BitterSweetheart

Capítulo 7 – Deslizes na cafeteria


Carla

Meus primeiros meses no novo trabalho transcorreram sem maiores novidades. Somente muitos quilos de papéis todos os dias; muita farra com Gui que, como eu previra, se tornou um grande amigo; muito aluguel do Tiago que não desistia de tentar sair comigo, o que sinceramente estava começando a irritar e muita cobrança de Mai o que, por um lado era bom, pois eu estava aprendendo bastante com a experiência e o talento da chefinha carrasco. A única coisa inesperada era a forte amizade que crescia entre Anne e eu. Desde que vi aquela loira pela primeira vez senti algo muito forte, mas nunca imaginei que isso fosse realmente se tornar amizade. Na verdade era estranho estar do lado de uma mulher incrível como ela e não pensar em nada além do filme que iríamos assistir na próxima maratona da TV. Sim, porque Anne era incrível, aquela garota estabanada e desastrada, toda sem jeito que conheci no primeiro dia não era a Anne de verdade. Ela era sensível, gentil, muito inteligente e tinha um jeito próprio de conseguir me agradar em tudo. Ninguém nunca havia conseguido fazer com que eu me abrisse tanto antes dela. Com ela eu me sentia confiante para abrir meu coração e entregar todos os meus segredos. Anne simplesmente era a mulher mais linda do mundo.

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Certa manhã eu estava chegando ao trabalho com olheiras de sono e com a cabeça doendo por ter passado a madrugada em claro trabalhando. Fui direto para a cafeteria encontrar Guilherme e um copo de cappuccino para alegrar meu dia.

– Pequeno, olhe quantos relatórios. Eu passei a noite fazendo essas coisas porque a Mai exigiu todas as planilhas da semana prontas hoje. Ela está bebendo meu sangue, aquela vampira.

– Ela é assim mesmo. Mas esse é o segredo do sucesso dela. Se inspire nela e aprenda o quanto puder. É uma oportunidade única.

– Você conhece bem a Anne? – Até ele ficou surpreso com a mudança tão repentina no assunto.

– Conheço, mas não tão bem assim. Apenas o suficiente. Por quê?

– É meio complicado, mas me ajuda. Olha, a Anne é sempre perfeita comigo, ela faz de tudo para me agradar e a gente acabou se tornando grandes amigas. Você acha que há alguma chance de ela gostar de mim?

– A Anne? Não, Carla. Esse não faz o estilo dela. Eu tenho a impressão de que ela é bem direta quando quer algo. Ela parece ser daquelas garotas bem cara de pau, sabe? Isso é o que eu acho. E ela nunca apareceu por aqui falando de nenhum amor. O que me faz achar que ela não se envolva facilmente com ninguém. Apesar de que tem aquele olhar dela para você...

– Que olhar?

– Os olhos dela brilham quando você está por perto. Mas pode ser só impressão minha, ou pode ser porque ela gosta muito de você como amiga. Mas é difícil garantir. Se ela quisesse algo com você ela já teria falado, é a minha opinião. Ela não tem cara de uma romântica perdida que se liga com amor.

– Ela não é exatamente assim. Ela tem sentimentos. Quando a gente se conheceu ela me disse umas coisas sobre os sentimentos dela. Eu fico pensando naquilo até hoje.

– Carla você a conhece melhor do que eu. Então porque me perguntou?

– Sei lá, queria uma opinião de fora. Só para saber mesmo.

– Está perguntando para a pessoa errada. Minha visão da Anne é a que eu mesmo criei. Não é muito confiável nem imparcial. Quer uma dica? Vá falar com o Diego. Ele conhece a Anne mais do que ela mesma.

– Não, está tudo bem. Esquece isso.

– Mas por que está perguntando essas coisas? Por acaso você está gostando dela? – Guilherme enfatizou a palavra “você” como se houvesse algo errado no fato de eu me apaixonar por Anne. Bem, na verdade havia mesmo, afinal ela era heterossexual, pelo menos eu acho que é. E por que eu não perguntei isso para o Gui? Sei lá. Talvez eu tenha medo da resposta.

– Não. Claro que não. Eu... – Gui me olhou com aquele olhar de quem sabe exatamente o que se passa na minha cabeça, de quem consegue invadir e decifrar minha alma. Um olhar que só Gui sabia dar, pois entendia de verdade o que os meus olhos estavam falando. Eu nunca conseguiria mentir diante daquele olhar. – Não sei. Eu acho que gosto muito dela e penso nela o tempo todo. Ela é linda demais, cara. E me trata como ninguém nunca tratou. Só que eu não sei se devo ou se isso é coisa da minha cabeça.

– Está falando de mim, gata? – Pronto meu dia tinha acabado de se perder completamente. “Chatiago” na área.

– Cale a boca, Tiago. Não me enche hoje.

– Está nervosinha? Aposto que eu poderia te curar. Eu te deixo bem calma se você quiser. Está gostando de quem, Carla? Você estava dizendo para ele que gostava de alguém.

– Não é de você com certeza. E vê se me deixa em paz, Tiago. Eu já disse que entre a gente não vai rolar. Você tem sua garota, ou suas garotas. Contente-se com elas. Você não faz meu tipo.

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– Já percebi mesmo que não. Você só anda para todos os lados com a garota do Diego. Ela faz seu tipo?

Pronto! Era exatamente o que faltava para eu ficar realmente irritada. Não pude me controlar mais. – Garota do Diego? Quem esse imbecil pensa que é? – Quando dei por mim já tinha levantado e estava quase gritando.

– Ela não é a garota do Diego. Porque vocês homens têm mania de posse? Porque sempre acham que uma mulher tem que ser de alguém? E ela é minha amiga, só isso.

Gui, conhecendo meu temperamento, mais que rápido me segurou pela mão e me abraçou. Pediu baixinho em meu ouvido que me acalmasse enquanto empurrava Tiago para longe.

– Não crie problemas, Tiago. Ela não te quer. Entenda isso e vá procurar outro alvo.

– Ela é o único alvo que me interessa.

– Esse é um problema seu. Deixe-a em paz. – Gui conseguiu afastar Tiago e voltou para a mesa, sentando ao meu lado. – Quer um conselho? Procure o Diego e fale sobre a Anne. Pergunte o que ele acha e se você realmente estiver a fim, amiga, lute por ela. Vocês fariam um casal lindo. Agora vamos beber um suco para você se acalmar e trabalhar.

– Você está certo, Gui. Vamos.

Bebemos um suco de maracujá e fomos para nossas salas. Antes de sair percebi a presença de Paula ali, que olhava a cena com uma cara de quem mataria o primeiro que ousasse dizer “bom dia”. Senti um arrepio na hora, pressentindo que aquilo não podia dar em boa coisa.

Paula

Eu mal consegui acreditar no que meus olhos viam, ou melhor, no que meus ouvidos ouviam. O Tiago estava mesmo dizendo que a vadia brutamontes era o “alvo” que ele queria? Isso não podia ficar assim, ela não ia levar meu namorado, não mesmo.

Essa Carla chegou aqui para criar problemas... Tem um mês e já se acha a super poderosa porque a Maitê puxa o saco dela. Ela vai cair do cavalo e aprender a não dar em cima do homem das outras. Quanto mais alto você estiver, maior é a queda, queridinha. Eu vou te ensinar essa lição pessoalmente.

E como o destino era doce comigo, a vingança nem mesmo teria que ser comida fria. Eu poderia degustar um prato fervente. Meu sorriso não poderia ser maior com tais pensamentos em mente enquanto meus olhos estavam fixos na mesa que Carla acabara de desocupar. Aquela pasta azul me dava umas idéias cada vez mais interessantes.