Elisabeth se sentia incomodada. Mas essa não era a única palavra que a descrevia a essa altura. Estava agoniada e irritada também. A casa de Theodore parecia ter virado um verdadeiro campo de guerra. Annabeth sempre com manchas roxas e a cada dia mais introspectiva. Joshua manhoso, chorando a todo momento, pedindo pela atenção do pai através de seus atos infantis. E Gregory, por sua vez, estava simplesmente morando no apartamento dela, e Theodore parecia conformado com isso. Ele nem ao menos havia tentado ir atrás do filho e isso era decepcionante pra ela. Ao invés disso, ele estava simplesmente insuportável, preso novamente dentro de sua bolha de amargura, a cada dia mais seco, mais grosso, mais distante e irritado com tudo e todos a sua volta.

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—Eu já disse pra não fechar o acordo! – Ele disse aos berros no telefone, enquanto Joshua o seguia fielmente, como uma sombra. – Matthew, eu não ligo pra quem seja, não feche a merda do acordo! Será que é tão difícil de entender? – Indagou. Elisabeth o observava com atenção, sentada ao lado de Annabeth que parecia abatida demais, mais ainda essa manhã. – Então dá o seu jeito e pelo amor de Deus tenta fazer alguma coisa direito. – Ele bradou desligando. – Joshua, dá pra você parar?! – Falou grosseiramente.

—Papai, mas eu quero ficar com você. – Ele disse já choroso.

—Elisabeth, eu te pago pra ficar com os meus filhos, será que dá pra por favor colocar o Joshua pra brincar lá em cima? – Ele a encarou impaciente e seu tom de voz era mais altivo que o comum.

—Mas eu não quero subir! – Retrucou Joshua.

—Você vai pra cima agora, querendo ou não, porque eu estou mandando! – Theodore engrossou a voz pro filho.

—Vem, Joshua! – Lisa disse tentando pegá-lo no colo.

—Não, papai, por favor, me deixa ficar com você! – Joshua protestou já chorando agora. – Eu fico quieto, papai, por favor! – Ele agora gritava enquanto se debatia nos braços de Lisa, numa pirraça incomum até mesmo pra ela que ficava com ele todos os dias. Theodore ignorou. Escapulindo das mãos de Lisa, Joshua se soltou e correu em direção a Theodore, mas o mesmo fechou a porta do escritório com força, ignorando o choro desesperado do filho. – Papai! – Joshua bateu na porta com toda a força que tinha. – PAPAI! – Ele gritou aos prantos. Elisabeth via aquilo e agora mais do que nunca podia dizer que sentia raiva. Como um pai ouvia um apelo desesperado do filho de cinco anos e o ignorava daquela maneira? – Eu só quero ficar com você, papai. – Joshua choramingou.

—Joshua! – Elisabeth o pegou no colo, vencido pelo choro que lhe tirava as forças devido a intensidade do mesmo. Ele gritava em meio ao pranto, e Lisa só queria chorar também. – Sobe com a sua irmã, por favor, tudo bem? Eu já vou pra lá te dar um banho. – Disse e ele pra sua surpresa assentiu, provavelmente também decepcionado e ciente de que não conseguiria nada ali além de mais tristeza. Annabeth segurou a mão do irmão e os dois subiram escadaria acima. Elisabeth por sua vez deixou seu semblante mudar devido a irritação e como um furacão caminhou até a porta do escritório de Theodore abrindo-a sem nenhum pudor, quase arrancando-a do lugar. Theodore arregalou os olhos com a atitude dela.

—Mas o que significa isso? – Perguntou irritado.

—Eu é que te pergunto, Theodore! – Rebateu ela. – O que significa isso? – Disse incrédula. – Não ouviu seu filho chorando e implorando por um pouco da sua atenção? – Indagou.

—Eu não pago seu salário pra que você me ensine a educar meus filhos, e muito menos pra entrar dessa maneira na minha sala! – Theodore levantou a voz.

—ENTÃO EU ME DEMITO! – Elisabeth levantou a voz também. – PORQUE EU NÃO AGUENTO PASSAR MAIS UM DIA NESSE LUGAR VENDO SEUS FILHOS SOFREREM PORQUE O PAI DELES NÃO É CAPAZ DE DAR A ÚNICA COISA QUE ELES QUEREM QUE É AMOR! – Disse fazendo os olhos dele se arregalarem. – Se sou obrigada a me manter conivente com os absurdos que eu vejo dentro dessa casa por ganhar dinheiro, então eu prefiro não ser mais babá dos seus filhos. – Choramingou. – Como pode ser assim? - Questionou incrédula. – Você é o pai deles, eles precisam de você, não é de mim! – Completou.

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—Já chega. – Theodore disse como num pedido.

—Você não dá o mínimo de atenção pra essas crianças! – Ela disse sem se intimidar. – Será que não percebe que em breve vai perder esses dois como perdeu o Gregory? Porque se você não percebeu ele está morando comigo! – Riu ironicamente. – E você, nem ao menos tentou ir atrás do seu filho. – Concluiu.

—Eu disse que já chega! – Theodore falou irritado.

—Como consegue viver sabendo que seus filhos se sentem infelizes? – Indagou. – Como você consegue ficar a parte de crianças tão maravilhosas? – Ela chorava incessantemente enquanto via Theodore fechar seus olhos como se as palavras dele doessem. – RESPONDE, THEODORE! – Ela berrou.

—EU DISSE QUE JÁ CHEGA! – Theodore falou caminhando na direção dela com rapidez fazendo-a recuar até ficar encurralada na parede ao lado da porta. Os dois estavam ofegantes se encarando fielmente. O corpo dele prendia o dela agora devido à proximidade dos dois. Não diziam mais palavra alguma, apenas se olhavam com atenção, sentindo seus corpos juntos ali, produzindo um calor intenso entre eles. As respirações eram descompassadas, e num ato inesperado, Theodore colou seus lábios nos dela fazendo-a sentir um arrepio vindo desde sua espinha. Elisabeth colocou suas mãos em torno do pescoço dele, enquanto sentia as mãos dele afobadas correrem por sua cintura com propriedade, alternando até seu rosto, passando os dedos por seus lábios e sua nuca, puxando os fios de cabelo lhe excitando. Lisa se permitiu pular para fincar suas pernas em torno da cintura de Theodore que caminhou com ela até sua mesa onde a colocou sentada sem deixar de beijá-la um segundo sequer. A língua quente dele tocando a sua a entorpecia. O sabor dos lábios dela o fazia delirar. Não conseguiam parar, nem mesmo para respirar o que os deixava ainda mais ofegantes agora, mas houve um momento onde o ar precisava ser puxado, e aí abriram os olhos, para encarar a imensidão azul de ambos. Theodore ainda forçava alguns selinhos entre cada inspiração, e ela acariciava seu rosto com barba por fazer enquanto isso. – Eu queria fazer isso desde a primeira vez em que te vi... – Theodore sussurrou numa voz sensual que a fazia querer fechar os olhos devido ao arrepio que aquilo causava.

—Eu também... – Ela sussurrou enquanto sentia os lábios dele beijarem todo seu rosto com carinho antes das mãos grossas tirarem um fio de cabelo dela da testa. – O que estamos fazendo? – Ela perguntou voltando a si, se obrigando na verdade, pois não podia negar que por mais entorpecida que estivesse agora, precisava trazer a realidade para ali.

—Eu não sei. – Theodore disse se afastando gradualmente dela.

—Não podíamos ter feito isso... – Ela disse descendo da mesa, sendo tomada pela vergonha não apenas do ato, mas por pensar em Logan que certamente não merecia aquilo dela.

—Elisabeth, você não sai da minha cabeça. – Theodore disse fielmente.

—Você vai se casar amanhã. – Ela rebateu prontamente. – Isso foi um erro. – Completou.

—É, mas eu não posso negar que quero continuar. – Respondeu Theodore fazendo-a fechar os olhos para não encará-lo com mais intensidade que devia. –Eu não vou conseguir olhar pra você e não te beijar de novo, Lisa... – Ele falou.

—Eu mantenho tudo o que eu disse, Theodore, inclusive a minha demissão. – Ela falou fazendo-o suspirar. – Depois disso só ficou mais claro pra mim que não posso continuar aqui. – Falou.

—Não. – Theodore a segurou pelo punho trazendo-a de volta pra si. – Não faz isso, por favor... – Implorou.

—Eu tenho que fazer. – Elisabeth se manteve firme. – Sinceramente, Theodore, ainda que nós dois estivéssemos livres pra isso, como eu poderia ficar com um homem que sequer consegue se envolver com seus próprios filhos? – Questionou fazendo-o corar em vergonha. – Eu não aguento mais isso, eu não aguento mais olhar pra você e sentir tudo isso e ao mesmo tempo me perguntar como consigo isso. E de qualquer maneira, com o seu casamento amanhã, eu sei que vou ser demitida em algum momento, então pouparei o trabalho. – Completou.

—Eu nunca te demitiria... – Theodore sussurrou.

—Vou embora e amanhã explico as crianças... – Elisabeth falou caminhando em direção a porta, sua voz era firme, mas abatida e chorosa.

—Elisabeth... – Theodore tentou chamar, mas ela não o encarou.

—Adeus, Theodore. – Disse correndo em direção a porta do apartamento. Theodore suspirou profundamente. Ela tinha razão. Toda razão. Como uma mulher como ela se apaixonaria por um homem como ele? Só teve essa sorte uma vez na vida, e a perdeu também. Coçou os olhos, tentando acabar com a dor que sentia na cabeça. Respirou fundo. Seus pés logo começaram a se mover em direção as escadas que subiu rapidamente com toda a pressa que podia. A porta do quarto de Annabeth estava aberta e ele pôde ouvir que Joshua estava ali com ela ainda. Sem dizer uma palavra ele correu para dentro do quarto e agarrou Joshua em seus braços, abraçando-o com toda a força que tinha.

—Perdoa o papai, filho... – Pediu chorando. Joshua o abraçou fortemente. Annabeth logo correu pro braço do pai também. – Eu amo vocês dois demais. – Disse como a muitos anos não dizia devido à falta de coragem e a amargura. – Vocês ainda amam o papai? – Perguntou.

—Eu te amo, pai! – Annabeth sorriu carinhosamente.

—Eu também te amo, papai. – Joshua falou espertamente e logo Theodore se permitiu sorrir estonteantemente.

—Que tal então irmos com o papai buscar seu irmão? – Perguntou fazendo os dois vibrarem em alegria.

***

Algumas horas depois, Gregory estava sentado no pátio da escola. Laura caminhava do outro lado do local, mas o ignorava fielmente, fazendo-o suspirar longamente. Seguiria o conselho dado por seu tio e respeitaria o espaço dela também, mas era torturante não poder correr até ela e pedir perdão mais uma vez por tudo. Sentia falta dela, e não conseguia desviar seus olhos de seu rosto. De repente sentiu algo pular em seus braços se assustando ao ver Joshua ali.

—EU CAPITUREI O BARBA NEGRA! – Bradou Joshua fazendo Greg rir.

—O que você tá fazendo aqui? – Questionou confuso. – Já sei, a Lisa trouxe... – Disse se levantando, mas logo interrompeu sua frase ao ver Theodore ali parado o encarando. Ficou sério, enquanto recebia o abraço de Annabeth em sua cintura, assim como o de Joshua. – O que você tá fazendo aqui? – Questionou raivoso.

—Joshua, Annabeth, vão ali brincar um pouco enquanto eu converso com seu irmão. – Pediu fazendo os dois saírem correndo de mãos dadas. – Greg... – Tentou dizer, mas o filho o cortou.

—Trouxe os dois pra tentar mudar minha cabeça? – Riu ironicamente. – Jogo sujo até pra você, Theodore. – Completou.

—Eu sei que está com raiva de mim. – Disse firmemente. – Aliás, eu sei que você sempre teve raiva de mim. – Falou.

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—Eu me lembro bem quando minha raiva começou. – Gregory respondeu num tom mais grosseiro que o comum.

—Eu também. – Theodore suspirou. – E eu não vou tentar te fazer deixar de sentir isso por mim. – Colocou as mãos nos bolsos.

—Então deve estar tentando me convencer a voltar pro inferno que é a sua casa? – Disse rindo. – Mas nem adianta, eu não volto pra aquele lugar, eu vou continuar na Lisa até juntar dinheiro o suficiente pra morar sozinho. – Completou.

—Gregory, por favor, só me escuta, meu filho. – Theodore pediu tristonho ganhando a atenção de Greg. – Eu não vou tentar te convencer a ir pra casa também, na verdade eu não interferi na sua ida pra casa da Elisabeth porque sei que está melhor lá e está em boas mãos, então se deseja continuar lá e ela não se opõe a isso, eu respeito, pois quero te ver feliz. – Discursou vendo Greg estranhar aquela reação. – A única coisa que eu vim te pedir é pra ir ao casamento amanhã. – Falou. Gregory gargalhou em sarcasmo.

—Por que eu iria pra aquele circo? – Questionou. – Pra ver você casando com aquela cobra da Victoria? Ou pra passarmos a imagem de família perfeita pra imprensa? – Indagou.

—Pra ficar com seus irmãos. – Theodore rebateu rapidamente. – E só pra isso. – Disse. – Você não precisa falar comigo, tampouco com a Victoria, e nem precisa aparecer em foto alguma se não quiser, mas por favor, esteja ao lado dos seus irmãos, porque eles precisam de você, é o mais velho, é o porto seguro deles. – Explicou. Gregory torceu os lábios. Ele suspirou como se pensasse naquilo. – Depois você pode voltar pra casa da Elisabeth ou pra onde quiser, mas por favor, esteja ao lado dos seus irmãos nesse momento, sei que é estranho pra eles toda essa situação e que vão ficar contentes em ter você lá. – Completou.

—Eu vou pensar sobre isso. – Disse Gregory secamente.

—Tudo bem. – Theodore respondeu. – Eu espero que você esteja lá com eles, mas entenderei sua decisão. – Falou. – Eu já vou... – Disse fazendo o filho assentir sem demonstrar emoção alguma com a presença dele ali. – Joshua, Annabeth, vamos... – Chamou. Os dois prontamente abraçaram Gregory que se abaixou para fazê-lo melhor. Se despediram e cada um segurou uma mão do pai, caminhando junto a ele. Gregory permaneceu em silêncio encarando aquela cena. De longe, Laura também fitava tudo com atenção.

***

Lisa caminhava decidida, porém com o coração pesado de certa forma. Ela sabia muito bem o que deveria fazer, sabia que era certo, mas também sabia que seria difícil. Logan nesse pouco tempo havia sido o príncipe dos sonhos de toda mulher, porém quando se trata de sentimentos não adianta. Elisabeth sabia a quem seu coração pertencia. Ela foi ingênua em achar que o esqueceria, mas aquele beijo impulsivo só serviu para provar ainda mais o que já estava na cara. Assim que foi avistada pela secretária dele, sorriu de modo automático e não precisou aguardar para vê-lo devido às ordens dele de sempre priorizar a visita de Lisa.

Logan estava sentado na sua cadeira, virado de frente para a janela com vista panorâmica. Ele falava animadamente no telefone e ao ouvir a risada dele Lisa fechou os olhos. Silenciosamente ela caminhou até o pequeno sofá que havia no canto e respirou fundo antes de finalmente pigarrear chamando a atenção do mesmo. A virar para saber que era, Logan desfez a carranca e sorriu com surpresa. Não era todo dia que Lisa vinha vê-lo, muito menos sem avisá-lo antes.

— Lisa! — Falou animadamente. — Então vemos isso mais tarde, Johan. Até logo. — Desligou o celular e levantou.

Elisabeth imitou seu gesto e fez o mesmo, levantando para receber o abraço. Um último abraço.

— Que ótima surpresa! — Começou ele, sem perceber nada. — Ia te ligar agora pouco. Acabei de saber que iremos a um jantar...

— Logan. Precisamos conversar. — Soltou ela, o olhando com tristeza.

Na mesma hora, o sorriso do loiro sumiu e ele lhe lançou um olhar de preocupação. Sem falar nada ele a guiou de volta para o sofá e ambos se sentaram.

— Não gosto dessa frase. — Brincou ele, mesmo sem ter achado graça. — Era o que eu falava quando queria terminar com alguém.

Lisa viu sua visão embaçar pelas lágrimas que teimavam em aparecer. Não sabia que seria tão difícil acabar com um relacionamento entre eles, mas ver o rosto dele nitidamente implorando que tudo aquilo não passasse de uma brincadeira ou mal-entendido, a fazia se sentir completamente derrotada.

— Eu sinto muito Logan. — Chorou ela, escondendo o rosto entre as mãos, sem conseguir mais manter-se forte, rendendo-se a dor que aquilo lhe causava. — Eu não posso continuar te enganando assim. Me enganando assim. Você não merece.

— Você quer terminar? É isso? — Sussurrou ele, ainda a encarando, um tanto incrédulo, apesar de aquilo ser seu maior temor desde o início daquela conversa. — Por quê?

— Porque eu amo outra pessoa... — Admitiu, o encarando, por fim. — Eu achava que era loucura minha e que poderia ser feliz ao seu lado. E eu fui. — Adiantou. — Mas não posso mais fazer isso. Eu não posso te prender a mim enquanto na verdade eu sou presa a essa pessoa.

— Theodore. — Ele disse firme, se levantando e começando a andar de um lado para o outro.

— Como... – Ela disse confusa, apesar de saber que aquilo no fim das contas era óbvio não achou que tivesse deixado tão transparente para Logan seus sentimentos por Theodore, e pensar que o fez, só a fazia sentir-se mais envergonhada ainda.

— Eu sabia que havia algo entre vocês. Mas preferi acreditar que eu poderia te fazer mais feliz.

— Você me fez feliz. — Falou ela, se levantando e parando na frente dele. — Por favor acredite. Você me fez feliz, você me faz.

— Mas não o suficiente pra te fazer ficar. — Rebateu ele, com tristeza. Lisa engoliu a seco com aquelas palavras, sentindo um nó na garganta a sufocar, querendo de alguma forma agarrá-lo ali para não deixa-lo ir, afinal, apesar de não conseguir corresponder aos sentimentos dele, o tinha como uma das pessoas mais queridas de sua vida, e não queria de maneira alguma perde-lo. Entretanto, inesperadamente ele a puxou para um abraço e como de costume, enterrou seu rosto na curva do pescoço dela, inalando seu cheiro uma última vez. — Eu te amo Lisa.

— Logan...

— Eu te amo muito. — Continuou ele, ainda com o rosto escondido. — E é por te amar que eu tenho que te deixar livre para ir atrás do seu amor. Mesmo ele sendo meu maior rival. — Finalizou ele, se afastando.

—Eu não vou atrás de ninguém... – Ela torceu os lábios, explicando prontamente aquilo. Não queria de maneira alguma que ele interpretasse aquilo como uma troca, na verdade ficaria sozinha agora e provavelmente por muito tempo.

—Não se prive de ser feliz. – Logan disse. – Principalmente por minha causa.

—Eu não posso ser feliz ao lado dele. Ele vai se casar. – Riu frouxo de maneira irônica.

—Todo amor encontra seu caminho... – Logan disse tristonho.

— Eu sinto muito. – Lisa suspirou antes de abraça-lo com força.

— Não mais que eu. — O sorriso dele foi curto e sofrido.

Sem aguentar mais, ela se levantou e caminhou com pressa para fora da sala. A secretária se levantou num pulo, porém franziu o cenho sem entender nada. Logan observou a porta aberta e respirou fundo. A única mulher que ele finalmente amou o trocou pelo seu maior rival. Isso lhe tirou um riso triste.

— Theodore, seu filho da mãe. — Sussurrou ele, caminhando com calma até a porta para fechá-la. Seu coração doía. — Eu espero que a faça feliz.

***

Era chegado o grande dia do casamento de Theodore e Victoria. Na igreja escolhida por ela a ornamentação estava impecável, e tudo era de fato a cara da mulher que escolheu tudo sozinha. Ela se preparava com um sorriso estonteante em frente ao espelho. Os cabelos negros estavam presos em cachos grossos num coque. O vestido a esperava já passado e arrumado. A maquiagem estava feita e nada poderia desfazer o sorriso que fora bordado em seu rosto. Depois de tanta luta finalmente conseguiu. Theodore em algumas horas seria seu marido e ela finalmente teria o poder que sempre sonhou pra si, o homem que sempre desejou pra si, e todo o reconhecimento que sempre julgou merecer. Daria um jeito de manter os filhos dele bem longe e o controlaria na palma de sua mão assim que conseguisse demitir Elisabeth o que tinha certeza de que não demoraria. Tudo estava perfeito.

—Victoria, estamos totalmente prontos. – Christina a avisou, também já arrumada. – A imprensa está chegando eu os arrumarei conforme você solicitou. – Completou.

—Obrigada, querida. – Victoria respondeu sorridente. Christina saiu dali deixando-a sozinha. Nesse momento seu celular tocou e ela rapidamente atendeu. – Olá. – Disse animada. – Estou ótima, melhor do que nunca. – Gargalhou. – Digamos que tudo em minha vida caminhou exatamente por onde planejei. – Explicou. – Obrigada, podemos dizer então que agora tudo está bem para mim e para você, não é? – Sorriu falsamente. – Agora eu tenho que ir, eu tenho que concluir meu plano, mas não se preocupe, como eu sempre garanti a você ficará ciente de tudo o que acontece por aqui, e no momento só posso adiantar que está tudo maravilhosamente bem, não se preocupe com nada, está tudo sob controle. – Tagarelou. – Adeus. – Se despediu desligando.

—Você vive aí, presa em suas conversas misteriosas. – Greg falou vestido em seu terno fazendo-a virar.

—Ah, veja só. – Victoria se colocou de pé. – Resolveu aparecer. – Comentou.

—É, quem sabe algo divertido não aconteça nesse circo, ouvi dizer que você se sai bem como palhaça. – Debochou.

—Sua era de desaforos está acabando, Gregory. – Victoria sorriu. – Em breve eu vou me livrar de você, aliás, eu meio que já consegui isso, não é? – Riu.

—Meu pai pode não enxergar a víbora que você é, mas eu vejo, e eu nunca vou deixar você tocar um dedo nos meus irmãos. – Comentou.

—Sabe, você fala demais, e me cansa também. – Victoria caminhou até ele. – Não pode fazer nada. Seu pai e eu vamos casar em algumas horas. – Concluiu.

—Eu ainda acredito que algo vai acontecer e trazê-lo a consciência, se é que ele tem alguma. – Greg comentou. – Eu vou lá pra fora esperar meus irmãos. – Avisou.

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—Boa sorte com suas preces. – Victoria riu. – Acontece que é tarde demais pra apelar pra Deus. Eu venci. Se acostume com a verdade que é que eu vou ocupar o lugar da sua mãe. – Riu irônica.

—Você nunca poderia ocupar o lugar da minha mãe. – Greg a encarou. – Pode se casar com ele, pode comandar o que quiser, mas sabe, lá no fundo você sabe, que nunca poderia ocupar o lugar da minha mãe no coração dele, e nem mesmo o da Lisa. – Riu. – Meu pai não ama você. Ele só te escolheu, e você aceitou, porque até nisso você mostra como é digna de pena. Seja feliz ao lado do meu pai, convivendo com o fato de que a única mulher que mexe com ele é a Elisabeth. – Completou fazendo Victoria bufar em ódio. Sem dizer uma só palavra a mais ele saiu deixando-a ali sozinha. Ela fechou os olhos. Precisava pensar, ou não pensar. Nada do que ele dissesse ela absorveria. Theodore era dela. Seria dela pra sempre, e ela aprenderia uma maneira de tirar Summer e Lisa do coração dele e ocupar todo aquele espaço. Sorriu maldosa em frente ao espelho. Estava disposta a tudo pra conseguir, e ia conseguir.

***

Jennifer adentrou o quarto de Lisa para vê-la aos prantos. Ela rapidamente se assustou correndo até a amiga a fim de consolá-la. As duas logo se abraçaram fortemente, e a mão de Jennifer afagava os cabelos dela.

—Lisa, o que houve? – Perguntou preocupada. – Achei que chegaria aqui e te veria pronta pra irmos ao casamento. – Explicou.

—Eu terminei com o Logan. – Elisabeth respondeu rapidamente.

—O que? – Jennifer arregalou os olhos. – Por que? – Questionou.

—Porque eu beijei o Theodore. – Lisa explicou.- E porque eu o amo, e não aguento mais fingir pra mim mesma que essa não é a verdade. – Disse. Jennifer suspirou puxando-a pra um novo abraço. – Eu não aguento mais lutar contra isso. Eu pedi demissão. – Completou.

—Não vamos falar disso agora... – Jennifer falou carinhosamente. – Você está nervosa, está com a cabeça quente. – Continuou. – Você podia ter me ligado, eu podia ter vindo pra casa ontem a noite. – Acariciou seu rosto.

—Não queria que deixasse de ver seus pais. – Disse Lisa. – E eu estou bem, só preciso pensar um pouco. – Encarou o vazio.

—Pode ser uma pergunta boba, mas, você pretende ir ao casamento? – Perguntou.

—Não... – Lisa sussurrou. – Eu só quero ir pra um lugar agora. – Disse.

—O telhado. – Jennifer riu frouxo. – Quer que eu fique com você? – Perguntou.

—Não, eu quero que você vá e fique de olho nas crianças por mim. – Disse. A amiga logo assentiu com um sorriso curto. Lisa se levantou e caminhou em direção ao telhado do prédio, lugar que sempre costumava ir para pensar.

***

Theodore andava pela casa a procura de sua gravata agora. Estava em cima da hora e todos já haviam saído e o esperavam na Igreja para o início da cerimônia marcada para começar em cerca de uma hora. Seu coração estava apertado, e a essa altura o mal-estar lhe tomava devido a consciência de que aquilo era real e estava feito. Ainda hoje Victoria seria sua esposa e isso o assustava e o agoniava principalmente depois daquele beijo intenso que deu em Elisabeth. Era louco por ela, e por mais que tentasse não poderia tirá-la de sua cabeça, o que o fazia se questionar se de fato devia subir naquele altar hoje, mas as palavras dela ao pedir demissão, falando sobre a impossibilidade de se apaixonar por ele devido a suas mágoas era real demais para ser ignorada. Ela estava correta em seus temores e tolerâncias a ele, afinal, ele realmente não merecia o brilho dela, não merecia uma mulher como ela. Nunca seria homem de verdade para fazer uma mulher como Elisabeth feliz, ou seria? Era melhor não se questionar, pois quanto mais o fazia, mais vontade sentia de abandonar tudo e ir atrás dela. Ainda assim, sabia que ela também estava certa em dizer que Victoria não merecia aquilo. Ela estava mais próxima das crianças nos últimos tempos, e apesar de todo o estresse devido ao casamento, não merecia ser trocada, e assim em cima da hora da cerimonia, menos ainda. O mais decente a fazer para honrar seu próprio caráter era abandonar seus sentimentos por Lisa, cumprir o compromisso ao qual se comprometeu com Victoria e torcer para que um dia fosse capaz de se apaixonar por sua esposa, ou não, e talvez até fosse melhor ter algo apenas racional. Agora tinha que achar a maldita gravata que como um passe de mágica parecia ter sumido. Se lembrou então de no dia anterior depois de ter retornado da escola de Gregory ele e Joshua terem brincado com a mesma, fingindo ela ser o tapa olho do pirata. Devia estar no quarto das crianças, pensou Theodore. Correu então para o segundo andar, certo de que lá a encontraria. Entrou no quarto do caçula e depois de tudo revirar não a encontrou, bufando. Entrou então no quarto de Annabeth que estava impecavelmente arrumado. Começou olhando debaixo da cama, mas nada encontrou. Em seguida abriu algumas gavetas de brinquedos e o baú, retirando de dentro tudo o que ali continha, e nada. Encarou então a prateleira do quarto onde haviam ursos de pelúcia enfileirados e avistou a gravata enrolada no pescoço quase inexistente de um deles. Correu até lá pegando o urso e arrancando a gravata dali, mas devido a pressa acabou deixado o que estava ao lado cair ao chão e pra sua surpresa um barulho se fez presente ali, como se algo mais pesado que a pelúcia tivesse batido no solo. Franziu o cenho em estranhamento e então se abaixou para pegar o brinquedo, vendo de cara um remendo em suas costas. Rasgou-o com cuidado e achou uma câmera ali.

—Mas o que... – Disse confuso. Suspirou profundamente. Quem havia colocado uma câmera no quarto de Annabeth? E principalmente, por que? Retirou da câmera a fita, e deixando tudo ali bagunçado correu a seu escritório onde colocou o cartão de memória em seu notebook. Prestava atenção atentamente. Quando o arquivo abriu ele pôde ver Annabeth dormindo, e de repente o rosto de Lisa surgiu ali.

"Eu espero estar errada..." Disse ela enquanto remexia na prateleira, provavelmente colocando o urso em algum lugar que não fosse encontrado de cara. Quando ela o fez, se afastou da câmera. "Agora é só esperar..." Sussurrou. Deu um beijo doce em Annabeth e saiu do quarto. Theodore avançou a fita. Pode ver o dia em que resolveu beijar a filha antes de sair cedo para o trabalho, era folga de Elisabeth. Avançou mais um bocado. De repente viu a menina despertando a Victoria abrindo a porta do quarto.

"Que bom que acordou, garota, já passou da hora!" Disse grosseiramente fazendo Theodore franzir o cenho.

"Eu não to me sentindo bem... " Annabeth por sua protestou, mas logo Victoria rolou os olhos e caminhou até a garota a pegando com força pelo braço, levantando-a da cama.

"Levanta agora e para com esse teatro, garota! " Falou.

"Não! " – Protestou Annabeth, recebendo prontamente um tapa em sua boca fazendo seus olhos se arregalarem, antes dela começar a chorar.

"Cala a boca e nunca mais me responda, sua peste! " Victoria disse irritada. Theodore bufou, buscando algum controle para não quebrar o aparelho ali mesmo. "Dá próxima vez que me responder o tapa vai ser bem pior! " Victoria agora empurrou a menina fazendo-a bater com o ombro na cômoda. "Ah, eu machuquei você? " Ela gargalhou. "Acho bom dizer pro seu pai que caiu sozinha ou eu juro que não vou parar de te bater até você me implorar pra parar. " Ao ouvir aquelas palavras Theodore sentiu todo seu corpo queimar em ódio e logo tacou tudo de sua mesa no chão enquanto ouvia o choro ávido da filha na filmagem. Avançou um pouco mais a fita, queria provas o suficiente para acabar com Victoria agora. Annabeth brincava em seu quarto sozinha, mas de repente Victoria adentrava o mesmo com um sorriso maldoso. "Como tem se sentido sem sua babá querida pra cuidar de você a noite? Veja só, seu pai vai trabalhar até mais tarde, então sou eu quem vou botar você pra dormir de novo. Não foi ótimo a Elisabeth ter parado de dormir aqui? Assim somos só eu e você! " Sorriu. Theodore conseguia ver através do vídeo os olhos arregalados da filha e o pavor que eles continham a cada passo de Victoria. De repente as mãos de Victoria pressionaram a pele de Annabeth em um beliscão forte em seu braço. "Acho bom andar na linha! " Comentou fazendo os olhos da menina se encherem d'água. Theodore apertou os olhos, nunca sentiu tanto ódio em toda a sua vida, e se sentia pronto para revidar cada tapa em Victoria sem um pingo de calma. Avançou um pouco mais. E agora a fita já estava quase no fim, totalizando quatro dias, e pela data, os quatro últimos dias dessa semana. Lembrava desse dia, fora o dia em que ele abraçou a filha e ela reclamou de dor em seu braço, Annabeth havia dito que tinha caído de novo, mas ele soube na hora que aquilo era resultado de um tapa e depois de muita insistência a menina assumiu, mas se negou a dizer quem o havia dado. Victoria entrou no quarto, novamente à noite, mas agora mais raivosa e violenta. Arrancou a menina da cama pelo cabelo, fazendo Theodore fechar os olhos ao ver aquilo. "DISSE AO SEU PAI QUE APANHOU, FOI? " Victoria indagou enquanto a menina implorava pra ela parar. "De quem você acha que todos vão suspeitar agora, sua monstrinha? " Ela soltou Annabeth jogando-a sobre a cama novamente. A mão logo se estendeu no ar dando um tapa forte no braço da garota. "Eu disse que se não se comportasse, que se não ficasse de boca fechada eu ia te dar uma surra que nunca ia esquecer, mas eu vou ser boazinha..." Victoria riu maldosa enquanto Annabeth cobria o rosto com medo de levar um novo tapa. Ela então pegou a menina pela orelha e puxou com toda a força que tinha "Vai dizer ao seu pai amanhã que a menina que te incomodava já não vai mais incomodar, pois era seu último dia na escola, e nas próximas vezes em que estiver marcada vai dizer que caiu até o fim." Ela soltou Annabeth fazendo-a cair de novo para mais uma vez bater, agora a cabeça na cômoda. "Mas pensando bem, não vai haver uma próxima vez, porque amanhã eu me caso com seu pai, e vou fazer a cabeça dele pra que te coloque num internado bem longe daqui, junto com o Joshua, porque do Greg eu já me livrei!" Victoria gargalhou no vídeo antes de deixar o quarto. Annabeth chorava, incessantemente assim como Theodore que não conseguia conter aquele sentimento de ódio dentro de si. Avançou a fita só pra constatar que os últimos minutos eram a madrugada em que a filha passou chorando e tendo pesadelos silenciosos, e ele a procura da gravata. Theodore se levantou, com toda a força que tinha jogou o notebook sobre a parede com um único golpe de seu braço forte. Correu em direção a porta de casa.

***

Elisabeth estava sentada no telhado de seu prédio. Os olhos estavam molhados de lágrimas. Observava fielmente o sol prestes a se pôr, sentindo-o aquecer suas mãos e esvoaçar seus cabelos. A essa hora Theodore provavelmente já estaria no altar a espera de Victoria, e em questão de poucas horas eles estariam casados. Isso só a fazia ter certeza de que a coisa mais acertada que fez em sua vida fora pedir demissão. Não viveria debaixo das ordens dela, não viveria vendo-a ser mãe das crianças que ela considerava seus filhos. Não a veria sendo tomada pelos braços do homem que amava, ah e como amava, principalmente depois daquele beijo. Queria ficar nos braços dele pra sempre e saber que isso não aconteceria lhe partia o coração. Estava claro que precisava se afastar dos Stormfield. Uma lágrima escapou por seu rosto, afinal, como se não bastasse tudo isso ainda se viu na obrigação de terminar com Logan, porque por mais que pudesse sim, talvez, um dia amá-lo, sabia que não era justo usá-lo como seu refúgio se ele nunca seria o seu também. Deixou os olhos se apertarem na face, liberando mais lágrimas e mais dor. De repente, entretanto, ouviu um barulho que a fez virar rapidamente. Seus olhos se arregalaram levemente, e seu semblante se tornou surpreso ao ver Theodore ali parado, vestido em seu traje para o casamento, porém sem gravata. Um suspiro escapou de seus lábios por vê-lo tão lindo diante de si, mas pra sua confusão os olhos dele também estavam molhados. Sem dizer palavra alguma Theodore levantou a fita em suas mãos fazendo Lisa fechar os olhos novamente por perceber que suas suspeitas estavam corretas, e isso era algo que ela realmente preferia ter apostado errado.

—Eu sinto muito... – Elisabeth choramingou.

—Não. Eu que sinto. – Theodore disse ainda afastado dela. – Sinto não ter percebido. Sinto não ter protegido minha filha. Sinto ter me afastado de todos e ter tratado todos os que eu amo da pior maneira possível nos últimos tempos por estar tão amargurado com o destino que achei que era meu. – Theodore riu frouxo. – Mas mais do que tudo, eu sinto muito, eu sinto loucamente, por ter deixado você ser de outro homem, quando sempre soube que você é minha. – Completou. Elisabeth engoliu a seco ouvindo aquilo, um suspiro escapou de seus lábios enquanto um arrepio corria por seu corpo devido aquelas palavras intensas saindo pela voz máscula daquele que lhe entorpecia.

—Theo... – Tentou falar, mas logo foi interrompida.

—Me perdoa. – Disse. – Eu nunca quis me afastar de você, Elisabeth, eu só temi tanto, eu tive medo de ser ruim pra você, de te contaminar com minha amargura. – Fungou. – Sei que você está com o Logan e eu vou respeitar isso. – Disse fazendo-a tremer, não estava preparada ainda para dizer a ele que terminara com Logan, ainda mais porque apesar de todo seu amor por ele também tinha consciência de que não era o momento mais propício pra se deixar levar e cair em seus braços. – Mas precisa saber que eu só pensei em te manter a salvo da destruição que causo a todos em meu redor. Nunca a quis sofrendo, nunca quis magoar você, mas fiz tudo isso. Você me odiar tornaria tudo mais fácil. – Completou firmemente. – Eu só precisava que soubesse disso, e queria pedir perdão porque cada dia longe de você me consome e me mata, e quando eu achei essa fita eu só vi o óbvio... – Riu. – Nunca deveria ter dado a outra mulher o lugar que era seu. E eu vou resolver isso. – Disse permitindo que seu tom saísse mais raivoso do que nunca.

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—Você não teve culpa... – Ela sussurrou fazendo-o fita-la.

—Eu tive sim. – Suspirou. – Era minha filha, debaixo do meu teto. Eu tinha que ter tido a mesma sensibilidade que você e percebido, mas agora... – Theodore caminhou até ela com passos curtos e a cada proximidade adquirida ela sentia seu corpo se enrijecer. – Vou reparar meu erro. – Sorriu. – Sei que Logan vai te fazer feliz, e se quiser realmente se demitir eu vou aceitar, porque eu só quero que seja feliz, Lisa... – Sussurrou deixando sua mão acariciar o rosto dela que rapidamente fechou os olhos pra sentir aquilo. – Eu tenho que ir até a igreja, tenho um assunto pendente. – Bradou. Encostou seu nariz no de Lisa, mas rapidamente deixou seus lábios correrem até a testa dela e a beijou ali com carinho. Quando se virou sentiu, entretanto, as mãos dela segurarem nas suas.

—Eu vou com você... – Sorriu. – Também tenho que resolver isso. – Concluiu. Theodore assentiu e os dois logo correram em direção a escada do local.

***

Victoria andava de um lado para o outro dentro de seu vestido de noiva apertado. Estava ofegante, irritada, apavorada. Theodore estava no mínimo meia hora atrasado, e pensar nos possíveis motivos pra isso a deixavam completamente fora de si. Ele tinha que chegar, ele tinha que se casar com ela. Não permitiria que nada estragasse aquele momento com o qual tanto sonhou pra si. Virar a senhora Stormfield era sua meta e seria cumprida hoje.

—Ele não atende o celular. – Avisou Matthew se aproximando de todos ali, afinal, a essa altura a família inteira dele já estava reunida no saguão, todos em busca de alguma notícia de Theo.

—Onde ele se enfiou? – Geórgia disse impacientemente.

—Ele deve ter resolvido espairecer, acontece com muitos noivos... – Jonathan falou risonho.

—Espairecer? – Victoria riu irônica. – Ele por acaso tem algo pra espairecer no dia do nosso casamento? – Perguntou.

—O que você acha? – Gregory resmungou sem encará-la deixando um tom debochado aparecer ali.

—Gregory! – Ralhou Christina. – Pare de colocar mais lenha na fogueira. – Disse. De repente Rose apareceu afobada ali.

—Theodore chegou! – Falou fazendo todos ali respirarem em alívio. Victoria sorriu e logo colocou o véu arrumado sobre seus ombros, mas para a surpresa de todos Theodore entrou ali com um semblante nada amigável e irritadiço.

—Theodore, não pode ver a noiva antes da hora! – Christina disse tentando impedi-lo de caminhar até Victoria, mas ele a ultrapassou.

—Onde você pensa que estava, Theodore? – Victoria disse irritada. – Como pôde me deixar aqui esperando todo esse tempo? Devem estar imaginando coisas horríveis! – Bufou. – Tem sorte de eu ainda ficar aqui te esperando e espero mesmo que tenha uma boa explicação pra isso. – Completou maldosa.

—Cala a boca. – Ele disse fazendo todos arregalarem os olhos com estranheza.

—O que... – Victoria tentou falar, mas ele logo segurou firme em seu braço fazendo-a arregalar os olhos.

—Eu mandei você calar a boca! – Seu tom agora era alto. – Me agradeça por aparecer aqui ao invés de te deixar plantada naquele altar, Victoria, porque você merece toda a humilhação do mundo. – Ele disse agora soltando-a. – Não vai ter casamento nenhum. – Decretou.

—O que está acontecendo? – Geórgia indagou irritada enquanto todos ali encaravam a cena com atenção. – Theodore, pare com essa cena já, a imprensa está toda aí, não quer um vexame para a nossa família. – Ralhou.

—EU NÃO DOU A MÍNIMA PRO VEXAME QUE ISSO VAI SER. – Ele encarou Geórgia. – E PELO AMOR DE DEUS PARA DE TENTAR ME DIZER O QUE EU DEVO OU NÃO FAZER, PORQUE VOCÊ TAMBÉM NÃO MERECE NENHUM RESPEITO! – Completou. Ela arregalou os olhos.

—Theo... – Victoria tentou falar.

—Você não fala. – Ele disse se aproximando dela. – Como ousou tocar na minha filha? – Disse em fúria. Rose rapidamente pegou Joshua e Annabeth e caminhou com eles para foca do local.

—Eu não... – Ela tentou se justificar, mas mais uma vez ele a interrompeu.

—NÃO TENTA NEGAR, VICTORIA, EU VI! - Falou.

—O que está dizendo? – Christina perguntou incrédula.

—Essa vagabunda estava torturando a minha filha quando elas ficavam sozinhas. – Ele respondeu sem tirar seus olhos de Victoria. – Você é um monstro! – Disse entre os dentes. – Mas eu juro que isso não vai ficar assim. Eu vou acabar com a sua carreira e com o seu nome, começando agora. – Theodore falou enquanto a mesma soluçava aos prantos devido a vergonha e a frustração. Ele caminhou para fora da saleta sendo logo rodeado por fotógrafos. – O CASAMENTO ESTÁ CANCELADO.- Disse fazendo os olhos de todos ali se arregalarem. – PORQUE O NOIVO FOI CEGO DEMAIS PRA PERCEBER QUE VICTORIA TRUMBELL NÃO PASSA DE UMA GOLPISTA DISPOSTA A TUDO, ATÉ MESMO A BATER CRUELMENTE EM UMA CRIANÇA DE SETE ANOS PRA CONSEGUIR O QUE QUER! – Bradou. Os flashes das câmeras não paravam e agora se direcionavam para Victoria que chorava em desespero. Elisabeth continuava na porta da igreja encarando aquela cena com certa agonia.

—Theodore, por favor, eu posso explicar... – Victoria soou atrás dele, mas ele logo a encarou com os olhos raivosos.

—Quero você fora da minha casa, fora da minha vida e principalmente da vida dos meus filhos! – Ele disse caminhando em direção a saleta novamente deixando-a ali aos prantos. Ela encarou Lisa e com raiva caminhou até a garota.

—VOCÊ! – Berrou. – VOCÊ FEZ A CABEÇA DELE! – Disse chamando ainda mais atenção pra cena. Lisa não respondeu apenas deixou sua mão num movimento involuntário se chocar contra o rosto de Victoria que virou devido a força aplicada.

—Isso é por todas as vezes que ousou colocar a mão na Annabeth. – Disse rigidamente e em alto tom. Victoria por sua vez apenas correu para fora do local sem encará-la, sendo seguida por todos os fotógrafos que empolgados registravam o que seria o maior desastre em um casamento da elite de Boston. Annabeth correu para os braços de Lisa sendo fortemente abraçada. A menina chorava. – Calma, meu amor, calma, acabou... – Lisa sussurrava em seu ouvido.

Enquanto isso dentro da saleta Theodore caminhava de um lado para outro tentando obter alguma calma, mas só de rever em sua mente aquela cena do modo cruel como Victoria batia em Annabeth sentia vontade de quebrar tudo a sua volta. Matthew apareceu ali.

—Você fez a coisa certa. – Disse recebendo um abraço do irmão prontamente.

—Quero que amanhã mesmo abra um processo contra aquela mulher. – Disse. Matthew assentiu.

—Não se martirize assim, você não tinha como saber. – Falou.

—Eu devia saber. – Theodore coçou os olhos. – Eu devia ter sabido ver nos olhos da minha filha o medo e a dor, mas de novo eu falhei. – Bufou. Interrompendo-os Geórgia adentrou a sala como um furacão de tão furiosa.

—Você viu o escândalo que causou? – Indagou. – Sabe ao menos o que isso significa pra nossa família e pra nossa empresa? – Questionou.

—Família? – Theodore se colocou de pé rindo. – Se eu fiz o que fiz foi pra proteger a minha família! – Disse.

—Pelo amor de Deus, Theodore, eram apenas alguns tapinhas, sua filha não ia morrer por ser corrigida vez ou outra. – Ela falou fazendo-o franzir o cenho assim como Matthew que respirou fundo.

—Como é que é? – Theodore disse irritado.

—É isso mesmo. – Geórgia riu irônica. – Tem três filhos extremamente mimados que precisam de corretivos urgentes! – Bradou.

—Não. – Theodore disse firmemente. – Meus filhos não precisam de corretivo, é você quem precisa. – Disse.

—O que disse? – Geórgia falou incrédula.

—Não se envergonha de ser quem é? Sinceramente, Geórgia como tem coragem de se encarar no espelho todos os dias? – O sarcasmo em sua voz era inegável. – Você não passa de uma racista, uma mulher preconceituosa e vazia que usa seu poder pra ser temida, mas a sua era também acaba hoje. – Retrucou ele.

—O que está insinuando? – Ela perguntou assustada.

—Insinuando não. – Theodore respondeu. – Decretando. – Corrigiu. – Você está fora da direção da Stormfield e a partir de hoje não tem mais voz ativa dentro da minha empresa. Você não opina mais, você não participa mais, você nem ao menos dê suas caras por lá, porque eu estou assumindo todas as ações que me são de direito. – Completou. Matthew sorriu com aquilo.

—Você não pode me tirar do meu cargo! A Stormfield é a minha empresa! – Ela disse em afobação, deixando transparecer sua raiva.

—Você era minha tutora, teve sorte de eu ter te mantido no cargo até hoje, mas eu não preciso mais de você, aliás eu nunca precisei, Geórgia. – Ele riu frouxo. – Eu nem sei como me permiti escutar você, porque sinceramente, você é suja. – Theodore bradou. – E me faça o favor de não aparecer mais em minha casa. Você é tóxica demais pra ficar perto da minha família. Summer tinha toda a razão. – Completou, deixando-a ali sozinha com Matthew. Ela permaneceu em silêncio encarando o vazio, pois o choque das palavras do neto eram grandes demais para que ela conseguisse reagir de alguma maneira.

—Pois é, vó. – Matthew a despertou. – Aqui se faz, aqui se paga. – Disse. – Quem sabe afastada do poder você não consiga aprender a ser um pouco mais humana. Vai ter tempo de sobra. – Zombou antes de deixa-la sozinha ali também.

Theodore assim que avistou a filha correu em sua direção pegando-a no colo. Annabeth se agarrou ao pescoço do pai, sendo envolvida pelo abraço carinhoso dele. Elisabeth sorria vendo aquilo, assim como Rose que estava ao seu lado agora.

—Me perdoa, minha filha... – Theodore sussurrou no ouvido dela se permitindo chorar. – Por favor, perdoa o seu pai por ter permitido que você passasse por isso. – Completou enquanto a menina chorava incessantemente em seu ombro. – Nunca mais vão te fazer mal, eu prometo, porque o papai vai te proteger, tudo bem? – Ele a encarou secando os olhos da filha. Annabeth assentiu. A igreja já estava praticamente vazia a essa altura. – Vamos pra casa. – Disse ele para todos ali que assentiram e caminharam em direção a limusine.

***

Naquele mesmo dia mais tarde, Theodore estava deitado ao lado de Annabeth. Elisabeth o encarava enquanto seu corpo se escorava ao batente da porta, mas a empolgação dele era tanta que sequer a notava ali. Ela já havia colocado Joshua na cama, que aceitou dormir contanto que Greg ficasse com ele e esse assim o fez. Theodore, por sua vez, fez questão de colocar a pequena no aconchego de suas cobertas grossas, dando-lhe o carinho merecido e a proteção paterna que ela tanto precisava.

—E então, deu meia noite, o badalar do relógio fez Cinderela se assustar e ela correu o mais rápido que podia, deixando o príncipe louco, correndo atrás dela. – Theodore dizia numa voz calma e doce, algo que Elisabeth não podia negar que apreciava, afinal, era tão raro o ver assim doado. – Ele não a alcançou. Era tarde demais, e agora ela já tinha voltado a ter suas roupas rasgadas, e sua carruagem voltara a ser aquela mesma abóbora. Cinderela partiu, mas o príncipe prometeu que a encontraria e se casaria com ela. – Sussurrou.

—Papai... – Annabeth chamou fazendo-o fita-la.

—Oi, princesa... – Disse ele sorrindo.

—Podemos continuar a história amanhã? – Perguntou. – Estou com sono. – Sorriu.

—Claro. – Theodore acariciou seus cabelos longos.

—Você vai voltar amanhã, não vai, papai? – Questionou Annabeth.

—Eu ficarei até você dormir e contarei histórias sempre que você me pedir, minha menina. – Theodore agora beijou o topo de sua cabeça. Antes de fazer qualquer coisa ele a abraçou, totalmente deitado a seu lado, fazendo a menina sorrir com os olhos fechados. Lisa sorriu encantada ao ver aquilo, era tão belo ver como Theodore quando queria conseguia ser amável com seus filhos, um pai exemplar até. Matthew parou ao seu lado de repente colocando sua mão sobre o ombro de Lisa, fazendo-a virar rapidamente pra encará-lo. Ele acariciou ali num ato amigável. Ela sorriu.

—É bonito de ver né... – Matt disse carinhosamente.

—É... é lindo. – Sorriu Lisa. – Quando mudou? – Perguntou confusa.

—Ninguém sabe dizer ao certo. – Matt torceu os lábios. – Mas eu posso dizer que desde que você chegou aqui tudo o que ele é e tudo o que ele faz, é tentar melhorar, e até mesmo quando não tenta ele melhora. – Completou. Elisabeth sentiu seus olhos marejarem com isso. – Eu tenho que levar a Rose pra casa, você quer carona? – Perguntou Matthew.

—Pode ser. – Elisabeth respondeu vendo Theodore se levantar. – Pode me esperar lá embaixo? – Perguntou. O rapaz assentiu e em seguida desceu deixando-a ali. Theodore a encarou fielmente enquanto caminhava até a porta. Ele a fechou atrás de si ficando extremamente perto dela que suspirou.

—Obrigado por ter ido comigo, e por ter ficado até agora. – Theodore sussurrou.

—Não precisa agradecer. – Lisa sorriu. – Só queria me despedir. – Disse.

—Então mantém sua demissão, eu acredito... – Theodore disse tristonho.

—Eu ainda não sei. – Lisa torceu os lábios. – Mas sei que preciso de uma folga, e acho que isso será bom pra você também, assim pode ficar com eles. – Explicou.

—Talvez tenha razão. – Theodore se permitiu relaxar um pouco. – Se decidir ir, espero que saiba que eu fui sincero quando disse que desejo que seja feliz ainda que isso seja ao lado do Logan. – Acariciou seu rosto com carinho. – Você é uma mulher maravilhosa, Elisabeth, e a melhor coisa que aconteceu na minha vida e na vida dos meus filhos. – Completou. Lisa sorriu emocionada com aquelas palavras.

—Eu tenho que ir. – Ela disse retirando as mãos dele de seu rosto rapidamente e caminhando às pressas para baixo. Theodore suspirou por vê-la escapar de suas mãos assim. Se odiava por a ter perdido. Se odiava por ter realmente achado que o melhor era ficarem longe um do outro. Agora era claro que a única mulher que poderia ficar ao seu lado era Elisabeth, a única quem ele amava e queria. Deixá-la ir era a coisa mais difícil que poderia fazer em meio as circunstâncias, mas também era a coisa mais acertada a ser feita. Ela merecia sua felicidade e havia escolhido Logan para ser dono dela, então o que lhe restava era aceitar.

***

Lisa estava em silêncio no banco de trás do carro. Matt preferia se manter quieto também, afinal, era nítido que ela estava triste apesar de tudo parecer finalmente se encaixar no lugar. Ele já havia deixado Rose que se sentia mal em casa, e agora parava em frente ao prédio de Elisabeth. Ela sorriu pra ele pelo retrovisor.

—Obrigada, Matt. – Disse pronta para descer do carro e assim o fez.

—Boa noite, Lisa. – Ele respondeu sorrindo. Ela acenou com a cabeça e começou a caminhar em direção a entrada de seu prédio, mas de repente ouviu a voz dele soar ali. – Lisa! – Chamou. Ela se virou para encará-lo com certo estranhamento. – Sei que eu não devia me meter nisso, mas mesmo assim eu vou. – Riu frouxo. – Meu irmão é apaixonado por você. Ele vem lutado contra isso todos os dias, mas eu sei que ele pode te fazer feliz, assim como sei que você é a única mulher capaz de fazer o Theo feliz também. – Sorriu. – Talvez você me odeie por dizer isso, e talvez eu esteja errando em dizer, mas de uma chance. Vai atrás dele. Sei que você sente o mesmo. – Disse. Lisa suspirou com aquelas palavras. Matt sorriu mais uma vez antes de dar a partida no carro. Respirou fundo. Theodore era o primeiro homem que realmente conseguiu lhe despertar amor. Sabia que ele provavelmente seria o último. Sabia que ele a arrebataria de tanta paixão. Sabia ela era sua. O que mais queria esperar? O que mais queria pensar? Nunca houve pensamento real ali. Seus sentimentos a comandavam e era a primeira vez que ela não temia tal coisa. Sorriu ao lembrar do sorriso dele, aquele sorriso que ela tanto cativava, que apreciava sempre que aparecia tão raramente. Não queria esperar nada. Rapidamente estendeu o braço para o primeiro táxi que viu passando em sua frente. A chuva começava a cair agora, precisava ser rápida se quisesse chegar.

***

Theodore estava sentado em seu sofá. Na mão o famoso uísque era devidamente ignorado. Quando o colocou em seu copo pensou que conseguiria beber aquilo até o fim e assim quem sabe algo dentro de si se tornaria menos doído, mas se enganou, estava cansado, destruído por dentro, culpado e saudoso. Seria totalmente incapaz colocar o uísque goela abaixo, pois ele não era nada capaz de amenizar sua dor. Elisabeth era. Aliás, ela era a única coisa no mundo que em anos fora capaz de lhe tirar dessa dor. A dor eterna que sentia dentro de si, que consumia seus bons sentimentos e sufocava sua alma desde que perdeu Summer. Mas ela escolheu ir. Na verdade, ele a deixou ir. A entregou de bandeja para outro homem, seu maior rival. Se questionava a todo momento se poderia fazer Lisa feliz. Queria poder fazer, mas a verdade é que a essa altura isso não importava mais. Seus olhos logo foram desviados para uma Jennifer no meio de sua sala, acompanhada por Nicholas. Ele franziu o cenho ao ver aquilo.

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—Theo... – Nicholas se aproximou. – Esperei todos irem pra falar com você. – Completou.

—E enquanto isso me torturou durante horas me fazendo ver quadrinhos do Batman e do Homem de Ferro pra me fazer mudar de time. – Jennifer disse ironicamente fazendo Theodore sorrir.

—Independente do que ele faça, não mude de time. – Disse.

—Você está bem? – Perguntou Nicholas.

—Não... – Theodore coçou os olhos. – Eu tive culpa. Pensei que colocar Victoria na minha vida de verdade me faria esquecer a Lisa e quem sabe assim todos ficariam bem. – Explicou.

—Você não estava bem. – Nicholas constatou.

—A ideia nunca foi que eu ficasse feliz. – Theodore o fitou. – Lisa sim. – Concluiu. – Mas eu só causei sofrimento pra todos, principalmente pros meus filhos, pra minha Annabeth. – Suspirou. – E só consegui acabar ainda mais comigo me forçando a ficar longe dela porque a verdade é que eu só quero ser dela. – Torceu os lábios.

—E por que não usa toda essa racionalidade pra isso? – Questionou Jennifer espertamente.

—Prometi a ela que não passaria por cima da escolha dela. – Explicou. – Logan. – Completou.

—Theodore... – Jennifer disse confusa. – A Lisa não escolheu o Logan. – Disse.

—O que? – Theodore franziu o cenho.

—Ela terminou com ele hoje cedo... Depois de vocês se beijarem... – Falou.

—Você beijou ela? – Nicholas vibrou. – Esse é o meu garoto! – Comemorou. Theodore suspirou enquanto seus pensamentos tentavam se organizar em sua cabeça, mas nada parecia fazer sentido agora.

—Eu não entendo. – Sussurrou. – Por que ela não me disse? – Perguntou.

—Eu não sei. – Jennifer o fitou. – Talvez ela só esteja confusa. – Jennifer se permitiu sentar ao lado dele. – Sabe, Theodore, eu dei muita força a ela pra ficar com o Logan porque achei que assim ela seria feliz, mas eu errei. – Falou. – Você já a deixou ir uma vez. Não deixa ela ir de novo. – Sorriu segurando sua mão. Theodore encarou o chão por um segundo, mas logo sorriu também.

—Obrigado, Jennifer! – Deixou um sorriso emocionado tomar conta de si antes de abraçar Jennifer fortemente. Ela sorriu também. Theodore levantou o mais rápido que podia correndo em direção a porta.

—Theo, está chovendo muito, é melhor esperar até amanhã. – Nicholas falou prontamente.

—Nick, eu já esperei demais, não quero perder mais nem um minuto ao lado dela! – Riu ignorando a chuva e saindo o mais rápido que podia pela porta. Seus pés corriam o mais rápido que podiam e assim que pisou do lado de fora do prédio sentiu os pingos grossos de chuva caírem por seu rosto. As ruas vazias demais devido a intensidade da tempestade não continham táxis, o fazendo suspirar. Não voltaria para pegar a chave, tampouco teria tempo para chamar um carro particular. Precisava ir atrás dela, então começou a correr, ficando cada vez mais encharcado. Quando virou a esquina, entretanto, ele a viu ali, tão molhada quanto ele, com os olhos fixos e surpresos. Ambos tinham seus peitos descendo e subindo devido a respiração descompassada e intensa. Não sabiam o que fazer, apenas sentiam a chuva cair em cima dos dois.

—Eu nunca devia ter te deixado ir. – Theodore disse fazendo-a sorrir.

—Eu nunca deveria ter ido. – Lisa respondeu dando um passo à frente. – Por que está na chuva? – Perguntou carinhosamente.

—Porque eu estava lá em cima, tentando aceitar que havia perdido a mulher pela qual sou apaixonado, achando que ela havia escolhido outro homem pra fazê-la feliz. – Theodore suspirou. – Mas então percebi que ainda que ela tivesse escolhido, o que no fim ela não fez, ele nunca seria capaz de dar a ela o que eu poderia dar. Então a resposta à sua pergunta é... – Ele se aproximou. – Eu estava indo buscar a minha mulher, a única mulher que foi capaz de me fazer sentir algo de novo. Eu estava indo atrás de você, Lisa. – Sorriu. Ela corou com aquelas palavras, se permitindo sorrir também. – E você? O que faz nessa chuva? – Questionou.

—Eu estava vindo contar ao homem pelo qual sou apaixonada que eu não fui capaz de escolher outro, porque meu coração é só dele desde que o vi pela primeira vez. – Ela sorriu frouxo. Theodore sorriu também da maneira mais feliz que podia. Sem dizer palavra alguma ele correu até ela e beijou com toda a intensidade que tinha. A chuva caía ali, e não mais incomodava, não mais causava frio, pois o calor entre o corpo dos dois era maior. Elisabeth sentia as mãos dele lhe apertarem a cintura com propriedade enquanto se permitia ser levantada por aqueles braços fortes que a abraçavam com força, saindo do chão, subindo nas nuvens. A língua quente dele passava pela sua lhe entorpecendo. Theodore não queria soltá-la nunca mais e não iria. Os dois sorriram se encarando.

—Eu nunca mais vou te soltar, Elisabeth... – Ele sussurrou fazendo-a acariciar seu rosto.

—E nem eu, Theodore. – Respondeu.

CONTINUA...

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