Havia dezenas de borboletas no meu estômago. Não era para eu ficar nervosa, era só um baile de escola qualquer. Meus amigos estariam lá, meu namorado. Eu tinha que repetir isso em minha cabeça toda hora. O cara que implicava comigo desde que eu havia chegado na escola, o cara que estava mais para um animal que um humano, agora era meu namorado. E eu ainda não entendia direito como isso aconteceu.

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As meninas e eu nos reunimos na casa de Jessica para nos arrumarmos. Teria tudo sido uma loucura se Alice não tivesse aparecido por lá. Minha cunhada. Era engraçado ficar perto dela agora, sabendo o que ela era, porque de alguma forma aquilo não combinava com ela. Delicada demais para o papel.

— Bella, fiquei tão feliz de saber que vocês estão namorando! — Alice disse, cumprimentando-me com um abraço, e completou sussurrando. — Fico feliz também por você saber do nosso segredo.

Pelo resto da tarde viramos bonecas nas mãos dela. Alice trouxe uma mala cheia de maquiagens e cuidou de todo mundo. Claro, ninguém chegou aos pés dela, mas todas estavam lindas. Eu mesma não me reconheci no espelho.

Mais tarde, Edward e eu chegamos ao ginásio para o baile. Depois de tudo o que havia acontecido nos últimos dias o baile parecia ser normal demais, como se eu esperasse algo extraordinário acontecer.

— Você vai aparecer na foto? — perguntei a ele enquanto o fotógrafo tirava foto de nós dois na entrada.

— Claro que vou. Sou bonito demais para não aparecer em fotos.

— Convencido.

— Não, sou realista.

Nós entramos no ginásio e eu me surpreendi com o cenário: havia arcos de balões e guirlandas de papel crepom retorcido por todos os lados. Todos capricharam tanto no figurino que esperei bem mais da arrumação. No centro vários casais dançavam e Edward não demorou muito para nos transformar em um desses casais.

— Sabe o que é engraçado? — perguntei. — Você mudou completamente de personalidade depois que eu descobri... Você sabe.

— Mudei, foi? — Ele levantou uma sobrancelha.

— É, você era bem mais esquisito, mais... não sei nem qual palavra usar. Quando você me salvou, por exemplo, ficou um bom tempo sem falar comigo. Aquilo foi estranho.

— Aquilo não foi minha culpa. — Ele me girou e voltou a me segurar contra seu corpo, dançando ao ritmo da música. — Vampiros só vivem sob uma regra: manter sigilo sobre nossa natureza. Se o alimento conhece seu predador vai aprender a se defender. — Minha pele se arrepiou como sempre acontecia quando ele se referia a humanos como alimento. — Carlisle insistiu para que eu me afastasse, insistiu para que eu parecesse o mais normal possível e observasse o que você faria a seguir.

— Alice continuou falando comigo normalmente.

— Não foi Alice quem quase estragou tudo. Eu não estava em posição de discutir, decidi viver sob as regras dele quando me mudei para cá. — Aquilo despertou o meu lado curioso. Pensava que ele sempre tivesse morado com os Cullen, mas a maneira como ele falou deu a entender o contrário.

— E o que fez você mudar de decisão?

— Você não abriu o bico para ninguém. Além disso — Ele me puxou para perto, olhando o fundo dos meus olhos. — é uma criatura interessante, senhorita Swan.

— Então o Edward realmente encontrou um novo brinquedinho? — Soltei-me depressa dos braços dele para encontrar uma loira escultural em um vestido cor de sangue perfeito. Rosalie.

— Prazer em te conhecer também — provoquei, apesar de ter ficado louca para saber o que quis dizer com brinquedinho, se era tão ruim quanto o que eu estava pensando.

— Se eu fosse você, me afastaria enquanto há tempo — disse, indiferente a minha provocação. — Edward costuma deixar apenas os cacos para trás. Quando deixa.

Edward soltou um rosnado, mas ela apenas saiu, deixando um perfume de rosas para trás.

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— Eu sei que vou me arrepender disso, mas... o que ela quis dizer?

— Que as mulheres se apaixonam pelo cara errado e depois não aguentam serem deixadas. Mas olhe para mim, quem não se apaixonaria? — Mentiroso. Dei um tapa de leve em seu braço, fingindo ignorar. Ia arrancar a verdade de Alice depois.

Ele voltou a dançar comigo como se nada houvesse acontecido. Resolvi fazer o mesmo.

— Voltando ao assunto de antes, por que naquele primeiro dia de aula você parecia furioso comigo?

— Não estava furioso com você, mas sim comigo. Não sei se já te contei isso, uma das coisas que a torna interessante é o seu cheiro. Já percorri o mundo e nunca senti um cheiro como o seu. Aquilo me enlouqueceu, despertou a minha sede. Juntando isso ao fato de que não podia ler sua mente... Quase a ataquei naquele laboratório. — Meu coração batia cada vez mais rápido conforme ele falava, conforme ele descrevia seu instinto assassino como quem descreve uma obra de arte. — Aquele cheiro bem ao meu lado, ouvir seu coração bombear seu sangue por suas veias. Aquilo quase me matou. A única coisa que me impediu foram os outros alunos. Se eu tivesse exposto o que sou para todas aquelas pessoas provavelmente seria morto logo em seguida. Então sumi por alguns dias, esfriar a cabeça.

— E por... por... onde esteve? — “Ele salvou sua vida, Bella”, repeti em minha mente, “ele não é mais uma ameaça”.

— Fui visitar minha doadora. — Ele deve ter percebido meu estado, pois acrescentou. — Vem, vamos pegar algo para beber.

Nós fomos até o bar e Edward pediu por duas doses de Blood Mary. Imagino que ele estava tentando ser engraçado.

— Posso ver a identidade de vocês? — Edward se aproximou do barman e o encarou.

— Você não precisa da nossa identidade — falou calmamente.

— Eu não preciso da identidade — repetiu como se estivesse em um transe. Serviu as bebidas e acrescentou, como se nada tivesse acontecido — Essas são por conta da casa.

— Obrigado. — Ele me entregou uma das taças na maior tranquilidade e me levou até o lado de fora, onde estava mais vazio.

— O que foi aquilo?

— Aquilo? — Fez cara de desentendido. — Ah, sim, não te disse? Vampiros podem controlar a mente humana. Truque de principiante se quer saber.

— Isso não é justo, você já pode ler a mente alheia!

— É, acho que tem razão. Mas se a vida não é justa, por que a pós vida deveria ser?

— Você já usou esse... truque, comigo? — perguntei com medo da resposta.

— Nah! Eu não consigo entrar na sua mente, lembra? De alguma maneira está protegida dessa vantagem nossa. — Ele colocou meu cabelo atrás da minha orelha. — Sei que sou um homem muito interessante, mas cansei de responder perguntas. Sua vez de falar. Conte algo realmente interessante sobre você.

— Hum... Meu nome do meio é Marie, sou virginiana, minha cor preferida é lilás, “lilás pôr do sol” lilás. Amo ler, não tenho um gênero preferido, desenhar é uma ótima forma de liberar o estresse, e geralmente não acredito nas coisas a menos que tenha visto com meus próprios olhos.

— Nossa. Agora você provou que é mais interessante que as vampiras com quem namorei — falou com expressão de sarcasmo. — Eu pedi coisas realmente interessantes. Conte algo que poucas pessoas sabem.

Havia várias coisas sobre mim que poucos conheciam, eu poderia ficar falando sobre cada uma delas durante horas. Ainda assim, a única coisa que parou em minha mente foi aquela noite. Eu poderia falar sobre aquilo? Eu conseguia reviver aquilo?

— Eu quero te contar. Quero mesmo. Mas não consigo, não agora. Eu prometo que, quando estiver pronta, te conto tudo nos mínimos detalhes. — Ele olhou para mim com um misto de curiosidade e preocupação. — Essa noite vamos apenas esquecer nossos problemas, por favor.

— Tudo bem então.

Edward segurou meu rosto e encostou os lábios nos meus para um beijo quente. Aquela era a primeira vez que nos beijávamos de verdade. Eu perdi o fôlego rapidamente.

Ele tinha uma ótima maneira de esquecer os problemas.