Blue Sky

Capítulo Três


Capítulo Três

Escrito por G. de Oliveira

Era como se eles quisessem que ela perdesse o controle para então voltar a ser a inútil e fraca de antes, porém Hinata havia aprendido a manter um excelente controle de si mesma e também a engolir algumas coisas e vomitá-las suavemente naqueles velhos hipócritas. O dia não estava começando nem um pouco bem: Naruto tinha simplesmente sumido, nem deixou recado, e logo veio essa perturbação chamada Conselho e ela não teve um único minuto para respirar tranquilamente, e isso não acabaria tão cedo.

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— A senhorita precisa fazer algo! Hyuuga Yuu e Hyuuga Haiden estão mortos e eles lideravam a Bouke. Como a senhorita espera que eles sejam controlados?

— Eu peço que o senhor tome cuidado com suas palavras. — disse ela friamente. — E quero dizer que a Bouke não é nenhuma escória como o senhor está presumindo. Eles são muito bons e cuidam muito bem do nosso clã, portanto não admitirei ofensas mesmo que indiretamente. — todos ficaram em silêncio, apesar da revolta. — O fato de que Yuu-san e Haiden-san morreram não quer dizer que entraremos em uma guerra, até porque eu jamais permitiria. Se o problema é um novo líder para a Bouke, podemos acabar com isso agora mesmo.

— O que quer dizer, senhorita Hyuuga?

— Os senhores têm duas opções: ou todos ganham o selo ou ninguém terá esse selo. O que eu quero dizer é: ou terminamos com essa divisão ou terminamos com a divisão. Os senhores não têm muita escolha.

Hinata estava satisfeita com a própria decisão. Na verdade, ela não precisava dos conselhos daqueles malditos, ela só precisava avisar, porque se não avisasse, eles lhe declarariam como traíra, e ela não queria isso. Ela havia passado tempo demais pensando sobre isso e sabia que era a decisão certa a se tomar. Bom, se ela não fizesse isso, ninguém faria.

— A senhorita tem ideia dos problemas que surgirão se isso acontecer?

— O senhor tem ideia do sofrimento que as pessoas da Bouke possuem? O senhor já parou para pensar na dor delas? — disse, aumentando o tom de voz. — Mas não, o senhor não sabe, não tem ideia de como é doloroso. Essas pessoas precisam de reconhecimento, porque elas são tão fortes quanto qualquer outro ninja.

— Nós não somos apenas ninjas.

— Somos Hyuugas, mas acima de tudo somos ninjas, e é inadmissível que os senhores não possam reconhecer isso. Estou dizendo: a divisão de Bouke e Souke acaba hoje, agora, e eu espero sinceramente que não haja discussões, porque eu não pretendo mudar de ideia. — fez uma pausa, esperando silêncio. — Os senhores se preocupam com a rebelião, mas apenas porque não podem confiar em seu líder e pior que isso: porque não tem alma e coração de um ninja. Com licença.

Ela fez uma breve reverência e saiu da sala de reuniões. Pela primeira vez ela não saiu de lá ouvindo os gritos revoltados dos conselheiros. Talvez eles estivessem atônitos demais para dizer o que sentiam, mas Hinata não sentia peso algum nos ombros. Estava contente pela própria coragem e por conseguir o que sempre almejou na vida.

Suspirou. Estava causando uma grande confusão, mas não podia voltar atrás, e esperava, sinceramente, que eles não recorressem ao Hokage. Ah, sim. Naruto Uzumaki, o lindo cretino que estava dormindo em seu quarto. Era uma loucura xingá-lo daquele jeito, porém ela tinha suas razões. Ele tinha sumido. Na verdade, ele nem tinha saído da vila, ainda estava em Konoha, fazendo-se sabe lá o que, e em nenhum momento eles se viram. Nos últimos dias ficou pensando se tinha feito de algo de errado, mas não conseguiu chegar à conclusão alguma. Talvez ele só estivesse ocupado.

Mas Hinata tinha esse problema, a abstinência de Naruto, a saudade. Seu cheiro, seu beijo, seu abraço, tudo isso fazia falta, e pudera, já que ela passou uma vida inteira almejando por apenas um sorriso que fosse só seu e, de repente, eles estavam dormindo juntos e, de repente, novamente, ele sumia. Não deveria ficar aterrorizada, porém só de pensar que ele poderia ter se esquecido dela, sentia-se à beira da loucura.

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— Você acha mesmo que será alguém? — riu. — Não se iluda, escória, porque você não tem pais, não tem amigos e todos têm nojo de você.

Hinata, ao ouvir aquilo, ficou boquiaberta. Ativou o Byakugan e procurou pelos agressores, e quando os achou, correu para parar com aquilo. A cena não era lhe era estranha, na verdade parecia bem familiar, de um passado nem um pouco distante. Um menino, que não deveria ter mais de seis anos, rodeado por três meninos mais velhos que tinham a maldade estampada nos olhos. Nos olhos Hyuuga.

Ela se aproximou lentamente e foi até o menino caído, acariciou seus curtos cabelos castanhos e, com a maior delicadeza possível, ajudou-o a se levantar. O menino olhava-a atônito, assim como os mais velhos, e ela poderia apostar que eles estavam morrendo de medo.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? — perguntou calmamente.

— Hyuuga-sama... Nós... É...

— Não precisa explicar. Além de possuir o Byakugan, eu tenho uma excelente audição. Eu só me questiono o que lhes faz ter tanta certeza de que ele não será alguém na vida. Só porque não tem pais ou amigos? Ora, pois ele tem, sim.

— Tenho?

— Tem?

— Claro que sim! — sorriu. — Eu sou sua amiga, não sou?

O menino olhava admirado para Hinata. Ela sorria tão belamente que ele nem sabia o que dizer, apenas pôde assentir e deixar que ela resolvesse a situação.

— Então, façam-me o favor de nunca mais dizer algo tão ofensivo assim. Vocês não sabem que é feio rebaixar alguém dessa forma? Vocês devem conhecer, primeiramente, sua própria força para depois julgar a força de outros. Estou dizendo isso como ninja. — disse seriamente. — Vamos.

Hinata pegou na mão do menino, que continuava atônita, e nem ligou para a reverência que os outros meninos fizeram.

— Hyuuga-sama...

Ela parou de andar e ajoelhou-se para ficar da mesma altura do menino.

— Não precisa me chamar assim. Somos amigos, lembra? — sorriu. — Chame-me apenas de Hinata. Como você se chama?

Ele corou.

— Kotarou.

— Kotarou-kun. Diga-me uma coisa. Esses meninos, eles estavam lhe perturbando há quanto tempo?

O menino não respondeu de imediato, mas Hinata soube ser paciente, então aguardou. O menino parecia assustado, amedrontado de que algo pior pudesse acontecer. Ela não sabia o que fazer para passar segurança ao menino.

— Você pode e deve confiar em mim, Kotarou-kun. Sou sua amiga e vou te ajudar.

— Hm. Desde que eu cheguei aqui. — ele murmurou. — Eu não tenho pais. Nem amigos. E as pessoas parecem não gostar de mim, mas está tudo bem. Já me acostumei.

Hinata sentiu sua garganta se apertando, e Kotarou parecia prestes a chorar; seu sorriso triste não lhe convenceu. A morena ficou tão comovida que o abraçou.

— Você não deve deixar que isso aconteça, Kotarou-kun. Não ter pais e nem amigos não é algo que te faz uma má pessoa, é algo que você deve resolver. Você pode ter uma família e amigos, basta se permitir.

— Acho que não entendi.

— É claro que não. — riu. — Mas você não precisa se preocupar mais. Serei sua amiga.

— Arigatou, Hyuuga-sama... Quer dizer, Hinata-chan.

— Hm, bem melhor. — riram. — Você já conhece Konoha?

— Não.

— Então, que tal um passeio? Você vai adorar!

O menino sorriu e Hinata ergueu-se, pronta para guiá-lo pela vila. Preocupou-se com todos os detalhes, porém em vários momentos pegou-se o observando, pensando em como eles eram parecidos: abandonados, considerados fracos e inúteis, e mesmo assim, eram mais fortes do que qualquer um que lhes rebaixasse. Era como olhar para si mesma, a única diferença era que poderia interferir e passar toda sua experiência para frente. Kotarou não era fraco nem inútil, ele era muito forte, só precisava de uma ajuda.

Δ

Depois do passeio divertido que teve com Kotarou, eles voltaram para o clã. Dessa vez Hinata cuidou para que ele ficasse na casa principal, dormindo em um quarto ao lado do seu. Claro que os empregados ficaram boquiabertos e não aceitaram a ideia, porém tiveram de executá-la; ordens da líder. Ela se sentiria mais segura dessa forma, sabendo que poderia salvá-lo se algo acontecesse.

Apesar da diversão, estava cansada, especialmente dessas reuniões e de toda a burocracia, e isso se somando que ela já estava começando a enferrujar. Já tinha perdido a conta de quanto tempo estava sem treinar, e isso era péssimo caso precisasse cuidar de algo fora da vila. Era mais uma coisa para cuidar e só de pensar já se cansava, mas arranjou forças para trocar de roupa.

Quando já estava deitada, não conseguiu dormir. Tinha algo mais que lhe incomodava: Naruto. Ele realmente não tinha aparecido mais, e ela sentia tanta falta. Isso era péssimo, porque sua cama estava vazia e fria sem ele, e essa dependência só lhe faria mais mal ainda. Uma hora ele se cansaria daquela relação idiota.

“... eu não quero viver pensando em como seria se eu estivesse com você. Eu quero ficar com você e o amor... você me ensina.”

Lembrar-se disso lhe deixava confusa, mas ela sempre chegava a uma única conclusão: estava surtando. Naruto não era do tipo que simplesmente sairia, ele comunicaria antes e partiria pela porta da frente e não pela varanda. Acabou rindo do pensamento idiota.

— Senti falta desse sorriso.

Ela virou-se e viu-o se encostado no batente da varanda.

— Quem é vivo sempre aparece. — disse ironicamente.

Naruto franziu o cenho e fechou a varanda, caminhando em direção à cama, logo sentando.

— Preciso ajoelhar e pedir perdão?

— Não seja idiota, Naruto. Aliás, o que você está fazendo aqui?

O loiro estreitou os olhos e, sem que Hinata esperasse, puxou-a para seu colo.

— Você está com raiva.

— Sim, estou.

— E eu não mereço seu perdão.

— Não mesmo!

— Mas você me ama.

— Amo, mas... Ei! — bufou. — Idiota.

Ele riu e beijou-a. Hinata tentou resistir, mas não conseguiu por muito tempo; a abstinência estava lhe corroendo.

— O que houve, Naruto-kun?

— Agora não importa, Hina. Eu só precisava te ver, ouvir sua voz, ficar no seu conforto.

Hinata sorriu e abraçou-o com força. Ficaram assim por alguns instantes antes de deitarem-se. Naruto, em nenhum momento, soltou-se dela. Era como se ele estivesse à beira do abismo e ela fosse sua única salvação.

— Vai ficar tudo bem. — ela murmurou, enquanto acariciava seu rosto.

— Sim, vai.

Δ