Beauty Queen

Capítulo 10


Capítulo 10

Andavam pela neve que derretia preguiçosamente. Suas pegadas mostravam o caminho por onde passavam em direção ao rio congelado. Claro, ninguém poderia apagar as pegadas por isso, o máximo que podiam fazer era apressar o passo para não serem apanhados.

– Venham, humanos! Enquanto somos jovens! – caçoou o castor, que ia à frente para mostrar-lhe o caminho.

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– Se ele nos apressar mais uma vez... – disse Pedro, abaixando-se para que Lúcia subisse em suas costas. – eu vou fazer dele um chapéu bem fofo.

Susana soltou uma risadinha nasalada.

– Rápido! Venham! – gritou o castor, três metros à frente dos outros.

– Ele tá ficando mandão! – disse Lúcia.

– Não! – gritou a Sra. Castor. – Olhem para trás! É ela!

Eles olharam e viram há alguns metros de distância, uma carruagem que deslizava facilmente pela neve. Lúcia pulou das costas de Pedro e correram todos.

– Corram! – gritou o castor.

Ouviam os cascos das renas cada vez mais próximos e sabiam que isso não era nada bom. Atravessaram correndo o campo nevado e chegaram à orla de uma floresta, onde avistaram uma pequena caverna entre as raízes de uma árvore. Viram a neve cair um pouco aos seus pés quando viram um grande e gordo vulto parar aos pés da rocha onde estavam escondidos. Puderam ver a sombra da pessoa refletida em uma duna de neve à sua frente. Viram a sombra se afastando, quase desistindo.

Olharam curiosos para a duna enquanto o castor farejava o ar de uma maneira desesperadora.

– Parece... – sussurrou Lúcia. – Que já foi.

– É melhor eu ir ver. – disse Pedro, prestes a sair do esconderijo.

– Não vai servir a Nárnia morto. – disse o castor, virando-se para a abertura.

– E nem você, meu velho. – disse a Sra. Castor.

– Obrigado, querida.

Dito isso, o castor por cima do esconderijo, farejando e se rastejando para descobrir se já haviam ido ou não. Foram alguns momentos de tensão entre os ali presentes. De repente, o castor aparece na borda da rocha, causando um gritinho de Lúcia.

– Saiam! Saiam! – disse o castor. – Espero que tenham sido bonzinhos, pois vocês têm visita! – logo isso, saiu.

Saíram do esconderijo, um pouco receosos. Em frente a eles, estava um homem gordo e com barba branca. Usava um manto vermelho vinho por cima de vermelho comum.

O homem ria.

– Feliz Natal, senhor. – disse Lúcia, aproximando-se.

– Com certeza, Lúcia. – disse ele, com a voz rouca. – Desde que vocês chegaram.

– Olha, eu aguente muita coisa desde que cheguei... – disse Susana a Pedro. – Mas isso!

– Pensamos que fosse a Feiticeira! – interrompeu Pedro, dirigindo-se ao homem.

– Eu lamento, desculpem o mau jeito, mas eu devo dizer que dirijo um desses há mais tempo que a Feiticeira. – disse ele, referindo-se à carruagem.

– Achei que não houvesse natal em Nárnia. – disse Susana, também se aproximando.

– Não. – respondeu o homem. – Por muito tempo. Mas a esperança que trouxeram, Majestades... Começa a enfraquecer o poder da Feiticeira. Porém, ouso dizer que vocês vão precisar disto.

Ele se virou e tirou do trenó um grande saco vermelho.

– Presentes! – exclamou Lúcia, aproximando-se.

O homem abriu o saco, revelando caixas, ursinhos de pelúcia e muitas outras coisas. Ele pegou uma pequena bainha de punhal e um frasquinho com um líquido escuro.

– O suco da flor de fogo. – disse, mostrando o frasquinho. – Uma só gota cura qualquer ferida.

Entregou o frasquinho cuidadosamente a Lúcia, que o analisou atentamente.

– Apesar de torcer para que nunca use... – disse, entregando-lhe a bainha vermelha que continha um pequeno punhal.

– Obrigada, senhor, mas... – disse Lúcia. – Eu não seria capaz de não ter medo.

– Aposto que seria. – ele disse. – Mas batalhas são brigas feias.

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Lúcia assentiu e se afastou. O homem pegou uma cesta de flechas com um arco ornamentado.

– Susana. – ele chamou e Susana se aproximou. – Confie neste arco. Ele quase nunca vai errar.

Susana pegou o arco.

– Mas não disse que batalhas são brigas feias? – ela perguntou.

Ele riu.

– Apesar de não ter problemas em se expressar... – ele disse, mostrando-lhe uma trombeta pequena e branca. – assopre isto, e onde estiver o auxílio virá.

– Obrigada. – ela disse.

O homem se virou e pegou uma bainha de uma grande espada.

– Pedro.

O menino se aproximou, receoso.

– A hora de usar isto, pode estar próxima. – disse o homem, entregando-lhe a espada e um escudo.

Pedro desembainhou a espada e puderam ver que havia algo escrito na lâmina.

– Obrigado, senhor. – disse Pedro, analisando-a.

– São armas, não brinquedos. Usem bem e com sabedoria. Agora, eu preciso ir. O inverno está quase no fim... – disse ele, voltando com o grande saco para dentro do trenó. – e tudo se acumula quando você some por cem anos.

Virou-se para todos e disse, antes de entrar no trenó.

– Vida longa a Aslam! E Feliz Natal!

E se foi, enquanto todos gritavam diferentes despedidas.

– Eu disse que ele existia! – disse Lúcia, virando-se séria para Susana.

– Ele disse que o inverno... – disse Pedro. – está quase no fim. – virou-se preocupado para as meninas e os castores. – Não perceberam?!

Quando as meninas olharam-no confusas, ele continuou.

– Chega de gelo.

~*~

Selene corria como nunca. Ouvia os uivos dos lobos atrás de si. Quase podia ter certeza de que eles a cercariam pela frente também, mas não estava com muito mais tempo. Podia tentar um feitiço, mas isso apenas os retardaria. Podia lutar, mas eram muitos e com certeza a derrotariam. Precisava de um plano mais completo. Então, enquanto corria por entre a floresta, tentando despistá-los, ela olhou finalmente para as árvores. Claro! As árvores! Poderia se esconder nas árvores durante um tempo, até ter certeza de que os lobos estariam longe.

Então, sem aviso, ela fez surgir uma extensa parede de gelo na neve entre ela e os lobos. E enquanto eles pensavam como superar o obstáculo, ela rapidamente subiu numa árvores, um pouco mais ao longe. Os lobos, quando deram a volta no muro de gelo, seguiram em frente, sem notar a estratégia de Selene. Quando ela teve certeza que os uivos sumiram ao longe, ela desceu da árvore e continuou sua caminhada em direção ao rio congelado. Sabia que por ali seria o melhor caminho a se seguir em direção à Mesa de Pedra. Só não imaginou que veria uma cena chocante antes disso.

Vários e vários metros à sua frente, perto da cachoeira congelada, estava os três Pevensie com os castores, cercados pelos lobos que a perseguiram de ambos os lados. E suas vozes eram propagadas até ela.

Saiam enquanto podem – disse o lobo, aproximando-se deles e os forçando a se juntar mais perto da água líquida. – e seu irmão vai com vocês.

Pare, Pedro! – gritou Susana, acima do barulho do gelo se quebrando. – Melhor fazer o que ele mandou!

Garota esperta. – disse o lobo.

Não acreditem nele! – gritou o castor, debatendo-se. – Mate-o! Mate-o agora!

Selene olhava ao redor, inquieta. Sabia que Maugrin estava mentindo, mas não conseguiria chegar até eles à tempo. Seria pega pelos lobos antes mesmo disso. Mas precisava fazer alguma coisa para ajudá-los. Perto dela não havia muita coisa que pudesse usar, mas então ela voltou seu olhar para frente, para a discussão há metros à sua frente, sob a cachoeira congelada. A cachoeira!

Ora, por favor, esta guerra não é sua! – disse o lobo, se aproximando ainda mais. – Minha rainha só quer o bem de sua família e sumam.

Olha, só porque um homem de vermelho lhe entregou uma espada, não pode se achar o herói! – disse Susana. – Abaixe isso!

Não, Pedro! – gritou o castor. – Nárnia precisa de você! Mate-o enquanto ainda tem chance!

Selene rapidamente juntou a neve que estava nas margens do rio e a transformou em um arco de gelo. Fez algumas flechas de gelo também e mirou bem na cachoeira, em seu ponto fraco. Gelo e neve eram sua especialidade, então mesmo de longe, ela conseguiu distinguir a parte mais frágil que fora congelada. Lançou cinco flechas no mesmo ponto, que passaram despercebidas por todos.

Como é que vai ser, Filho de Adão? – perguntou o lobo, bastante próximo da lâmina da espada de Pedro. – Não vou esperar para sempre. E muito menos o rio!

Selene jogou seu arco e flecha pro chão, que rapidamente voltou a ser neve. Concentrou-se na rachadura que fizera na cachoeira. Derreter o gelo era bem mais difícil do que formá-lo, mas ela sempre conseguia. Desta vez vez, porém, ao invés de ajudar, a adrenalina a estava atrasando. Desistiu então de tentar derreter o gelo, precisava pensar em outra coisa. E rápido.

Lúcia olhou pra cachoeira. Estava desabando.

Essa não! – murmurou para si mesmo e logo depois gritou. – Pedro!

Selene então teve a ideia. Olhou fixamente para a cachoeira congelada, que começava a rachar, e estendeu as mãos à frente.

Pedro olhou desesperado para os lado, pensando.

Segurem-se em mim! – gritou.

Com um movimento brusco, Selene afastou os braços, e a cachoeira veio abaixo.