquanto isso, quero que preencha alguns papéis na recepção. Já voltamos. – a enfermeira disse antes de empurrar a maca para outra sala. Olhei-as ir e passei a mão na cabeça.

Você vai ficar bem. Sussurrei.

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As enfermeiras tinham trazido Sarah de volta para a sala. Eu já tinha preenchido os papéis e ligado pra Chad e Chloe.

- Ela deu um jeito em duas costelas. – a enfermeira baixinha disse.

- E deslocou o osso do braço. Não quebrou, mas rachou. Temos que coloca-lo no lugar.

- Isso vai doer. – eu disse andando para o lado de Sarah que estava meio sonolenta.

- Vai. Mas demos anestésicos.

- Mas ainda assim vai doer.

- Vai. – a enfermeira alta disse e eu apertei os olhos.

Elas enfiaram a agulha do soro no braço direito da Sarah e passaram alguma coisa no braço. Outro homem apareceu e disse que era o médico. Dr. Travis.

- Vamos? Temos que colocar esse osso no lugar agora mesmo. – o médico sorriu e eu tive vontade de bater nele. Ele fazia parecer fácil.

Ele segurou o braço da Sarah e num movimento rápido torceu-o. Sarah gritou. Tão alto que eu pude sentir a dor em mim.

- Vocês não deram anestesia. Não é possível. – eu gritei e andei para o lado dela. Segurei sua mão. Ela estava chorando como criança. O médico fez a mesma coisa e Sarah gritou de novo, apertando minha mão. – Vai passar, logo. – eu disse e ela fechou os olhos.

- Acho que devia ter vindo ontem. – Sarah disse baixinho.

- Já acabou Sra. Funke. Só vamos engessar agora. Relaxe. – Dr. Travis sorriu e eu o encarei. Porque ele estava sorrindo? Eu queria socar a cara dele. – Ela vai precisar ficar aqui por hoje. - ele começou a falar enquanto moldava o gesso que estava preparado em uma mesinah de ferro ao lado dele. - Talvez amanhã pela manhã eu a deixe ir. Precisa de uns remédios e repouso. – ele moldou o gesso ao redor do seu braço. Fiquei olhando Sarah que estava de olhos fechados. Franzia a testa vez ou outra, apertando minha mão. – Deem o remédio a ela. - O doutor disse quando terminou. - Volto mais tarde e fazemos outros exames. Descanse Funke. – o médico disse antes de sair da sala. A enfermeira colocou alguma coisa no soro.

- Ela vai dormir um pouco.Não se preocupe. - A enfermeira disse antes de sair da sala.

Olhei para Sarah. Parecia tão fraca e infantil. Passei os dedos em seus cabelos e suspirei.

- Eu não posso mesmo ficar sem você, senhorita Funke.

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Chad e Chloe chegaram um tempo depois. Chloe estava chorando. Eu a acalmei e disse que estava tudo bem. Ficamos os três na sala olhando-a dormir.

- Acho que fomos duros demais com ela. – Chloe disse e eu sorri.

- Está falando como se ela estivesse morta.

- Não fala isso nem de brincadeira. Não posso ficar sem essa maluca. - Chloe sorriu.

Chad encolheu os ombros.

- Já ligou para Matteo? – ele perguntou e eu me lembrei do italiano.

- Droga. Esqueci. – levantei rápido e procurei o celular de Sarah em sua bolsa. Tinha umas trezentas chamadas perdidas e mais duzentas mensagens. Ted, Chloe e Matteo.

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“Oi. Como você está?”

“Estou preocupado. Louis me contou.”

“Pode me ligar? Preciso saber que está bem.”

"Só quero saber como voce está. Não custa nada responder."

“Sarah estou na frente de sua casa, e quase quebrei a porta. Não está em casa ou não quer me ver?”

“ Rossa, me diga que está bem, por favor.”

- O italiano deve tá pirando, cara. – falei e apertei em seu número. Ele atendeu no primeiro toque.

- Sarah?

- Er... Não. É o Taylor.

- Ah...

- A Sarah não pode falar. A gente tá no hospital.

- Hospital? Ela tá muito mal?

- Agora não tanto. Mas estava. Braço quebrado, costas ferrada...

- Onde estão?

- Hospital Mary Saint. – eu disse olhando pra Sarah.

- Estou indo. – ele disse e parecia já estar correndo. Ele desligou antes que eu dissesse mais alguma coisa.

Olhei pra Chloe e Chad que me encaravam.

- Acho que esse italiano gosta mesmo da Sarah.