O corpo de Rachel foi tirado de cima do de Finn, e mãos ásperas puxaram os braços dele para fora da proteção da mesa. Antes que Finn pudesse reagir, um punho grande acertou em cheio os seus lábios, fazendo com que o sangue vermelho caísse por seu queixo. Mas ele não sentiu dor. De alguma forma, o seu corpo a bloqueou quando ouviu os gritos que Rachel emitiu no momento em que dois braços grandes a seguraram sem delicadeza.

- Rachel! – ele berrou, como pôde.

Ele não sabia de onde havia surgido aquele instinto de proteção. Mas de repente, a sua mente estava vazia de compreensão ou dó, e ele torceu uma das mãos que seguravam sua blusa preta, fazendo com que os dedos do brutamontes se quebrassem. Ele urrou de dor e saiu de cima de Finn, que rapidamente se dirigiu até o homem que segurava uma Rachel assustada em seus braços.

- Parece que essa aqui é sua Kriptonita, Super Homem. – disse o homem de cabelos pretos, curtos, rindo com crueldade ao puxar o rabo de cavalo de Rachel, fazendo com que sua cabeça fosse levada para trás com força. Ela mordeu os lábios, tentando se mover.

A verdade é que fora pega de surpresa. Não estava preparada para isso e o homem tinha boas técnicas de imobilização. Para completar o cenário caótico, o enjôo em seu estomago ainda dava sinais de vida, deixando-a enfraquecida e um pouco tonta.

Mas quando o segundo homem apareceu e agarrou o corpo de Finn por trás, tudo pareceu desaparecer. Rachel buscou forças em lugares que nem sabia que existiam, e conseguiu acertar o homem atrás de si com um chute certeiro, que o fez afrouxar os braços ao redor dela. Vendo nisso uma oportunidade, a mulher soltou-se dele e com um giro elevado, acertou um dos pés em seu rosto.

O homem estava surpreso. Aquela era uma mulher pequena e ele não imaginava que ela pudesse ser dessa forma.

- Vadia... – ele disse, segurando um dos braços dela e o puxando para trás. A morena gritou, fechando os olhos, mas quando os abriu novamente eles estavam repletos de fúria.

Enjoada, preocupada, imobilizada e surpresa. Sim, ela estava dessa forma. Mas ela era Rachel Berry e um Berry nunca se permitia fraquejar.

Com o braço livre, Rachel alcançou o ombro do homem e apertou o nervo com força extrema. Ele soltou um berro de dor e largou Rachel. Aproveitando-se de seu momento de fraqueza, Rachel deu um chute em sua perna, fazendo-o cair momentaneamente.

Ela se virou na direção de Finn, vendo-o ser prensado na parede pelo segundo homem. Imediatamente, gelou. As costelas de Finn ainda não estavam totalmente regeneradas, e se alguma parte afiada perfurasse seus pulmões... Ela olhou rapidamente ao redor. Tinha que pensar rápido. O homem que derrubara provavelmente não ficaria imobilizado por muito tempo.

Rachel avistou a tampa da mesa, e a tomou nas mãos. Era um objeto pesado, apesar de tudo, e ela teve um pouco de dificuldade de levanta-lo. Quando conseguiu, aproximou-se do homem alto que chutava o estomago de Finn e com um golpe forte o acertou com uma pancada na cabeça. Ele soltou Finn, que caiu no chão, e voltou-se à Rachel, que tinha soltado a tampa da mesa.

Ela começou a andar para trás, observando o rosto enfurecido dele e a lateral da cabeça que sangrava. Já podia sentir os lábios tremerem. Não achava que agüentaria algum golpe forte, não no estado em que se encontrava. Mas logo Finn apareceu por trás do homem, acertando-o novamente com a tampa de madeira. O homem caiu no chão, desacordado.

- Você está bem? – Finn perguntou, e Rachel assentiu. Ele balançou a cabeça em sinal de entendimento e depois virou-se para o homem de cabelos pretos que havia se levantado e caminhava em direção à eles.

Finn avançou sobre ele, e o jogou no chão. Com a pancada forte, ele ficou imobilizado.

- Vem. – Finn tomou a mão de Rachel e a puxou da casa, correndo para fora da porta aberta e entrando rapidamente na caminhonete preta.

Finn logo deu a partida. Eles não podiam se dar ao luxo de serem seguidos e ele sabia disso. A adrenalina ainda corria por seu corpo, e ele pôde pensar rápido. Se houvesse alguma câmera na casa, com certeza captaria a fuga, e Finn não queria dar uma pista sobre onde ele e Rachel estavam hospedados. Por isso virou a caminhonete para a direção oposta. Levariam mais tempo para chegarem a casa, mas pelo menos estariam seguros e era isso o que importava.

Quando percebeu que já estavam bastante longe do imóvel de Giorgio, Rachel reparou que ainda sentia enjôo. A adrenalina a havia feito esquece-lo, mas agora a necessidade biológica de seu corpo de expulsar o “intruso” era mais forte.

- Finn, para o carro. – ela disse, respirando fundo e levando a mão à boca.

Finn, preocupado, virou o carro paro o acostamento e Rachel desceu rapidamente. Ela aproximou-se de um amontoado de mato que ficava no meio da estrada onde eles se encontravam, e deixou que o incomodo em seu estomago saísse. Logo sentiu duas mãos segurando seus cabelos e uma voz preocupada falando que tudo ficaria bem.

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Mas nada iria ficar bem. Rachel sabia disso. Ela soube no momento em que, depois de um banho demorado, encontrou Finn usando uma camiseta vermelha e uma calça de malha, debruçado sobre o fogão.

- O que está fazendo? – ela perguntou, encostando-se no balcão.

Finn se virou para ela, observando como as coxas grossas e a pele lisa se contrastavam com a camisola lilás que ela usava.

- Eu... Eu estou fazendo uma sopa. Você precisa comer alguma coisa, sabe? – ele respondeu. – Eu peguei a receita de um papel que estava grudado na geladeira. Não acho que vá ficar tão boa quanto tudo o que você faz, mas... – Finn deu um sorriso torto e colocou as mãos no bolso de sua calça, sem graça.

Rachel sorriu e sentiu o coração bater mais forte. Ele se preocupava com ela. E ele havia elogiado-a.

Quando viu os rumos que seus pensamentos tomavam, ela imediatamente tratou de desencostar-se do balcão. Aquela era uma péssima ideia.

- Você não precisa fazer nada, Finn. – ela disse com a voz fria. – Não finja que se importa.

Rachel virou as costas e caminhou para fora da cozinha, deixando um Finn atônito dentro dela. Que diabos tinha acontecido ali? Rachel estava toda doce por um momento e depois tinha voltado à levantar aquele muro entre os dois.

Ele desligou o fogão e foi atrás dela, encontrando-a na sala de estar, caminhando para a escadaria. “Não tão rápido, Rachel” ele pensou, fechando uma de suas mãos em torno do braço dela, fazendo-a ficar estagnada.

- Qual é o seu problema? – ele perguntou, afinal. – Você é bipolar, por um acaso?

Rachel virou-se para ele, pronta para responder de uma forma afiada sua pergunta idiota. Mas o rosto dele parecia realmente machucado, e de repente ela perdeu toda a sua coragem ao olhar para os olhos caídos de Finn. A boca dele estava retesada em uma linha dura, uma coisa que ele fazia só quando estava estressado. Mas foi quando o aroma dele encheu suas narinas, que Rachel soube que estava perdida. O cheiro amadeirado de Finn fazia suas pernas amolecerem e de repente o toque da mão dele em seu braço a incendiava, assim como a lareira ligada, que iluminava a sala.

- Me responde, Rach. – ele pediu, com a voz mais suave.

Ah Deus, como ela sentia falta de ouvir aquele apelido sair dos lábios dele. Antes que pudesse conter a si mesma, os seus braços já rodeavam o pescoço masculino de Finn e os seus lábios devoravam os dele com ferocidade.

As mãos de Finn passeavam pelas costas dela agora, sentindo a seda macia da camisola acarinha-las. Ela descolou seus lábios dos dele, levando-os para o pescoço macio; inalando o aroma de Finn, aquele cheiro maravilhoso que ela sentia tanta falta.

- Ah meu Deus, Rachel – ele murmurou com a voz entrecortada. As atitudes dela, fundindo-se com a saudade de ambos, fizeram com que a excitação tomasse conta de Finn rapidamente.

Rachel amaldiçoo-se mentalmente quando sentiu as mãos de Finn tomarem suas nádegas. Ela sabia que não teria forças para para-lo. Apesar de essa ser a coisa lógica a se fazer, o seu corpo estava totalmente inebriado pelos beijos de Finn, por seus toques, por seu cheiro e pela saudade.

Ela não protestou quando ele a tomou no colo. Muito pelo contrário, rodeou a cintura dele com suas pernas torneadas, aproximando ainda mais seus corpos sedentos um pelo outro. Aquele movimento foi o suficiente para fazê-lo soltar um leve gemido pelos lábios.

Finn levou Rachel até o tapete macio que recobria a sala. Queria fazer amor com ela ali, com o fogo batendo levemente em seus rostos e com o barulho da madeira sendo queimada como trilha sonora.

Quando ele a deitou, observou seu rosto levemente iluminado por um momento. A boca estava inchada, e saber que ele próprio havia feito aquilo com ela o deixou ainda mais excitado. Os cabelos escuros dela se espalhavam desordenadamente pelo tapete branco, causando um contraste maravilhoso. De repente, ele só queria que seus olhos tivessem câmeras fotográficas; assim aquele momento ficaria capturado para sempre.

- Você é tão bonita. – ele sussurrou, e depois levou seus lábios para o pescoço desnudo dela. A respiração de Rachel ficou irregular embaixo de si.

Finn apoiou-se com uma de suas mãos – não queria esmagar o corpo pequeno dela – e depois, lentamente, desceu uma das alças da camisola lilás que cobria o corpo de Rachel.

Ele queria fazer tudo ser perfeito. Sabia que, dessa vez, não era só sexo. Era amor.

Rachel levou as mãos até a base de sua blusa, subindo-a com certa dificuldade. Ela afastou as próprias pernas, e Finn se aconchegou entre elas, ficando de joelhos e livrando-se da camiseta.

As mãos de ambos passeavam de forma desesperada pelos corpos um do outro, e eles precisavam de mais, então, sem demoras, logo todas as roupas estavam caídas ao redor de seus corpos nus, enquanto suas mãos marotas exploravam um ao outro com devoção.

- Me deixa provar você. – Finn sussurrou no ouvido de Rachel, que deu um gemido rouco como resposta.

Então Finn se abaixou devagar, passando os lábios pela barriga reta dela enquanto traçava o seu caminho até sua intimidade. E quando Finn pousou os lábios lá pôde comprovar que o gosto dela era tão bom quanto seu cheiro. As mãos de Rachel seguraram os cabelos de Finn com certa força, porque aquilo era tão delicioso e sua língua e boca trabalhavam em perfeita harmonia, levando-a à beira do êxtase.

- Eu quero provar você também. – ela disse, entre gemidos. Logo era ela quem tinha boca entre as pernas de Finn.

Ele gemia o seu nome de um jeito rouco, sentindo os lábios macios dela se fecharem ao redor de seu pênis avermelhado. Rachel desceu a boca por toda a sua extensão, chupando-o com volúpia, enquanto as mãos de Finn acariciavam o topo de sua cabeça. E quando Rachel fechou dois dedos em torno da base de seu membro, masturbando-o e o chupando ao mesmo tempo, Finn achou que fosse explodir.

- Preciso amar você, Rach. – ele disse, puxando o corpo dela para cima do seu e depois rolando por cima dela.

Finn a olhou em deleite, posicionando-se em sua entrada. Delicadamente, ele introduziu-se em Rachel. Quando ele estava preenchendo-a totalmente, foi maravilhoso. Ele simplesmente ficou lá, parado, aproveitando a deliciosa sensação de sentir-se completo. Não só fisicamente. A união dos dois, naquele momento, era muito mais do que física. Era espiritual. A intimidade que compartilhavam com tanta naturalidade, mostrava o amor que ambos escondiam.

E quando eles se movimentaram, fizeram isso juntos. A harmonia entre eles era perfeita, o encaixe também, e os dois de repente desejavam que aquilo durasse para sempre, enquanto seus gemidos e aromas fundiam-se pelo ar.

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Finn deixou que seus olhos se fechassem, em um momento de tranqüilidade. A cabeça de Rachel repousava sobre o seu peito, o aroma que seus cabelos exalavam fazendo o coração dele acelerar. Um dos braços de Finn cercava o corpo nu dela, enquanto sua outra mão fazia pequenos círculos na mão de Rachel, apoiada em seu abdômen definido.

De repente, ele sentiu o peito molhado e o corpo de Rachel tremendo levemente em seus braços. Lágrimas.

- Ei, meu amor, o que foi? – ele perguntou com delicadeza, levantando o rosto dela com um de seus dedos.

Finn não entendia. O que eles haviam acabado de compartilhar fora perfeito, porque ela chorava?

- Por que você sempre tem que estragar tudo, Finn? – ela disse, entre pequenos soluços.

- O que...? – Finn perguntou, sentindo o coração se apertar.

- Eu estava bem. Eu tinha quase te superado. Eu... – ela deu uma pausa, buscando ar. – Quem você pensa que é para ir embora e aparecer quando bem entender? Eu não sou o seu brinquedo pessoal.

- Rachel... – ele tentou falar, sentando-se com ela ainda nos seus braços. Odiava ouvi-la falar daquela forma. Então ele ia falar o que sentindo, quando ela o interrompeu.

- Me deixa Finn! – Rachel disse, com o choro aumentando. – Eu fiz tudo por você, e você simplesmente me chutou quando enjôo. Agora que você vê que estou indo em frente, me quer de volta? Isso está errado! Por favor, Finn... Eu só quero manter intacta a única parte do meu coração que você ainda não quebrou.

Finn deixou que os braços que rodeavam Rachel caíssem. O rosto dela estava banhado por lágrimas, e os seus soluços faziam com que o peito dele doesse seriamente. Ela estava certa. Quem ele pensava que era?

Ele amava Rachel. Com todas as suas forças. Mas se faze-la feliz significava deixa-la ir, então Finn o faria.

Finn se levantou e vestiu-se rapidamente, sempre com os soluços de Rachel cortando seu coração em pedaços.

- Você merece alguém melhor que eu. – ele disse, antes de se encaminhar até a porta e tomar um par de botas de neve e um casaco grosso nos braços.

Rachel sentiu as lágrimas salgadas caírem com mais intensidade quando ouviu a porta da frente bater.