Blue Butterflies

Supermax ao ataque


Max convidou os amigos encharcados a entrarem no quarto e rapidamente pegou duas toalhas para eles. Enquanto eles se secavam, ela voltou para a escrivaninha onde estava e começou a digitar rapidamente. Quando Chloe terminou de se secar, lançou a toalha no chão de qualquer jeito e se jogou na cama da amiga. Warren sentou-se no sofá, de frente com a cama e encarou a parede cheia de fotos com uma grande pichação revoltada entre elas. Leu em voz alta:

— "Ninguém mexe comigo, vadia."

— Nathan... — Max virou-se para os amigos — Ele está furioso.

— O que você fez, afinal, Max? Eu quase levei uma surra.

— Bom... eu contei pro diretor uma coisa que ele tinha feito.

— Max! — Chloe levantou-se rapidamente da cama na qual estava esparramada. — Você não...

— É.

— Ei, o quê?! — Warren perguntou um pouco irritado. — Do que estão falando?!

"Será que eu deveria contar?", Max perguntou-se, "Talvez a Chloe não queira...". Max encarou a amiga, que deu sinal de barra limpa. Porém, a própria punk se manifestou:

— O Nathan tentou atirar em mim e a Max me salvou.

— Uau, era ISSO?!

— É... — Max prosseguiu — Mas... tem mais uma coisa que eu preciso dizer. Mas... não sei se vocês vão acreditar.

— Max, você viu aquela neve que caiu agora há pouco?! Estava quase 30°C! E NEVOU! — Chloe surtou. — Nós podemos acreditar em tudo.

— Sim, ainda mais vindo de você... — Warren completou, fazendo Chloe se irritar.

— Bom... — Max começou — Chloe, tira essa toalha do chão!

— Ei! Como você sabe que fui eu e não o nerd aí? — A garota de cabelos castanhos curtos apenas encarou a garota de cabelos azuis com um olhar que arranca qualquer verdade — Ok, ok! Continue! — Chloe pegou a toalha do chão e ficou segurando-a, olhando atenta para Max.

— Eu... eu tive uma visão horrível hoje durante a aula do Sr. Jefferson. Eu vi o farol, e uma tempestade, e... e... um tornado atingindo Arcadia Bay!

— Como sabe que não foi só um sonho? — A garota punk indagou.

— Era muito real! Eu sentia a eletricidade no ar! Mas... mas não foi só isso. Quando eu voltei à realidade e a aula acabou, eu fui no banheiro e uma borboleta azul apareceu. Eu fui tirar uma foto dela para o concurso Heróis Cotidianos e de repente o Nathan entrou no banheiro conversando sozinho. Ele parecia irritado.

— Já sei o que vai acontecer — Chloe falou com uma risada.

— Shiu! — Warren falou, entretido com a história.

— Logo em seguida, a Chloe entrou no banheiro... e... e... e o Nathan atirou nela!

Chloe levantou-se bruscamente da cama e gritou:

— O quê?! Você tá louca, Max?! Eu estou bem aqui! Para de inventar história!

— Chloe, deixa a Max continuar!

— Nesse momento, eu fechei os olhos e quando abri... estava na aula do Sr. Jefferson!

— Tá de brincadeira, né?! Não sabia que você também usava drogas, Max!

— Eu repeti tudo que tinha feito nos mínimos detalhes e quando cheguei no banheiro, o Nathan apareceu de novo. Eu peguei um martelo e ativei o alarme de incêndio.

Chloe caiu na risada, enquanto Warren olhava boquiaberto para Max.

— Você voltou no tempo pra me salvar?! HAHA! Conta outra, Max Caulfield! Vai dizer que pode voltar no tempo por meio de fotos também?! HAHA!

— Chloe! Isso é sério!

— Chloe... o tornado... a mensagem no banheiro... — Warren se levantou e segurou a punk pelos braços, chacoalhando-a em desespero. — Você não entende?! Tudo isso... tudo isso tá relacionado! Tem que estar! A Max está formulando a Teoria do Caos na vida real!

Chloe transformou sua feição em um semblante sério. Ela parou para pensar nos fatos, na neve, no banheiro, na arma. Caiu na cama, sentada, colocou os cotovelos sobre os joelhos e apoiou a cabeça sobre as mãos, olhando para o horizonte, muda.

— Max... — Warren colocou as mãos sobre os ombros da amiga — Eu acredito em você. Eu juro.

Max abraçou o nerd, com força e agradeceu. A garota começou a chorar.

— O que... o que eu faço, Warren?!

— Tudo vai dar certo, Max, não se preocupe. — Warren retribuiu o abraço, de maneira genuína, sem segundas intenções — Você tem a mim... A nós. Juntos, nós três seremos invencíveis.

Chloe se levantou de repente e juntou-se aos dois.

— É... Vamos tomar conta dessa cidade... Pela Rachel.

— Pelo passado... — Max disse.

— Por Arcadia Bay. — Warren terminou.

No dia seguinte, Max acordou com o despertador e olhou para o lado. Chloe estava ali, deitada no sofá, dormindo desajeitada.

— Bom dia, "punk"! — Max falou com um sorriso no rosto, fazendo a garota de cabelos azuis abrir os olhos lentamente.

— Dia. — Chloe disse, ainda acordando.

— Vou tomar banho. Acho bom você ir embora logo. Não quer que descubram que você dormiu aqui, né?

— É, acho que n... — Chloe espirrou — Oh, droga. Resfriado.

— Isso que dá passear com nerds na neve no meio da noite e dormir com a roupa molhada.

— Hummmm, tá com ciúmes, Madmax?

— De quem eu teria ciúme?

— De mim, é claro! — Chloe segurou a amiga e esfregou o punho no cabelo da garota, fazendo-a rir e ao mesmo tempo gemer de dor.

— Ei! Bom, vou indo, senhorita. — A garota pegou seus pertences para o banho e foi em direção à porta — Acho bom você arrumar suas coisas e sumir logo.

— Ok, ok! — Chloe ergueu levemente as mãos, em algum tipo de rendição. — Até depois, Hipster!

— Hipster?

— Claro. Se eu sou "punk" e o Warren é "nerd", você é a hipster! Belo trio.

— Olha só, aprendeu o nome dele? — Max perguntou sarcasticamente e saiu em direção ao banheiro do dormitório.

Ao chegarem na porta do banheiro, se separaram. Chloe seguiu reto em direção à saída do dormitório e Max entrou pela porta. Cumprimentou Kate Marsh, que estava com os olhos vermelhos e rosto abatido.

—Oi, Kate... está melhor?

— Melhor...?

— Sim, pelo que o segurança fez com você ontem!

— Ah... sim... Muito obrigada por ter me defendido dele, Max... Só o Senhor sabe como eu tenho me sentido ultimamente — Disse as últimas palavras levando as mãos ao terço no pescoço.

— Se precisar de mim, Kate, é só me chamar. Eu vou te ajudar com o que precisar. Prometo. — Ao terminar de dizer essas palavras, Max entrou em uma das cabines, despiu-se e pôs-se a tomar banho. De repente, ouviu pessoas entrando.

— Olha só, mas vejam se não é a Kate Marsh! Coitadinha! Está com os olhos vermelhos! Será que é de tanto chorar... Ou é de tanto fumar maconha em festas por aí? Acho que ela não é tão santinha como finge.

"O quê? Do que essas garotas estão falando?!" Max perguntou-se enquanto escutava a conversa ameaçadora.

— É mesmo. — Uma voz feminina pôs-se a rir dos dizeres da outra voz. Eram Victoria e Taylor, com certeza.

Kate não respondeu nada, apenas abaixou a cabeça e saiu rapidamente do local.

— Acho que a escola vai gostar de ver o vídeo! Isto é, aqueles que ainda não viram! — Victoria e sua amiga continuaram rindo, e ela começou a escrever de batom no espelho do banheiro.

Após isso, as duas garotas finalmente saíram do lugar.

"Vídeo...? A Kate...?", Max encheu-se de pensamentos e perguntas que não conseguia responder. Saindo do banho, olhou para a URL rabiscada no vidro. Sem pensar duas vezes, passou a mão sobre o amontoado de letras cor de rosa, apagando-as. "Seja lá o que aconteceu, tenho certeza que ninguém deveria ver. Preciso falar com a Kate. Então... ela não estava mal por causa do segurança!"

Max saiu, então, do banheiro e foi até o quarto de Kate para conversar com ela. A garota estava sentada em frente à escrivaninha, debruçada e cabisbaixa. A amiga observou o quarto e percebeu o quanto estava diferente do de costume. O local estava escuro, um pouco bagunçado, cheio de papéis pelo chão, desenhos assustadores. O espelho, coberto.

— Katie...

— Oi, Max... — Kate virou o rosto para a amiga hipster, que se assustou com a situação deplorável.

— Você... você tá bem?

— Eu pareço bem, Max? Eu estou péssima... Você viu o que fizeram comigo?!

— Kate... tá tudo bem. Eu confio em você. Sei que você foi drogada. Aquilo foi tudo obra do Nathan! Nós vamos pegá-lo!

— Obrigada por confiar em mim, Max... parece que você é a única...

— Eu sempre vou confiar em você, Katie. Prometo.

— Eu não sei como agradecer, Max...

As garotas se despediram e Max voltou ao seu quarto para trocar de roupa. Colocou uma camiseta acinzentada e uma blusa rosa claro. Repentinamente, seu celular vibrou. Era uma mensagem de texto do Warren:

"Two Wales hoje de novo? ;) A Chloe tá esperando."

Max saiu do quarto desceu as escadas para fora do dormitório, em direção ao amigo nerd, que a esperava no portão. Eles começaram a falar sobre o filme enquanto iam em direção à saída do colégio.

— Então... como foi o filme?

— Bom, a gente não assistiu inteiro.

— Muito chato? — Max riu.

— Hum... — Warren corou ao se lembrar do motivo que o fizera sair do drive-in — Pode-se dizer que sim. Por que não foi com a gente? — Max pensou por um tempo.

— Minha imitação de tosse não foi muito convincente, né?

— Nem um pouco, Max Caulfield.

— É que... bom... eu não estava muito afim de ver aquele filme.

— Ah... A gente podia ter escolhido outro. Ou ido outro dia.

— Não se preocupe... nerd. — Max sorriu para o amigo, que sorriu de volta para ela.

Quando os dois chegaram na calçada de fora da escola, avistaram a caminhonete barulhenta de Chloe se aproximando. A garota buzinou e abriu a porta para os amigos, que entraram na mesma ordem do dia anterior: Max no meio e Warren na janela.

— Hoje vai ser dia de testar seus tais poderes, hein, Supermax?

— Isso vai ser demais! — Warren se empolgou com a ideia.

— Acho que eu não deveria abusar deles... — Max estava apreensiva, mas acabou aceitando a ideia, afinal, poderia ser divertido.

Os três chegaram ao restaurante e foram recebidos prontamente por Joyce, assim como no dia anterior.

— Ora, mas vejam se não é o trio invencível? — Disse com um sorriso caloroso. — O que vão querer dessa vez?

— O mesmo de ontem, por favor! — Max foi a primeira a se manifestar.

— Pra mim também! — Warren completou. — Dessa vez, acho que não vou dividir o prato com a Chloe. — riu.

— Haha, muito engraçado, nerd. — Chloe cruzou os braços. — Quero ovos com bacon, pra ser diferente.

— Não precisa de muita coisa pra ser diferente. — Max retrucou após olhar a amiga de cima a baixo, fazendo Warren rir.

Os três sentaram-se, então. Max no último banco, e Chloe e Warren de frente para ela, Chloe do lado da janela. Enquanto esperavam os pratos, Chloe deu início aos desafios:

— Vamos lá, SuperMax. Você vai dizer o que tem no meu bolso. — Chloe cruzou os braços e esperou a resposta.

— Er... vocês precisam mostrar primeiro. Eu volto no tempo, não tenho visão raio-x.

— Ok. — Chloe disse, retirando algumas coisas do bolso.

Max observou bem: A chave do carro, um maço de cigarro e uma multa. Em seguida, Max voltou no tempo.

— Vamos lá, SuperMax. Você vai dizer o que tem no meu bolso. — Chloe cruzou os braços e esperou a resposta.

— Você tem... a chave do carro.

— Oh, que engraçado. Meio óbvio isso, não? Qual é o chaveiro?

— Uma... caveira?

— Haha. Belos poderes você tem. Veja o que eu realmente tenho no bolso.

Chloe mostrou novamente: A chave do carro, com um chaveiro de urso panda, um maço de cigarro e uma multa.

"Bom... acho melhor eu prestar atenção em todos os itens nos mínimos detalhes. O maço de cigarro tem 7 cigarros. A multa foi dada ontem, às 10:34 da manhã, por estacionar em duas vagas ao mesmo tempo." Após este pensamento, Max voltou novamente no tempo.

— Vamos lá, SuperMax. Você vai dizer o que tem no meu bolso. — Chloe cruzou os braços e esperou a resposta.

— Você tem... a chave do carro.

— Oh, que engraçado. Meio óbvio isso, não? Qual é o chaveiro?

— Um urso panda! E você também tem um maço de cigarros com 7 cigarros e uma multa de ontem, às 10:34 por estacionar errado. Aliás, eu vi seu carro estacionado. E essa multa foi merecida!

Chloe tirou os objetos do bolso e se assustou. Estava tudo correto.

— Mas... mas... isso não me surpreende muito! Adivinhe agora o que tem nos bolsos do Warren.

Warren tirou do bolso esquerdo da calça um fone de ouvido branco todo enrolado e do bolso direito, dois papéis de bala, uma de menta e a outra de cereja. Havia também oito moedas, três de 50 centavos, três de 25 e duas de 10.

"Ok, Maximus... Vamos lá!" Max pensou e em seguida rebobinou.

Chloe tirou os objetos do bolso e se assustou. Estava tudo correto.

— Mas... mas... isso não me surpreende muito! Adivinhe agora o que tem nos bolsos do Warren.

— No bolso esquerdo, tem um fone de ouvido branco. No outro bolso tem dois papéis de bala e 2,45 dólares em moedas.

Warren tirou os objetos dos bolsos e contou as moedas: Na mosca. O nerd e a punk se entreolharam assustados e Chloe finalmente deu o último teste:

— Max... não ouse não rebobinar isso.

De repente, Chloe colocou as mãos no rosto do amigo ao seu lado e deu um beijo sorrateiro e rápido no garoto. Max e Warren olharam para a garota com os olhos arregalados e boquiabertos. Rapidamente, Max voltou no tempo. Ela instantaneamente ergueu-se da cadeira e apontou para Chloe horrorizada:

— Você vai beijar o Warren?!