Belong

Sorrow


Itachi :

Foram os seus choramingos bem no ínicio da manhã antes mesmo que o sol nascesse que me despertou, no princípio achei que fosse mais um de seus pesadelos que o atormentavam em sua hora de descanso.

Ao ajeita-lo em meus braços como sempre faço, seu rosto estava calmo e descansado, porém sua pele estava quente e levemente avermelhada, com toques suaves senti além do seu rosto seu corpo também estava no mesmo estado febril.

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─ Gaara meu amor ─ Chamo baixinho tentando despertá-lo com calma. Ele resmunga algo baixinho e se aperta

ainda mais contra mim. ─ Gaara você precisa acordar meu amor.

Gaara resmunga novamente mas, dessa vez abre os olhos lentamente, seus olhos verdes são sempre uma visão deslumbrante.

─ Humm Itachi ─ Ele chama baixinho com a voz rouca ─ Eu estou com frio me abraça. ─ pede manhoso

Faço como ele pediu, nunca poderia negar um pedido dele.

─ Você está com febre ─ Sussurro puxando o cobertor para cima dele, apesar da chuva de ontem a noite a temperatura continua quente. ─ Eu preciso cuidar de você

─ Uhum ─ Ele assente, imagino que ele nem faça ideia do que estou falando.

O deixo enrolado nos cobertores para livrá-lo da febre, enquanto vou buscar Sakura para tratá-lo antes que isso se torne algo pior, ômegas tem um sistema muito mais sensível que os alfas e betas, uma simples febre como essa pode ser fatal, visto algo mais apropriado rapidamente não posso realmente demorar

─ Eu volto logo.

─ Hum ─ Gaara segura minha mão com um pouco de força mas, como está frágil e debilitado pela febre seu toque é um simples roçar de mãos, devolvo o aperto olhando para seus lindos olhos verdes. ─ Você vai voltar? ─ Sua voz está ainda mais rouca e baixa do que a minutos atrás.

─ Sempre ─ Ele sorri ─ Amo você. ─ Acaricio suas bochechas sardentas me assustando ainda mais com a quentura que seu rosto está, sorrio para ele tentando disfarçar a minha preocupação.

─ Amo você.

Nunca vou me cansar de ouvir essas palavras saindo da sua boca, beijo seus lábios de leve.

─ Eu volto logo, não durma novamente está bem?

─ Sim ─ Junto com a confirmação ele balança a cabeça em sinal positivo bem lentamente.

─ Certo.

Antes de deixar o quarto, lhe dou um último olhar querendo gravá-lo na minha memória, ele está se ajeitando lentamente no futon apoiando-se contra os travesseiros para ficar em uma posição meio sentada,ele puxa ainda mais o cobertor grosso para si formando um casulinho fofo, seus olhos estão focados nos raios solares que entram lentamente em nosso quarto através do shogi aberto, ao me ver ainda parado no porta ele sorri para mim, um sorriso cansado que ele não consegue manter no rosto por muito tempo.

A casa ainda está silenciosa apenas uns poucos empregados já estão acordados para mais um dia de trabalho, quando me veem me cumprimenta com uma reverência, que retribuo com um gesto de cabeça.

Ao sair da casa alguns dos guardas que estavam na entrada me acompanham até a residência de Sakura e Ino. Por ser médica Sakura sempre acorda muito cedo e está sempre pronta para ajudar quem precise, assim como Ino que é uma das chefes da guarda.

Assim que as duas me veem adentrando o pátio da casa delas, elas vem até mim.

─ Aconteceu alguma coisa? ─ Ino é a primeira a se aproximar

─ Nada que tenha à ver com a segurança ou a guarda. ─ A essa altura Sakura já está parada ao lado de Ino me observando atentamente. ─ Gaara ontem tomou um pouco de chuva e acordou com febre hoje, eu gostaria que Sakura desse uma olhada nele.

─ Claro eu vou pegar minha maleta e nós vamos ─ Ela corre para dentro da casa para pegar sua maleta de medicamentos voltando instantes depois.

─ Não se preocupe Itachi vai dar tudo certo ─ Ino diz ao ver Sakura correr até nós novamente já com a maleta e uma expressão determinada no rosto sempre que ia tratar algum paciente.

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─ Eu sei.

O caminho de volta é preenchido por perguntas da parte de Sakura sobre o que aconteceu e qual é o estado de Gaara.

─ Ontem a noite ele tomou um pouco de chuva, só um pouco mesmo e logo tomou um banho quente e vestiu roupas quentes, e hoje de manhã ele acordou com uma febre alta ─ Respondo a sua pergunta omitindo alguns pequenos detalhes que ela não precisa saber.

Vincos se formam na sua testa, Sakura parece estar confusa.

─ Eu sei que a casta ômega é a mais frágil mas, mesmo assim tomar um pouco de chuva não causaria uma febre alta como a que você relatou. Você sabe se na infância ele costumava ficar doente frequentemente ou talvez algum forte trauma que enfraqueceu seu sistema.

Paro de andar por um momento ao lembrar do que Sakura se refere sem saber, já havia percebido que Gaara em alguns aspectos é muito mais frágil que a maioria dos ômegas devido às constantes torturas que ele recebeu de Raza seu sistema que já é frágil se tornou ainda mais frágil.

─ Itachi o que aconteceu com ele? Alguma doença quando ele era criança? ─ Pergunta Sakura divagando sobre as possíveis causas para Gaara ser tão frágil.

─ O Kazekage batia nele. ─ Agora é a vez de Sakura parar de andar, é nítido o choque em seu rosto. ─ Em Suna os ômegas são tratados de uma maneira bem diferente do que aqui.

─ Entendo, devem ter sidos surras frequentes e muito fortes, isso ajuda muito a saber como tratá-lo, não se preocupe alfa Gaara vai ficar bem.

Assinto com a cabeça observando o servo oficial do meu pai esperando nos portões da minha casa.

Eu sabia que ele não ia deixar os assuntos de ontem passarem assim sem uma conversa, quem sabe até uma discussão, Tanto otou-san como eu temos gênios e opiniões fortes formadas, isso desde que nos conhecemos, quando eu tinha catorze anos nossas conversas geralmente não terminavam pacificamente.

O servo faz uma mesura e me entrega o recado de otou-san.

─ Jovem mestre Itachi, Fugaku-sama está requisitando sua presença na casa das orquídeas imediatamente.

─ Agora é impossível, assim que puder eu vou até ele.

Diante da minha recusa Hiroshi fica chocado mas, logo recupera a compostura.

─ Jovem mestre Itachi é realmente urgente, sua presença é de suma importância, uma recusa não será aceita.

─ Pode ir Itachi, quando você voltar ele já estará melhor não se preocupe. ─ Sakura interrompe quando estou preste a recusar esse chamado mesmo ele sendo irrecusável

─ Certo, se qualquer coisa acontecer não hesite em me chamar, cuide bem dele por favor, os servos te guiarão até o quarto.

Ela entra nos portões e segue pelo caminho de pedras brancas no meio do jardim oriental até estar na varanda da casa desaparecendo lá dentro assim que o shogi é aberto.

Meu coração se aperta em agonia por não entrar com ela e voltar para Gaara como prometi. Sigo Hiroshi pelos caminhos já conhecidos até minha antiga casa, ao entrar não vejo okasan, Hiroshi me acompanha solenemente por todo o caminho como se eu fosse uma visita que não conhece a casa, com certeza foram ordens de otou-san para não desgrudar do meu lado, me sinto um adolescente novamente que está prestes a ser disciplinado por não demonstrar amor filial.

Hiroshi entra primeiro no escritório de otou-san.

─ Mestre, ele está aqui.

─ Muito bom Hiroshi, pode se retirar.

Entro a tempo de vê-lo se curvando em sinal de respeito ao mestre a quem ele serve há tantos anos.

Otou-san está mais sério do que de costume e há um brilho diferente do habitual em seus olhos, estranhamente ele serve um pequena dose de sake quente numa kobati posta a sua frente, ele estende o kobati na minha direção como um brinde e toma tudo num gole só.

Me sento à sua frente na mesinha baixa e tomo o sake que ele colocou para mim, ao terminar o sake quente ele ri.

Certo de todas as reações que já tinha passado pela minha mente essa com certeza não foi uma delas.

─ Parece que voltamos a quando você era apena um filhote que achava que sabia tudo da vida e não ouvia à ninguém ─ Otou-san se serve de mais um pouco de sake, desviando o olhar para uma prateleira cheia de livros ─ Fazia muito tempo que não discutíamos dessa maneira, Mikoto está furiosa comigo. Depois de ontem vejo que com razão, mesmo que alguns pontos ainda não estejam claros o principal deles se iluminou de uma forma que não deixa dúvidas de que seu lobo encontrou sua alma gêmea, peço desculpas por ter duvidado disso. ─ Otou-san finalmente torna a olhar para mim posso ver em seus olhos o quanto está arrependido.

─ Posso saber o porquê de tanta desconfiança ─ Seus lábios se curvam em um sorriso

─ Eu sabia que você não deixaria as coisas serem tão fáceis assim ─ Dessa vez sou eu quem sorrio, otou-san realmente me conhece. ─ Tudo foi muito rápido em tantos anos você nunca demonstrou interesse em ninguém, sua mãe mesmo já tinha até perdido as esperanças que você um dia se casasse, quando em um belo dia você surge com uma proposta de casamento para um ômega, que você viu apenas uma vez na vida durante algumas horas, eu sei que aí eu deveria ter imaginado que ele podia ser sua alma gêmea, já que você nunca foi imprudente ou de agir por impulso, quando aprendeu a controlar esse gênio que você tem.

─ Essa foi a única razão? ─ Fugaku é um alfa experiente, vivido, foi ele mesmo que me ensinou a não agir por impulso ou ser leviano nas minhas decisões, quando se é um líder sempre tem muito em jogo não podemos agir de qualquer jeito segundo a nossa vontade, temos que considerar como isso afetará aqueles que estão sob nossa proteção.

─ Não ─ Otou-san parece envergonhado, o que é uma proeza muito difícil de se conseguir ─ Você não o marcou, pensei que estivesse louco de paixão, por isso tinha decidido se casar com alguém que viu apenas uma vez na vida, mas quando você chegou ele não estava marcado, esperei que a marca viesse nos próximos dias, e como sabemos ela não veio, isso me fez aumentar as minhas desconfianças sobre seus reais sentimentos para esse ômega, até ontem quando te vi que a parte mais animal que existe dentro de cada um de nós reconhecia o ômega como seu companheiro, isso acalmou um pouco das minhas preocupações, porém aumentou minha curiosidade se a situação é essa, por que você ainda não o marcou Itachi? ─

Esse é um momento complicado, porém de grande importância que pode mudar as coisas para o bem ou para o mal, tudo depende de mim e do quanto serei sincero, otou-san pode ser cabeça quente e ter um gênio tão ruim quanto o meu mas, sei que ele é muito honrado e digno, nada do que eu fale sobre Gaara ou sobre como ele era tratado pelo kazekage sairá dessa sala.

─ Gaara é diferente. ─ Ao ouvir minha escolha de palavras para começar, seus olhos se estreitam e sua postura muda imediatamente, o instinto mais básico da casta alfa falando, se manifestando inconscientemente, proteger os ômegas. ─ Em Sunagakure, como o otou-san já sabe os ômegas tem muito poucos direitos ou liberdades, suas famílias escolhem desde como eles irão se vestir, até para onde irão e quando, o kazekage gostava de levar esse poder sobre os ômegas principalmente sobre Gaara ao extremo, o kazekage culpa Gaara pela morte da mãe que escolheu dar a luz a ele mesmo sabendo que poderia vir a morrer no momento do parto.

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─ O kazekage o punia de alguma forma? ─ Otou-san pergunta devagar e cauteloso, quase como se temesse a resposta.

Minhas mão se fecham em punhos na tentativa vã de controlar a raiva que sempre surge quando penso como Gaara era tratado pelo próprio pai.

─ Sim, torturar o filho física e psicologicamente, eram a forma com Sabaku no Raza punia o próprio filho, ele assustou a Gaara com muitas histórias sobre o nosso clã e sobre a minha pessoa também, Gaara até planejava fugir antes do casamento, tamanho o medo que sentia.

Otou-san demora longos minutos para reagir e quando o faz é uma mistura de choque e descrença.

─ Isso não é possível, um pai não agiria assim.

─ As marcas não mentem, os pesadelos que Gaara tem todas as noites também não mentem.

─ Ele tem cicatrizes? Elas devem ser…

─ Sim. Tanto na carne quanto no coração, para ele o meu comportamento ao tratá-lo bem e com respeito não é normal ele cresceu ouvindo que quando casasse seria destratado, que ele seria apenas uma posse que o alfa poderia fazer o quisesse com ele, Gaara é um doce, gentil, cheio de traumas eu estou indo no tempo dele, quero que ele seja muito amado, se sinta querido e mais do que tudo quero que ele seja feliz, só vou marcá-lo quando ele permitir. ─ Otou-san assente com a cabeça, enquanto se serve de mais um gole de Sake. ─ Gaara sabe que o senhor não gosta dele, ele não fala mas, eu sei que ele está magoado com isso, eu gostaria de pedir que o senhor o tratasse um pouco melhor a partir de agora.

─ Eu sei que agi errado, sua oka-san tem conversado muito comigo, me alertado sobre os efeitos que o meu comportamento tem causado a nossa família, até mesmo o seu irmão e Naruto tem feito isso. Não se preocupe com isso eu estou muito envergonhado e já pretendia me desculpar hoje mesmo, sei que ele não sabe como recebemos novos filhos que entram em nossa família e imagino que você não tenha contado?

─ Não. Não queria magoá-lo ainda mais.

─ Fez bem filho ─ Otou-san me lança um sorriso triste, que diz muito mais que suas palavras sobre o quanto ele está arrependido pelo modo como tratou Gaara. ─ Espero que não seja tarde para corrigir as minha atitudes, sua mãe e eu preparamos os presentes para ele, estou apenas esperando que Mikoto termine de arrumar tudo para levar até ele ainda essa manhã.

─ Gaara é muito gentil e doce, mais do que gostar dos presentes ele vai gostar de ser aceito totalmente pelo senhor mas, hoje infelizmente não é um bom dia para festas, Gaara está doente.

─ O que aconteceu? É grave? ─ Sua preocupação sincera com o bem estar de Gaara me deixa em paz.

─ Ele tomou um pouco de chuva e acordou com febre hoje, Sakura já está tratando dele, ela garantiu que ele vai ficar bem.

─ Certo, certo Sakura é uma excelente médica, mesmo que não façamos a recepção hoje eu e sua mão faremos uma visita a ele, espere só um minuto que vou chamá-la, imagino que você deve estar louco para voltar para ele.

─ Sim, eu prometi que voltaria.

─ Então vá na frente ficar com o seu companheiro, cuidar dele como é devido, eu e sua mãe logo estaremos lá.

─ Certo. ─ Me levanto rapidamente da cadeira louco para voltar para ele e ver como ele está,faço uma curvatura em sinal de respeito para otou-san. ─ Eu já vou indo então.

─ Ah a juventude apaixonada é uma coisa linda de se ver ─ Ele sorri verdadeiramente feliz ,como a muito tempo não o via fazer, automaticamente um sorriso também se abre no meu rosto, enquanto saio o mais rápido que posso do escritório louco para ir para casa.

Há algum tempo um anseio misturado com angústia tomou posse de mim, uma necessidade louca de voltar para casa, ver Gaara, tocá-lo garantir que ele está bem que é apenas um resfriado e nada mais.

Apesar do calor que está fazendo nesta manhã, o céu carregado com nuvens espessas e escuras que anunciam uma nova tempestade muito mais feroz que a da noite passada.

Corro um pouco até os grandes portões não querendo estar fora de casa quando essa chuva desabar, por estar correndo não percebo realmente até ser quase tarde demais, estava prestes a trombar com Danzou parado no portão olhando para o horizonte com um sorriso satisfeito nos lábios.

─ Oh então vejo que já sabe? ─ Sua voz é baixa e suave transcorrendo veneno ─ Vejo que cheguei tarde então, as notícias realmente correm por aqui.

─ Do que está falando? ─ Pergunto, controlando a minha vontade de arrancar sua cabeça.

Ante as minhas palavras seu sorriso se amplia de uma forma assustadora, seja lá o que aconteceu foi algo muito grave.

─ Hora então ninguém te avisou que interessante, seu ômega está desaparecido.

A minha primeira reação é descrença, ele não pode estar falando sério, Danzou como sempre só quer me ver perder o controle e fazer alguma besteira. A segunda é observar sua pose arrogante e orgulhosa, a aura sombria de felicidade ao seu redor e o sorriso que coroa sua felicidade, vê-lo assim tão feliz é o que me faz acreditar, e correr imediatamente até a minha casa sem lhe dar uma palavra a mais.

Eu tinha esperança de que iria encontrá-la funcionando em silêncio em perfeita ordem como sempre foi mas, não, minha casa estava uma bagunça de servos, guardas e choros nervosos e aflitos reunidos no jardim, e ele não estava lá.

Ao me verem todos param em perfeita sincronia o que estavam fazendo quase como se fosse combinado. Ino cruza a pequena multidão que se juntou ao meu redor seus olhos dizem tudo.

E nesse momento meu coração se parte, trovões soam furiosos no céu junto com o meu rosnado.

Gaara sumiu.

Levaram a minha vida.