Blue

A Tragédia


Exatos três meses após o aniversário de Josh, na noite do dia 7 de fevereiro do ano de 2002, Jane estava no hospital trabalhando muito. A mulher estava surpresa, pois nunca tinha visto o hospital tão cheio como naquele dia. Por esse motivo ela acabou cometendo o fatal erro de não checar seu celular. Algumas horas depois a mulher viu a pior cena de sua vida, entrando pela porta da frente do hospital Jane viu John, em uma maca e já entubado. Seu chão sumiu naquele momento.

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Já chorando ela correu até os médicos que estavam com seu marido e perguntou o que havia acontecido. Eles contaram a ela que seu marido teve um ataque cardíaco e sua morte era praticamente certa.

Horas antes naquela triste noite John estava responsável por cuidar de seu filho como na maioria das vezes, porem pouco tempo depois de sua mulher partir para o turno noturno, o homem começou a se sentir mal, mas não demonstrou ao seu filho. Desesperado começou a ligar e mandar mensagens de texto para sua esposa descrevendo os sintomas que estava sentindo. Sem receber uma resposta rápida John não aguentou e desmaiou.

Josh estava em seu quarto, em seu próprio mundo como de costume, ouvindo suas amadas fitas e dançando alegremente. Até que trinta minutos depois, após deligar o som por um instante o garoto notou o silêncio vindo do resto de sua casa e decidiu averiguar. Após entrar no escritório de seu pai ele viu a triste imagem da pessoa mais importante pare ele desmaiada e totalmente pálida no chão, apesar do desespero, ao ver a agonia de seu pai, ele sabia que tinha que fazer algo. Josh tão rápido quanto um carro, correu até sua vizinha e contou o que havia ocorrido assim então conseguindo ajuda, mas aparentemente já era tarde demais e o já sozinho Josh assistiu o fim de uma parte muito importante de sua vida.

Jane destruída após receber a noticia do óbito de seu marido, foi ao seu armário pegar suas coisas para voltar para casa e cuidar de seu filho, ao ver aquele celular ela sentiu o peso da morte de seu eterno amor em suas mãos.

Cinco anos se passaram e a vida sempre continua porem nem sempre da maneira que queremos, às vezes ela apenas nos atropela. Não foi diferente com os Henmstein, especialmente para Jane, que após o trágico dia, além do seu sentimento eterno de culpa, tinha se tornado a única responsável por Josh, um menino que apesar de ser seu filho ela praticamente não o conhecia. O garoto agora já era um pré-adolescente, aos seus quase quatorze anos de idade estava prestes a iniciar seus estudos no high school. Apesar de ser um momento desejado por muitos em sua idade, com ele era o oposto, o menino já sabia que nessa fase os amigos acabavam se tornando muito importantes e o solitário Josh que já havia perdido o seu pai, não tinha nenhuma esperança em ser notado por alguém.

Ele também sabia que normalmente durante o high school a vida amorosa se inicia, afinal foi assim com seus pais, mas ele se sentia estranho por não ter se sentir atraído por ninguém até agora. Josh jogava a culpa disto em sua falta de confiança em relação à própria aparência. Durante esses cinco anos Josh cresceu, e muito, já estava perto dos um metro e oitenta centímetros de altura mesmo sem nem ter completado quatorze anos ainda. Ele era desajeitado e tinha cabelos negros e olhos escuros, sua única habilidade era dançar, um hábito que se tornou mais frequente após sua perca. Ele sempre escutava as fitas, que já eram velhas para época, para lembrar-se de seu falecido pai e junto a música dançava e tentava sentir a ilusão da presença do seu pai.

Sua mãe durante esses cinco anos se tornou uma pessoa depressiva, parecia que seu marido tinha levado a alma de sua esposa junto a ele. Apesar do grande trauma, a mulher voltou a trabalhar rápido por conta de seu filho, todos no hospital notavam o quão mal Jane estava, sua rotina tinha se tornado uma tortura. Todos os dias rever o local em que seu amor morreu. Sempre que ela chegava em casa mandava a babá de Josh para casa e se trancava no escritório de seu marido para chorar durante horas deixando Josh cada vez mais sozinho e dependente de seu mundo inventado da dança.

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Essa rotina seguiu durante um ano inteiro, até que aos poucos Jane aparentemente começou a melhorar aos poucos. Certo dia tentou conversar com seu filho para descobrir como ele se sentia. Ao entrar no quarto de seu filho ela logo notou a paixão dele pela música clássica, o quarto era totalmente organizado e todas as fitas que o pai havia dado estavam em perfeito estado. A mãe notou que as mobilhas estavam posicionadas de uma maneira que um grande espaço ficava vago, ela achou estranho então chamou seu filho:

—Josh! Podemos conversar?

—É Claro! – Respondeu o surpreso menino.

—Esse ano foi muito duro com nós dois, eu queria saber como você está se sentido após tudo isso.

Achando que eram apenas perguntas vagas como as feitas normalmente Josh respondeu:

—Sim, estou!

Ele esperava que ela virasse e fosse embora como sempre, porem para surpresa de Josh dessa vez Jane estava realmente interessada em seu filho e continuo a conversa:

—O seu quarto é organizado igual ao do seu pai!

—Sempre gostei da maneira que ele organizava a casa-Sorria o garoto.

—Por que seus moveis estão deste jeito?

Josh notando o sincero interesse de sua mãe decidiu se abrir para ela:

—Ah este espaço... eu sempre gostei de dançar enquanto o pai trabalhava, depois que ele se foi isso se tornou meu mundo.

—Então você gosta de dançar? Que tal levar isso mais a serio?

—Como assim? - Respondeu Josh ainda mais surpreso.

—Fazer aulas em uma escola de verdade!

Muito feliz ele respondeu imediatamente:

—Sim!

E depois de um ano completo de tristeza finalmente ambos sorriram novamente. No dia seguinte Jane saiu com seu filho e o matriculou em uma escola de balé próximo a sua casa. Aos poucos a rotina de Josh foi mudando, agora o garoto tinha algo em sua vida para deixá-lo ansioso. Todos os dias em que ele ia para sua aula de balé ele ficava irradiante, o mundo que ele havia criado agora era real. Durante suas aulas ele se esforçava ao máximo e o menino de 10 anos na época, começou a evoluir rapidamente na dança, ele conheceu pessoas novas, porem eram apenas colegas durante o período das aulas, mas para Josh a solidão não importava mais, a única coisa que ele precisava era dançar.