O cheiro forte de ferrugem. Eu comecei a passar mal, mas consegui me manter consciente.

Aos poucos, Bill foi voltando a si. Eu mal pude conter minha felicidade, tanto que quando ele abriu os olhos, eu me joguei em cima dele, apertando forte seu torax.

-- Ai, Amy -- ele gemeu, mas retribuiu como pode meu abraço -- Tudo bem, eu estou bem...

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Ouvi Tom suspirar e murmurar baixo.

-- Ah, que bom! -- eu me afastei dele e sorri. Bill estava mais pálido e segurava a mão do Tom.

-- Não foi dessa fez que você se livrou da peste do seu irmão mais novo...-- ele brincou e ganhou um cascudo do Tom. Deve ter doído, a níveis humanos eu quero dizer.

Eu me levantei e tentei procurar por Gustav e os outros. Mas eles já tinham ido embora. A imagem de Gustav quando eu, de certa forma, parei a van, ainda me assombrava.

-- Amy, você precisa de roupas novas... -- Bill me censurou. Ele estava certo, eu usava uma camiseta surrada do Iron Maiden e calças jeans desbotadas -- Eu posso te levar na Bendel\'s e...

-- Com esso rombo no peito? Claro, eu tenho certeza que eles tem modelos especiais para você... -- e não era só ele. Minha mão ainda ardia, mesmo com o sangue coagulado.

-- Hm, tudo bem. Precisamos voltar pra casa... -- ele sorriu para o irmão e ele e Brendon o ajudaram a se levantar. Ryan também veio me servir de apoio, já que eu tinha ficado um pouco tonta depois de perder tanto sangue.

Ryan fez uma simples ligação e em minutos um Fusion preto apareceu na estrada.

-- Alguém chamou um taxi? -- a cabeleira loira do Gerard apareceu na janela. Era a única luz que vinha de dentro do carro, naquele começo de noite.

Nós entramos no carro, mas Bill teve que sentar no colo do Tom. Aquilo foi tão estranho de se ver, tipo, eles eram irmãos e o Bill parecia à vontade demais. Ai ai.

-- Amy, você está bem? Parece que te abandonaram no Central Park e te deram de comida para os pombos... -- ele zombou.

-- Muito obrigada pelo elogio, Gerard! Se queriam me ver melhor, por que demoraram tanto para me buscar?

Silêncio total. Ninguém se atraveu a responder e eu emburrei. Mas que merda, tudo sempre tinha que ser aprovado pelo Mikey para que eu pudesse ficar sabendo.

-- Sabe Amy, eu estou me cansando de esconder as coisas de você...O Mikey sumiu, como sempre, sem nem se importar em dizer para onde ia...E temos que acatar com as decisões dele?

-- Bill...-- Tom censurou. Eu me virei para o banco de trás.

-- O que você sabe, Bill? -- perguntei.

-- O Mikey estava com ciúmes. Os Slayers cuidaram de você muito bem nesses dias. Além disso, você estava felizando com o Gustav na floresta, fazendo Deus...Ou melhor, o Diabo sabe o que. Foi a gota para ele. Mikey nos fez vir atrás de você.

-- Ele estava um porre esses dias, de verdade -- Gerard apertou o volante e acelerou. Okay, entendi o quão porre.

-- Pera aê, felizando na floresta? -- eu interrompi -- Eu estava treinando...Apredendo a lidar com o trio do Frank...

-- Você quer dizer caçar vampiros? Amy, o quanto você nos odiou esses dias? -- Ryan reteve uma risada, depois que Brendon deu uma cotovelada nas costelas dele.

-- O bastante. Eu sou o sacrifício deles, ao que parece. Chega até ser engraçado, porque desse lado tem o Mikey. Né?

-- Você não é o sacrifício -- Gerard estava convicto. Demorou alguns instantes para ele se explicar -- Era a Lindsey. E de forma alguma ela conseguiu passar isso para você.

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Eu me encolhi no banco de couro.

O que Lindsey achava disso tudo? Será que ela se sentiu usada pelo Gerard? Assim como eu?

Afinal, por que mais Mikey se apaixonaria por mim?

Para se livrar, talvez.

[...]

O novo lar dos vampiros era reamente chocante.

Uma mansão. Tinha um quê de século 18, com todas aquelas janelas sóbrias e a madeira velha. Mas estava limpa e modernizada. Quer dizer, Punto, PT Cruiser e algumas motos na garagem? Fora o interior?

Ryan me levou até o meu quarto e me garantiu privacidade por meia hora. Ou seja, eu podeira tomar banho sem que eles soubessem. O que era realmente bom.

Depois de vestir um roupão, eu fui me encontrar com o Bill. Tinha que fazer um curativo nele, e ele em mim. Só nós tinhamos uma certa intimidade para tanto.

-- Ai, ai -- ele gemia, enquanto eu costurava a pele dele -- Amy, eu me regenero mais rápido que os humanos...

-- Eu sei Bill! Agora para de se mexer, porra! -- era a centésima vez que ele reclamava. Mas como eu poderia colocar as ataduras naquele buraco? Era muito nojento -- Espera algumas horas e depois tira, que saco!

Ele ficou calado, no fim. E quando eu terminei, só faltava ele sair dando pulinhos de alegria.

Balancei a cabeça e estendi minha mão. Na verdade, era a única parte machucada que não doía. Eu estava com os braços cobertos de hematomas e uma leve enxaqueca.

-- Então, você não está com raiva de mim? -- eu indaguei.

-- Por que estaria? -- eu apontei para as ataduras no seu peito alvo -- Ah, isso? Não mesmo. Não foi você que atirou...

-- Mas eu estava com eles! -- eu o interrompi bruscamente.

-- E daí? Amy, você estava confusa. Eu entendo isso -- decidi não contestar mais. O Bill realmente não me culpava, por mais que eu quisesse me sentir assim -- Vamos ter que esperar até amanhã para fazer as compras...

-- Por que diabos? -- eu não queria ficar de roupão a noite toda, não mesmo.

-- Gerard pediu. Ele está crentes que o Mikey dá as caras ainda esta noite -- ouvir o nome dele me fez arrepiar. Eu ainda não sabia como iria reagir quando o encontrasse de novo. Se o encontrasse.

Ele terminou o curativo mais rápido do que eu, claro. E logo estava serelepe pelos corredores da mansão.

Eu saí da pequena sala que, era maior que meu antigo quarto no apartamento. Eu ainda precisava de roupas, mas não iria me atrever a pegar algumas do Mikey de novo.

-- Que indecência... -- eu o ouvi murmurar. Ele estava ali. Me virei e encarei o corredor escuro. E dessa escuridão, ele saiu. Lindo como sempre.

-- Vai pro inferno! -- eu pretendia sair pisando forte, mas não pude me mover.

Ele deu uma risadinha baixa.

-- Não se preocupe, eu já tenho uma vaga garantida.

Eu não retruquei.

-- O que você quer? -- cruzei os braços e fingi que aquele gesto não tinha doído pra cacete.

-- Preciso falar com você. E à sós. Sinto muito, Bill e Ryan -- ele murmurou para uma das portas e os dois resmungaram. Corei. Eles estavam escutando.

Mikey estendeu a mão.

Por que aquela cena me apavorava?

Eu a segurei.